sexta-feira, 14 de abril de 2023

(5ª Edição) A Série X-Club Apresenta: Epidemic em O Antídoto Premeditado








 

EPIDEMIC


 


5ª EDIÇÃO

 

A SÉRE X-CLUB APRESENTA:

 

 

EPIDEMIC

 

EM:

 O ANTÍDOTO PREMEDITADO

 

 

 

5ª PARTE


POR: GUILHERME PALHARES


Ilustração

João Carlos

 


Dados Internacionais de Catalogação (CIP)

 


Catalagação RJ

Copyright©

Edição Arch - 2011

Bibliografia.

ISBN 65-9898-8988

 

 

 

Editor: Edward Rhozter

Patrocíio: William Ratsbone

Tradução: Samir Blast

Revisão: Dyman Throika

Ilustração: Amanda Kitchener

Diretor: Erick McBreg

Diagramação: Racquel Blast

Catalogação: Jhon Packman

Revisão Geral: Wania Bradford

Configurações: Emerson Fontana

 

 

 

Introução e seleção Sylvie Debs

Patativa Pinheiro

01-564-800

                                    CDD-023

Índices para catálogo sistemáticos

I Crime – 0350

II Aventura – 039

 

Editora® Delartes  1985

Maps World Diagramation


 

INDICE

 

 

 

 

INTRODUÇÃO................................4

A VISITA..................................5

O CLUBE...................................9

O CIENTISTA...............................12

A TRANSFERÊNCIA...........................16

O T20.....................................18

O LABORATÓRIO.............................22

A ESTRANHA ENERGIA........................24

O SEGREDO DO CRISTAL......................29

A ANTIGA NOTÍCIA..........................33

O PLANO...................................38

A REUNIÃO.................................41

A CIGANA..................................45

A PESQUISA................................49

A MISSÃO..................................54

O CACTO PEIOTE............................58

O PRIMEIRO EFEITO DA PEDRA-JASPE..........62

A LAVOURA.................................67

O ANTÍDOTO................................70

OS PRIMEIROS SINAIS.......................74

O SENADOR.................................77

A NOTÍCIA.................................81

 

INTRODUÇÃO

 

 

      Após o conflito contra o clube Pig, os traficantes rivais terão que constituir uma nova administração do clube durante a ausência do principal líder. Muitos planos serão realizados, várias investigações serão ativadas a partir do proprietário do clube, as ações serão vendadas até o último instante e nada será tão primordial para encobrir as negociações clandestinas, senão, o estranho mistério do cristal verde.

      Ao assumir a direção do clube, Bernard terá que lidar com diversos desafios para manter as ações financeiras estáticas. Novas reuniões e acordos com diferentes cientistas levarão ao paradeiro de uma planta exótica. Um laboratório secreto de Mumbai será o cenário responsável pela criação dos principais elementos contraceptivos quando então o teor alucinógeno fornecido pela planta for transmitido por toda cidade.

      Uma inesperada encomenda à Bangladesh envolverá o antigo rival que por uma cilada terá que abandonar seu veículo com toda carga encomendada. Novas investigações serão feitas, ambos os negociantes serão julgados e uma surpreendente fuga está sendo secretamente esquematizada por um dos membros do clube Barony e nada poderia estar relacionado à fuga, senão, o segredo da pedra-Jaspe... 

 A VISITA

 

 

      Na delegacia da cidade de Nova Delhi, na Head Quartes, próximo a avenida Sewar, Bernard andava passos largos pelos estreitos corredores de acesso ao salão de comunicações. No mesmo lugar, as modernas cabines de vidros transparentes para visitas se emparelhavam em diferentes alas.

Acompanhado de um lado ao outro por mais dois agentes policiais das alas internas, Bernard andava apreensivo, havia um suspense então zelado por Benayla Yriodit, o detido. Bernard usava um terno escuro sem gravatas e uma blusa de ceda marrom claro. Respirava ofegante e, à medida que caminhava ao encontro de seu tio, mais suas roupas transpiravam.

Seu avô, pai de Flammer, foi um grande general de guerra. Teria falecido nas batalhas anti-terroristas no Afeganistão próximo às alfândegas do oriente-médio. Por muitas vezes a Al-quaeda tornou-se um dos principais culpados deste assassinato. Ao contrário de seu tio, Bernard possuía uma aparência mais complexa e seus cabelos mantinham um tom escuro acastanhado.

As roupas se moviam pelos ventos da ventilação interna e durante os passos apressados de Bernard, que com atenção tentava identificar seu receptor de assento, alguns visitantes já se ocupavam nas cabines de comunicação. Chegou atrasado devido as fúteis interdições do trânsito.

As cabines se separavam em compartimentos onde em um destes o aguardava Flammer, pseudo nome do detido. Bernard se assenta após ser induzido por um dos policiais. Flammer mantinha uma aparência rígida, foi transferido pouco tempo depois do crime. Um longo período no hospital lhe dava uma aparência realmente exaustiva. Barba por fazer, cabelo oleoso, rosto preocupado, usava um uniforme típico do local em tons cinzas. Flammer tinha sofrido com um tiro de raspão.

      Bernard por certo momento demonstrou alento ao suspirar antes de tomar o tele-comunicador ao seu lado. O aparelho é ativado:

      _Fizeram a autópsia.

      _O resultado? – Flammer perguntou curioso de modo antecipado sabendo que o assunto tratava da sobrevivência de seu principal rival.

_Sebastian Pig sobrevive. – informou pelo aparelho que se pendia entre o vidro da cabine pela divisória de fibra cinzenta ao lado de outro visitante.

_Salafrário! Suprimiu uma primeira conta que lhe devia por uma quantidade excedente ao valor que havia em jogo e pela segunda vez conseguiu despertar minha fúria ao roubar minha encomenda com destino à Jairpu.

_Jhason e alguns de nossos homens conseguiram repor a carga quando saquearam a parte dos fundos no clube Pig.

Um grande conflito entre armas havia se estendido neste local, cujo cenário se transformou em um verdadeiro palco de guerra. Jhason, um dos favoritos do clube conseguiu recuperar boa parte da carga roubada na estrada em Jairpu durante o conflito, quando a polícia ainda estava para mobilizar a ação dos invasores no clube.

_E o restante, como estão?

_Temos um foragido, o restante não foi identificado, mas nada sabem sobre o local do clube. O pessoal do clube Pig foram bastante discretos. Aquela área na verdade não seria o principal ponto de Sebastian Pig.

_Já havia antes suspeitado ao notar aquele restaurante nos fundos, certamente é usado para inibir a atenção da polícia.

_Os capangas de Sebastian Pig ainda tentaram incriminar o dr. Senh Marunagh quando este invadiu o seu escritório para o exigir uma suposta conta entre ambos.

Senh Marunagh era um dos principais aliados filantrópicos do clube Barony que desde ainda permanecia sem seu proprietário permanente, visto que o principal mandante, Benayla Yriodit, estava detido.

_Nada sabiam que Senh Marunagh estava fazendo conforme combinado. Quero que mantenham-no em contatos.

      Após o conflito entre os grupos Sebastian Pig teria sido vítima de um disparo, uma das principais causas do crime.

      _O processo ainda está em andamento, a pena será reduzida e a transferência à uma ala privativa será feita. Quero que continue com as relações com o advogado Zedd. Tenho preparado uma visita especial para tratarmos do caso, tudo está andando como planejado. A polícia não levantará nenhuma suspeita quando então negociarmos a transferência do clube para seu nome.

      Vários advogados estavam relacionados ao caso, mas nenhum se comparava à Zedd. Homem alto de cabelos ralos castanhos, típico de um norte europeu. Bastante versátil, foi um dos principais no julgamento do caso.

      _Os advogados foram acionados, - comentou Bernard – nada se sabe sobre o tráfico do clube. As suspeitas são bastante remotas.

_Quero que Zedd, o advogado, esteja em perfeita comodidade ao plano. Como vítima de um disparo tenho direito a consultas particulares. Embora recuperado, ainda estou em consultas, isto torna um dos motivos para não permitir a investigação da polícia aos meus bens privados. Estou impossibilitado de assinar qualquer cláusula conforme afirmou Zedd ao se dispensar da ação dos promotores. Uma visita particular foi outorgada após a intercessão do promotor Erick Mckey, com um pedido de uma reunião privativa. Tenho algo muito importante à entregá-lo e ninguém poderá saber, apenas Zedd, informado após a primeira consulta.

      _Tenho sido avisado sobre o plano desde o início, mas não tenho informações precisas.

      _O advogado saberá como agir.

 O CLUBE

 

 

A visita foi rápida, Flammer havia informado sobre uma reunião privativa, junto à Zedd o advogado. A data era próxima e a hora prevista foi anotado por Bernard após desligar o telecomunicador.

Depois da visita, Bernard permanecia preocupado, estacionava o carro de frente ao local do clube. O prédio sustentava uma ornamentação suntuosa, a magnificência do jardim dava seu destaque unindo-se aos grandes ipês do frontispício de entrada.

Quase sessenta por cento da utilidade no prédio incluindo os subornos na área de recepção, eram voltados a economia do clube Barony. Bernard subia pelo elevador um pouco consternado. Assumiu a ordem de seu tio Flammer, executaria as contas do clube conforme os planos conseguintes.     

Após entrar pelo piso principal, andava pelos corredores de acesso ao laboratório secreto do clube onde se realizavam as checagens de encomendas. As pílulas eram armazenadas em frascos de vidros e plásticos falsificados. Em uma das alas do recinto permaneciam alguns capangas no preparo ativo das embalagens clandestinas a serem enviadas para a Europa.

Alguns se subdividiam em tarefas diferentes. Um primeiro homem trabalhava como cientista intermediário, usava um jaleco branco assim como alguns outros que trabalhavam na área de preparo químico.

Este segurava uma pipeta graduada que servia para medir e transferir volumes variáveis de líquidos e soluções em pílulas. Sobre a abóboda da pipeta via-se uma pequena nebulosidade das reações químicas. Bernard notando o excesso do volume comenta:

_Sem muita precisão. – ativou um dos botões de medidas que estava plugada em uma antena direcional.

_A droga deverá portar uma dosagem maior para que os clientes específicos sintam e gozem do efeito em maior tempo. - concluiu.

Logo em seguida, ao lado de outro funcionário, Bernard ativa o cristalizador. O aparelho era usado para evaporação de solventes:

_Use o dissecador para substâncias em ambientes com pouco teor de umidade. – advertiu.

Um dos chefes chamado Arold Alzhama também usava um dissecador sobre o rótulo de um dos frascos descartáveis. Bernard se aproxima, Arold ao percebê-lo retira os óculos de proteção, que mais parecia um daqueles óculos de proteção industrial e após desligar o pequeno aparelho de secagem rápida questiona:

_Alguma notícia?

_Flammer se recuperou do hospital internacional de Dacka, foi transferido, apenas espera a solicitação do promotor para uma visita particular no presídio.

Uma câmara M2A sem fio de pílulas genéricas, importada por uma Companhia de Biosintética, demonstrava o processo de fabricação de alguns remédios em cápsulas endoscópica alojada exatamente aos aparelhos mecânicos de manipulação automática.

Por esta área ao lado do aparelho, outros dois capangas formavam a linha de funcionários da ala.

Bernard toma uma cartela e comenta:

_Estes comprimidos estão irregulares. Devemos transformar uma cápsula passiva à um aparelho mais convencional para um exame de apêndices móveis.

_A operação dessas partes móveis é automática. – explicou Arold - Exige uma transmissão altamente veloz e sem fio.

_Retroceda esta operação para um recipiente de um centímetro e oitenta milímetros. As pílulas se ajustaram melhores nas cartelas.

_Impossível, todos esses componentes precisam de energia suficiente para completar suas tarefas específicas durante uma jornada que pode levar até doze horas de processamento.

_Encerre a operação e realize uma nova função. Todas estas pílulas deverão caber em um recipiente de dois centímetros para que o cliente possa engolir melhor.

Já exausto Bernard acessa a sala de administração. De frente a mesa do escritório, uma única parede toda feita de tijolos refratários suspendia o antigo quadro do clube. Guarnecido de vidro fosco, estampava o emblema do clube em detalhes dourados na superfície exposta na parede única quatro por quatro. Duas poltronas gôndolas realçavam o recinto. Pela parede de frente à porta de entrada, entre as duas poltronas, uma pequena mesa de madeira redonda também revestida de alumínio, sustentava um jarro de acrílico.

 O CIENTISTA

 

 

      Ainda impaciente Bernard admirava o ambiente onde trabalhava Flammer, um longo tempo se passaria até quando se esclarecesse a situação. Sua aparência não era nada agradável, seu olhar apático centralizava a vidraça da janela, Bernard pensava como seriam as coisas futuras após o conflito. Assumir o lugar do seu tio não seria tarefa fácil, Flammer tinha seus próprios comandos, seus modos, suas insígnias, sua indolência e caráter. Suas ordens talvez fossem incompatíveis ou não, correspondentes ou inaptas, mas Flammer é inigualável. Talvez Bernard não fosse capaz de sustentar a economia do clube, o mundo girava em torno de si, como parente próximo de Flammer, foi incumbido à tarefa, mesmo Jhason, aliado principal de Flammer, ainda estando ativo. Passaram-se alguns minutos, o telefone toca de modo surpreendente. Bernard atende, era o cientista sócio, Senh Marunagh:

      _Bernard!

      _Quem fala?

      _Dr. Marunagh. Fui comunicado sobre sua ascensão ao trono do nosso ilustre Flammer. Condolências de seu fidedigno servo. – Marunagh era homem satírico, embora fosse bastante sábio.

      _Sem cerimonialismo, ainda não há nada definido, assumi a administração por pouco tempo, realizei uma visita à convite de Flammer, haverá um novo acordo quanto a direção do clube, inclusive, pela transferência do patrimônio ao meu nome.

      _Lamento pelo fato, confesso que tentei evitar. Às vezes penso que tenho uma ponta de culpa neste caso. Sebastian Pig foi desleal, acometeu-se contra Flammer como se não conhecesse a influência do seu poder no tráfico.

      _Como se não bastasse, apenas o disparo do tiro sobre o amuleto maldito, foi o suficiente para Flammer.

      No conflito entre os grupos um amuleto era sustentado por Sebastian Pig e sobre sua ponta notava-se uma concha, que na ocasião, foi destruída devido a sua má influência.

      _Realmente Flammer não se incomodaria à estas ameaças. Porém, ouvi-lo dizer algumas vezes sobre este enigma da concha em uma viajem à Dacka. Dizia ele ser uma espécie de bivalve mestre.

      Por algum momento Senh Marunagh parou pensativo comparando os fatos:

_Acredita mesmo que todas estas coisas que aconteceram ao clube foram provas deste amuleto maldito?

