sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

(2ª edição) A Série X-Club apresenta: Delivery - Entrega à Curto Prazo

 


 

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DELIVERY

ODENKIR KHOLER

 

2ª Edição

 


A SÉRIE X-CLUB APRESENTA:


DELIVERY EM:

 

2 PARTE: A ENTREGA – ENTREGA À CURTO PRAZO

 

POR: GUILHERME PALHARES (AUTOR OFICIAL)

 

 

 

 

Ilustração

João Carlos

 

 right©

Edição Archbliografia.

ISBN 65-9898-8988

 

Editor: Edward Rhozter

Patrocíio: William Ratsbone

Tradução: Samir Blast

Revisão: Dyman Throika

Ilustração: Amanda Kitchener

 

Introução e seleção Sylvie&Debs

Patativa Pinheiro

01-564-800

                                    CDD-023

Índices para catálogo sistemáticos

I Crime – 0350

II Aventura – 0390

 

Editora® Delartes 1985

Maps World Diagramation

 

 







ÍNDICE

A REUNIÃO.............................................................................. 5

O ACORDO................................................................................ 9

A OPERAÇÃO POLICIAL................................................... 12

O PLANO................................................................................ 15

UMA SOLUÇÃO....................................................................... 21

REUNIÃO................................................................................ 26

O CONVITE............................................................................ 34

A VIAJEM.............................................................................. 43

A ILHA................................................................................... 48

A SEPARAÇÃO....................................................................... 53

A TRILHA.............................................................................. 60

A GRUTA................................................................................ 64

A GALERIA............................................................................ 69

UMA SAÍDA............................................................................ 73

O COMÉRCIO......................................................................... 80

 

  

A REUNIÃO

 

No dia posterior, após a segunda ida à mineradora bangladiamond, o grupo se reúne novamente na sala de reuniões a mando do chefe. As nove cadeiras em torno do salão foram devidamente ocupadas pelos agentes. A tocha tradicionalmente acendida dava início ao discurso. Flammer apresentava-se circunspecto. Suas palavras eram preditas de forma objetiva. Sentado sobre a mesa de mármore com uma perna apoiada ao chão e vestindo um traje extravagante e usual, discutia sobre a emboscada policial junto com os seus comparsas:

_Como todos já sabem, falhamos na missão à mineradora quanto a encomenda de nosso último cliente. Cento e cinqüenta gramas de diamantes estão em jogo. Temos pouco tempo, apostei as fixas, porém houve esta inesperada cilada policial e ainda não sei a razão pelo qual se equiparam próximo ao local do crime. Fui advertido por Jhason sobre o incidente, mas não posso imaginar que esteja envolvido nisto.

_De forma nenhuma. – negou.

_Quanto ao contrato, não posso quebrar o acordo e devo suprir esta porção com urgência. Não temos fundos suficientes para comprar a encomenda e a venda de diamantes no país tornou-se quase extinta. Se não fossem as despesas com Van Wister talvez conseguiríamos fundos. Mesmo assim, teríamos desvantagens ao negociarmos com os grandes joalheiros. Estabeleci uma redução no preço e estes não amenizarão o valor...

Um dos que estavam reunidos, sugere asquerosamente:

_Podemos buscar pela cidade o peso total entre os ourives menos acentuados ao saquear as joalherias?

_Mirabolante plano. – concordou um dos homens.

_Eu receio que não, - interrompeu Elijah, o motorista - Talvez procuremos a solução no exterior, suponho que toda a federação esteja alarmada após o ocorrido, principalmente em Dacka, onde provavelmente possa haver muitas fiscalizações e ação policial.

_Preocupante. - meneou a cabeça - Não podemos realizar este tipo de crime no exterior, os riscos são maiores e ofensivos.

_Realmente não será seguro. - concordou Ryah, o motorista - Talvez negociemos com os ourives à curto prazo. – sugeriu.

