AUTOR:
LEONEIL ODENKIR KHOLER
TÍTULO:
POSTMAN
BY:
GUILHERME PALHARES VIEIRA
GÊNERO:
AÇÃO CRIMINAL, POLÍCIA, COMÉDIA, ROMANCE.
SINOPSE
Este livro conta a
história de um carteiro de Pittsburgh chamado Stanley Hokney que descobre uma
fraude de um jogo de apostas. Ele consegue por através das cartas receber o
prêmio ao desviá-lo do falso ganhador Henry e também ao desviar de um
endividado chamado Elder Adams que foi manipulado ao ser indicado como o novo
ganhador. O carteiro faz um jogo de cartas e consegue forçar duas vezes o
pagamento do dono do jogo chamado Gordam McBregg. É também um livro de comédia,
onde o carteiro Doney está sempre metido em encrencas. Há romance, em que o
casal Amy e Malcon se separa e Amy consegue denunciar o agressor após ele
mantê-la em cativeiro. A denúncia foi feita por através da carta postal enviada
ao carteiro Donavan que começa um novo relacionamento com Amy. Antes do Natal ocorre
uma fuga engenhosa de Stanley que foi flagrado desviando a correspondência de
Elder Adams e conseqüentemente preso em Miami. Ele consegue elaborar cartas aos
advogados Oliver B. Shoff, Bill Young e ao delegado Péricles ao mesmo tempo. No
fim todos passam o Natal felizes, Stanley com Amaro, Donavan com Amy e Doney com
Jenny.
O GOLPE
Stanley trabalhava no correio central da
cidade de Pittsburgh na Pensilvânia, estava para finalizar o computador de
serviço onde algumas mensagens de correspondentes e destinatários eram
avaliadas. Stanley sempre foi um rapaz perspicaz, na sua juventude todos os seus esforços
eram admiráveis, e foi assim que no correio central Stanley conseguiu uma
façanha, uma sabotagem que armou contra uma loteria corrupta. Stanley recebia
muitos envelopes dos bilhetes depositados pelos jogadores da loteria,
geralmente pessoas conhecidas que investiam quase tudo para disputarem a sorte,
o dinheiro em geral era depositado no banco. Mas nunca o resultado era de
alguém próximo, quase sempre pessoas desconhecidas ou anônimas que jamais eram
vistas. Foi percebendo este pequeno detalhe que Stanley passou a investigar a
loteria e as casas dos ganhadores. Descobriu-se que algumas vezes a casa era a
mesma e mudava apenas o nome do ganhador, o que fazia Stanley pensar na
possibilidade de fraude. As jogadas ocorriam uma vez em cada mês do ano, assim,
no início do mês de Setembro daquele ano Stanley começou as pesquisas para o
próximo prêmio. Uma pista era certa, antes do sorteio sempre algumas
correspondências eram recebidas da loja lotérica de uma região para outra, mas
ninguém tinha acesso ao computador servidor, exceto, a secretária Lavynie. Uma
gerente operacional, uma pessoa bonita, jovem, ingênua, mas que sempre estava
comprometida com seu serviço. Sempre aquela porta do escritório se encontrava
fechada e como na maioria do tempo os funcionários andavam em serviço, quase
não encontrando a porta disponível.
Foi pensando em uma suposta emergência
que Stanley pensou em acessar o computador sem que ninguém percebesse. Sua pasta
de trabalho sempre era guardada no setor três de uma outra sala, onde trabalhava
seu companheiro de entregas Dick, porque assim, mais cedo ou mais tarde,
coincidentemente Stanley encontraria Lavynie em seu escritório, desocupada,
despercebida e pronta para cair na grande armadilha. Algumas tentativas de
encontrar a senha do computador servidor foram feitas antes, o objetivo seria
descobrir as cartas confidenciais para pagamentos bancários. Porém agora, com a
recente descoberta da fraude, Stanley teve maior interesse nesse plano, não
somente para adquirir a senha, mas também a relação de fax da loja lotérica.
Certo dia ao chegar à empresa, como
sempre, deixou sua pasta no setor três, na verdade Stanley fez um acordo com Dick,
que sem saber a razão, o permitia guardar a pasta em seu compartimento. Até
agora sabia poucas informações sobre o fax, conseguia-se acompanhar pelo
computador privativo apenas as datas, os destinatários e o local de rede. Stanley tinha a certeza de encontrar algum dia, aquelas mensagens abertas no computador
servidor. Tudo deveria ser muito rápido, encontrar aquele escritório disponível
não seria fácil. No mesmo dia Stanley teve
a sorte ao passar pelo corredor sete, rumo ao balcão de correspondências, a
porta se encontrava semi-aberta. Sentiu que aquele momento seria a hora certa
para fazer a simulação, sua pulsação aumentou gradativamente, por alguns
segundos permaneceu imóvel, mas finalmente tornou alguns passos atrás e seguiu
em direção à porta, deveria fazer exatamente como planejava. Ao entrar naquele
escritório a secretária se assusta, e perguntou sobre qual era motivo da sua
repentina presença, mas com um pequeno disfarce disse que havia uma emergência
no setor três. Um pedido simplório convenceu Lavynie à ir sem deixar perceber
que ele desejava pesquisar o relatório de recibo de fax no seu computador. As
cartas eram sempre confidenciais de modo que ninguém poderia ler ou abrir, mas
ainda ficavam armazenadas durante algum tempo em uma pasta do computador.
Ao notar a Webcan ao lado do
computador Stanley pensou em algo melhor, dispensou o disquete pondo novamente ao
bolso. Do corredor sete ao três, teria que andar um pouco mais de cem metros,
isto daria tempo para abrir o programa de rede que conectava os outros
computadores. Entre estes incluía-se o computador privativo para funcionários
em outra sala onde Dick trabalhava e onde ambos poderiam ter acesso. Se não
fosse a Webcan instalada ao lado, jamais Stanley pensaria nessa hipótese, mas este
plano seria o mais prático e acessível. Seria útil investigar a senha que até aquele
momento não havia sido conquistada. Lavynie recebe a notícia preocupada, de
fato suas palavras tiveram uma persuasão pertinaz. Ela saía distraída mantendo
a porta imóvel. A partir de então o carteiro vasculhou o computador em tempo cronometrado,
rapidamente se assentou na cadeira móvel e com um duplo clique no ícone de rede
e algumas modificações conectou o computador privativo na rede de Dick. A intenção
seria filmar a senha. Assim a pequena câmera é regulada em direção ao teclado
de modo que o ângulo pudesse captar todos os dígitos. Quanto ao aviso dado,
obviamente a funcionaria deveria receber algo urgente. Ainda no setor cinco Lavynie
andava passos apressados, para Stanley não havia nada que poderia ser urgente,
exceto, sua pasta no setor três. Com um telefone ao lado posto em uma parede,
um do quais havia em todos os setores para comunicação entre funcionários, Stanley liga para Dick do setor, para onde foi informado o pedido:
_Preciso que entregue minha pasta com
urgência à uma pessoa que chegará em breve. - disse quase por arrastar as
palavras, o companheiro deveria ser ágil.
Agora, após a ligação, a secretária já passava
do setor quatro ao três, pronta para receber a falsa urgência. Claro que desde
o início deixava a pasta propositalmente para enganar a secretária, para que no
momento certo da armadilha o pedido fosse feito informando o local. O objetivo
era gravar o relatório principal do fax da loteria, rapidamente retirou um
pequeno disquete que levava no bolso, no momento sentiu uma forte adrenalina,
havia muito movimento de pessoas indo e vindo e alguém inesperadamente poderia
o encontrar naquele ato. Antes que a secretária chegasse o plano foi finalizado
com êxito, o computador pôde ser desligado com o relatório de fax da loteria
salvo. Quase no mesmo instante ao desligar o computador, a secretária chega um
pouco duvidosa com o pedido de urgência.
_Era apenas uma simples pasta entregue
por Dick? - disse ela como quem queria dizer do exagero quando Stanley entrou no
escritório, e olhando para o computador ela pergunta:
_Porque o computador está desligado?
_Foi minha intenção, seria um meio de
evitar alguma má impressão dos funcionários.
Na verdade o computador foi desligado
de propósito para que os dígitos da senha fossem filmados quando o sistema tornasse
a ligar. O carteiro saiu um pouco impassível, mas ao fechar a porta, iniciou
uma corrida inesperada, trombando em alguns outros funcionários, teria que
alcançar o computador privativo antes da senha ser digitada. Como havia o
conectado na rede conseguiu acessar a Webcan e antes que ela digitasse a senha
de acesso, pôde-se abrir o programa focando com precisão as teclas numerais,
com um clique na opção que permite gravar ações, a filmagem foi realizada. No seu escritório Lavynie olha estranhamente
ao lado percebendo a Webcan ligada e ainda que ela tenha desligado, o plano
estava feito. Finalmente a gravação foi salva no disquete, a conexão de rede
foi encerrada.