      _Não tenha dúvidas.

      _E quanto as pedras-preciosas?

      _Foram demasiadamente vendidas. Sucumbiram após as últimas negociações com o clube Radiance. – comentou sobre uma das joalherias associadas ao clube Barony após o comercio das pedras-preciosas encontradas no exterior - Devo admitir que foram bastante úteis ao ampliarmos a economia do clube.

      _Quanto às drogas tenho algo que será de seu real interesse...

_Um aparelho de resolução moderna, como outros negociados com o clube, porém este também é um generalizador molecular, completamente automático e de origem estrangeira, importado de Hangsou, China.

      _Proponha-se.

      _Armazenador de pílulas com timer-off instantâneo, tampa protetora de teclas deslizantes. O aparelho é capaz de armazenar comprimidos em cápsulas. A caixa possui alarme programável para indicar a hora correta de tomar a medicação. Agora não se assuste, o aparelho também é um duplicador de substâncias. Última tecnologia.

      _Duplicador.

_Exato. Duplicador genérico.

_Quais são os benefícios?

      _Muitos. Além de evoluir qualquer substância para quase cem por cento do grau teorífico químico, o aparelho também possui função de temporização por vinte quatro horas. Pode ser programável para medicação. Isto é bastante útil para clientes específicos. É fácil de usar. Uma alimentação na bateria de quatrocentos e quarenta Wats, não me permite erros. – disse Marugagh

      _Entraremos em negociações. Realmente estamos precisando de um aparelho como este. Algumas de nossas máquinas, além do mais, estão em lento processo de produção.

      _Este aparelho está sendo um dos responsáveis para a criação de uma nova substância química elaborada a partir da morfina, um ótimo alucinógeno aos consumidores.

      _Marcaremos uma reunião em breve. Quero saber mais sobre esta substância.

      _O aparelho servirá futuramente para a criação de uma, das últimas substâncias em plano, o T20. Consegui algumas composições químicas cruciais da Sunny Vally Cooperative Group, onde no laboratório diagnosticamos exames medicinais de alguns pacientes na cidade. Por sinal, seus produtos são de maiores incidência no local.

      _Façamos as amostras? – cogitou Bernard com ansiedade.

      _Não muito breve, as experiências poderão levar de um à dois anos para serem concluídas. Enquanto isto estarei desenvolvendo pesquisas na Yanuna Park.

      _Entraremos em maiores detalhes.

      _Quanto aos antibióticos devo lhe encomendar uma nova linha para demais experiências. – ressaltou Marunagh.

_Tenho alguns antibióticos. Novos sedativos criados a partir do ácido valpróico.

_Por enquanto apenas as drogas contra infecção ou antiparasitária, em aplicação no ouvido, nariz ou garganta, dessa forma poderão gerar mesmos efeitos, sem necessariamente ingerir a pílula. Remédios deste gênero serão primordiais nas pesquisas que terei de realizar no instituto.

_A encomenda estará à caminho. – concluiu Bernard.

Ambos se despedem, um novo assunto interessava Bernard, que após a ligação, afagava o maxilar, como se estivesse a comprar o aparelho oferecido pelo cientista naquele momento.

Enquanto isso, pela avenida Asaf Ali Road andava Ryah, o motorista. Suas manobras eram desafiadoras, todos os sonidos de sirenes poderiam ser alarmantes, voltava acompanhado de um antigo relacionamento amoroso. Seu telefone sem fio ajustado ao painel do carro toca, era Bernard.

      _Tenho uma encomenda.

      _Certo. Chegarei em breve. – convergiu a avenida.

A TRANFERÊNCIA

 

 

O dia da reunião informado à Bernard havia chegado. Como combinado com os promotores e com os demais advogados, Flammer é acompanhado por um dos agentes em direção a sala de visitas particulares após também ser transferido à uma ala privativa. Bernard, que já aguardava junto ao advogado Zedd é orientado por outro agente acionado pelo responsável através do comunicador interno.

Ambos prosseguem, a análise dos documentos foram feitas pelo promotor Erick Mckey, que sendo informado a respeito da apresentação de bens financeiros do réu, não julgou por si mesmo tratar de uma transferência patrimonial. Zedd havia planejado todos os documentos em secreto, tudo estava feito.

Novamente o grupo se encontra na sala. Um recinto semi-fechado, possuía tão-somente uma janela de vidro fosco ao lado da porta de entrada. Dois agentes faziam a vigilância da sala interna posicionados na saída e entrada da porta consecutivamente. Uma mesa cromada de aproximadamente dois metros permanecia desprovida de qualquer objeto na parte dos fundos, as paredes cinzentas e arejadas formavam uma área de oito metros quadrados.

Uma única luz protegida por uma arandela prateada acima da mesa concluía a iluminação do ambiente interno. A segunda cadeira é assentada pelo convidado. Flammer armazenava algo em uma maleta cinza que carregava consigo, Zedd apresenta os documentos em uma maleta similar.

_Basta apenas assinar.

Dois meses decorrentes da recuperação no hospital, foram suficientes para que um novo plano fosse executado. A desventura era a causa executiva da polícia na interferência de uma inesperada troca-de-tiros em cuja responsabilidade precedia Flammer, principal autor do conflito, após o segundo autuado, Sebastian Pig.

_Como disse, o meu tempo será reduzido. Porém, toda prevenção será primordial. O clube corre risco, as inspeções policiais poderão descobrir as negociações secretas. Portanto, quero que assine estas promissórias. – pediu delicadamente à Bernard.

Entregou-lhe as primeiras folhas envolvidas por documentos testamentais de uma pasta sintética. O atestado aberto dizia sobre a transferência de posse legítima.

_Tudo está sob controle dos meus acionistas. Tratei em contratar Zedd, advogado específico para este caso, a polícia ainda não possui autorização para as inspeções. Este tem sido o responsável pela concessão privada. O plano correrá perfeito se esta cláusula for assinada.

_Ainda não estou seguro em lidar com a administração. – Bernard revela sobre sua cisma.

_Estarei sempre em contatos, Jhason e o grupo estará ao seu lado.

Um contrato confidencial era planejado por Flammer, enquanto se recuperava, a transferência do clube estava para ser feita. Bernard se apóia sobre a mesa e assina a promissória.

_Como gerenciador, quero que esteja precavido, toda a administração estará voltada às suas ações, Ryah o acompanhará nas tarefas internas.

_Tudo será feito como previsto. Novos acordos serão feitos. – confirmou Bernard.

Uma segunda pasta é retirada, outro documento é exposto por Zedd. O contrato é assinado.

_Mantenha os negócios ativos, sem dúvidas o tráfico se efetivará em suas mãos. – assinou Flammer em seguida.

_Enviarei a equipe do clube para atuar no galpão secreto. Devemos evitar as suspeitas. – alertou Bernard.

_Boa sorte. – despediu Zedd acompanhado de abraços.

O T20

 

 

Dois anos se passaram após o grande conflito do Clube Barony contra o antigo rival Sebastian Pig. Bernard Yriodit, um dos gerenciadores e tesoureiro do clube, foi incumbido ao domínio geral da diretoria sob a ordem do antigo líder e tio de Bernard, Benayla Yriodit. Por ser seu sobrinho mais próximo, Flammer lhe confiou a posse do cargo por tempo indeterminado e isto, após entregar-lhe o atestado de propriedade legítima ao Clube Barony.

Flammer, pseudo nome de Benayla, foi aprisionado sob pena condicional por porte ilegal e extensivo de armas bélicas, invasão privada e domiciliar e tentativa de homicídio, quando no grande conflito entre os traficantes, Flammer havia disparado um tiro contra o peito de seu oponente Sebastian Pig, após invadir seu estabelecimento.

Seu objetivo era tão-somente eliminar o amuleto feito pelo bivalve-mestre, um tipo de concha marinha, que segundo relatos de Ryah, se tratava de uma relíquia intransponível da tribo na ilha perdida de Belmonte, onde pela segunda vez o grupo teria explorado à procura por pérolas. Foi detido pelos policiais que surgiram de súbito no momento do crime, que se originou durante as negociações das pedras-preciosas.

      O domínio nas mãos de Bernard passou a ser mais drástico, muitas percas decorrentes das perseguições, havia causado grandes despesas no gerenciamento interno. Durante os anos seguintes, a venda de drogas, como antes, entrou em vigor, muitas entregas de antibióticos encomendados nos laboratórios ao leste da Índia, foram sustentando a economia do clube.

Com as mercadorias quitadas para pagamento de contas ligadas ao fornecimento de pílulas genéricas, Bernard conseguiu manter o equilíbrio financeiro. Não havia outro meio para se recuperar após um longo período de instabilidade.

      As pílulas inicialmente teriam sido vendidas em quantidades extensas segundo a produção eletroquímica no laboratório clandestino de Yanuna Parkem em Nova Delhi, cidade onde se situava o dispendioso Clube Barony. O principal responsável do fornecimento dos narcóticos sintéticos, que teria garantido grande êxito de vendas e ampliado a economia do clube foi um famoso cientista bioquímico e antigo sócio de Flammer. Um sujeito austero e bastante popular entre os maiores bioquímicos secretos da região, Dr. Senh Marunagh, teria conquistado a fórmula da produção do mais novo duplicador de narcótico alucinógeno, o T20.

      Embora Bernard houvesse arrecadado grande lucro com a venda do produto, por outro lado, havia as despesas a serem pagas acerca dos recursos investidos para experiências biológicas, dos transportes e das fugas criminais. Novos planos deveriam ser desempenhados para ultrapassarem o valor parcial do clube. Bernard estaria combinando um novo encontro com o Dr. Senh Marunagh para o desenvolvimento da substância T20 e do duplicador genérico, capaz de ampliar a produção das pílulas.

Em seu escritório um pouco inibido quanto aos acontecimentos atuais, Bernard opera um novo contato com o velho companheiro. Sobre a mesa de mármore branco, se apoiando com o braço a espera da chamada, Bernard recebe a ligação, era uma secretária da filial do Instituto Bioquímico de Nova Delhi. O interlocutor ordena a transferência ao escritório do Dr. Sehn Marunagh, ao mesmo tempo em que se encostava na cadeira móvel um pouco aliviado pelo atendimento após algumas ligações desviadas devido a chamada interurbana.

      O cientista atende, e Bernard, após as saudações e uma breve conversa particular, relata sobre seu interesse:

_Confesso que sinto-me lisonjeado por tê-lo como sócio, - elogiou após o sucesso das vendas durante aqueles dois anos - realmente a sua mercadoria foi transportada com segurança aos meus clientes e seus produtos foram bastante consumidos em muitas farmácias em Jairpu e principalmente enviadas à outros territórios da Índia.

_E quanto ao armazenador de pílulas.

_Prossegue ativo. Tenho realizado grandes vendas. É valido afirmar, porém, sobre as despesas, mas meu interesse maior é sobre a quantidade, embora tenhamos produzido cerca de cento e vinte e dois quilos de pílulas na última temporada não foi necessário para adquirir um lucro de valor viável. - informou Bernard com tom displicente.

_Consideremos os custos dos materiais das primeiras pesquisas do T20 e os custos das exportações, futuramente teremos maiores vantagens e conseqüentemente um lucro mais elevado com a adesão do produto. - disse o cientista de modo a incitá-lo.

_Entretanto, a produção de novos produtos dependerá das próximas plantações que serão exportadas em breve.

 _Estarei aguardando para a próxima remessa, contudo, devo assumir a dificuldade em transportar as mercadorias, não foi fácil a primeira viaje e o transporte ilegal exige mais do que o normal.

_Lembre-se que sedativos e alucinógenos estão sendo vendidos sem aprovação médica!

_Por esta causa estarei operando outros contatos na busca pelo o alucinógeno de origem estrangeira antes do tempo de espera. - as esperanças de Marunagh pareciam não convencê-lo por completo - Quero convidá-lo ao plano, necessitarei de sua companhia durante esta temporada, reunirei outros cientistas no ramo e o principal objetivo será a criação de uma substância derivada do T20 para produções mais elevadas. Breve teremos uma grande demanda das encomendas de drogas para outras finalidades. – Bernard aceita o convite feito pelo dr. Marunagh.

      _Ótima idéia, mas não se preocupe, reorganizarei meus negócios e em breve farei a viaje. Além do mais, trabalharei para encontrar indícios do alucinógeno em áreas inexploradas e preferencialmente originário da Índia.

      _Todas as informações serão necessárias acerca do conhecimento geral bioquímico no campo ecológico. - concluiu Bernard.

      Ambos se despendem após as confirmações e Bernard prosseguia com seus contatos para a reunião posterior. Outros dois cientistas de seu particular conhecimento seriam convidados assim que Marunagh estivesse apto para viaje. Não demorou muito, quando pouco menos de um mês, Marunagh, o cientista, estava prestes a partir rumo à Nova Delhi, conforme o convite feito por Bernard.

     

O LABORÁRIO

 

 

Durante estes dias, Jhason, que trabalhava como o segundo principal do clube, agora atuava no grande galpão instalado no terraço do prédio de vinte e um andar onde se estabelecia o Clube Barony em Nova Delhi.

Jhason também realizava outras negociações na fabricação clandestina de um galpão secreto à alguns quilômetros de distância do clube. O segundo galpão, situado em um ponto discreto e pacato da cidade, condicionava maior segurança e mobilidade do grupo quanto ao fornecimento das drogas.

Como chefe da equipe de traficantes na produção de narcóticos e novos produtos farmacêuticos, Jhason administrava o setor de preparo de novos estoques de venda, mas como subalterno de Bernard, também tinha mobilidade para operar os saques e as demais transições financeiras nos bancos.

Um espaço de cem metros quadrados no galpão secreto possuía uma mesa central metálica dividida por setores onde trabalhavam alguns membros do clube. O grupo trabalhava com armas em torno dos ombros e outras sobre o coldre da cintura. Alguns sem blusa exibiam seus colares valiosos e suas pulseiras douradas e semi-preciosas, outros técnicos-cientistas, usavam luvas e jalecos brancos. As roupas de tecido fino, caras e modernas do tipo neotropical enobreciam a maior parte dos traficantes do grupo.

      A mesa abrigava ao redor das máquinas especiais para preenchimento de pílulas e estoque das caixas, o armazenamento dos remédios.

Algumas caixas corriam através das esteiras elétricas que moviam os frascos de vidros aos respectivos capangas. Em cada setor se executava uma atividade diferente no processo das embalagens. Do outro lado, onde havia uma estante ajustada à parede, situava-se os copiadores de rótulos e o exaustor.

Um ar-condicionado dava vasão ao ar interno e um dessecador automático era transmitido após a impressão dos rótulos que eram fixados aos frascos e nas cartelas dos remédios. Na mesma estante da parede havia uma grande prancha para cortes de adesivos e conteúdos.