 _Não serão benevolentes... Como disse, o valor referido está relativamente fora do comum. Não quero sofrer prejuízos maiores. Contudo é razoável que nos certifiquemos sobre a ação da polícia. - explicou Flammer.

Metidos em uma grave enrascada, o Clube Barony deveria com urgência tomar novas medidas. E o primeiro assunto tratado seria o estudo detalhado sobre a atuação da polícia na cidade. Ainda no salão:

_Definitivamente não será possível a aquisição dos diamantes. - informou o tesoureiro do clube - Apesar do fundo insuficiente, deveremos congelar a conta bancária durante algum tempo, a polícia certamente investigará a movimentação financeira. - excluiu toda possibilidade de aquisição dos diamantes para suprir a encomenda pelas contas particulares.

_Pode existir a possibilidade de outras mineradoras inativas no exterior, entre as quais, podemos realizar a mesma técnica como na última missão. - comentou Ryah.

_Pouco viável. - contestou um dos capangas - Existem muitas mineradoras de diamantes no oriente, entretanto, a inativação é mantida sob custódia governamental.

Apoiou Jhason ao acenar com a cabeça e em seguida propõe:

_As chances de encontrar uma mineradora de diamantes nesta condição pode ser remota, de fato, muitas se encontram em pontos secretos e protegidas pelo governo, contudo, não descarto a possibilidade de encontrá-las.

_Não se limitem quanto ao diamante. - replicou Flammer - Existe a possibilidade em substituirmos o diamante por outras pedras-preciosas. Firmei um acordo antes do contrato e neste caso, podemos substituir a encomenda por outra porção equivalente ao valor efetuado. Porém, esta porção deverá ser relacionada à lista de artefatos exigidos pelo cliente, ou seja, somente algumas poderão fazer jus à troca.

_Neste caso concordo com Jhason, - Ryah se sobressai - teremos mais alternativas de fato, e também levanto a real possibilidade em conquistarmos os artefatos em barganhas com garimpeiros estrangeiros ou quem sabe... auto-exploração. Isto é, podemos sair em busca de pedras-preciosas nos lugares conhecidos como fontes minerais. Assim como as minas, são regiões mineralógicas onde se produz maior abundância de pedras-preciosas, como por exemplo, o ouro.

_Excelente idéia meu caro... mas devemos fazer a relação dos locais. Temos pouco tempo para as pesquisas e estas serão, definitivamente, as duas últimas alternativas. A busca por mineradoras inativas ou auto-exploração. Alguma sugestão? - perguntou ao finalizar.

O grupo concordou com o plano, mas Flammer ainda pensava na possibilidade em conquistarem as pedras no próprio território. Como meio de se prevenir da polícia, em seguida ordena:

_Portanto, desejo que se iniciem as pesquisas dos postos de atuação da polícia pelo catálogo de localidades e por notícias divulgadas em jornais. Alguns espiões enviarei para observar toda transição da polícia nos territórios adjacentes e quero que tragam todo o relatório da operação militar. - ordenou apontando cada um para sua respectiva tarefa após uma pequena pausa.

_Outra pesquisa também desejo a respeito dos oponentes que tramam contra o Clube Barony. - continuou - Dentre estes, deveram tomar bastante precauções contra uma facção vigente. Este é o grupo de Sebastian Pig, tenho recebido muitas cobranças.

Sebastian Pig também comercializava mercadorias ilegais, inclusive as drogas adulteradas que é o principal interesse para Flammer. Este seria o grupo que o importunava por causa de algumas dívidas que Flammer tinha acumulado ao longo dos meses.

Frequentemente este oponente e também sócio, saqueava suas mercadorias em compensação ao débito. O principal mandante Sebastian Pig, é um homem gordo e sagaz, bastante popular na cidade comandava uma extensa rota de caminhoneiros. Age com maior influência nas vias de tráfego para Índia, também em algumas pontes do golfo de Bengala e no transporte de barcos dos principais rios, o que debilitava as chances para muitos devedores inimigos.