UM CARTEIRO DESASTRADO
Doney, um outro funcionário, sempre
era acometido com algum imprevisto. Realizava as correspondências pelas ruas
quando passou por uma casa nobre em cuja frente havia um imenso jardim, nos
fundos uma sacada da varanda e ao lado uma trilha de entrada para carros. Esta
casa era frequentemente recebida por Doney em suas entregas de cartas.
Totalmente desprovida de grades ou muros, uma casa quase próxima do limite da
cidade localizada em um ponto pacato da região. Havia, contudo, um cão vigilante
a solta, o que sempre impedia que as pessoas estranhas se aproximassem dois
passos internos, e exatamente dois passos dividia o correio postal da casa do
passeio pelo qual andava Doney. Assim, sempre quando fazia estas entregas
aquele cão o importunava com ladridos e às vezes avançava com seu ataque fugaz.
O cão já era acostumado com sua chegada, geralmente o esperava na porta da
sacada. Desta vez Doney levou consigo uma réplica de um biscoito de rosca feito
de plástico para que quando a postagem fosse feita aquele cão não o percebesse.
Ao se aproximar ainda na esquina, o
cão se levanta pronto para o ataque, mas afastando-se um pouco para trás, Doney
retira a rosca e começa a sacudi-la, o cão por um instante se interessa, parado,
demonstrou abanando o rabo. Por fim o brinquedo é lançado, o cão o seguiu e Doney
enfim correu em direção ao correio postal. Um pouco tremulo tentava separar as
cartas que por falta de sorte se misturavam pelas mãos. O cão havia notado o
truque, rosnando, olhou para o lado desconfiado e ao perceber o barulho da
caixa começou a persegui-lo. A tentativa de fugir foi fracassada, subitamente
ele agarrou sobre sua calça levando consigo um pequeno pedaço do pano. Ainda
pelo caminho o saco não suporta e rasga, Doney realmente era um tipo de pessoa
desastrada. As cartas são colhidas, seu chapéu se atrapalhava e seu semblante
não era nada agradável. Aquilo conseguiu atrair a atenção de muitos que
observava a cena. Alguns passos à frente uma garota é vista de longe, a garota
da rua Alianza, 45. Cabelos loiros, roupas ajustadas, olhos atraentes, era
também um tipo de pessoas desastradas.
Distraído Doney observava atento Jenny
lambendo um pirulito, se esbarrou com uma placa de ferro no centro da
pavimentação. O impacto não parecia ter efeito quando aquela vislumbraste
garota se despedia graciosamente de suas prováveis amigas que dobravam a
esquina. Novamente as cartas são recolhidas, mas por falta de sorte a correia
da bolsa se solta novamente. Pela terceira vez Doney recolhia suas cartas.
O CORREIO
O Correio Central localizado em uma
das principais avenidas da cidade era uma empresa sofisticada e rica. Por fora,
as cores azul e cinza predominavam sobre o conjunto arquitetônico, faziam parte
da marca da empresa. Interiormente os setores eram separados por números e
grupos, assim cada zona da cidade tinha seus respectivos funcionários de cada
setor, às vezes faziam as entregas em uma Kombi quando as encomendas eram
maiores, mas geralmente era andando. Na zona de outros quatro faziam-lhe companhia,
a zona era chamada de zona setentrional, o setor sete, uma região nobre da
cidade.
Donavan, carteiro do correio central,
atuava em um dos bairros de Pittsburgh. Durante sua jornada de entregas, sempre
era simpático, conhecia muitas pessoas e uma destas sempre o chamava a atenção.
Seu nome era Amy, loira, atraente e casada, ainda jovem morava com sua pequena
filha Phoebby, porém, era insatisfeita com a companhia de seu rude esposo
Malcon. Ambos tinham uma relação de conflitos e as brigas eram constantes. Era
quase pôr-do-sol quando Donavan recolhia cartas, por outro lado, alguns
informativos eram postos para os destinatários. Uma das últimas caixas postais
a ser conferida pertencia a Amy, moradora de uma rua pacata. Donavan faz a
checagem, uma única correspondência havia sobre a caixa do frontispício da
imensa casa. Um dos informativos é postado e a carta logo é guardada na bolsa.
Alguns passos adiante e Donavan é surpreendido por uma voz grosseira.
Olhando-se para traz e assustado o carteiro interrompe seus passos. Era o
esposo de Amy, um homem sombrio de rosto amarrotado, perguntava sobre a
correspondência:
_Para onde vai com esta carta? -
franzindo a fronte inquirindo sobre o envelope quase por atacá-lo.
Antes de responder Donavan observa a
reação de Amy atrás do homem sinalizando em silêncio e um pouco aflita. Com o
dedo em sinal de silêncio desejava fazê-lo calar sobre a carta recolhida. O
carteiro não tinha escolha, quase sem alternativa, usou como argumento a
postagem dos informativos, cumprindo com o inesperado pedido de Amy, Donavan
ressalta:
_Não há carta. São informativos. -
exibiu.
Malcon tornando para trás confere a
caixa, de fato havia um informativo, que por sorte havia sido entregue pelo
carteiro. De modo rude, Malcon rasga o envelope jogando em uma lixeira e
andando em direção à Donavan o pega pela roupa e ordena:
_Quero que não volte. As cartas estão
proibidas de serem recolhidas.
Voltou para a caixa e arrancou a parte
superior da base jogando ao lixo. Passou áspero por Amy, que de modo lamentável
se despedia de Donavan sinalizando com a mão.
No mesmo dia, no setor em que Donavan
trabalhava, ele separava as cartas que foram recolhidas para serem entregues
tentando encontrar a carta que Amy havia escrito e cujo destinatário se referia
ao seu próprio nome. Donavan estava curioso para saber sobre o que Amy queria
dizer. Em um local discreto a carta é aberta. Uma estranha mensagem o deixava
muito ansioso e assustado.
_Estranho. - comentou em voz baixa - O
que Amy deseja comigo. - cogitou.
A carta é aberta uma mensagem o
surpreende:
_Donavan, preciso da sua ajuda,
tenho suplicado o divórcio à Malcon, mas este tem sido muito cruel. Todas as
linhas de telefone foram cortadas, Malcon me proíbe de sair na rua, não posso
prestar queixa das suas agressões, minha filha Phoebbis está insatisfeita e
implora pela separação. Por favor, como um afetuoso amigo desejo que faça esta
ocorrência, minha identidade no envelope o ajudará. Seja responsável quando a
polícia for acionada. Quero que seja minha testemunha. Atenciosamente. Amy.
_Não será possível! - reclinou-se
pasmado.
No setor três, Stanley se encontra com
Dick.
_Tudo feito.
_Ótimo, breve descobriremos sobre a
farsa da loteria.
JOGO DE CARTAS
Até agora Stanley estava com o relatório
do envio de fax da loteria e a senha do computador servidor gravados no
disquete, dois fatores principais que o faria encontrar o segredo da loteria.
Para que isto não causasse suspeita, deixou para realizar o serviço em sua casa
à noite. Quando chegou, ansioso colocou o disquete no computador de um pequeno
escritório em sua casa. Uma lista de protocolos inumeráveis era observada
atentamente, com o mouse os arquivos eram passados de devagar, Stanley tinha a esperança de encontrar alguma pista, e foi nesta insistência que
descobriu um fax de uma loteria da zona sul do mês de Setembro, que dizia em um
canto bem discreto da lista, em meio à uma mistura de informações incoerentes,
as informações do ganhador. Ás vezes palavras de outros idiomas, uma mensagem
secreta. O trecho dizia a seguinte informação: "Próximo ganhador mês de
Setembro: Rua Alianza, 304". À princípio o carteiro achou a mensagem
um pouco estranha, muito discreta e confidencial, mas uma ótima pista para
terminar com sua pesquisa. Para isso, a lista de ganhadores da loteria deveria
ser consultada para saber se a pessoa seria a mesma. Um folheto da loteria
sempre revelava o resultado dos vencedores. Em sua casa Stanley guardava alguns
desses informativos em uma pequena gaveta. Um envelope foi encontrado e para
sua sorte continha o resultado do vencedor daquele mês. Coincidentemente o
ganhador do mês de Setembro era exatamente o residente da casa na rua Alianza o
qual ele havia lido, com esta prova pôde se certificar da fraude.
Isto não foi o bastante, Stanley queria
saber se poderia haver pistas recentes do ganhador e ao investigar os próximos
arquivos de fax encontrou novamente uma mensagem secreta, que dizia: "Próximo
ganhador mês de Outubro: Rua Hernan Sánchez, 552", nada além disso
havia escrito, mas anotou o endereço e certamente Stanley investigaria o
residente. De acordo com tudo que conseguiu ler, o pagamento era feito de fato,
as pessoas eram nomeadas e faziam parte do mesmo esquema. No outro dia procurou
na lista de endereço e descobriu a zona de tal residência, a zona noroeste do
setor onze. Ainda era Setembro, portanto, não havia o nome do sorteado do mês
de Outubro exibido. Após aquela pista não havia mais dúvidas, certamente o
próximo ganhador estava confinado. Sabendo que seu bilhete seria o premiado,
tudo que precisava agora era vigiar o local da casa do falsário. Para que tudo
ocorresse como previsto, o carteiro deveria simular uma mudança no serviço
interno.