Ao lado havia uma máquina manual de dez pontas, onde cada ponta possuía pinos circulares que condicionavam a simetria redonda das pílulas, que após as placas, eram transferidas aos frascos através das válvulas giratórias.

     

A ESTRANHA ENERGIA

 

Ainda no setor das cópias, Jhason fazia as últimas observações antes de sua saída para efetuar o depósito bancário. O dinheiro tratava-se de um pagamento decorrente das vendas. Os capangas trabalhariam enquanto a tarefa fosse executada por Jhason.

O traficante, em seu BMW 320 marfim conversível, se dirigia ao banco apressadamente a fim de efetuar o depósito. O banco situava-se no mesmo distrito do galpão, uma região pouco movimentada permitia que as transições fossem feitas longe das suspeitas do crime.

Enquanto dirigia distraído pelas ruas, Jhason é acometido por um reflexo momentâneo sobre sua mente. Sua reação havia mudado repentinamente. Desde a saída do banco até aquele momento, algo muito suspeito lhe circundava o corpo. Parecia ser mais uma daquelas reações preliminares por onde muitas vezes sentia antes de receber as revelações através do sonho.

Ao contrário do que ocorria durante a premunição, aquele sentimento lhe atacava com mais intensidade. O cristal-verde estava ausente, senão por confeccionar um anel de um dos seus dedos. Um tipo de bem-me-quer poderia ser o melhor meio de explicar as antigas premunições. Por sinal, a última delas tornou-se um mal-me-quer e mesmo motivo pelo qual Jhason decidiu abandonar sua ex-namorada e aquele misterioso cristal-verde.

Algo estava próximo a acontecer. Jhason teve uma mera sensação de estar sendo vigiado. Seus poros epidérmicos vibravam tensos, uma breve tontura lhe sobrecarregava.

Um sedativo havia sido digerido na noite anterior, mas não poderia ser a causa do efeito. Titubeou mais uma vez, agarrou o volante precavido e algo estava prestes a mudar.

      Nada obstante, um chiado intermitente passa a envolver sua mente. Jhason entra em estado de transe mental, seu volante passa a ser maquinado pela ação daquele fenômeno. Não eram mais suas mãos a manejar o volante, mas uma energia muito forte se apoderava de Jhason. O traficante se espanta, tornou-se fraco de súbito, sua coordenação se embaralhou, o sentido pretensionado já não era o mesmo, contudo, algo lhe transmitia segurança pelas direções seguidas e seus braços se moviam maquinalmente.

O trajeto foi alterado, o veículo se infiltra à uma rua desconhecida. Uma voz aguda parece surgir aos poucos. Primeiro chamou pelo seu nome e depois ordenou que o carro fosse estacionado apenas pelo poder mental. O motorista obedece e ainda movido pelo êxtase, encaminhava à um recinto secreto. Um corredor estreito dividido por algumas lojas de conveniências dava acesso à um salão simples através de uma longa escada cimentada de ladrilhos vermelhos rumo ao piso superior.

      Jhason desce do carro ainda conduzido pela energia mental e acessa as escadas, por onde no topo antes da entrada havia uma simples placa de iluminação cênica cuja informação dizia: Kassyd's teacher. Antes do salão superior, havia algumas cortinas de seda em cores carmesim e vegas, no chão e nos tetos, alguns tapetes persas. Os forros de lã importada que faziam a cobertura de aceso à sala, foram abertos.

O convidado entra, o êxtase naquele momento pareceu se extinguir fazendo-lhe tornar a sua estabilidade anterior. Um agradável cheiro de incenso se exalava no local, um raro fumo que ocupava o interior de um dos castiçais bronzeados, emitia a neblina que desenhava o ar do ambiente em complexas fumaças aleatórias. Uma mulher aparentando-se mais nova, ainda mantinha seu aspecto jovem, logo o convida para se acomodar em uma das poltronas em torno de uma pequena mesa de madeira oval.

O ambiente místico surpreendia o convidado, o conjunto dos móveis formava um espaço abrangente e escuro. As duas janelas de vidraux nos dois lados da parede faziam desenhos artísticos. As porcelanas das técnicas de Satsuma indiano preenchiam a decoração na prateleira de vasos artísticos. Uma iluminação reforçada por luzes vermelhas e incandescentes era emitida entre a entrada e os tapetes.

Uma estante embutida na parede ao lado das cortinas possuía uma biblioteca de alguns livros antigos de capa dura que diziam sobre feiticismos. A parede incluía alguns afrescos artísticos que denotavam detalhes típicos da cultura indiana. Emolduravam o misticismo. Algumas especiarias provenientes das trocas artesanais com os portugueses comerciantes faziam uma longa coleção de peças na estante de madeira na mobília superior.  

      Uma cigana usava um véu escarlate sobre a cabeça e alguns detalhes de peças douradas no pulso e no pescoço. Sinalizando com o braço em direção a poltrona, convidou Jhason à assentar-se por outro lado.

Sentia-se seguro, mas nada sabia sobre o propósito daquela jovial e atraente mulher, Wanda Kassyd, nome da cigana proprietária do recinto.

      _Finalmente consegui! - o convidado permanecia ainda sem entender - Sou Wanda Kassyd, esticou o braço para saudá-lo.

      Após as apresentações Wanda introduz.

      _Sou a última possuidora do cristal Jaspe. - retirou um pequeno véu azul de veludo que cobria o cristal-verde no centro da mesa. - Finalmente encontrei o possuidor da pedra.

      Jhason permanecia admirado, aquela pedra-Jaspe emitia um brilho esverdeado sobre a mesa oval, era a mesma encontrada em uma mineradora desativada à alguns anos atrás quando esteve em busca por pedras-preciosas junto ao grupo.

      _Incrível. – focou seu olhar sobre a pedra – este cristal parece ser o mesmo que à alguns anos atrás encontrei numa mineradora em Bangladesh. Porém houve um engano, não sou mais seu possuidor.

      _Estou dizendo da pedra lapidada em seu anel.

      O anel em seu dedo confeccionava a mesma pedra-jaspe esverdeada, Jhason observava o tom verde da pedra e confirma.

      _Ah sim, eu havia quebrado esta pedra que havia se dividido em três partes, aliás, quatro, a última parte confeccionei em meu anel. O cristal foi capaz de emitir fortes energias de sinais futurísticos que me sobrevinha como em sonho. Isto quando esteve em minha posse, contudo, não fui capaz de dominá-la. Vendi as três partes à uma vidente pouco tempo depois.

_Um dos fragmentos da pedra permaneceu ainda no meu recinto sem que eu percebesse. A última parte ficou para trás e quando já arrependido pela venda do cristal-verde, decidi lapidá-la ao anel após encontrá-la em um dos cantos do quarto.

      _Jhason, - o chamou para o assunto - esta pedra foi reconstituída e passada por várias pessoas que também não tiveram o domínio sobre sua energia. - explicou Kassyd - Após chegar em minhas mãos descobri maior parte de seus mistérios com o auxílio de um dos meus livros místicos. - disse ao pegar um livro sobre a biblioteca e pô-lo sobre a mesa.

      O livro médio de capa dura verde possuía detalhes em dourado sobre o título. As páginas escritas em papeis desbotados preenchiam as quinhentas folhas do livro.

       _Este cristal, sem dúvidas, possui muitos poderes. Foi assim que consegui trazê-lo ao meu salão, através do sonho que tive. E assim como aconteceu em suas mãos, uma previsão levou-me à recordação de sua aparência.

      Kassyd agora lhe revelava sobre um dos poderes do cristal. E conforme a disse sobre as revelações em sonho, o segredo de como ela poderia ter o reconhecido era explicado da mesma forma. Assim Jhason pôde ser facilmente identificado através de um presságio.

_Concordo, mas a energia do cristal operou de outra forma. Enquanto esteve em minhas mãos, tão-somente conseguia ver as pessoas e prever o futuro através destas visões.

_Este é o fenômeno natural da pedra-Jaspe. No seu interior ainda está armazenado mais um fenômeno oculto que é a energia mental.

_Esta energia somente é despertada quando outra pedra-Jaspe entra em contato com outra pedra da mesma espécie em distâncias aproximadas. Certa vez o identifiquei com seu anel enquanto perambulava pelas ruas. Consegui assimilar seu rosto com a visão que tive no sonho. Assimilei também a pedra-Jaspe em seu anel após me recordar da leitura deste livro e observando a pedra em minha posse e toda a coincidência, resolvi trazê-lo até aqui para conhecê-lo melhor.

_Assim, - continuou – passei a investigá-lo.

_Durante muito tempo estive atrás da pedra original. Paguei um alto preço para conquistá-la. Após este encontro, descobri seu nome através de algumas listas de distribuidoras farmacêuticas e finalmente consegui os primeiros sinais quando seu carro cruzava algumas ruas paralelas. Sabia que este trajeto lhe era vulgar, o observava algumas vezes pela janela superior ao passar pela rua Doctor Zakir.

_É comum passar por aqui... Faço alguns depósitos durante este período do dia. – Jhason corresponde.

_Sabe Jhason, sua pessoa parece ser ideal para exercer a pedra-Jaspe!

 

O SEGREDO DO CRISTAL

 

 

A pedra-Jaspe confeccionada no anel de Jhason havia despertado a energia mental em contato com a pedra reconstituída da cigana Kassyd e agora estava prestes a negociá-la.

       _Posso lhe mostrar como dominá-la e o poder estará sob sua conduta.

      _Quanto pago pela pedra? - perguntou interessado.

      _Dez mil pratas, sua energia dura por tempo determinado. - advertiu após a oferta.

      _Uma fortuna! - se espantou.

      _Sim, este cristal é fundamental quanto às minhas consultas, posso usá-lo para diversas finalidades, porém devo seguir a visão revelada, este cristal deverá ser entregue à pessoa pretendida e esta pedra pode ter grande importância em suas mãos.

      _Queria saber mais sobre esta energia.

_Claro, - a cigana folheia algumas páginas ao molhar a saliva na ponta do dedo - aqui está. O contato do cristal Jaspe pode ser feito até cerca de cem metros ou mais dependendo da sua espessura. A mentalidade pode levar ao êxtase profundo. A pessoa será envolvida pela energia mental quando somente a pedra-Jaspe da mesma espécie for utilizada, o poder estará sobre o possuidor do cristal mentalizado e a pessoa envolvida poderá não se recordar das suas ações anteriores, conduzida por um grau de anestesia psicótica primária. - disse ao ler um pequeno trecho do livro.

_Então outros cristais não fazem parte do efeito sobre a pedra-Jaspe?

_De certa forma sim. - respondeu - esta é a segunda forma do poder que o cristal verde é capaz de produzir, mas veja o que nos diz este trecho a seguir: Outros cristais neutros e de aspecto transparente poderão fazer parte do fenômeno da pedra Jaspe produzindo efeitos menores em distâncias menores. Causando um pequeno êxtase sonífero e não dominável.

_Interessante! - comentou - De fato estou bastante interessado pela compra da pedra-Jaspe, no entanto, queria observar alguma demonstração do terceiro poder.

_O terceiro poder será feito com cristais neutros, tais como o quartzo e diamantes. - a cigana se aproxima do móvel embutido na parede e alcança uma das pedras cristalinas de uns dez centímetros de espessuras com peso aproximado de sessenta gramas e o introduz sobre a mesa. - Esta energia é semelhante ao contato entre as duas pedras-Jaspes, porém não será capaz de produzir uma influência maior senão algumas tonturas temporárias. Basta apenas tocá-la.

Jhason estende sua mão sobre o cristal neutro.

_O domínio está sobre aquele que possui a pedra-Jaspe, portanto, farei algumas demonstrações através da mente.

A cigana faz uma reflexão e a energia do cristal breve começa a operar.

_Veja como o poder é eficaz. - disse em um tom de voz oculto e agudo que ressoava sombria através da mente de Jhason. - Somente o cristal neutro ou outra pedra-Jaspe poderá operar estes poderes.

A cigana termina, Jhason parecia de fato dominado pelo sono, se reclinou da cadeira. Suas pálpebras sobrecarregadas fizeram-no cair sobre a mesa de súbito, havia desmaiado.

_Jhason, - o acudiu.

_O que houve?

Ele se levanta. Kassyd replica:

_Lembre-se, - disse agora pelo modo natural - o contato é feito em distâncias aproximadas. O efeito do cristal apenas o leva ao sono instantâneo, a comunicação mental ocorre somente com outra pedra-Jaspe.

_Mas se sua voz foi fruto do efeito do cristal sob contato com outro da mesma espécie, como então sobressaiu-me este desmaio repentino, visto que o poder da influência é maior.

_Isto depende do portador da pedra-Jaspe, aquele que a contém é capaz de transmitir sua comunicação e sua indução mental. Veja que ainda em seu veículo consegui dominá-lo e se seu anel fosse de cristal neutro, jamais poderia acometê-lo com tal fenômeno.

_Talvez uma longa distância pode impedir o efeito?

_Sem dúvidas, o livro diz que cerca de cem metros neste caso.

_Então é por isto. – frisou Jhason de modo preocupado ao mover seu rosto ao cristal.

_O que houve?

Jhason havia se lembrado de como teria encontrado a pedra-Jaspe e de como ela produzira o poder de prever acontecimentos. Este seria apenas o primeiro poder do cristal, conforme disse Kassyd, o segundo poder ainda lhe parecia estranho, o terceiro, porém, o lembrava de como os mineradores foram soterrados na mineradora desativa em Bangladesh e em cujo salão foi encontrado o cristal.

_Na mesma mineradora em que encontrei este cristal havia ocorrido um acidente.

_Como?

_Fomos até esta mineradora devido a desativação por uma explosão mal-sucedida.

_Desculpe Jhason, mas os poderes místicos da pedra-Jaspe se limitam apenas à mente. – sorriu estranha – O cristal não é capaz de operar explosões.

_Os mineradores, porém, sofreram com o poder da pedra enquanto estavam no interior da mina.

_Talvez.

_Óbvio. Se o cristal neutro é capaz de produzir o fenômeno do sono instantâneo em contato com a pedra-Jaspe, então é evidente que ao passarem por perto da pedra-Jaspe carregando os vagões de cristais ou talvez os sacos ou os carros manuais, foram atacados pelo êxtase.

_Neste caso, quando a quantidade é maior, a distância não precisa ser muita, porém, todos os portadores do cristal serão afetados.

_Incrível. Domados pelo fenômeno talvez, não conseguiram ouvir o alarme, ou se mantiveram no interior até o momento das explosões?

_Trágico.

_Felizmente todos sobreviveram, encontrei esta notícia em um artigo mineralógico.