Ainda na reunião Flammer prossegue:

_Esta pesquisa desejo que se faça imediatamente a fim de encontrarem alguma possibilidade de adquirimos uma quantia de diamante de peso similar à remessa anterior. Isto também evitará algum imprevisto nas nossas rotas para o exterior. Tenho plena capacidade em negociar a mercadoria, porém, será realmente difícil se o local estiver provido e monitorado pelos agentes policiais, os quais quero que investiguem, devemos estar precavidos.

_Tenho uma encomenda a ser fornecida e me restam três dias. – continuou - Não será possível a devolução do dinheiro à vista, conforme o acordo. Por outro lado, poderíamos ter planejado antes. Por falta de sorte exigi o pagamento antecipado e agora me resta convencer o cliente a estender o prazo estabelecido até que encontremos alguma saída.

_Se todas estas rotas estiverem definitivamente bloqueadas, não teremos alternativas. Teremos que partir para explorações em uma região bastante longínqua. Caso a extensão do prazo não seja aceita, talvez não tenhamos tempo suficiente para esta missão, podemos ser descobertos e forçados à fuga antecipadamente. – encerrou.

 

O ACORDO

 

Naquele mesmo dia depois da reunião, o terceiro após o acordo, Flammer decide ir novamente ao escritório de Ganiev para tentar uma nova proposta. Ele teria que convencê-lo a estender o prazo de entrega que fora dado em um limite de cinco dias. Novamente em frente ao prédio, Flammer aguarda a permissão de Ganiev que demora um pouco a atender, por estar ocupado com algum dos seus clientes pelo telefone. Após alguns segundos o empresário finalmente ordena a entrada do seu fornecedor e ambos se reencontram no escritório. Após a recepção Ganiev estende a mão para lhe oferecer lugar e em seguida pergunta:

_Diga-me a razão pelo qual recebo a honra de sua visita?

_Tenho más notícias... - dissimulou em tom de voz desalentado - Houve uma falha no gerenciamento das entregas dos nossos produtos e foram vetadas as encomendas mais recentes. – usou certo argumento para acobertar a verdadeira situação da entrega.

_Espero que isto não lhe seja muito constrangedor, portanto, o solicito a prorrogação do prazo da entrega de cinco dias para quinze dias.

Ganiev franzindo o cenho contesta:

_Definitivamente não posso prolongar o prazo! Cinco dias foram estabelecidos e já tenho feito o pagamento. As mercadorias deveram ocupar as prateleiras até o décimo quinto dia do próximo mês, tenho novos pedidos. - disse em tom áspero - Sem a mercadoria durante estas duas semanas restantes não haverá tempo para o polimento e a confecção das peças.

Ao ouvi-lo discordar, Flammer permanece por alguns segundos calado sem reação. Sabendo que não haveria outra escolha para se esquivar da provável indenização e da multa referente a ser cobrada, se caso tivesse que viajar para o exterior.

_Antes de tudo, devo-lhe desculpas, infelizmente não temos alternativas. Temos que prorrogar este prazo com urgência.

_Lamento, mas não posso voltar atrás, já tenho pedidos para a segunda quinzena do mês...

_Um minuto por favor. - solicitou uma pausa ao se reclinar para tomar seu telefone móvel do bolso - Farei uma breve ligação à um assistente. - levantou em seguida.

Em um determinado canto do escritório Flammer tentava ligação com um dos seus homens envolvidos na investigação contra a ação da polícia. Posicionado pela diagonal do ponto de vista do cliente, com o braço curvado apoiando-se sobre a cintura em baixo do seu blaizer preto e o outro sustentando o telefone sobre o ouvido, Flammer esperava a resposta da chamada. Após alguns segundos finalmente o capanga atende. Em um tom de voz baixo Flammer tentava absorver novas informações sobre a ação da polícia.

_Como andam as coisas? - o perguntou ao aproximar o telefone junto à boca evitando que Ganiev escutasse.