Geralmente no serviço interno do
correio ocorriam muitas mudanças de funcionários do mesmo setor, em alguns casos
poderia haver em setores diferentes, e foi nessa possibilidade que o cartão de
trabalho de Stanley foi trocado pela permissão do chefe, segundo uma falsa
justificativa. Os bilhetes das apostas lotéricas eram depositados em uma
pequena caixa de correios público, uma caixa cúbica metálica com detalhes azul
que definia a cor do emblema da empresa. Algumas dessas estavam localizadas em
vários pontos do bairro na zona noroeste. Os entregadores, sempre recolhiam as
cartas com os bilhetes das apostas no último dia de cada mês. Assim, com a
mudança do setor, Stanley monitoraria as entregas daquela rua em cuja casa
residia o próximo ganhador do mês de Outubro, de modo que o permitisse recolher
o bilhete na data prevista, no dia trinta. Não havia dúvidas, realmente uma
fraude estava em jogo, e em breve o bilhete premiado estaria em suas mãos. É
claro que um ganhador deveria existir, e que não poderia ser ele mesmo, assim a
próxima missão seria escolher outra pessoa para ser o ganhador, uma pessoa
ideal e talvez, desconhecida.
Era quase pôr-do-sol, ainda faltavam
algumas cartas para entregar. Doney vinha de uma Kombi com outros três
entregadores. Faltavam algumas cartas e uma destas era referente à pessoa da
rua Alianza 45, a garota dos seus sonhos. O remetente parecia ser um
ex-namorado. Uma carta de amor e reconciliação agora era substituída por um
falso pedido de separação e desprezo. Um manhoso sorriso saiu da boca de Doney,
o plano seria perfeito.
A
ESCOLHA
Certamente Stanley faria uma inversão de
bilhetes, mas escolher alguém para ser o ganhador do prêmio como este no lugar
do estelionatário não seria tarefa fácil, requeria-se bastante cuidado. Antes
de tudo, um fator muito importante seria fundamental na escolha do ganhador. Na
verdade os funcionários faziam muitas entregas de pagamentos para contas, por
isto não era a primeira vez que Stanley e Dick pensavam em extraviar uma carta
como esta, mas as cartas de pagamentos realizadas nunca eram de um alto valor
em dinheiro que pudessem ser roubadas, e mesmo se houvesse nunca os
funcionários tinham o direito de saberem detalhes tais como valor e data de
pagamento. Raramente os carteiros do setor sete colhiam as cartas como estas
para envio, sempre acontecia nas horas vagas quando se recebiam correspondências
no balcão, assim se necessitava de um entregador. Nunca sabia-se o conteúdo da correspondência
e só se descobria quando o envelope era pouco transparente e permitia notar a
inscrição do cheque. Foram poucas vezes que cartas com dinheiro para contas em
altos valores caíram em suas mãos, e de todas elas não houve valor maior do que
trezentos dólares, valor que ainda não era viável para executar o plano. O
culpado poderia ser facilmente identificado e não o motivava arriscar-se ao
plano por aquela quantia. Uma outra carta semelhante custaria muito tempo para
cair em suas mãos novamente. Esta possibilidade foi mantida guardada até
descobrir alguém que depositasse o pagamento em uma data prevista e cujo valor
excedesse todas às vezes que outras cartas foram recolhidas, isto é, acima de
mil dólares. E em nenhum outro lugar se poderia saber sobre a data e valores
contábeis senão no computador servidor. Mas agora com a senha nas mãos, este
plano estaria prestes a acontecer. Após saber do próximo ganhador da loteria,
só restava escolher um outro jogador da loteria, que pudesse realizar algum
pagamento por correspondência, que morasse no mesmo setor onze e cuja dívida
pudesse superar os valores. Se alguém que certamente cumprisse com estes três requisitos,
facilitaria o desvio da carta, e ninguém tão apropriado poderia ser agora como
Elder Adams, ou seja, quem Stanley mesmo escolheria em breve.
O valor para aquela aposta estava
calculado em cem mil dólares, de modo que somente alguém bastante endividado
poderia ser o ganhador ideal. Para isto Stanley pesquisou a respeito dos
apostadores do mês de Outubro, e tudo deveria ser feito em um espaço mínimo de
duas semanas. Muitos apostadores poderiam ser facilmente identificados, porque freqüentemente
faziam suas jogadas para pagar dívidas. Com a senha do computador servidor, Stanley poderia fazer as pesquisas no próprio computador domiciliar, os jogadores
escolhidos deveriam pertencer à um bairro da mesma zona onde trabalhava. Dentre
os jogadores pesquisou-se sobre dois que tinham extensas dívidas da zona
noroeste, um com uma prestação de aluguel em uma loja de automóveis de sessenta
mil dólares e outro com uma hipoteca imobiliária no valor próximo de quarenta mil
dólares. Para o carteiro, seria mais interessante o devedor da conta da loja de
automóvel, um dinheiro maior e vantajoso, quase a quantia exata do valor do
prêmio, mas era o devedor da hipoteca imobiliária que sempre depositava suas
parcelas em cheque no correio, pelo qual Stanley teve maior interesse. Segundo as
suas pesquisas de envio de cartas, este sempre acumulava seus juros por nunca
possuir o dinheiro à vista. Havia parcelas atrasadas e certamente com este
prêmio finalmente o suposto ganhador depositaria os quarenta mil restantes,
dinheiro certo que custaria menos trabalho para ser desviado. Seu nome era Elder
Adams, coincidentemente morador de uma rua na zona do mesmo setor onze onde
agora Stanley trabalhava temporariamente. O alvo cumpria com as três regras
principais, era um jogador da loteria, sempre realizava o pagamento em cheque
pelo correio e possuía uma dívida extensa de uma hipoteca mobiliária. Isto
significava que na data prevista para o próximo pagamento o dinheiro à vista
certamente seria depositado, pelo menos era o que Stanley pensava, mas arriscaria
tudo para que aquele dinheiro fosse de fato depositado.
Uma semana se passou e já havia
escolhido o ganhador. Este, como foi analisado, frequentemente realizava seu
pagamento por correspondência e a próxima parcela a ser efetuada estava
prevista para o próximo dia 6 do mês de Novembro, data definida da expedição da
carta. Enquanto isto deveria permanecer no setor onze até o dia do recolhimento
dos bilhetes. Faltavam poucos dias até o recolhimento, e durante estes dias Stanley esteve espionando o local onde se colocavam as chaves das duas caixas
postais mais próximas das duas casas envolvidas nas apostas. Em pouco tempo
foram observadas as duas chaves, para que no dia 30 de Outubro, momentos antes
do sorteio, o carteiro pudesse sacá-las. Neste dia, ao entardecer, horário em
que todos são dispensados do serviço, o funcionário incumbido para a tarefa,
coloca as chaves no devido lugar, mas sem que ninguém percebesse as duas
principais chaves foram retiradas. O carteiro havia colocado-as no bolso,
andando discretamente pelos corredores se despedia dos companheiros.
Finalmente seu plano estava a ser
concluído. Assim, na madrugada daquele dia, data em que se recolhiam os
bilhetes, Stanley secretamente saiu até a rua das duas principais pessoas
envolvidas no jogo, permaneceu acordado até chegar a hora matinal. Andava pelas
ruas sombrias e vazias usando um agasalho escuro para ser menos percebido,
seguia rumo a rua do primeiro envolvido. Ao virar o quarteirão logo leu na
placa de esquina "rua Hernán Sánchez", finalmente chegou em
uma das ruas principais. A primeira caixa a ser aberta estava próxima, as
chaves estavam misturadas no bolso e ao se aproximar da caixa postal as retirou
com pouca pressa, ao abrir a caixa havia muitas correspondências juntas, nenhum
sinal de carro ainda surgia pelas ruas. É claro que uma grande bolsa era
fundamental. Os funcionários usavam durante o serviço, e dentro da bolsa foram
colocadas todas as cartas, embora fosse madrugada, ainda naquela rua acostumava
passar alguns carros. Procurar a carta naquele ponto poderia ser arriscado.
Ainda era duas e meia da matina, Stanley teria tempo suficiente para encontrar
aquela carta misturada no monte quando chegasse em sua própria casa.
No entanto lhe faltava o outro bilhete
do endividado morador de um quarteirão mais adiante, Elder Adams. Seus passos
foram apressados e breve chegou à outra caixa postal. Interiormente havia
também muitas cartas, contudo, não era tanta quantidade como da outra, assim
naquele local mesmo o bilhete pôde ser identificado com mais facilidade. Agora
o principal objetivo estava cumprido, a carta do apostador endividado a ganhar
o prêmio, estava em suas mãos. O carteiro retorna à casa em um táxi, já era
três e meia da matina, tudo o que ele deveria fazer era encontrar a carta do
morador da rua Hernán Sánchez. Em sua casa espalhou as cartas sobre a
mesa e com certo desespero tentava encontrar a carta da casa do número 552.