_Não se preocupe, nem todos que usam cristais serão afetados pelo poder da pedra-Jaspe em sua posse. Neste caso a distância se limita a quase um metro.

_Estranho, pois quando encontrei a pedra recebi o mesmo êxtase e não portava nenhum tipo de cristal.

_Sugiro que a influência do cristal em áreas como em mineradoras é maior, o efeito se sobressai acessível ao contato com a pedra-Jaspe mesmo ainda com a ausência do cristal. 

 

A ANTIGA NOTÍCIA

 

 

Jhason havia se interessado pelo poder, mas preferiu manter a oferta do cristal para um eventual acordo. A negociação não havia sido feita, o dinheiro era muito, mas a energia contida na pedra-Jaspe atraiu seu plano para uma compra irrecusável. Ao sair da sala da cigana, o traficante se recordou do dia em que havia conquistado a pedra-Jaspe na mineradora desativada em Bangladesh à alguns anos atrás, local onde o clube Barony havia arrecadado grande quantidade de cristais e diamantes. Os fatos responsáveis pela desativação da mineradora se assimilaram aos poderes relatados por Kassyd, as comparações eram impressionantes.

Após chegar ao clube, Jhason procurava pela notícia entre as gavetas da cômoda que divulgava os motivos que levaram a desativação definitiva da mineradora de cristais e quartzo conhecida como Bangladiamond nas aproximidades das montanhas ao sul da região de Sylhet. O documento encontrado no Centro de Convenções Mineralógicas na região central da cidade de Dacka ainda estava guardado em uma das gavetas do escritório. O local é acessado, não havia ninguém, Bernard havia permitido sua entrada estando na parte principal do recinto. O assunto dizia sobre os detalhes do acidente ocorrido.

A notícia era catastrófica, muitos se detiveram no interior da mina e ficaram gravemente feridos, mas receberam indenizações, outros foram misteriosamente desaparecidos e encontrados após as buscas, de sorte, não houve percas de garimpeiros.

A economia não pôde manter a mineradora ativada. Além de ter causado grande prejuízo com as buscas dos desaparecidos e com a indenização aos feridos, o local havia sido ameaçado por desabamento de rochas sobre uma reserva florestal adjacente e teria causado problemas ambientais com uma vazão química que se dissolvia na atmosférica. Definitivamente a mineradora foi reduzida à falência, na época, foi uma alternativa para o clube Barony para a captação de diamantes devido a paralisação do tráfico que diminuía gradativamente.

O artigo era lido no local e um dos trechos revelava algo surpreendente. Um depoimento de um dos sobreviventes era compatível com as informações relatadas pela cigana Kassyd sobre os efeitos da pedra-Jaspe.

Jhason se aproxima de Bernard ao sair do pequeno depósito e lançando o jornal sobre a mesa comenta.

_Leia. – apoiava sua mão sobre a cintura, demonstrava algo interessante.

_Uma energia desconhecida havia dominado a maioria dos trabalhadores naquela missão na mineradora desativada. – lembrou-o de uma das missões operadas pelo clube.

_O grupo de garimpeiros havia entrado em estado de transe enquanto movimentavam os comboios de cristais e tiveram dificuldade em ouvir o sinal de alarme para as próximas detonações? – assustou Bernard – O que isto significa?

_Conclua...

_O engenheiro responsável notando que o grupo não havia comparecido ao lado externo se espantou, tentou evitar, mas era tarde de mais, o detonador foi ativado antes da saída do grupo. – frisou Jhason espantado – Incrível, como pode isto?

_Os garimpeiros foram afetados por uma energia desconhecida. - disse em tom de voz baixo ao assimilar o fato - Bernard estranha

_Que tipo de energia?

_Os cristais que eram movidos pelos comboios foram responsáveis pela atração da energia mental da pedra-Jaspe fazendo-os distraídos, a mesma pedra-Jaspe que confeccionei neste anel. – apontou-lhe o anel.

O cristal, que encontrado não muito distante do local do acidente, havia exercido influência sobre os garimpeiros. O segredo da pedra-Jaspe explicava porque o cristal neutro foi capaz de produzir o efeito. A grande quantidade de cristais que eram transportados causou o impacto mental dos mineradores. Jhason estava prestes a negociar a pedra-Jaspe oferecida por Kassyd.

_O poder não se tratava de premunições?

_Sim, porém encontrei uma cigana... uma influência desconhecida conduziu-me ao local onde ela estava. Segundo a cigana este seria apenas o segundo poder mental operado pela pedra.

_E quais seriam os outros.

_Na verdade são três. O último trata deste êxtase relatado por um dos mineradores na notícia. Ocorre sempre quando utiliza-se cristais neutros em contato próximo da pedra-Jaspe.

_Não sei se devo acreditar, - lançou o jornal desinteressado – é muita coisa para uma simples pedra.

      Algumas horas depois, Jhason se reencontra com Ryah e comenta sobre o desfecho de sua pesquisa.

      _Então, sobre que assunto o documento aborda?

      _Nada importante, o documento noticiava alguns motivos que causou a falência da mineradora sabotada pelo clube.

_E qual foi o interesse pela notícia que ocasionou a desativação?

_A influência da pedra-Jaspe. A mineradora foi desativada devido a um acidente com os garimpeiros que não conseguiram sair à tempo após as detonações. Talvez não se recorde, mas algumas das minhas previsões foram absorvidas através da energia transmitida pelo cristal.

_E a notícia previa o acidente segundo o poder do cristal?

_Não, mas a mesma energia transmitida pelo cristal afetou os trabalhadores que entraram em transe.

_Porém o estado de transe é diferente da previsão. – comparou Ryah - Isto se trata de um outro tipo de influência.

_Não tenha dúvidas, tive um encontro com uma cigana, recebi informações sobre os efeitos do cristal e descobri que a pedra-Jaspe em contato com o cristal genuíno pode gerar esta energia mental. Este fato explica o transe dos trabalhadores antes de saírem da mineradora.

_Estranho, mas toda esta pesquisa para saber sobre isto?

_Na verdade queria confirmar sobre a informação dada pela cigana. Antes de encontrá-la fui guiado pela mesma energia mental da pedra-Jaspe. Conheci o segredo do contato entre os cristais, correlacionei este fenômeno com o local onde encontrei o cristal verde e de fato houve essa coincidência entre o motivo do acidente com o efeito da pedra. Porém este se trata apenas de um dos três poderes da pedra. Além das previsões e do transe mental, este cristal também é capaz de exercer energia mental sobre outras pessoas em contatos aproximados. Isto explica porque encontre a cigana sem antes conhecê-la.

_E como isto foi possível?

_De acordo com a revelação da cigana, a pedra-Jaspe em aproximação relativa com outra pedra da mesma espécie diferente do cristal genuíno e sem cor, pode ocasionar o efeito. - mostrou-lhe o anel que possuía um pequeno cristal verde lapidado em torno da armação - Abandonei a pedra-Jaspe tempos mais tarde, mas ainda me restou este pequeno fragmento.

_Por outro lado, tenho algo a dizer-lhe... - disse Ryah ao tomar algumas promissórias que trazia sobre as mãos para entregá-las à Bernard - Flammer cumpriu maior parte do seu tempo. A pena foi reduzida relativamente pelos advogados contratados após o pagamento da fiança, a polícia não sabe sobre o tráfico e Flammer permanecerá ainda por pouco tempo.

_Fico feliz em saber, estarei aguardando pela sua vinda. – saiu preocupado com seus afazeres.

Ambos se despedem, a administração do clube estava perto em mudar seu destino e muitos estigmas estavam por vim. O plano da produção de antibióticos desenvolvidas a partir de uma substância descoberta pelo dr. Marunagh era mantido em desenvolvimento e um novo crime estava para ser realizado.

 

O PLANO

 

 

Bernard estava preparado para planejar um novo encontro entre a equipe. Um dos cientistas a ser convidado seria o Dr. Bert LeFeghts, versátil de alto conhecimento no campo tecno-biológico, estatura baixa, olhos albinos, cabelos claros e calvos, embora atingisse a idade de aproximadamente sessenta anos, LeFeghts ainda possuía muitas flexibilidades que às vezes eram úteis nas fugas criminais.  Usava um tradicional bigode aparado, um óculos para leituras e um jaleco alvejante. Através de uma ligação Bernard organiza o plano:

_Tenho novos planos companheiro Bert... - disse o tratando com intimidade.

_Novas substâncias medicinais ou narcóticas? - perguntou.

_Não, mas algo que contribuirá para uma inestimável venda de medicamentos antibióticos genéricos.

_Interessante! - concordou o Dr. Bert Lefelts - O que poderia ocasionar uma extensa compra de antibióticos?

_Uma substância alucinógena, desenvolvida a partir da pílula T20! Uma substância pouco tempo criada pelo dr. Marunagh.

_Não é uma má idéia, a compra de antibiótico é essencial contra efeitos de uma substância alucinógena.

_A intoxicação por sedativo-hipnótico, anestésico inalatório e psicodisléptico, sendo transmitidos aos consumidores, consequentemente obrigará uma compra de antibióticos para sanar os efeitos tóxicos. Contudo, seremos os principais produtores desta substância, criaremos propositalmente a medicação para tal surto... quero dizer, se seu interesse for compatível ao plano, permitindo a realização de experiências em seu laboratório

_De acordo, não poderia faltar em um plano mirabolante como este, - disse em tom de gracejo - mas fala sobre sua estratégia de como emitir o tóxico sem sermos percebidos. Na verdade não podemos forçar ninguém a consumir a substância.

_O plano será bastante minucioso e simples, portanto, antes de escolhermos a substância alucinógena que será emitida aos consumidores, deveremos encontra a área onde há maior fonte utilitária de herbicidas. Como se sabe, a herbicida é uma substância agrotóxica utilizada na lavoura e na agricultura para o controle das ervas maléficas decorrentes da natureza.

_Existem várias lavouras que usam herbicidas... O produto, de fato, gera curta produção agronômica o que também reduz o custo das despesas, é muito comum nas lavouras da Índia. - disse LeFeghts - Pode ser, de certa forma, prejudiciais a saúde, contudo, em pequenas proporções, o que torna o produto legal em muitas empresas.

_Quanto ao efeito epidêmico, tenho algo muito interessante.

_A intenção não poderia ser meramente aumentar a quantidade de herbicida nas lavouras?

_Não, isto causaria um efeito tóxico ainda menor quanto a venda de um produto convencional que dê mais vantagens e, sem duvidas, isto causaria a venda de um antibiótico de origem vulgar e talvez não incluído em nossa linha de produtos genéricos e adulterados.

_Era o que eu presumia, a quantidade de agrotóxico não pode ser comparada à mistura com um alucinógeno, seria menos vantajoso se a herbicida fosse aumentada. No entanto, qual seria o plano de intoxicação? - perguntou o cientista bastante interessado.

_Tudo dependerá dos microorganismos comumente encontrados na vegetação de um simples legume alimentício.

_Estafilococos...

_Ainda não sei, Marunagh orientou-me a despeito deste microorganismo, que devido a suas funções metabólicas, ora, pôde causar a simples reação de síntese do alucinógeno emitido sobre a herbicida. Desta forma bastará apenas escolhermos o alucinógeno químico que melhor se adequa a reação química com a herbicida.

_Suponho que não seja assim tão fácil, - redargüiu o cientista - existem várias formas complexas de herbicidas e entre muitos campos agropecuários devemos escolher aquele que utiliza a herbicida de composição menos resistente à reação com o alucinógeno e o mais fácil de sintetizar-se, como por exemplo, o oxigênio.

_Esta não é uma má idéia - disse surpreso com a sugestão - e realmente será o primeiro passo do plano. Além disso, conheço um destes traficantes de remédios ilegais que certamente se interessará pelo plano, possui um bom conhecimento científico e poderá contribuir com a escolha do alucinógeno. Este é um vilão sorrateiro que atua em grande parte da Arábia Saudita. Seu nome é Henrry Leighland, farei novos contatos para incluí-lo em nossas futuras pesquisas. - disse ansioso com o plano - Nos encontraremos hoje às três horas em meu escritório.

 A REUNIÃO

 

As pesquisas estavam em desenvolvimento. O estudo da herbicida usada nas lavouras seria o principal objetivo do grupo e Henrry Leighland, um antigo criminoso do narcotráfico, seria mais um componente da equipe. Após realizar as ligações ao cientista árabe, Bert consegue organizar o encontro em seu escritório. O tempo passava, Bernard, que havia feito as últimas revisões no Clube Barony, sai apressadamente ao encontro dos recém-aliados. Um gabinete simples localizado em um dos prédios da região central de Nova Delhi, abrigava em torno da mesa principal, alguns microscópios e outras máquinas científicas, porém, era usado, preferencialmente, como área de pesquisas, documentações e contratos.

_Sejam bem-vindos. - Bert estende o braço ao seu convidado que vinha acompanhado de seu sócio.

_Este é dr. Senh Marunagh, possui uma extensa linha de fabricação narcótica na Cachemira. Traz consigo a mais nova substância neutra, que pode se sintetizar à qualquer tipo de substância química.

_A pílula faz a transmutação genérica dos comprimidos. – explicou o cientista – Além disto tenho um aparelho ultramoderno que amplia a produção de uma, para cerca de cem vezes mais da substância. O aparelho possui uma câmara M2A de ótima resolução.

_E quanto a pílula?

_A substância é mais conhecida como... T20

_Magnífico. - o cumprimentou com seu sorriso semi-fechado coberto por parte de seu bigode grisalho - Sou Bert Lefeghts. - complementou.

Em seguida o cientista o apresenta à Henrry. Se assentava extravagante sobre uma luxuosa poltrona gôndola de safara na sala de visitas. A poltrona estava posta à frente da mesa de vidro fumê onde pela superfície se destacava um Wisk Buchnon’s

_Este é Bernard Yriodit, um dos principais traficantes de drogas das regiões de Nova Delhi.

_Já tenho ouvido falar. - estendeu a mão para saudá-lo - Foi uma mera coincidência terem me encontrado em Nova Delhi, raras vezes faço intercâmbios na Índia Setentrional. - Henrry possuía uma grande propriedade secreta em Mumbai.

_Aproximem-se rapazes.

Bernard e Marunagh, se aproximam de duas cadeiras direcionadas por Bert. As cadeiras com detalhes verdes sobre o estofado acoplado às hastes metálicas estavam posicionadas do lado oposto da mesa principal onde Bert e Henrry permaneciam assentados. Os lugares foram acomodados.

_Tem o exemplar das substâncias? - perguntou à Marunagh.

_Eis aqui. - retirou um pequeno pacote plástico de cinco centímetros onde se encontravam algumas pílulas da droga.