_Nada agradável, vários pontos da rodovia nas saídas ao norte e acesso à Dacka estão bloqueados por barreiras. Também tenho péssimas informações sobre a detenção de alguns ourives associados ao clube no centro-oeste da cidade. A situação realmente não está nada boa. – concluiu.

_Tudo bem, ligarei em breve. – desligou.

Retornou ao assento após a ligação.

_Era sobre a liberação das cargas, certamente a entrega se atrasará alguns dias.

Ele arrisca um novo acordo:

_Porém, consegui reduzir o prazo proposto para menos doze dias. Setenta e duas horas até que eu consiga solucionar o problema gerencial, isto é, se o senhor concordar? - perguntou diminuindo o prazo de quinze dias das cobranças para apenas três.

_Menos preocupante, posso aceitar! - concordou Ganiev mais aliviado com o prazo determinado pelo negociante.

Por ter sido bastante persuadido por Flammer, não queria perder a encomenda com um preço pouco a baixo do padrão, mas se sentiu receoso ao receber a proposta.

_Porém, segundo minhas folhas contábeis, o dinheiro foi depositado para tal finalidade sem nenhum direito a devolução, deste modo, exijo que a mercadoria seja entregue na data exatamente estabelecida. Isto corresponde ao dia trinta deste mês, o acordo fica sem hipótese alguma de alteração no prazo ou devolução do mesmo valor em dinheiro pelo qual foi pago a partir dessa alteração. - por algum momento suspeitou-se quanto ao prazo da entrega, e em seguida, omitiu a devolução do mesmo - Este é o limite máximo que posso aceitar quanto ao prazo da entrega. Certamente porei fiscais à sua procura e te cobrarei a devida multa e a cada dia serão acrescentados juros. - o ameaçou.

Três dias para Flammer seria útil na ajuda dos seus planos. O seu tempo estaria mais propício para realização das buscas, mas isto não aliviaria o árduo trabalho que deveria enfrentar nos dias seguintes. Seu problema maior não seria quanto a multa e os juros, mas o registro jurídico que foi completamente adulterado e não poderia ser de forma alguma descoberto. Após o novo acordo eles se despedem e Flammer retorna à sua residência.

 

A OPERAÇÃO POLICIAL

 

 No outro dia, após as investigações do grupo, constatou-se o bloqueio do comércio dos joalheiros. O contrabando estava esquematicamente agrupado, a apreensão dos cristais alarmou a polícia, as pedras preciosas também estaria se extinguindo com a ausência de cristais e com as vendas exteriores. Flammer tinha uma encomenda a ser entregue. Restava-o poucas horas até a entrega. Deveria providenciar a mercadoria o quanto antes à Ganiev e o prazo combinado estava perto em se esgotar. Não havia saídas, uma carga milionária foi confiscada e cada vez mais ele se exauria com os fatos. 

 No outro dia, após o acordo e agora com a operação da polícia, Flammer estaria prestes a ser descoberto pelo crime, inclusive pela falsificação do registro jurídico. Somavam-se quatro dias após o contrato e Flammer recebe novas informações de um dos seus agentes que foi incumbido nas pesquisas da influência policial. O interfone no exterior do próprio corredor do décimo oitavo andar onde Flammer vivia é tocado. Pela sua televisão ao lado ele reconhece seu agente. O visor emitia dois ângulos diferentes da câmera localizada ao lado de fora. Apenas apertando um dos botões no painel de controle, em baixo da mesa do escrínio, ele abre a porta eletrônica blindada de forro prateado à Ryah.

Este trazia consigo trechos de algumas notícias divulgadas em um jornal não muito popular. Embora não fossem notícias de manchetes e desprovidas de fotografias, eram relevantes e concisas. As tiras recortadas dentro de um envelope transparente plastificado foram postas em cima da mesa onde Flammer estava assentado. As notícias foram divulgadas em datas diferentes, mas em dias aproximados. Ambas tratavam de um mesmo assunto, que por sinal foi motivo de grande surpresa para Flammer.