Finalmente encontrou a carta, seu nome era Henry e ao abrir sua carta encontrou
seu bilhete marcado. Então os bilhetes foram trocados e na carta do endividado Stanley colocou o bilhete premiado da rua Hernán
Sánchez. Antes dos carteiros iniciarem as postagens na manhã daquele dia, o
plano pôde ser realizado quando finalmente o carteiro havia devolvido as cartas
trocadas devidamente nas urnas.
Agora bastava saber o resultado final
que seria dado no próximo dia 2 de Novembro, o dia do sorteio. Antes, durante
aqueles dias restantes, Stanley deveria fazer uma jogada minuciosa, isto é, uma
carta que ele mesmo escreveria para o dono da loteria. A carta seria um pedido
falso do estelionatário envolvido na fraude lotérica, morador da rua Hernán
Sánchez, o qual ele havia descoberto. Tudo deveria ser feito na empresa, o
computador privado disponíveis no setor onde trabalhava seu companheiro Dick,
serviria para envio de fax e para o envio das cartas impressas. O computador
poderia ser acessado livremente por alguns funcionários, em um desses o
carteiro deveria digitar o código da carta. O pedido da carta de Henry à
loteria seria a entrega do dinheiro combinado via correios, por desconfiar-se
da polícia que suspeitava do acordo e que estava prestes a descobrir a fraude
por denúncias anônimas. Desta forma o texto da carta foi digitado.
_Acomode-se. - disse Dick - O
computador é todo seu.
Stanley escreve:
"O dinheiro deverá ser evitado ao
ser depositado no banco. Uma ação da polícia parece ser perigosa, o dinheiro
deverá ser enviado via correios um dia antes do resultado. Tenho a mera
impressão da grampeação dos telefones e de alguns espiões. De outra forma, não
posso receber o dinheiro pessoalmente, pela segunda vez, fui abordado pelos policiais,
portanto, por maior segurança, evite os contatos".
Olhando atentamente para os lados
continuou escrevendo e ainda acrescentou sobre grampeação telefônica em ambas
as cartas, o que impediria qualquer tipo de contato por telefones.
Para que não houvesse definitivamente
qualquer meio de contato, uma outra carta foi escrita para o morador da rua Hernán
Sánchez, o falso ganhador do prêmio, um pedido anônimo do chefe da loteria
que ordenaria sua ausência durante aquelas últimas horas da véspera do sorteio
até a entrega do prêmio, segundo um mesmo motivo de suspeita policial. Com este
pedido Stanley obrigaria a loteria a fazer o pagamento antecipadamente via
correios e evitaria qualquer contato entre ambos, assim também estaria prestes
a desviar o cheque daquela carta.
_"Caro sr. Henry. Ordeno sua
permanência fora do recinto durante o sorteio, uma estranha suspeita da polícia
pode incriminá-lo fatalmente, mantenha o telefone desligado, deve evitar contatos".
Na manhã do dia 1 de Novembro, um dia antes do
prêmio, Stanley foi com as duas cartas às ruas. Primeiro na rua Hernán Sánchez
à Henry, em sua caixa de correio colocou-as. Em seguida, poupando tempo,
tomou uma condução e após uma breve viajem de ônibus à zona sul chegou ao
segundo local, assim depositou a outra carta com destino ao diretor geral da
loteria.
Seu nome era Gordam McBregg, este
tinha seu aspecto frio e petulante, usava uma blusa cortês de cor azul marinho
e um colete cinza de ceda, um cachecol roxo, algumas pulseiras de ouro no punho
denotava sua riqueza, um charuto alemão exalava uma fumaça sobre toda a sala.
Enquanto conversava com algum de seus assistentes, a porta é tocada e em
seguida surge alguém da portaria com uma carta na mão.
_Correspondência sr. McBregg - disse-o
entregando a carta ao assistente.
Logo ele se retira, o rapaz o entrega
e com certo suspense retirou em cada lado as tiras que lacravam o impresso. O
conteúdo dizia o seguinte aviso: “Caro sr.Gordam McBregg, estamos sobre
investigações policiais, não poderá ser feito o depósito na minha conta faça o
pagamento do cheque um dia antes do sorteio via correios, os bancos e os meus
telefones foram rastreados por suspeitas, estamos sendo vigiados, caso
contrário a polícia flagrará a farsa".
A falsa carta havia causado um espanto
à McBregg. Com o rosto franzino ele surra a mesa com certo murmúrio. Seu
companheiro ao lado o pergunta sobre o motivo da raiva:
_O que houve?
_Estamos sendo vigiados, devemos
depositar o dinheiro via correios.
McBregg explica sobre a ação da
polícia, mas admite estar desconfiado da notícia.
Enquanto isso, na rua Hernán
Sánchez, Henry recebia a segunda carta:
_Caro
sr. Henry. Ordeno sua permanência fora do recinto durante o sorteio procure um
hotel, uma estranha suspeita da polícia pode incriminá-lo fatalmente, mantenha
o telefone desligado, deve evitar contatos.
Assustado imediatamente desligou o
telefone. Por outro lado, quase no mesmo instante, o assistente da loteria
tomava o telefone para estabelecer contato e esclarecer sobre o ocorrido, mas
subitamente o chefe o impede:
_Não faça! Os telefonemas podem ser
flagrados, - disse-o com a mão estendida – faça uma ligação do seu próprio
celular.
O assistente obedece retirando-lo do
bolso. Alguns segundos se passam, nenhuma resposta era dada:
_Desligado!
_Ordeno que você vá ao seu
estabelecimento para investigar o caso. – McBregg esbravece.
O rapaz prontamente obedece a ordem e
saiu apressado do gabinete rumo ao seu carro na garagem. Henry arruma uma
pequena bolsa com algumas roupas para ir à um hotel passar aquele dia, a carta
elaborada por Stanley havia sido bastante intimadora. Com pressa e temeroso, ele
saia da sua garagem derrapando os pneus quase perto de sofrer algum acidente,
seguia rumo ao hotel. De acordo com que dizia a carta, ele deveria fugir devido
a uma armação policial e sem direito de fazer ligações telefônicas. Poucos
segundos depois de sair um outro carro sport preto surge e estaciona em
sua porta, era o assistente, usava um terno preto e uma blusa social branca
lisa, seus óculos evitava de ser reconhecido de longe pela polícia. Ele desce
desconfiado, por várias vezes tentava encontrá-lo pela campainha, sem haver
alguma resposta ele retorna frustrado. Ao ser notificado McBregg se zanga:
_Preencha o cheque! Não temos
alternativas. - disse constrangido com o fato - Em seguida ele toma o cheque e
assina com sua própria caneta, a carta é emitida e McBregg apenas aguardava até
o próximo dia para efetuar o depósito.
O
GRANDE ACERTO
No dia do sorteio Stanley esteve todo
momento ansioso, tinha certeza que as ligações foram evitadas por causa do
receio do aviso e ainda que algum dos envolvidos na fraude fosse pessoalmente
encontrá-lo não o encontraria. Ninguém se arriscaria em ficar em casa sob
ameaça policial, ainda mais com cem mil dólares em jogo. Como o dinheiro era
depositado diretamente na conta do banco, não poderia ser deixado de citar
sobre o rastreamento policial para amedrontar os falsários. Se não fossem as
suas observações durante o seu trabalho, talvez algo pudesse dar errado. Mas o
carteiro se certificou do esquema e breve estaria recebendo a carta com o
cheque em mãos. Enquanto andava pelas ruas, entregava algumas correspondências
normalmente, a sua expectativa era muita. Antes de sair ao serviço havia visto
duas cartas com destino a residência de Henry, a primeira era uma conta sem
importância e uma outra carta cujo remetente era a loteria da zona sul. Após o
serviço, já em casa, tomou aquela segunda carta, na verdade havia guardado
secretamente no bolso, esperando apenas aquele momento para abri-la. Com emoção
e euforia abriu a carta e com grande surpresa tomou aquele cheque de cem mil
dólares. O seu plano foi bem sucedido, ainda não era o bastante, talvez a
loteria negasse a entrega do prêmio à um outro ganhador mesmo depois de
efetuado aquele pagamento que Stanley desviou. Para que isto não acontecesse o
carteiro escreve ao jornal:
"À imprensa. Aprovo a audácia
decisão em convidá-los à nomeação do principal vencedor da loteria".
E em seguida, aos fiscais:
“Favor comparecer a loteria da zona
sul por um conflito entre um jogador sorteado. O diretor nega entregar o
dinheiro”.