Bert toma as pílulas e analisa levantando o plástico contra a arandela de ferro em formato de cone que se suspendia por uma longa haste também de ferro, até próximo a distância central da mesa. A luz reforçava a inscrição das marcas frisadas nos comprimidos, cuja sigla se traduzia na denominação T20, e após algumas letras nas bordas, os números talvez indicasse o índice de originalidade.

_Interessante, mas vamos ao principal assunto. - disse ao deixá-las sobre a mesa.

_Como disse este é Henrry Leighland, um famoso traficante e também cientista de Mumbai. Possui um grande estabelecimento que será útil para o aprofundamento do plano. - estendeu a mão para dar-lhe o parecer.

_De acordo com que me foi dito, existe uma substância alucinógena em jogo, tenho uma minuciosa resenha de composições alucinógenas em meu laboratório. Posso dispô-la para as demais experiências, desde que o lucro ultrapasse oitenta por cento do investimento.

_Não se preocupe, com a ação do M2A podemos ampliar uma mercadoria compatível, para apenas cem hectares agropecuário de terra intoxicada. Isto nos levará à um lucro inestimável. - propôs Bernard.

_Interessante idéia, assim não teremos dificuldades quando forem colhidas as amostras do alucinógeno.

_Antes de mais nada, deveremos encontrar a herbicida mais apropriada para uma eventual fusão com o alucinógeno. – comentou o cientista Marunagh.

_Já era o que imaginava. - disse Bert.

_Tudo também dependerá do sistema embrionário da fruta. - Bernard acrescenta - Uma lavoura de legumes, por exemplo, será ideal para a combinação com o alucinógeno.

_Temos acesso às composições químicas dos alucinógenos mais acessíveis?

_Sem dúvida, faremos uma análise instantânea.

_Neste caso, tenho uma sugestão. - disse Marunagh - Trabalhei como cientista estagiário na área biotecnia na Universidade da Cachemira. Tenho um cartão de qualificação aprovado pelo mesmo setor do sistema institucional. Com este sinete tenho acesso legalizado à muitos institutos biológicos na Índia. A intenção será fazer uma pesquisa para obtermos uma relação agronômica, através de um relatório científico, da composição tecno-biológica de herbicidas geralmente usadas nas lavouras.

_Realmente, se conseguirmos a relação das composições químicas de substâncias de herbicidas através desta pesquisa, o próximo composto do alucinógeno será melhor apurado para a eventual fusão. – aprovou Bert Lefeghts.

_Muito bom, quero que faça esta pesquisa o mais breve possível. Após a definição da herbicida, entraremos em contato com Leighland para a escolha do alucinógeno. 

Após a conversa a ordem foi dada, e o Dr. Senh Marunagh faria um exame das lavouras em um instituto biológico na cidade. Certamente com sua identidade de qualificação em ciências biológicas, o cientista conseguiria acesso ao local como pesquisador, espião e obteria o relatório do uso de herbicidas nas hortaliças de muitas lavouras da região.

 A CIGANA

 

 

      No clube, Jhason preparava as folhas contábeis para um saque milionário. O valor de cem mil dólares seria usado exclusivamente para a compra da pedra-Jaspe oferecida pela cigana Kassyd. Tudo estava pronto, as folhas foram separadas em uma pequena maleta de couro liso preto. O saque é efetivado após encaminhar-se em direção ao banco.

O motorista ainda dirigia por uma das principais ruas, a Doctor Zakir Hussain Road, quando se lembrou do estabelecimento da cigana. Várias rotas foram feitas até chegar ao local. Jhason tinha pressa, deveria resolver alguns assuntos particulares do narcotráfico.

O carro se aproxima do estabelecimento, havia apenas uma vaga, a placa indicava estacionamento proibido, e o carro inevitavelmente é estacionado em local irregular. O salão é acessado pela escada feita de deques de madeira envernizada. Kassyd permanecia assentada sobre seu confortável sofá confeccionado em estofado de couro marrom sintético com brocado laminado e talabarte de ouro. Um outro aroma da essência dos defumadores se exalava pelos candelabros e expandia-se pelo local à fora.

      Jhason entra e se aproxima.

_Entre. - convidou Kassyd - Senti sua vinda pela energia dos cristais.

A cigana usava um véu semi-transparente cor pêssego entre a mandíbula e os ombros. Suas jóias eram notáveis, seus brincos emitiam um brilho fosco da prata polida.

_Tenho o dinheiro da oferta proposta. - se acomodou na poltrona de visitas. A cigana retira o véu.

_Ora veja... temos um comprador. – seus olhos verdes se arregalaram ao observar a maleta - Sua sorte é irrevogável meu amigo! - retirou o lenço de veludo azul que cobria a pedra-Jaspe no centro da mesa de madeira rupestre.

_Pegue, faça sua análise. – sorriu por um sorriso atraente, cortês e desenhado por um tom rosa viscoso do batom sobre os lábios.

Jhason toma a pedra do centro da mesa apoiada sobre um bloco de madeira que servia como base.

_Não tenho dúvidas de que esta seja a mesma que usei à alguns anos atrás, após encontra-la na mineradora. - disse ao movê-la sobre os dedos - As marcas do quebradiço que separou as três partes ainda são visíveis. Porém parece que falta uma parte além do que foi confeccionado em meu anel.

_Talvez tenha se perdido após os estilhaços. – disse de modo estranho, como se soube sobre do fragmento.

_Esta montagem ainda é bastante frágil. Qualquer colisão com o cristal poderá separá-lo pelas extremidades das rachaduras. - advertiu.

_Quero fazer a minha própria experiência com a energia do cristal.

_Domine-a enquanto me apoio ao cristal neutro. - Kassyd estende as mãos sobre o cristal transparente que se assimilava à um cristal quartzo - Concentre-te, - Kassyd fecha os olhos em seguida.

A energia cristalina se iniciou com os primeiros efeitos dos sinais produzidos pela transmissão mental. Jhason se aprofundou em sua imaginação e iniciou com sua primeira mensagem.

_Consigo dominar. - disse ainda em voz natural.

Alguns segundos se passam quando finalmente a energia é dominada.

_Levante-se! - agora a voz saía aguda e secreta pela transmissão mental.

Kassyd repulsa as mãos e interrompe a energia.

_Às vezes o receptor não possui o domínio da energia tendo por sua vez a voz dita por influência da mentalidade do dominador. Devo adverti-lo sobre o contato entre as duas pedras-Jaspes. Como disse, sua energia é maior e o efeito pode ser controlado por um período conhecido como transe temporário. – a cigana se levanta para postar o cristal novamente sobre a estante – Neste período a pessoa pode ter menor facilidade em se recordar dos fatos enquanto está sendo envolvida pela energia mental. – dizia pelas costas enquanto andava até o local - Portanto, tenha bastante cuidado ao possuí-la, saiba como usar o cristal, conquiste e não atraia para si nenhuma má sintonia. – tornou a assentar-se.

_Devo admitir que estou muito agradecido por suas instruções. Este poder realmente é admirável – exibiu uma maleta em cujo fundo se destacavam as cédulas em dólares. Wanda confere estupefata.

_Irrecusável querida Kassyd. - disse ao entregar o dinheiro à vista sobre uma maleta de couro.

_Mas nada como esta quantia para suprir o cristal.

Jhason retira da carteira uma cédula de cinquenta.

_Aceite. Pela consulta.

_Talvez tenha que pagar uma pequena multa. – recusou - Sinto algum assovio do apito, além disso, existem poucas vagas para carros neste período do dia.

_O carro. – assustou.

A pedra-Jaspe, em fim, estava em suas mãos. Jhason se despede ao agradecer, saiu rapidamente ao passar pelas cortinas que cobriam a entrada pelas escadas. Do lado de fora o guarda recebe o dinheiro. Wanda após esperar sua saída retirou de si um pequeno pingente feito pelo então fragmento perdido. Um colar estava em suas mãos e tratava-se do último vestígio da pedra-Jaspe além do que foi vendido. O colar deixava evidente a existência de um objeto que poderia proporcionar a sintonia de Wanda Kassyd em manipulação à Jhason ou em vice-e-versa.

Para Jhason, a pedra-Jaspe estava exclusivamente em suas mãos, um plano malicioso poderia ser empenhado pela energia sob o domínio do possuidor. Como dito pela cigana Kassyd, o cristal ainda poderia ser dividido entre as três partes. Propositalmente Jhason separa as partes, pretendia confeccioná-las em algumas armações para transformá-las talvez em pingentes, anéis ou colares. O perigo estava próximo e qualquer um que possuísse as jóias de Jhason estaria propício ao seu poder.

 A PESQUISA

 

 

Henrry Leighland receberia a equipe em seu laboratório secreto em Mumbai. O grupo permaneceria no galpão próximo ao mesmo prédio onde Bernard e Dr. Marunagh se reencontrariam. Estes, por sua vez, compartilharam uma breve garrafa de champpagne acompanhada de uma conversa particular.

_Então como podem ver, estas são as principais informações. - Consegui a partir da diretora científica dr. Shirla Shan em minha visita à “Head of the Laboratory” na rua Lodhi.

Os companheiros se aprontam para uma viajem rumo ao local combinado, onde também estariam os dois cientistas associados recentemente por Bernard. O cientista Marunagh se antecipa com sua pasta e um pequeno hardware onde estavam armazenados os dados do relatório junto com a lista das herbicidas propiciadas à síntese de substâncias originalmente alucinógenas. Logo em seguida o cientista toma seu jaleco branco alvejante ao lado da cadeira e o coloca.

_Tudo pronto. – desativou o micro.

No mesmo instante Bernard desliga o telefone quando avisava a sua ida ao laboratório. Tudo estava pronto, nada obstante, a equipe embarca à Mumbai e se reúne no local programado.

Antes de entrarem no local a dupla se depara com uma residência comum, ao invés de um departamento ou um prédio particular, encontraram aparentemente uma casa habitável.

De piso único de acesso e uma garagem antes da entrada, um imenso bosque de aproximadamente cento e vinte e cinco hectares, mas que na realidade preservava em seu interior uma perfeita entrada secreta.

Bernard, evitando o trabalho de tocar o interfone, avisava sua chegada por telefone ainda no aeroporto. O portão da entrada principal do local, feito de longas grades negras, permitia pouca visibilidade do frontispício da casa. As janelas longínquas e fechadas não indicavam pessoas presentes, tudo parecia estar sob perfeita vigilância principalmente na pilastra externa onde também havia uma câmera escondida. Os portões se abrem subitamente, os negociadores avançam com o carro e estacionam em seguida.  Herry Leighland, proprietário do recinto, recebe os companheiros com entusiasmo.

_Sejam todos bem vindos! - convidou Leighland cumprimentando-os da sacada. - É uma honra poder participar do plano junto com esta equipe.

_Será importante nossa reunião, tenho notícias incríveis sobre o assunto que poderá ser decisivo para o nosso plano. - disse Bernard ao limpar os pés sobre o tapete posto em frente à porta principal.

Ao entrarem Bernard repara os cômodos de camurça e nada que indicava a presença de utensílios ou outros registros científicos feitos de fibras.

_Estranho! - Bernard desconfia - tínhamos combinado um encontro em um laboratório científico? - questiona em seguida.

_Não te assombres meu caro, sabemos que também faço parte de uma área delicada e perigosa da farmácia. – aproximou à uma estante de alguns aparelhos eletrônicos para tomar um controle-remoto - As experiências transgênicas são feitas ilegalmente e tenho grande quantidade de narcóticos e psicodislépticos, portanto não deveria deixar de fazer isto... - o tranqüilizou ao ativar um simples botão eletrônico.

Em um dos compartimentos feito para recepção das visitas, apontando para uma parede branca dividida por um fundo de divisórias pouco visíveis, aparentemente feita de pedra, onde também havia um quadro de arte surrealista para disfarçar o painel, Leighland ativa o controle e subitamente as divisórias se movem à cento e oitenta graus aleatório dando acesso a um imenso laboratório escondido nos fundos. As luzes se acendem subitamente e a dupla fitando o interior de um galpão bastante arejado e protegido por placas blindadas de metal maciço, admiravam atônitos.

_Magnífico! – Marunagh faz um comentário - este laboratório será um local perfeito para nossas experiências - concluiu.

O local realmente estava tecnologicamente equipado para fabricação de substâncias químicas. Os grandes aparelhos metálicos de fusão radioativa impressionavam o cientista. Em seguida a equipe se aproxima da mesa onde estavam postos os tubos de ensaio, cilindros, telescópios e objetos específicos. Os traficantes põem as pastas sobre a mesa, Marunagh retira seu pequeno hardware e solicita um computador para a visualização dos arquivos.

_Como podem ver estes são alguns tipos de substâncias das herbicidas mais comuns nas lavouras, pude realizar a pesquisa em um instituto biológico com minha credencial científica. – disse Bert Lefeghts.

_Ambas substâncias podem ser encontradas no próprio distrito, o que será menos arriscado quanto as fronteiras a serem percorridas. – ressaltou Bernard.

Após uma visualização detalhada do relatório de substâncias de herbicidas em lavouras, o cientista Bert Lefeghts dá o primeiro palpite.

_Embora haja encontrado vários modelos de substâncias homogenias e outros aldeídos, sugiro que o mais apropriado seja o ácido pentínico - disse apontando o modelo molecular no visor - Além de apresentar uma estrutura molecular puramente linear, possui um componente essencial na síntese da molécula, o hidróxido de carbono. É importante frisar a localidade da lavoura que utiliza o ácido pentínico como substância agrotóxica, que dentre as outras, é a mais próxima do distrito.

_Muito bom Dr. Marunagh! - disse Leighland após o parecer do Dr. Bert - Uma lavoura de legumes não muito distante de Mumbai, e por sinal, a maior distribuidora alimentícia do distrito. - comentou eufórico.

_Mas isto não é o suficiente - disse o Dr. Marunagh - pela lista de substâncias alucinógenas de Henrry, poderemos analisar paralelamente as principais plantas tóxicas que serão perfeitamente sintetizadas ao ácido pentínico.

_Não será uma tarefa difícil. Agora que já temos a composição da herbicida, será mais fácil encontrarmos o alucinógeno. - Leighland ativa alguns arquivos do computador em seus documentos científicos e uma lista das principais plantas raras alucinógenas possivelmente originadas da redondeza do Himalaia aparecem no visor.

_O ácido pentínico sugerido por LeFeghts parece ser ideal na fusão com a mescalina. - apontou a substância que surgia com suas letras brancas no visor azul do monitor, detalhada por sua composição molecular - Esta é uma substância extraída do cacto peiote. Possui um composto chamado fenil com uma seqüência de trimetóxi e outro de etilamina. De acordo com o índice percentual da região, serão facilmente encontradas no deserto árido das montanhas do Himalaia - explicou Leighland. A substância, além do mais, possui a composição amina que será importante na fusão com o ácido pentínico da herbicida.

O Dr. Bert analisa atentamente a lista, e em seguida cria um pequeno modelo estrutural da fusão entre o ácido pentínico com o alucinógeno.

_Segundo as estimativas moleculares, após a fusão da amina do alucinógeno com o ácido carbônico da herbicida, teremos o surgimento do composto amida. A reação química transformará o trimetoxi de fenil etilamina em um trimetoxi de fenil pentinamida etílica. O que acarretará na intoxicação múltipla das pessoas com efeitos altamente colaterais, afetando principalmente o sistema respiratório e consequentemente uma venda jamais vista da cópia genérica do antibiótico produzido eventualmente pela equipe que deverá ser elaborado segundo o modelo da substância e segundo as futuras pesquisas.

_Magnífico. - disse Lefeghts em tom de gracejo - Breve, uma espantosa venda explodirá em nossas mãos, concordando é claro, com a substância desenvolvida pelo dr. Marunagh. O incrível T20.

_Então diga-nos Leighland, quais são os detalhes sobre a região onde encontraremos o cacto peiote? - perguntou Bernard.

_A região se encontra na alfândega do Nepal ao sul com o extremo norte da Índia. Uma cordilheira separa a fronteira do rio Bramabrupta. O cacto peiote será difícil de ser encontrado devido a irregularidade da planície. Uma longa caminhada deverá ser feita e a planta em fim, deverá ser absorvida por um material especializado. Um tipo de seringa servirá na sucção da substância armazenada no interior do bulbo entre o caule e as folhas. E o líquido será, em fim, transpassado aos meus experimentos.  

 A MISSÃO

 

Bernard, o vilão, e o cientista Marunagh retornam à Nova Delhi após a reunião. O segundo passo do plano agora seria uma viagem ao norte do distrito em busca da mescalina derivada do cacto peiote. Em seu escritório Bernard tenta organizar os materiais para a missão junto com sua equipe em uma reunião normal.

Após uma longa discussão com os próprios ajudantes e mais os três cientistas, o grupo decide em comum acordo o dia mais viável para realizarem a viaje rumo as montanhas do Himalaia. Além do uniforme próprio para a exploração nas colinas e as ferramentas, havia também um conjunto de armas. As encomendas foram feitas e breve o grupo receberia o material biológico necessário para sucção da substância contida no bulbo da planta.

Ainda no escritório de Nova Delhi, Bernard se preparava com a seleção de seus assistentes. A sala de reunião mantinha seu tradicional piso entapetado por um tecido aveludado cinza. Os estofados em torno do escrínio de mármore negro fosco do estilo boldrié eram ocupados pelos representantes do tráfico e alguns empregados particulares.

Bernard havia trabalhado antecipadamente na construção do mapa da região a ser perscrutada, a rota parecia irredutível. O outro mapa indicava a lavoura onde se utilizava o ácido pentínico como substância agrotóxica. A montagem foi elaborada em slides-show. O retro-projetor automático é ativado:

_Tenho uma nova missão, uma substância química será referência da próxima linha de antibióticos produzidos pelo clube.

_Consegui informações preciosas sobre a origem da mescalina, - continuou - o líquido pode ser encontrado em uma planta exótica nas montanhas do Himalaia, o cacto peiote. - explicou a imagem que se virtualizava na parede exibindo o modelo fictício da planta na parte interna do bulbo onde se originava a substância alucinógena.

_Substâncias assim são fáceis de serem reconhecidas quando produzidas. Podemos ser desmantelados com a propagação do produto. - comentou Ryah um dos membros do clube.

_A idéia não se trata de efeitos colaterais. Outras experiências antepassadas nos trouxeram pouco lucro e a substância pode ser facilmente encontrada no antibiótico onde a introduzimos. Trinta e quatro por cento do financiamento teve que ser aplicado na produção do sedativo. Porém desta vez teremos um novo método aplicativo, a mescalina será introduzida em uma lavoura à trinta e dois quilômetros de Mumbai.

_Suponho que as verduras não conseguiram absorver tão facilmente este tipo de substância devido a alta oxidação molecular. - Ryah comenta ainda descofiado após observar a representação atômica da imagem.

_É importante frisar sobre a síntese química que ocorrerá quando a substância for emitida junto com a herbicida na lavoura. - Bernard ativa a próxima imagem - Algumas pesquisas feitas com o auxílio de alguns cientistas, dos quais incluo o dr. Marunagh, - apontou em direção ao cientista que se assentava em uma das poltronas.

_Foram fundamentais para descobrirmos o modelo molecular da herbicida usada na lavoura. O agrotóxico será essencial na fusão atômica com a substância alucinógena.

_A reação química será causa de um efeito letal quando as verduras forem digeridas. - comentou Marunagh - Isto fará com que uma grande venda de remédio seja realizada em Mumbai.

_Em contra partida, a substância será lançada no momento de aplicação da herbicida. - apontou sobre a imagem onde os chafarizes emitiam o agrotóxico - O elemento será implantado secretamente nos cilindros internos dos chafarizes. Cada uma destas peças giratórias possui um tubo vazio interno onde se armazena o agrotóxico. - a imagem exibia o modelo fictício da parte interna dos cilindros

_Porém, esta região ainda não será ideal para a fusão da substância. A mistura será efetuada ao dissolver-se com a herbicida, a reação química somente será efetivada quando jorrada nas verduras, e, por conseguinte, serão vendidas exponencialmente por toda Mumbai.

Bernard prossegue:

_Para esta missão quero que Elijah seja o responsável pela ordem de outros três espiões. A equipe aplicará a substância na lavoura no momento mais oportuno, ou seja, quando os ponteiros ultrapassarem as doze horas da noite.

_Sobre a criação do antibiótico? - perguntou Elijah.

_Nosso sócio Marunagh operou um incrível trabalho e configurou o aparelho generalizador M2A para a criação de uma substância neutra capaz de ampliar a produção das pílulas para cem vezes mais à cada dosagem de cem milímetros.

_Esta substância será responsável pela liquefação do alucinógeno. Dr. Marunagh possui o último modelo químico jamais visto pelos cientistas, o fabuloso T20. - ativou a imagem para exibir o modelo da pílula.

A última imagem foi ativada:

_Esta é a região principal onde se encontra o alucinógeno, quero que Rajid esteja pronto para pilotar o helicóptero Raven 44 até as planícies do Himalaia. - disse ao tomar um pequeno mapa de tal região em uma planilha posta no interior de sua maleta particular e entrega-la a Rajid.

_Esta é a representação demográfica da região, tenho algumas cópias do mapa. A latitude corresponde acerca de setecentas milhas até o Nepal. A partir deste momento entraremos em uma área montanhosa equivalente à região da cidade de Kapilavastu.

Esta cidade é geralmente conhecida por ter sido habitada por Gautama Buda, um dos fundadores da religião mais difundida na Índia.

_Estarei às ordens. - confirmou Rajid.

_Desejo também que Jhason e Ryah o acompanhem nesta missão. Realizei os últimos pedidos para os equipamentos necessários para a captação da substância.

As luzes retornam a tonalidade anterior após serem reduzidas para as amostras. Um pequeno objeto lacrado é pego do escrínio. Bernard prossegue.

_Esta será a seringa utilizada na absorção do líquido armazenado no bulbo do cacto peiote. - Bernard exibe um pequeno objeto de plástico.

_A missão será feita na manhã seguinte, todo cuidado é pouco, breve, uma fortuna imensurável estará em nossas mãos com a venda do antídoto. Enquanto a equipe se prepara com a substância estarei realizando o desenvolvimento do T20.

 

O CACTO PEIOTE

 

Na manhã seguinte o grupo se reúne para a saída do helicóptero Raven 44 estacionado no terraço do clube. Medindo três metros de altura e doze de comprimento, o veículo de cor branco com detalhes especiais entre o rotor traseiro e o capô dianteiro era usado com freqüência para embarque e desembarque de clientes e mercadorias, após ser conquistado em negociações com alguns empresários da cidade de Jackarta. Algumas vantagens do helicóptero, assim como o teto de subida e o tanque standart, permitiam decolagens rápidas e seguras. Possuindo uma tecnologia especial de microondas direcional, assim como os mesmos veículos usados nas missões anteriores do clube, o helicóptero conseguiria cumprir o trajeto latitudinal em pouco tempo.

Era noite, a plataforma é acessada, Rajid como piloto realizava a vistoria interna. Ryah como co-piloto usava um óculos escuro acompanhado dos acessórios de embarque. O grupo se preparava com as armas, cada seringa era ajustada ao cinto. Jhason pega os mapas, a viajem seria longa e pouco menos de uma hora o grupo atingiria as primeiras partes da região sul do Himalaia. Rajid embarca, uma grande ventania produzida pelas hélices assoprava forte contra o restante do grupo, que trajados de preto, permaneciam sobre a plataforma assistindo ao embarque. Um longo trajeto foi desempenhado, uma velocidade média de duzentos quilômetros por hora cruzou a alfândega em pouco tempo, como previsto, cerca de uma hora de viajem.

Do alto, Jhason observava com o binóculo a região indicada no mapa, era manhã de céu aberto. Havia pouca neblina, o dia surgia lentamente após uma noite de longas pesquisas. A observação das plantas melhorava à medida que o tempo passava, aos poucos a neblina se dissipava, Rajid reduz o helicóptero acerca de mil pés ao solo. A expectativa de encontrar o cacto fornecedor da substância alucinógena era intensa, uma pasta exibia os principais detalhes da espécie através de uma gravura auxiliar. Algumas plantas às vezes o confundiam com outras plantas nativas disseminadas pelo extenso campo verde da floresta adjacente. As comparações eram feitas, no alto de uma das montanhas algo é identificado, Jhason amplia o ângulo do visor vermelho através do anel giratório capaz de aumentar o grau de visualização. A imagem no binóculo exibia uma pequena plantação de cactos que, segundo as informações, eram comuns nas áreas de maior incidência do cacto peiote.

_Parece que encontrei algo! - uma última análise é feita, Rajid estaciona. O helicóptero se move em seu próprio eixo ainda no ar. Permanecia em inércia durante a observação.

_Reduzirei a distância para facilitar a observação. - comentou o piloto.

O veículo se aproxima, à medida que o ângulo focava as plantas, mais os detalhes se assimilavam à imagem auxiliar.

_Não tenho duvidas é o cacto peiote. - disse ao entregar o binóculo à Ryah para se certificar da planta.

_Encontrei. - identificou a planta após alguns segundos de procura – As características são as mesmas. Porém há poucas plantas desta espécie na região.

_Não temos tempo a perder. - insistiu Rajid - Talvez não haja mais destas plantas em outras áreas. O T20 será responsável pela solidificação da substância medicinal. Ao trabalho!

Reduziu a altura até alcançar a base de pouso em uma planície aproximada. O matagal formava um circulo em proporção a grande ventania produzida pelas hélices. O grupo estaciona próximo ao local das plantas. Uma área plana e desprovida de árvores, propiciou um estacionamento seguro e autêntico.

_Vamos. - disse Ryah ao tomar uma das três seringas volumétricas que usava na cintura.

Cada componente possuía três seringas, de modo que, cada uma seria capaz de absorver trezentos e setenta e cinco mililitros do líquido. O grupo se espalhou entre a região dos cactos, a procura foi rápida. A pequena agulha na ponta do objeto era injetada no bulbo, em seguida, um estranho líquido verde-claro era absorvido pela sucção da seringa. As folhas em tom verde-musgo eram espessas e formavam um molde similar à uma gota d'água. Uma espessura de cinco centímetros se distribuía entre outros moldes similares em torno do caule. Pequenos espinhos se espalhavam por toda superfície da planta e o diâmetro de aproximadamente vinte centímetros culminava com uma ponta atenuada. As folhas criavam escalas em torno do caule que chegava acerca de um metro e meio de altura.

_Tem um gosto horrível. - comentou Rajid ao experimentar uma gota do líquido.

_Realmente amargo. – disse Ryah passando sobre a língua uma lâmina, após inserir a ponta de uma faca.

As evidências de que aquela seria a planta correta não contestavam os detalhes da imagem auxiliar.

_Confiram a pasta com a gravura.

Jhason imediatamente exibe uma das fotografias.

_Não tenha dúvidas, é o cacto peiote.

Realmente aquela planta tratava ser o mesmo cacto peiote procurado pelo grupo. A substância é absorvida, quando nada obstante Rajid injetava a seringa. Cerca de três litros foi conquistado.

_Tudo pronto. - Ryah realizava um telefonema à Bernard informando o termino da missão. - A mescalina é homogênea, de sorte, encontramos os últimos vestígios da planta na região.

_Ótimo. Façam o retorno.

O grupo finaliza a missão e breve retornaram ao clube.

No galpão interno do Clube Barony a equipe se aproximava com as seringas cheias. Bernard aguardava a vinda da substância na mesa de embalagens das pílulas acompanhado do dr. Marunagh e do cientista Bert Lefeghts, enquanto supervisionavam a equipe interna. Ryah entrega o material.

_Finalmente. - examinou Bernard - Depositaremos o produto na máquina de fabricação química providenciada por Marunagh. A reação homogenia dos elementos, junto com a atividade do T20 ocasionará o surgimento de mil litros da substância.

_Isto será suficiente para acometer toda lavoura no distrito de Mumbai. - comentou o cientista Bert Lefeghts - Basta adicionar o alucinógeno nos tubos de ensaio, o T20 na forma líquida com outras substâncias foi exatamente analisado, breve se solidificarão em um único comprimido.

A quantidade da primeira substância homogenia nos tubos estava proporcional a dosagem certa de cada elemento. O alucinógeno é adicionado em uma amostra por Marunagh, uma fumaça neutra causada pela reação química dos elementos surgia instantaneamente pelo tubo de ensaio.

_O teor será ampliado conforme o tempo de habilitação dos átomos. - concluiu.

Após uma rápida amostra, Marunagh dissolve a substância com a porção do líquido que incluía o T20 em uma escuba de ferro em formato de cone transversal similar à um funil na máquina eletromagnética. Oitocentos e cinquenta e dois mililitros foram depositados, o reator é ativado, uma pequena porção de água serviria na solubilidade dos elementos. O grupo permanecia apreensivo, o líquido era produzido com êxito. A primeira experiência estava feita, a próxima missão agora seria a invasão na lavoura em Mumbai. Nada obstante, o líquido é armazenado em alguns galões de cinco litros.