Stanley deveria incluir a imprensa,
assim com o grupo de jornalismo e fiscais envolvidos obrigando definitivamente McBregg
a efetuar outro pagamento e este, para Elder Adams, o qual havia recebido o
bilhete premiado no dia da troca.
No dia 2 de Novembro, tudo parecia
aprovado ao anúncio do vencedor, o dono da loteria obviamente pensava ter feito
seu pagamento à pessoa certa:
_Então, o dinheiro já foi depositado?
_Ainda não temos nenhuma resposta. –
respondeu o assistente.
Quase no mesmo instante um outro
assistente entra na porta para informá-lo sobre um suposto ganhador.
_Sr. Gordam, tem um sujeito admitindo
ser o vencedor do sorteio. Parece que os dados conferem.
_Levem-no embora, o pagamento já foi
feito à nosso escolhido.
Os seguranças o levaram a força, o
ganhador resistia, realmente era o sorteado. Como previsto o conflito ocorria,
e como solicitado por Stanley , a imprensa e os fiscais surgiam de longe. Os
seguranças se assustam, um dos fiscais introduz:
_O que está havendo por aqui? – o fato
se assimilava à denúncia – Deixa-nos entrar.
O fiscal demonstra seu distintivo aos
seguranças, que sem alternativa deixaram-no passar seguidos pela imprensa. Ao ser informado pelo sorteio do outro
vencedor, Gordam McBregg entrou em estado de choque, se levantando subitamente
da cadeira. Os flashes eram tirados contra a comissão que permanecia pela
entrada da extensa porta de acesso ao escritório.
_Saiam já daqui. – ordenou irritado.
_Senhor, temos uma denúncia sobre a
recusa do dinheiro ao vencedor. Conforme visto, os dados conferem, o senhor
deve efetuar o pagamento.
No mesmo instante McBregg muda seu
semblante, que antes esbravecido, agora denotava satisfação ao vencedor.
_Ah sim, claro. – sorriu por um
sorriso forçado e dissimulado.
Em
seguida tomou a caneta e assina o cheque.
_Aqui está. – abraçou-lhe para posar
pelas fotos.
Levantou-se demonstrando-se
satisfatório, mas seu real interesse era esmagar aquelas pessoas. Com a
imprensa por perto seria difícil negar o pagamento, e agora, por duas vezes o
dono fazia o mesmo pagamento ao assinar o cheque ao vencedor. Os flashes eram
emitidos por vários ângulos. Quando todos saem, McBregg agarra um dos seus
assistentes quase por estrangulá-lo:
_Cadê Henry com o dinheiro, cadê o
bilhete premiado!
Quanto à isto, Stanley deveria retornar
ao setor três antes do dia 6 de Novembro, dia previsto do pagamento da hipoteca
imobiliária do endividado premiado no sorteio.
No mesmo dia do grande acerto de Stanley , algo acontecia na casa de Amy, uma nova discussão com Malcon, ambos se
debatiam, Amy não tinha saídas, desejava sair de casa, muitos dias se passaram
e Malcon não aceitava o divorcio. A primeira agressão é feita, o agressor lança
Amy sobre o sofá, Phoebby se assusta. A situação poderia ser ainda pior se não
fosse o primeiro sinal da sirene pelo lado de fora. Malcon se assusta, todos os
telefones estavam cortados.
Ele observa o quarto de Phoebbys, a
garota estava sobre os prantos.
_Você chamou a polícia? – disse em tom
áspero – como conseguiu? – indignou-se.
_Não pode ser. - surgiu pela porta da
frente.
_Mãos para o alto. - um dos policiais
aciona o sensor de voz.
Amy surge pela janela, ao mesmo tempo
Donavan sai do carro, o pedido foi cumprido.
Malcon se rende, não tinha saídas.
Dois carros faziam a cobertura, um policial operava a ocorrência. Após um longo
tempo, Donavan se aproxima do sofá a convite de Amy.
_Não fui ao trabalho para tratar
especialmente do caso.
_Não sei como agradecer. Malcon
tornou-se uma pessoa muito agressiva nestes últimos tempos, todas as linhas
foram cortadas... - o abraçou - Obrigado!
O
SEGUNDO ACERTO
Alguns dias depois Stanley novamente
estava no seu setor de origem, não poderia se esquecer do dia do pagamento, e o
próximo plano seria extraviar a carta de pagamento de Elder, o ganhador. No
mesmo dia do pagamento nenhuma carta tinha sido enviada:
_Uma carta deve ser elaborada para
atrair o pagamento. – sugeriu Dick.
Para isto, Stanley deveria fazer uma cilada,
bastava apenas um novo envelope lacrado com as mesmas descrições do envelope
original. Isto não seria tarefa árdua, visto que a senha do computador servidor
estava em mãos. No computador privativo de Dick, o carteiro acessa o editor
de telegramas, o cliente havia uma conta atrasada no mês de Novembro,
acumulando juros e multas, tudo indicava que no próximo dia 6 de Dezembro, de
fato, seria efetuado o pagamento no valor de quarenta mil dólares. Alterando
apenas a data e ajustando o valor para o dia 6, Stanley fez o impresso de uma
carta vazia. Geralmente cheques, cartas ou outros cartões eram postos naquele
aparelho para serem lacrados, contudo, Stanley não postou nenhum conteúdo, apenas
imprimiu o envelope vazio com as informações necessárias. Com isto teria a
primeira peça chave do plano. Uma outra carta seria escrita à Elder como
sugerido por Dick.
_Você possui os dados da mobiliária. –
perguntou-lhe.
_Claro, realizei uma pesquisa. – disse
enquanto ajustava o papel sobre o aparelho.
A mensagem é digitada:
"Prezado sr. Adams, a agência
imobiliária Habitat está promovendo um desconto de 32 % (trinta e dois por
cento) referente ao pagamento da hipoteca para o próximo dia 6 de Dezembro. Com
o pagamento à vista os juros serão isentos e não haverá cobranças de multas.
Atenciosamente, Habitat Immobiles".
_Ótima idéia.
_Tenho que ir. - se apressou - Esta
carta deverá ser postada ainda hoje. Não tenho dúvidas de que este dinheiro
será enviado, a proposta é bastante convincente.
Um dia antes do pagamento o carteiro
sai às ruas, a carta deveria ser postada, a estratégia corria como previsto.
Por outro lado a Kombi de correspondências percorria as principais ruas do
bairro norte. Dentro do veículo estava Doney, a falsa carta havia criado desgosto
da linda garota da rua Alianza 45. Agora o caminho estava livre para sua
aproximação, faltava inspiração, Doney ainda não sabia o que poderia ser
escrito à garota. Algumas cartas eram espalhas de um grande monte da sua bolsa
ao lado, o carro se movia bruscamente, uma carta é identificada. A carta de
Jonny, o maior galanteador do bairro, não poderia ser outra, se não, mais uma
de suas mirabolantes cantadas à Jenny. Doney pega um pequeno spray usado para o
hálito, o pino é pressionado sobre a boca. Em seguida copiou os versos e
assinou o seu próprio nome, colocando a carta de Jonny no bolso. Sorria
malévolo enquanto esfregava as mãos em sinal de suspense.
Por outro lado Stanley deveria se
infiltrar no setor onze. Se o falso apostador fosse morador da zona no mesmo
setor sete, deveria da mesma maneira escolher um ganhador do mesmo local,
porque com uma opção de permissão para transferência poderia fazer a mudança e
da mesma forma desviar a carta sem ser suspeito. Como em todos os setores, no
setor onze eram quatro carteiros e a carta de Elder poderia ser entregue
variavelmente por algum deles. Agora, após o seu retorno, o entregador não
poderia ser ele, com a notícia do desaparecimento do dinheiro, segundo a
lógica, o entregador e os companheiros seriam financeiramente investigados, as
contas, os bens e investimentos, mas com a ausência de transferências ou
financiamentos de alto valor que pudesse incriminá-los os suspeitos envolvidos
seriam rapidamente inocentados. Entretanto deveria vigiar o entregador da carta
exatamente naquele dia 6 de Dezembro, o dia do pagamento. Como estava habituado
com as entregas no setor onze, pôde-se facilmente transitar pelos corredores
inclusive à sala.
_Bom dia Stanley , - cumprimentou um dos
gerenciadores - não tinha se mudado de setor? - o rapaz perguntou
interceptando-o no corredor.
_Claro! Mas tenho que conferir uma
antiga carta que costumava entregar. - respondeu arranjando uma desculpa para
entrar no estabelecimento.
Aquela sala, contudo, era restrita
para outros carteiros de setores diferentes, com aquela desculpa, porém,
conseguiu entrar com os outros quatro ex-companheiros. Antes das cartas serem
pegas, se aproximou sozinho do balcão enquanto os outros se preparavam distraídos
em um determinado canto com as postagens.
As cartas foram vasculhadas, os outros
estavam perto de entrarem, finalmente a correspondência de Elder Adams foi
identificada após uma foliação de envelopes.
_A proposta foi aceita. – disse em voz
baixa.