 

 

O PRIMEIRO EFEITO DA PEDRA-JASPE

 

 

A noite do crime chega, Jhason parecia ter se esquecido da missão. Se preparava em particular em fino traje para sair pelas ruas em busca, talvez, de uma destas exóticas boates privadas de Mumbai, cidade onde o grupo permanecia hospedado a espera do crime.

Jhason sentia desalento, desejava conhecer mais sobre as regiões da cidade durante a noite. Se recordou de uma das antigas visões entre as quatro que havia tido durante o tempo em que esteve com a posse da pedra-Jaspe antes de ser entregue a outra pessoa.

Esta visão, por fim, teria causado a separação de seu relacionamento ainda quando o clube era localizado em Dacka. Nada obstante, o prenúncio de uma lamentável traição havia o afetado através de uma visão. A sorte não poderia ser outra, e o fato havia se concretizado após a constatação de seu antigo companheiro Elijah.

Aquele dia tinha sido prolongado, uma longa visita à uma joalheria após algumas horas de experiências no laboratório secreto de Henrry Leighland, parecia ser o verdadeiro motivo do enfado. O cristal, novamente, havia sido dividido em três partes e confeccionado em três diferentes colares.

Um pequeno colar revestido de ouro sucumbia ao molde circular de cada armação em torno da pedra-Jaspe em tons dourados. Jhason toma um dos colares do porta jóia da grande estante embutida na parede ao lado da porta de entrada e o observa atentamente.

O espião vestia uma blusa de cetim cinza com detalhes preto, borrifava o último esguicho da fragrância de um aromático perfume estrangeiro.

Talvez estivesse pronto para sair à uma nova missão antes da partida do grupo, mas todos sabiam que sua pretensão não era nada inerente ao plano.

Antes de sair, uma das três partes da pedra-Jaspe que havia sido confeccionada e lapidadas em duas partes iguais dando origem à dois colares semi-preciosos, permanecia no bolso do seu paletó. Duas jóias suspendidas por uma pequena corrente foliada à ouro dezoito quilates se assemelhavam a esmeraldas. Como dito pela cigana Kassyd, o cristal ainda poderia sofrer com a separação das três partes quando fosse colidida à um forte impacto. Jhason pretendia com a confecção de uma das partes fazer três colares. O cristal foi dividido e as duas partes restantes permaneceram intactas no quarto.

O traficante sai acompanhado de mais outros dois guarda-costas que usavam roupas formais, colares prateados e pistolas. O restante do grupo desconfia, Ryah ainda no salão do hall comenta:

_Aonde pretende ir com este figurino? Não vai à missão conosco?

_Tomarei uma bebida antes.

Seu carro BMW conversível azul marfim estava estacionado em frente ao hall, Jhason acessa o carro e atinge a rua Suri Marg quando nada obstante o ruído dos pneus era produzido pelo atrito com o asfalto na conversão da curva lateral de entrada a região central. O recinto logo é identificado, de longe Jhason se aproximava com o carro. Uma placa luminosa refletia as luzes em tons vermelhos.

Castle of the Night, era o nome do estabelecimento, Jhason e seus capangas entram após a compra dos bilhetes de entrada. Três seguranças na porta faziam a vistoria. Uma neblina da fumaça era emitida pelos aparelhos eletrônicos que se estendiam no ambiente.

O piso porcelanato vermelho e branco, formado por pequenos ladrilhos refratários, contornava toda a pista sinuosa de acesso ao ambiente interno da boate. As plumas sintéticas do pavão silvestre em cores místicas emblemavam a entrada do recinto privativo. As placas de policarbonato translúcidos e metálicos, eram fundidas ao globo giratório, produziam o efeito cênico das luzes em tons variados que emitiam flash's aleatórios.

Algumas poltronas de teflon contornavam algumas mesas redondas de madeira negra de frente ao palco principal, por onde extensos lençóis de cores diferentes, típicos da cultura indiana, se espalhavam pelo pequeno altar de um metro de altura. Por uma dessas mesas o grupo se assentava.

As taças do drinque eram servidas, o garçom se assemelhava à um rabino, usava uma burca, e sobre a borda do colarinho um pingente. Sobre a cabeça, um tipo de acessório indiano. Enquanto isso, Jhason e seus homens observavam uma das dançarinas, que usando um batom avermelhado e roupas justas com bordados especiais, fazia a dança do ventre no sensual-show.

As horas passavam, Jhason conversava sobre a última missão com seus companheiros quando foi acometido por uma das dançarinas, de sorte, a mesma quando outrora havia o impressionado em um modo de dança similar. A dançarina o provocava com um charme.

De surpresa, o alvo é pego pela gravata, a dançarina aproximava seu rosto em direção ao seu ombro. Usava um lenço perfumado, que lançado ao seu pescoço, o conduziu para perto de si a fim de fazê-lo sentir seu afago. Jhason encarou-a com seu aspecto rude, seu olhar frisado mobilizou a dançarina por alguns segundo, a pessoa se reclina pronta para retornar sua posição original.

Aproveitando o momento, Jhason também se levanta, e dominando-a por um olhar hipnótico, retirava discretamente um dos colares feitos pela pedra-Jaspe de seu bolso, e movendo suas mãos pelas costas, colocava-o sobre o pescoço da dançarina. Talvez aquela fosse a hora certa de experimentar o efeito místico do cristal, sua atitude parecia algo planejado, um único colar havia sido guardado, contudo, Jhason nada falou, tornou a assentar e a dançarina afastou se dissolvendo entre a neblina da fumaça que saia dos aparelhos eletrônicos ocultos.

O show é encerrado, o drinque na mesa do grupo estava perto do fim. Jhason ainda possuía uma outra parte da pedra-Jaspe em seu bolso, que foi posta em seu dedo, era um anel. O efeito da bebida se dissolvia com o efeito do cristal, a pedra-Jaspe emitia os primeiros sinais ao condutor.

Um flash instantâneo surgiu em sua mente, a recordação do aspecto da dançarina o alertou sobre o momento de recuperar o colar. Jhason passou a ter maior energia pelo contato com a outra parte da pedra-Jaspe confeccionada no anel que era irritada discretamente por sua mão direita.

O local onde a dançarina estava foi identificado, um dos corredores internos estava prestes a ser acessado, seus passos eram apressados, seu sobretudo marrom-pardo permitia apenas que sua sandália fosse identificada. Um de seus homens tentava acudi-lo, mas Jhason se distraía, permanecia concentrado, finalmente a pessoa é influenciada pela energia.

_Aguardem-me na saída. - entregou o dinheiro da conta para um dos homens.

_O que houve? - se alarmou o capanga.

_Nada de importante, em breve estarei no carro.

Jhason saí apressadamente.

Embora o efeito da pedra-Jaspe com o cristal neutro houvesse sido experimentado antes por Jhason, o efeito dos dois cristais similares, por outro lado, não havia sido ainda exercido. A energia parecia engenhosa, Jhason prosseguia em direção ao corredor. A pessoa ainda era identificada por uma percepção mental muito remota. Um novo corredor é acessado, a dançarina mudava seu trajeto rapidamente.

O cristal em seu dedo novamente é friccionado, a dançarina parecia próxima, nada obstante ela retorna seus passos por um misterioso impulso mental, algo havia paralisado ela por completo. De costas andava sob influência mental. Um estado de transe lhe sondava a mente, o último passo foi dado, e de súbito, um rápido giro fez-lhe encontrar-se frente-à-frente com aquele desconhecido homem, isto sem que ninguém a tocasse.  Ambos se reencontram, Jhason a toma pelos braços.

A dançarina não teve escolhas, estava sob o domínio da energia, um beijo foi lançado pelo dominador da energia que, naquele instante, acabou por perpetrar o encontro de ambos. Jhason, em seguida, a convida para um drinque no solário, área externa do recinto próprio para clientes vip’s.

A cortesia é paga, o local é acessado. Rebeca Colibelf era o nome da dançarina, entendeu que o colar deveria ser devolvido, parecia ter se estranhado com o efeito do cristal, mas logo acostumou-se com Jhason, que lhe ofereceu o colar em troca do seu telefone de contato.

A conversa se decorria quando Jhason observava em seu relógio prateado os ponteiros se moverem para meia-noite. O telefone toca em seguida, era Bernard:

_Tudo pronto para invadirmos a lavoura... estamos aguardando por sua vinda.

A ordem é confirmada, sua chegada lhe custaria poucos minutos, o telefone é desligado.   

_Desculpe tenho que ir! - acobertou as mãos de Rebeca que se apoiavam sobre a mesa e cariciou em sinal de despedida.

Jhason saí rapidamente em seguida, não poderia faltar ao compromisso com o clube. Uma lavoura seria invadida ainda naquela noite. Seus passos eram apressados, Jhason se reencontra com seus capangas do lado de fora, o carro é acessado e logo se deslizava pelas ruas em direção ao clube.

 

A LAVOURA

 

 

No clube, a equipe estava reunida a espera de Jhason, uma longa viaje seria feita até a lavoura à cinquenta quilômetros de Mumbai. Os galões eram postos nos portas-malas dos carros, o grupo finalmente parte para a missão com a vinda de Jhason. Os coletes pretos vestidos pela equipe camuflariam os invasores. Os carros são acionados, uma longa rodovia é atravessada. Ryah conduzia o primeiro veículo com os cientistas Marunagh e Lefeghts, enquanto Jhason transportava o restante do clube. Em pouco tempo a lavoura de hortaliças é alcançada. 

Uma área de cento e dez hectares é acessada pelas delimitações externas. Ryah preparava os alicates de pontas finas para a ruptura dos chafarizes enquanto Rajid retirava os galões dos portas-malas e Elijah ativava as luzes das lanternas.

_Cada funil será utilizado na postagem da substância. - Bernard entrega os objetos metálicos aos assistentes incluindo, Arold, um dos capangas de Nycolas Tolledo.

_Cerca de cem mililitros serão suficientes na reação química. Um chafariz é capaz de atingir uma área de um hectar, isto significa que em cada dez chafarizes sabotados, teremos uma área afetada equivalente a dez hectares.

_Isto poderá render uma quantia milionária, - comentou Lefeghts – uma empresa fornecedora de verduras tais como estas, não é algo viril.

_Aguardarei no carro enquanto estiverem em ação.

_Retornaremos em breve. - prosseguiu Ryah com a equipe.

A equipe seguia uma trilha estreita e contínua pelas plantações, enquanto Bernard permanecia com os cientistas na vigilância dos carros. Os objetos eram ajustados ao cinto enquanto os galões eram carregados à mão. As plantações se dividiam em várias quadras, e em cada caminho observado poderia conter algum chafariz. Após cinquenta metros, os primeiros chafarizes são identificados.

_Por aqui. – disse Elijah ao observar as pontas metálicas do objeto.

Andava devagar e atento, aquilo de fato tratava-se de um dos chafarizes do campo. Cuidadosamente Elijah se agacha, a equipe permanecia atônita, uma ruptura do cilindro interno é feita com o alicate ao se destravar da tampa superior.

_Exatamente como estudamos na reunião. – comentou um dos ajudantes.

_Ryah. – chamou Rajid - Aproxime-se!

O líquido é adicionado por Ryah através do funil que se pendia por cima do cilindro.

_Este procedimento deverá ser feito por todo grupo. Dividam-se. – ordenou Ryah.

O grupo se espalha em duplas pelas plantações, cada dupla fazia o mesmo procedimento com os galões dos alucinógenos.

 Dentro do carro os cientistas discutiam sobre o assunto. De frente ao banco de passageiros pela parte traseira do carro, Bernard realizava alguns comentários ao servir um drinque retirado de um frigobar embutido no banco da frente.

      _Mostrarei alguns exemplos de como será a fusão atômica. – ativou um botão automático acoplado ao banco dianteiro.

      Uma bandeja eletrônica em um contorno de quinze graus fazia levantar a tampa de couro do banco ao ser ejetada novamente à bolsa térmica embutida.

      _Primeiro deveremos considerar a composição química das substâncias. – serviu a bebida – Nunca teríamos chances de criar um antídoto para a eventual epidemia, se não fosse o trimetoxi de fenil pentinamida etílica, ou seja, a composição química do alucinógeno. – postou a garrafa sobre a segunda bandeja posta na parte central usada como suporte.

      _Esta composição realmente está perfeitamente engendrada ao plano. – disse Lefeghts - Ninguém poderá descobrir o antídoto senão por nós mesmo. – sorriu contente ao acompanhar um gole do drinque em seguida.

      _Não se antecipem. Esta será a parte crucial do plano, embora muitas experiências tenham sido feitas em torno do antídoto, ainda haverá muitos estudos a fazer.

      _Não tenha dúvidas, - concordou Bernard – segundo as pesquisas realizadas na mansão de Leighland a despeito desta lavoura, esta safra permite apenas quarenta e duas horas até que as verduras sejam distribuídas.

      _O suficiente para elaborarmos a composição química do antídoto. – garantiu Lefeghts.  

Algumas horas se passam, o grupo havia finalizado a missão, toda substância foi perfeitamente dissolvida ao agrotóxico da lavoura. Os próximos dias de uso do agrotóxico nas hortaliças seriam diferentes. Uma estranha substância alucinógena foi injetada aos chafarizes, uma transmissão maléfica do produto químico estava para acontecer quando em pouco tempo seriam absorvidas à vegetação.

 

O ANTÍDOTO

 

 

As verduras seriam infectadas pela perigosa substância criada pelo Clube Barony e uma nova notícia estava para se expandir. Bernard seguia com o grupo em direção à mansão de Henrry Leighland e o próximo passo seria a criação da fórmula contraceptiva para a iminente epidemia que se explodiria com o consumo das verduras.

No outro dia, a equipe trabalhava no laboratório secreto de Leighland para a criação das pílulas antibióticas. Passaram-se algumas horas de pesquisas, muitas relações químicas foram feitas. Uma fusão química no reator atômico do laboratório entre a herbicida e o alucinógeno originou o então composto químico. O segundo passo da pesquisa seria identificar o melhor contraceptivo para a devida substância.  Bert, naquele dia, finalmente encontra o antídoto mais adequado para combater a infecção.

_Este é o oxazolidina, antibiótico pouco comercializado nas farmácias, o que contribuirá com a venda dos nossos antibióticos copiados. A contaminação múltipla e repentina não dará outras oportunidades às distribuidoras, além disto, o antibiótico se extinguirá facilmente após uma venda esporádica do estoque farmacêutico. O efeito não será suficiente para combater a epidemia, trata-se de uma composição de módulo secundário e minucioso, portanto, somente poderão ser encontrados sob encomenda estrangeira, contudo, os cientistas dificilmente encontraram a composição certa que por sinal, estará em nossas mãos. Muitos cientistas nos desafiarão, porém, com nossas mercadorias prontas para o comércio, certamente teremos toda a prioridade de venda. – concluiu em tom de gracejo.

_Mas para que a substância seja perfeitamente copiada deveremos adquirir compostos como o metano e o etano. - acrescentou Lefeghts - De acordo com a fusão dos itens, teremos um antibiótico de modelo altamente rígido e finalmente o oxazolidina poderá ser comercializado após uma venda insignificante do primeiro estoque que não será suficiente para sanar uma população como em Mumbai.

_Metano e etano. - pensou Leighland - Tenho estes elementos na minha dispensa.

Um dos armários metálicos do laboratório é aberto. A mufla, um tipo de estufa para substâncias em altas temperaturas, consistia basicamente de uma câmara metálica no revestimento interno, dois frascos são pegos.

_Esta mufla possui resistência capaz de elevar temperaturas medianas para valores acima de mil graus centígrados.

Um longo vapor de gases se dissolvia por toda abóbada da mufla, uma proveta volumétrica é retirada.

_Deveremos usar o calorímetro. – o instrumento utilizava amostras de substâncias desconhecidas para determiná-las através do nível de absorção – Os compostos estão relativamente idênticos.

_Iremos fazer uma primeira amostra. - disse Leighland ao inserir as substâncias no aparelho eletromagnético um pouco mais sofisticado do que o aparelho usado pelo Clube Barony - Agora basta acrescentar o elemento T20 para finalizar a reação química.

Marunagh retira um recipiente de vidro em cujo tubo se encontrava o T20. O líquido é adicionado junto com a fórmula elaborada do oxazolidina. O etano e o metano passariam por uma experiência posterior à reação das primeiras substâncias. Assim como na produção do alucinógeno, o antídoto foi ampliado em escala progressiva, o restante dos elementos é adicionado, desta vez, porém, a máquina produziria as pílulas pré-embaladas.

Uma centrífuga aceleraria o processo de decantação. Dentro do aparelho radioativo ocorreria a fusão química. A resolução desenvolvida pela máquina M2A, dava início ao movimento de rotação das partículas de maior densidade a partir do plano superior. A voltagem eletrônica distribua seus primeiros mecanismos na homogeneização das substâncias.

O reator é ativado, os pinos giratórios se moviam em alta velocidade, indicavam a atividade de solidificação facilmente aplicada ao T20. O aparelho, em fim, cessa sua rotação através dos três pinos externos. Após alguns segundos parado, finalmente transfere as cinco primeiras pílulas à uma bandeja prateada de cinco cavidades próprias para a deposição do produto. As pílulas são ejetadas através dos pinos circulares. Os pinos se movem para cima, uma pequena neblina de fumaça ainda obstruía a visibilidade das pílulas sobre a lâmina, os cientistas se aproximam apreensivos, as pílulas incrivelmente foram produzidas com êxito.

Um urro de voz surgia pela comemoração dos cientistas.

_Esplendido! - admirou Bernard ao pegar uma das amostras - Este será o primeiro passo para uma venda jamais vista em toda civilização de Mumbai. – disse ao analisar o antídoto partindo-o ao meio.

Alguns segundos se passam após experimentar um pequeno pedaço:

_Produzam todo o conteúdo! - ordenou - Quero toda mercadoria pronta ainda nesta semana.

_Suponho que o produto também seja produzido na forma líquida. - sugeriu Lefeghts - Uma eventual vacina poderá ser útil contra a epidemia.

_Desenvolveremos eventuais partilhas. Por enquanto nos limitaremos às pílulas.

As máquinas começaram a se mover rapidamente. Em pouco tempo várias cartelas de remédios em pílulas ocupavam as prateleiras do inusitado laboratório secreto de Henrry Leighland. Breve descobririam sobre a então epidemia.

_Ainda não sabemos quanto tempo de estabilidade da vítima até a infecção do alucinógeno? _ indagou Lefeghts.

_Os sintomas surgem em torno de um dia após a digestão da verdura. A estabilidade converte em crises de tosses, dores de cabeça e falta de apetite. Isto poderá nos render um mês de vendas. – sorriu Leighland.

        

OS PRIMEIROS SINAIS

 

 

      Pela manhã do outro dia, na lavoura de hortaliças, o técnico geral agropecuário ativava os primeiros botões de ativação dos chafarizes. Pela janela o técnico observava a grande jorrada de água. Era dia de frescor e trabalho. O aguamento dava-se ao contorno dos cento e dez hectares. Muitas quadras se subdividiam pelas variedades dos elementos de hortaliças, em outras, haviam redes de proteções ou pequenos cultivadores. As águas giravam aleatórias criando vários desenhos em espiral ao redor das plantas.

      No mesmo instante um dos cultivadores entra na sala após alguns toques na porta. O técnico se vira:

_O que houve. Mandou chamar-me?

_Sim. Pela manhã encontrei uma das tampas dos chafarizes solta, talvez não tenha feito a instalação correta. Quero que verifique o aparelho, além disto existe um estranho cheiro, uma provável vazão agrotóxica pode ter ocorrido por estas áreas.

_Tudo certo, senhor. – despediu-se.

Alguns dias depois, Mumbai passa a sofrer com os colapsos gerados pelo clube. Assentado no living interno da mansão e tomando um refresco posto sobre o criado de madeira, Bernard assistia aos noticiários quando surpreendentemente algo lhe despertou a curiosidade.

_Uma epidemia avança sobre toda Mumbai, já são mais de cinquenta casos de pessoas infectadas. O instituto de saúde pública ainda não sabe sobre a origem do efeito, e os médicos aconselham exames medicinais, consumo de água e...

_Finalmente. - disse com um olhar arteiro observando o visor – Após trinta e seis horas temos as primeiras notícias do plano.

_O secretário da saúde pública alerta sobre o desconhecimento do vírus e afirma que novas pesquisas serão realizadas em torno de vinte e quatro horas.

A jornalista ainda noticiava a epidemia, Bernard se reclina pronto para entrar em contatos com Henrry Leighland. Os caminhões do Clube Barony partiriam em breve rumo à Mumbai. Os disfarces do crime foram perfeitamente planejados. Os cientistas Lefeghts e Marunagh seriam responsáveis pela indicação do antídoto e tudo seria feito proporcional a epidemia.

_O plano está ocorrendo como previsto meu caro Leighland. – disse Bernard.

_Confesso que tenho sido um canibal nestes últimos dias. – sorriu pelo telefone - A medicina ainda não descobriu o contraceptivo, temos que ser ágeis.

_Estarei à caminho ainda hoje, as embalagens foram copiadas ao modelo genérico. Meia tonelada das pílulas ocupará meus caminhões cargueiros. Ordenei meus ajudantes, estão a caminho de Mumbai com dois caminhões para as devidas encomendas.

_Ótimo isto facilitará o plano de venda.

_Marunagh revelará sobre o antídoto à secretaria pública ainda hoje.

_Tenham cuidado.

_Não se preocupe. Tudo está sob perfeito plano.

Uma semana após o crime, o senador Nitspark chega ao seu recinto cansado, havia dado muitas entrevistas, as notícias não eram nada satisfatórias. Colocou sobre o postiço seu paletó cinzento. Na sala de jantar sua esposa preparava a refeição. Seu filho mais velho tinha uma aparência semelhante, cabelos castanhos, olhos claros, aguardava tão-somente a vinda do seu pai.

_Olá querido como foram as entrevistas?

_Preocupantes. Uma provável epidemia está prestes a se espalhar sobre a cidade, ainda não se sabe o motivo, as pessoas sentem mal-estar, tosse... – alimentou-se.

_E quanto aos diagnósticos? – serviu-lhe alguns alfaces temperados enquanto ainda permanecia de pé.

_Diagnósticos? – frisou os alfaces – Serão todos analisados pela medicina. – alimentou-se das verduras em seguida.

 

O SENADOR

 

 

O grupo se reencontra, dois caminhões de carga média permaneciam preservados no estacionamento de Leighland.

_Tenho informações sobre o secretário da saúde pública, seu nome é Jeffrey Nitspark. Informou Leighland. Realizou uma entrevista pela manhã na CNN.

_Bert Lefeghts fará uma visita confidencial ao secretário da saúde pública, enquanto Marunagh se responsabilizará pelo anúncio da fórmula antibiótica no centro de Bhabha.

O Centro de Bhabha tem uma série de reatores nucleares e as pesquisas no local envolvem tanto armas como energia nuclear. Ele foi construído em 1954 e seu nome é uma homenagem ao grande cientista indiano Homi J. Bhabha.

_Estaremos aguardando em sua mansão pelas futuras encomendas. – prosseguiu - A parte líquida certamente será uma opção do governo quanto a vacina pública, caso for necessária, mas em ambos os casos realizaremos uma extraordinária venda, isto é, tanto do antídoto quanto da fórmula.

_Apronte-se. - disse à Lefeghts - Partiremos rumo à secretaria pública, suas credenciais o zelarão pelo convênio bio-técnico.

O cientista toma seu jaleco sobre a cadeira, Leighland havia ordenado a companhia de dois de seus guarda-costas. Ambos saem em direção à secretaria de saúde pública no carro conversível de Bernard, o local é alcançado, Jeffrey Nitspark permanecia assentado quando foi notificado sobre a vinda do cientista.

_Mande entrar. - disse à um de seus assistentes de serviço.

O cientista acessa o pequeno gabinete do secretário da saúde. Um local arejado sustentava um agradável clima de recepção. Entre uma suntuosa mesa, duas cadeiras móveis.

_Sou Bert Lefeghts. - estendeu a mão para saudá-lo.

_Assente-se. - apontou - Em que devo a honra de sua visita?

_Sabemos que uma epidemia ataca a cidade de modo gradativo, não se sabe a origem do vírus e nem sobre a previsão de imunidade ativa, a medicina ainda não conseguiu encontrar o antibiótico ideal contra o efeito. Contudo, tenho algo que o interessa.

_Lamentável. - confirmou Nitspark - Os médicos realizaram exames em alguns pacientes afetados, tudo que agora sabemos é que esta epidemia se originou de um alucinógeno desconhecido.

_É sobre isto que venho tratar. Tenho novas informações sobre o antídoto. Uma fórmula elabora por um cientista tradicional no país. Atuou na Cachemira, realizou vários estágios na Rússia e possui um alto conhecimento no ramo bio-técnico, seu nome é Senh Marunagh, possui o último modelo atômico para a cura dos enfermos.

_E como posso contactá-lo e me certificar desta fórmula?

_Tenho algumas amostras. - retirou uma cartela demonstrativa do oxazolidina - Este é o nível dois do contraceptivo, contém efeitos mais funcionais e específicos. Exija que as experiências sejam feitas, garanto que em pouco tempo se certificará de sua autenticidade e qualidade química. - Entregou-lhe a cartela.

_Caso seja este o antibiótico ideal. Como posso obter a fórmula para uma eventual campanha de sanidade pública?

_Acredito que não será assim tão fácil. Talvez a fórmula do antídoto não seja entregue senão pela venda de suas próprias mercadorias. Seus produtos são fabricados em empresa jurídica, estrangeira e privada, não tenho dúvidas de que a venda seja pela quantidade de encomendada. Fique com este cartão de visitas. - lhe entregou um pequeno cartão que seu parceiro Marunagh usava para os devidos contatos.

_Obrigado. Entrarei em contato assim que o antibiótico causar seu efeito preventivo. Afinal, alguns sintomas como tosses e mal-estar me atacam, farei eu mesmo a experiência.

O primeiro passo do plano foi concluído. Uma reunião entre os envolvidos destacava Senh Marunagh como principal responsável da comercialização do produto.

Após quatro dias no escritório de Leighland, Bernard advertia:

_Posso me certificar de que a empresa fantasma não será desvendada. O efeito do antídoto é puramente ativo. Os caminhões, contudo, devem estar mantidos fora das fiscalizações do governo. Minhas notas jurídicas atestam somente sobre a legalidade empresarial que possuo no tocante a fabricação dos remédios, garanto que a ilegalidade da nota comercial não será descoberta tão facilmente. No entanto, qualquer registro do veículo é incapaz de provar a legalidade do comércio, os motoristas deverão andar atentos.

_Não se atemorize meu caro. Uma epidemia iminente como esta não considera outras preocupações ao governo senão a conquista do antídoto pré-informado.

_E quanto a entrevista com o senador Nitspark? – perguntou à Bert Lefeghts.

_Ele se interessou pela fórmula, porém disse sobre a antecipação da encomenda fabricada. Serão distribuídas por uma suposta fornecedora.

_Excelente. Não devemos omitir o nome da empresa que rege o fornecimento. Temos todos os documentos prontos, neste caso um fornecedor inexistente.

_Algumas amostras serão feitas até a aprovação do antídoto.

O grupo brinda o plano, os dias se passam e as informações sobre a eficácia do antídoto é revelada ao público. Como previsto a oxazolidina se esgota, poucos cidadãos sabiam que se tratava de um artifício secreto do Clube Barony, o ideal seria a oxazolidina comercializada pelo próprio grupo em níveis avançados, fabricados pelo então laboratório secreto. A maior parte da população reivindicava a cura, a atividade pouco regulamentar dos primeiros antibióticos obrigou uma venda incalculável da oxazolidina criada por Lefeghts. Os enfermos aumentaram para mil pacientes, as entregas eram feitas em muitas farmácias e uma venda exponencial generalizou sobre a cidade.

 A NOTÍCIA

 

 

Um plano foi desenvolvido pelo clube Barony e agora a cidade de Mumbai depende de um único e exclusivo antídoto, que por sinal, foi cuidadosamente desenvolvido por cientistas secretos a fim de que nenhuma outra fórmula pudesse substituí-lo. Por outro lado, a origem da epidemia não poderia ser entregue à um elemento natural a afetar a população, senão, ao que foi estrategicamente criado pelo clube.

_A epidemia continua a perturbar a cidade, a estimativa chega acerca de mil e cem infectados. Novas pesquisas governamentais descartam a possibilidade de vírus, a substância alucinógena ainda permanece como principal fator da transmissão transgênica e o secretário da saúde pública Jeffrey Nistpark informa o antibiótico oxazolidina como principal medicamento contra a moléstia...

Informava o jornalista ao noticiário, quando Bernard permanecia hospedado na mansão de Leighland a espera de novos pedidos para o estoque do antibiótico.

_Nosso plano prossegue como idealizado. – pensou Flammer ao tomar um gole do seu drinque.

A notícia sobre a composição revelada por Bert Lefeghts havia gerado grande alívio ao governo, ao mesmo tempo gerava lucro aos cofres do clube. Um antídoto misterioso não poderia ser revelado senão pelos próprios criadores da composição química. A iminente  façanha parece enrijecer ainda mais uma das características peculiares do clube. Será que tudo estará certo até o fim do estoque?

Não percam a próxima edição.

 

FIM