Com as mesmas descrições no envelope vazio a troca
foi feita. O falso envelope foi posto sobre o monte e o original guardado no
bolso. Ao sair Stanley se depara com um de seus antigos companheiros que o
perguntou sobre a pressa com que andava.
_Estou verificando uma carta. - disse
sobre a mesma desculpa de antes, eles olharam estranhamente, mas não perceberam
que ele tinha trocado as cartas.
Pelos corredores o carteiro andava
passos largos, estava atrasado para pegar as cartas de entrega daquele dia. Aquela
carta no bolso efetivava finalmente o fim da sua armação. No mesmo dia à tarde,
no final de todo serviço, a correspondência do pagamento foi recolhida, e
agora, de todas as outras vezes quando a mesma tarefa foi realizada, nunca
houve valor semelhante para Stanley . Como previsto o pagamento à vista na data
esperada e cujo pagador ele sabia, Elder Adams, o endividado.
Certamente esta seria a segunda carta
a ser pega em toda sua carreira. Um valor tão alto em dinheiro o fascinava.
Nada obstante o furto levantaria muitas suspeitas, talvez incluísse todos os
funcionários daquele setor. O pagador provavelmente não se interessaria tanto pelas
investigações por ser um dinheiro ganho sem muito esforço, também um motivo
pelo qual Stanley planejava o esquema. Outro motivo foi quanto a escolha da
pessoa, preferencialmente do mesmo setor onde a pouco havia se mudado, assim
quando ocorresse o crime o carteiro poderia facilmente retornar ao setor de
origem por livre vontade. Por fim a notícia se alastrou por toda a empresa, quarenta
mil dólares extraviado, embora houvesse várias investigações ninguém pode ser
incriminado. Gordam McBregg jamais havia pedido pela investigação, talvez tenha
mudado seus planos para o pagamento do sorteio, aceitou o outro pagamento como
forma de não revelar seu verdadeiro segredo no esquema. Por outro lado, o
próprio pagador pediu o cancelamento da causa, não levou muito a sério as
investigações tendo a consideração de um dinheiro lotérico. Com muito cuidado o
carteiro havia terminado o plano e em poucos dias quando já de volta ao seu
setor de origem tudo havia terminado normalmente. Após o incidente a empresa
adotou novos métodos, a liberdade com que faziam a tarefa de pagamento também
contribuiu para o desvio, não era a primeira vez que ocorria este
acontecimento, mas de um valor semelhante nunca houve igual. A essa altura não
o interessava mais o mesmo plano.
No escritório Dick adverte Stanley .
_A polícia ainda investiga o caso, de
fato, este foi um grande acerto. Acho melhor se afastar por algum tempo.
_Pedirei folga...
_Você não tem justificativas,
desconfiarão da sua ausência.
_Tenho um plano.
Uma lista de pessoas do Hospital de
Pittsburg era conferida pelo computador. As pessoas em período de recuperação
que permaneciam em casa eram estudadas.
_Veja que estes pacientes possuem
acompanhantes.
_O que isto significa?
_Todos os pacientes liberados possuem
direito ao atestado de licença médica e além dos pacientes, os acompanhantes
também possuem o direito ao atestado.
_Você não está pensando em...
_Veja. Franz Bolt, não possui
acompanhante. Está de recuperação na rua Rocks 109. Farei uma falsa carta, um
pedido de licença médica em meu nome.
_Precisa saber os dados do hospital.
O endereço é acessado e uma carta com
o pedido de licença por duas semanas no nome de Stanley é escrita.
_Farei uma viajem à Miami, preciso de
me ausentar durante algum tempo. As férias ainda serão em janeiro.
_Tome cuidado. - advertiu.
BOMBA
RELÓGIO
Era manhã, fazia muito frio, mais um
dia de entregas para Doney. Em uma das ruas da zona setentrional Doney andava
disperso como sempre, mas imbuído a atividade rotineira. Após sofrer mais um ataque do cão como
da última vez, acessou a rua principal e agora lhe faltavam poucas cartas.
Todavia um inesperado bloqueio o acomete em plena a rua ao tentar atravessá-la.
Duas viaturas derrapam a pista uma do FBI e outra da operação antiterroristas
que o intercepta, um agente do FBI sai apressadamente do carro à cem metros e
anuncia o ocorrido com um alto-falante.
_Parado onde está. Não se mova. –
desprovido de armas o agente sinaliza com as mãos.
Doney segurava tão-somente sua bolsa
de cartas. Levou um grande susto, levantou as mãos tremulas no mesmo instante.
Em seguida um agente antiterrorista se aproxima. Ele vestia capacete e uma
roupa bege toda revestida de proteção por danos provenientes de qualquer
espécie de munição.
_Foi detectada uma bomba-relógio em
sua bolsa. – acrescentou o agente do FBI – por favor, retire a bolsa lentamente
e a ponha no chão.
Doney sem saber o que estava
acontecendo respeitou a ordem e lentamente, foi retirando a bolsa e pondo-a no
chão. Com as mãos e pernas tremulas começou a urinar.
_Eu não fiz nada senhor, sou
inocente, por favor não me prenda. – suplicou.
_Acalme-se senhor, iremos averiguar
a bolsa.
No mesmo instante os agentes recebem
um telefonema. Eram os terroristas:
_Sabemos que estão tentando impedir
nossa bomba, estamos vigiando a bomba em um local secreto, qualquer passo em
falso e iremos detoná-la. – ameaçou o terrorista aos agentes.
_Mudança de planos! – gritou o
agente.
No mesmo instante Jenny passava pela
rua, avistou a multidão e se aproximou. Doney ao percebê-la se apavora e grita:
_ Jenny! Por favor me tira daqui,
armaram uma emboscada para mim. Jenny! – gritava ao mesmo tempo acenando com as
mãos para o alto e saltando em desespero.
_Por favor, fique quieto, não se
mova, ou a bomba irá explodir. – insistiu o agente.
Doney não suportou e começou a
correr em direção a Jenny. Ao atingir cerca de cinqüenta metros a bomba explode
como previsto. Doney é lançado para frente em um tremendo impacto. No chão, com
o rosto e as roupas sujas de pólvora Doney tira a carta que trocou dentro da
Kombi. Havia guardado em seu bolso, a carta estava suja, mas não totalmente
danificada. Jenny se aproxima e pergunta:
_Doney, você está bem? - tentou socorrê-lo.
_Toma Jenny, escrevi para você. –
entregou a carta
A
CILADA
A viajem foi feita, Stanley poderia
levantar suspeitas à polícia que investigava o caso. Após muito trabalho Stanley pôde ser finalmente identificado pelas câmeras dos correios. No hotel de Miami Stanley é acometido pela ação da polícia que havia descoberto seu paradeiro, de
acordo com o crime e através de seu número de passaporte. Era manhã, algumas
vozes surgiam, os agentes vasculhavam os quartos. Stanley se assusta, surgiu da
varanda e se surpreendeu com a chegada da polícia, rapidamente tentou fugir
pelo corredor, mas dois policiais vinham contra sua direção. Stanley correu para
trás.
_Parado ai. – ordenou um dos
policiais.
Pela varanda ousou saltar, mas saltou
para outro quarto, se infiltrou pelos corredores internos, usava tão-somente um
roupão pela cintura. O cerco estava formado Stanley não tinha escolhas. Rendeu-se
no jardim dos fundos, agora estava detido.
Na delegacia fizeram sua ocorrência,
era um suspeito do crime, em sua sela, lhe fazia companhia um outro jovem que
escrevia em uma máquina de escrever, ambos se conhecem, seu nome era Joe.
No pátio havia um grande mural, ao
lado, alguns telefones que se dividam, eram monitorados pelos agentes. Uma
lista de telefone público é pesquisada por Stanley , muitos advogados são
identificados, a folha é destacada da lista sem que ninguém percebesse. Algumas
anotações foram feitas, um plano estava para ser feito.
_Para quem será esta carta? – disse
Joe ao observar uma tira do catálogo destacada por Stanley .
_Um advogado. Preciso de sair daqui.
_Já conseguiu contatos?
_Ainda não, este é um suposto
advogado.
_Não conseguirá enviar a mensagem, os
agentes fazem a análise das cartas antes de serem emitidas.
_Como?
_Os selos são postos sobre a carta
somente com a verificação do destinatário e após a permissão da diretoria.
Assim também são os telefones, todos são vigiados.
_Os dados do advogado serão escritos
indiretamente.
A carta foi escrita a Dick, seu
companheiro. Stanley havia mencionado os dados do advogado pré-selecionado.
No outro dia:
_Preciso de um telefone particular
para dizer em secreto com um companheiro.
_Impossível. Mas conheço alguém que
consegue falar por dez segundos sem ser percebido.
Em uma outra hora o telefone é
identificado, um pequeno espelho de cinco centímetros era posicionado pela
parte de trás do telefone. Dois fios eram identificados:
_Basta clicar o botão do fio vermelho.
- disse Joe mostrando um pequeno botão conectado ao fio.
Stanley pressiona enquanto conversava
com Dick.
_Escute... - interrompeu a conversa.
_O que houve?
_Tenho pouco tempo. A última carta
enviada possui os dados de um suposto advogado o qual não conheço, quero que
você investigue seus dados e compareça à visita nesta semana.
_Como?
_Nos encontraremos na visita.
_10 segundos. - disse Joe - Tenho que
ir. - se despediu.
Na sela Stanley conversava com Joe que
escrevia em sua pequena máquina.
_O que está fazendo – perguntou Joe
enquanto observava-o movendo uma pequena borracha
_Como carteiro trabalhei muito com
carimbos nos impressos. Muitos destes são especiais para emissão à delegados ou
advogados. Farei o molde certo para a emissão da delegacia ao advogado.
Uma lamina de barba havia sido
conquista após escondê-la no sapato. O molde era desenhado sobre a borracha, um
círculo, a sigla e as inscrições eram desenhadas.
_Não há possibilidade de conseguirmos
selos postais.
_Fui colecionador de selos, tenho
alguns guardados na minha agenda entre os meus utensílios. Preciso que me
empreste a máquina por algum momento.
Uma carta era digitada, uma sigla da
delegacia era inserida sobre a carta, após um adesivo ser conquistado no mural
próximo à cabine de visitas.
Eu, oficial Oliver B. Shoff me
responsabilizo pelo réu Stanley C. Hokney. Fica expressamente outorgada a saída
do réu para as devidas consultas jurídicas e declarações sob custódia do advogado
responsável na data 23 de Dezembro às 14.00 hs, Por ordem judicial da delegacia.
_Uma intimação. - explicou finalmente
- Caneta por favor.
_Entregou-lhe.
Carimbou sobre o selo após destacar a
tinta da caneta cortando o tubo com a lamina de barba.
_Enviarei esta carta ao delegado
principal.
A segunda carta é feita em seguida.
_A segunda carta será entregue quando
o carteiro passar pelo corredor. – explicou.
Como de costume o carteiro sempre
passava por um dos corredores de acesso ao departamento de emissão das
correspondências. Por este momento Stanley aguardava pela vinda do carteiro e seu
transportador.
_Deixou uma carta cair. - chamou Stanley pelas costas após a passagem das cartas - entregou-lhe.
O início do plano estava feito.
A carta dizia:
Advocacia Central. Solicito a saída do
réu para as devidas consultas jurídicas, assinaturas, transferências e
justificativas patrimoniais. 23 de Dezembro às 14 horas Atenciosamente.
Advogado Oliver B. Shoff.
No dia de visitas Dick o aguardava em
uma das cabines de comunicação. Uma vidraça separava os detidos de seus
visitantes. Stanley orienta:
_Os dados de Oliver foram analisados?
_Todos os registro! Ainda não sei como
conseguirá contratá-lo para esta causa.
_O plano será diferente. Na verdade
existem dois advogados, um deles é Bill Young, enviei uma carta com uma
solicitação de Oliver para minha saída temporária a fim de resolver assuntos
judiciais.
_Como um advogado pode permitir outro.
Devemos convencer o delegado primeiro.
_Oliver será o suposto delegado neste
caso, isto acontecerá quando Bill receber minha carta e sua ligação. Sua função
no estado é corporativa, realiza casos por ordens oficiais.
_Minha ligação? Temos que ter
autorização para isto.
_A autorização está pronta, somente
deverá ligar para Bill como se fosse o nosso falso delegado Oliver, ordenará
sua ida à delegacia para minha saída. Não esqueça de mencionar o atendimento ao
subsecretário, que na verdade é o delegado Péricles. Por isto deve tratar
apenas da palavra “oficial” como se fosse da própria delegacia.
_O delegado precisa de algum aviso.
_Não se preocupe esta será a primeira
parte do plano. Deve fazer como ordenado, Péricles receberá uma outra carta de
autorização. Oliver agora volta a ser o advogado, mas Bill Young é seu enviado,
diga as informações de Oliver à Péricles como se fosse ele, sua informação de
contato substituirá o original. Tudo tem que ser feito em pouco tempo, Bill comparecerá
à delegacia como se fosse seu representante.
A conversa foi rápida, no mesmo dia
Dick realizava a primeira ligação ao advogado:
_Sr. Bill
_Em que posso ser útil?
_Sou o oficial Oliver B. Shoff da
Delegacia Central de Pittsburgh, estou ligando em referência à uma confirmação.
Como ordenado preciso que compareça a delegacia para a saída do réu informado
no aviso. Meu subsecretário Péricles fará o encaminhamento.
_Afirmativo, estarei a caminho como
previsto.
O telefone é desligado, Dick suspira
tenso, a primeira parte do plano estava feita. O mais difícil agora seria
fingir ser o próprio advogado Oliver.
_Delegacia Central de
Pittsburgh, delegado Péricles, boa tarde.
_Boa tarde, sou o
advogado Oliver B. Shoff, estou ligando em referência à uma confirmação.
_Prossiga.
_Como ordenado
preciso que atenda à Bill Young meu enviado.
_É sobre a saída de Stanley para consulta judicial?
_Sim, Bill fará o
serviço.
_Preciso que me
informe seus dados.
Passou-lhe os
registros pesquisados e tudo foi feito como ordenado.
O dia esperado havia chegado, o
advogado Bill comparece à delegacia, seus documentos são apresentados.
_Eu recebi este aviso pela ordem do
oficial Oliver B. Shoff.
Eu, oficial Oliver B. Shoff me
responsabilizo pelo réu Stanley C. Hokney. Fica expressamente outorgada a saída
do réu para as devidas consultas jurídicas e declarações sob custódia do
advogado responsável na data 23 de Dezembro às 14.00 hs, Por ordem judicial da delegacia.
_Correto, você está a serviço do oficial
Oliver. Preciso que assine este termo.
Estrategicamente Stanley havia marcado
alguns espaços para as devidas assinaturas, sendo a do oficial Oliver já
demarcada.
_Pronto.
Péricles assina em seguida, Bill nada percebe.
Para ele Péricles não se passava de um mero subsecretário do falso delegado
Oliver. E para Péricles, Bill não se passava do suposto enviado do advogado
Oliver.
_Stanley . – ordenou o delegado do
escritório.
O réu se levanta.
_Preciso que assine.
Em seguida Bill o algema pela frente,
o conduzindo para o carro.
Ao chegarem em frente ao seu gabinete,
Bill estaciona o carro e inquire o relatório do processo.
_Não posso pegá-lo facilmente. -
dissimulou, embora lhe restasse condição para pegar o envelope no bolso –
Poderia destravar as algemas por favor.
Stanley pega um envelope branco no
bolso, mas antes de entregá-lo foge pela porta apressadamente. Bill se retira
do carro, sacou seu revólver subitamente, alguns tiros são disparados Stanley se
desvia e consegue realizar a fuga. O rádio é acionado, o envelope branco é pego
no banco de passageiro, tão-somente estava em branco, como se lia a seguinte e
única frase: “Marry Chistmans”.
O NATAL
Era dia véspera de
natal quando Doney finalmente se encontra com Jenny. Um shopping grande e
moderno mantinha suas decorações espalhadas por todas as partes. A movimentação
era muita, várias pessoas estavam apreensivas para a chegada da ceia. Jenny
ainda trabalhava fantasiada ao lado de um Papai Noel do shopping. Doney
sinaliza de longe, seu cabelo liso ainda molhado demonstrava uma intensidade
maior através de algum produto, estava fantasiado de duende, trabalhou durante
o dia entregando cartas, usava uma roupa verde com detalhes brancos. Levava
consigo um presente, Jenny parecia ter gostado da carta, aproximando-se abriu
os braços para recebê-lo. Doney vinha então correndo, mas se tropeçou
desastrosamente pela cerca que separava a área dos visitantes. Jenny lhe deu um
abraçou. Jonny ainda de longe, mantinha seu charme e sua forte postura, tomando
uma cerveja com dois companheiros. Observando Jenny conversando com mãos dadas
à Doney comenta:
_Vamos dar o fora daqui galera! – saiu
após o último gole.
Deixou apenas o presente em cima onde
se lia: para Jenny.
Quando à noite, na casa de Amy,
Donavan se aproximava de longe, levava consigo dois presentes. Caía uma neve
fraca, nada o bastante para danificar o embrulho. Phoebby de longe se
contentava, Amy atende e convida-o a entrar.
_Feliz natal. – abraçou Amy e em
seguida Phoebby.
Todos mantiveram-se felizes, os
presentes são entregues. Após alguns minutos finalmente Amy entra em assunto a
respeito de Malcon.
_Malcon está bem, foi solto,
responderá processo.
_Lamento, vocês formavam uma linda
família.
_Phoebby preparou uma carta para você.
A garota se aproxima e lhe entrega a
carta desejando-lhe felicidades.
_Donavan, - perguntou em tom de
curiosidade – se vocês trabalham entregando cartas, porque o Papai Noel usa
seus duendes?
Ambos sorriem.
_Porque somente os duendes sabem onde
o Papai Noel mora para lhe entregar as cartas.
De repente a companhia toca, Amy se
assusta, não esperava por visitas. Levantou-se rapidamente aproximando-se da
porta. Ao abrir não constatou nada, apenas uma caixa de presente no passeio
entre a rua e o jardim.
_Veja! – apontou Phoebby.
_Um presente. – disse Donavan – Deixe
que eu vá pegar, está nevando muito.
Donavan seguia pela tria lentamente,
um presente misterioso havia sido entregue. Quase próximo de alcançá-lo, alguém
surge por suas costas empurrando ao monte de neve acumulado no jardim. Era
Malcon, ambos iniciam uma briga, Amy corriam para separar, Phoebby em desespero
protegia Donavan que estava no chão. Malcon era empurrado agressivamente por
Amy.
_Vá embora Malcon, o que está fazendo?
Malcon não disse nada, queria apenas
comparecer e entregar sua lembrança a Phoebby, mas não pôde conter seu ciúme.
Tomando seu último suspiro disse:
_Tenha um feliz natal, - limpou sua
boca suja de sangue.
Saiu rapidamente em direção ao carro
estacionado logo à frente. Amy retorna atrás preocupada.
_Donavan!
_Não se preocupe está tudo bem.
_Vamos vou preparar um chá.
Finalmente no dia do natal, ao meio-dia, Stanley se aproximava de um restaurante popular de Miami. Um homem solteiro,
aventureiro, sagaz e, por incrível que pareça, foragido da polícia. Agora
aproveitava seus momentos de glória, havia recuperado a fortuna desviada no
correio central, tomava um pequeno almoço em um restaurante bastante
movimentado, ao seu redor havia muitas mesas e pessoas de diferentes estilos.
Observador e também comunicativo, Stanley fazia sua própria análise do ambiente,
olhando para todos os lados em momentos discretos, tentava identificar alguém
de boa aparência, solteira que fosse ideal para receber a sua carta que em sua
mente planejava escrever. Com os braços apoiados sobre a mesa e as mãos unidas
sustentando o maxilar ele pensava nas palavras que iria escrever, na verdade
ele estava sem muito apetite, o seu prato estava de lado e tudo o que mais
fazia era apreciar a sua bebida, um fraco vinho tinto que tomava a fim de lhe
inspirar a índole. Tudo que mais precisava era de uma companhia para uma boa
conversa. Naquele momento tudo estava muito excitante, o clima, a praia e os
turistas, mas nada além de tudo isto poderia ser tão atraente para Stanley a
respeito de uma mulher que naquele exato momento passava em sua frente.
Assentado na sacada do restaurante ele
a admirava. Ela andava muito elegante e acima de tudo solteira, parecia ter a
idade próxima entre trinta anos, usava cabelos morenos soltos e um belo
conjunto de uma roupa admirável. Agora o que Stanley mais desejava era que aquela
pessoa entrasse no restaurante. Ele estava certo que realmente ela seria a
pessoa ideal para iniciar a sua conversa. Ele retira seus óculos escuros que
havia posto após a refeição, mais dois passos e finalmente ela entra no
restaurante, ele a observa em todo o instante, ela se assenta em outro lado. Alguns
minutos se passam até que ele se certifica que ela de fato era solteira, não
parecia esperar por alguém e tampouco ligou ou recebeu algum telefonema, mas
tudo que fazia era apreciar sua bebida, coincidentemente o mesmo vinho tinto
que ele também tomava.
Tudo parecia compatível e tudo que
pensava a respeito de uma companhia poderia tornar-se real, ele chama o garçom
do restaurante, lhe bastava apenas uma caneta. Em seu bolso tinha pequenos
envelopes brancos que habitualmente levava-os para esta mesma finalidade. Após
o garçom se aproximar ele o pede uma caneta, imediatamente o garçom o serve. Assim
ele inicia a escrever sua carta para enviar exatamente para aquela pessoa. A
primeira mensagem foi uma bela cantada, ele termina batendo a caneta fazendo o
ponto final, rapidamente coloca o cartão no envelope e ordena o garçom que
reclina seu corpo um pouco como quem estava a receber algo particular. Falando
discretamente ele aponta à pessoa a receber o envelope e ainda lhe entrega
outros cartões para receber as respostas. O garçom faz como ordenado e a mulher
recebe surpresa com a carta, Stanley permanece na expectativa, e a mensagem era
esta: "Estou seduzido por seu corpo esbelto e sua aparência elegante, seu
rosto sublime e a naturalidade do seu olhar, desejo te conhecer. Estou usando
uma roupa escura assentado no canto esquerdo da sacada. Para saber quem sou,
envie sua resposta para o mesmo garçom”.
Aquela jovem recebeu entusiasmada e se
contentou com o que lia, realmente lhe impressionou a frase e ela se interessou
em saber como seria aquele admirador, em seguida ela responde entregando para o
garçom para enviar ao remetente da carta, ele recebe curiosamente e assim ele
lia: Sim, você pode ser uma boa companhia.
Neste momento ele se contenta interiormente,
embora sua fisionomia não demonstrasse isso. A pessoa também permanecia
bastante discreta, mesmo sabendo quem ele era. Ele ordena a conta e a
transferência da mesa para o garçom, imediatamente ele se levanta, e após
alguns passos ele a alcança, ao se aproximar a cumprimenta com um sorriso
discreto e em seguida lhe pede licença para assentar-se, a jovem não teria se
arrependido da sua escolha, seu carisma de fato se manifestou e com um tom
cordial e voluntário permitiu que ele se assentasse para fazer companhia, em
seguida ela se apresenta:
_Eu me chamo Mary.
_Muito prazer, eu sou Stanley - disse
ele pausando a conversa e em seguida faz um pedido para o garçom de mais uma
bebida.
_Bonito verso da sua mensagem, de onde
provém sua inspiração? - pergunta ela elogiando a carta.
_Escrevia algumas cartas nas horas
vagas quando trabalhava como entregador de cartas, durante o serviço
curiosamente observava alguns envelopes de remetentes que escreviam, geralmente
eram frases como estas.
_Legal, você já foi um entregador de
cartas?
_Ainda sou, mas estou afastado, não tenho
previsão para voltar. Trabalhei durante cinco anos em um correio famoso na
Cidade de Pittsburgh.
Neste momento o garçom chega com a
bandeja, segundo o pedido feito. Stanley coloca seus pertences sobre a mesa, e
dentre estes sua carteira de bolso, uma carteira de couro escuro em cuja capa
havia um pequeno brasão, um metal com algumas molduras bronzeadas que dava
destaque. Mary o pergunta:
_O que significa este brasão
honorífico em sua carteira. - disse ela quando via a carteira posta em cima da
mesa.
_É uma gratificação governamental por
uma caridade que fiz à uma associação de educação e cultura do estado.
_Nossa! - disse ela elogiando-o -
muita gentileza sua, me fale um pouco do seu trabalho até essa decisão, sempre
fui curiosa em conhecer a rotina de alguém carteiro.
_Tudo começou na minha infância,
sempre quando nas datas comemorativas fui ensinado a escrever cartas na escola,
adotei este costume e frequentemente enviava cartas para as pessoas familiares.
Até a adolescência eu escrevia cartas até que comecei a namorar e eu mesmo lhe
entregava as cartas. Deste modo criei bastante aptidão como carteiro, e no meu
primeiro concurso profissional decidi por ser um carteiro, fui promovido e aos
vinte e três anos comecei o serviço, tudo era muito agradável, as pessoas, os
chefes e toda aquela firma do correio central na Cidade de Pittsburgh. No
início as coisas eram mais difíceis, às vezes demorava na rua e atrasava
algumas correspondências, mas sempre improvisava com alguma condução, ou ônibus
e outras vezes bicicleta. Sempre tinha que andar com um mapa auxiliar para
decorar as principais ruas do meu setor funcional, além do mais andava muito e
me cansava rápido, mas depois fui me acostumando e quando já habituado com o
serviço iniciei minhas aventuras como carteiro.
Após o natal, as coisas continuaram as
mesmas no Correio Central. Doney conseguiu ganhar um beijo de Jenny após
insistências e alguns tempos mais tarde. Donavan pediu Amy em casamento quando
completou dois anos de namoro. Gordam McBregg continuou com seu esquema
corrupto na loteria, nunca mais enviou pagamentos pelos correios. Henry foi
despedido por acreditar naquela façanha. Assim também aconteceu com Elder, não
realizou depósitos no correio. Talvez quisesse desculpar o responsável pela
carta, sabia que nunca teria a sorte de ganhar um prêmio como aquele e ainda
que tenha descoberto sobre a carta extraviada, nunca conseguiu encontrar Stanley que talvez tenha ficado com Mary um longo tempo em aventuras em Miami.
FIM