_Então dois joalheiros aliados foram presos por não comprovarem a origem dos diamantes em seus estabelecimentos? - questionou frisando o cenho um pouco pensativo após a leitura.

_Talvez seja este o motivo da atuação policial nos arredores das minas. - sugeriu Ryah.

_Supostamente! Um de nossos agentes está foragido e foi justamente o negociador dos diamantes com estes dois indivíduos e as datas estão muito próximas do caso. - concordou o fato - Realmente deveremos tomar outras medidas para obter novas pedras preciosas e não perder nossos clientes. - concluiu, ordenando para que um de seus agentes continuasse com as investigações.

 Em pouco tempo Flammer tinha conseguido das mãos de seus agentes todo o relatório com um mapa onde havia indicações precisas de bases e influências policiais. De modo que, todas as rotas para conquistar o diamante no distrito, estavam completamente dominadas pela polícia, impossibilitando a progressão do grupo no ramo. Tudo parecia estar ligado à denúncias. A polícia armou-se coincidentemente nos principais pontos de acesso às duas principais minas do distrito, nas saídas ao norte e nas principais lojas de pedras-preciosas da cidade. A ocupação realizava fiscalizações freqüentes em joalherias, um verdadeiro caos estava perto em ser lançado, e algum crime intencionado pelo clube estava perto em ser descoberto.

A viajem ao exterior continuava ser a principal saída, porém, com a ação da polícia, o grupo estaria impedido de transportar as jóias, caso conseguissem encontrá-las.

Ainda no escritório do clube:

_Acha que as chances para roubar as jóias foram anuladas com esta operação da polícia nas joalherias?

_Não tenha dúvida Rajid, não temos a menor chance em enfrentar esta operação.

_Programarei uma nova missão em breve, não se preocupe não iremos falhar. - o despediu.

Após sofrer algumas percas tal como a parte da mercadoria de diamantes, parecia não haver outra solução, o clube estava confinado à viajem ao exterior em busca da porção de pedras para suprir a encomenda de seu cliente Ganiev.

Flammer inicia um novo plano de mantimento financeiro para não perder seus clientes joalheiros. As pedras-preciosas até aquele momento foram o maior recurso da sua renda depois das drogas adulteradas. Agora, não o restava mais nenhuma porção destas pedras, nem se quer guardado em um de seus cofres no banco. Toda porção das pedras de diamantes foram negociadas com seus aliados, ourives, artesões e grandes empresários donos de joalherias tal como Ganiev. Porém neste momento, após a intervenção da polícia nas mineradoras não o restava mais outro local adequado para captação das pedras-preciosas, senão no exterior, e uma mercadoria valiosa a ser entregue, no valor exato de cem gramas de diamantes, estava em jogo.

  

O PLANO

 

Por causa do domínio policial no distrito e da ligação direta entre outras unidades no território do país, Flammer planeja algumas possibilidades para captação de pedras-preciosas que poderiam ser diferentes do próprio diamante o qual era habituado a negociar. Este material também poderia ser captado possivelmente em território estrangeiro. O clube foi indiretamente intimado em todo território e o diamante também se tornava, substancialmente, escasso. Agora outras tentativas deveriam ser feitas, a fim de encontrar outras pedras que pudessem comprar a encomenda pendente à Ganiev, drogas para novos negócios e o sustento do clube.

No mesmo dia, o quarto após o acordo, Flammer se posicionava em um outro compartimento do apartamento, onde havia uma sala em cuja parede estava embutido a estante de livros. Guarnecido de vidro e moldurado de alumínio maciço, a biblioteca possuía seis prateleiras de madeira negra ornamentadas por curvas aleatórias. Em cada uma delas continha coleções diversas de revistas e livros, tal como, literatura, ciência e conhecimento internacional. Em frente da estante estava posta uma mesa redonda, feita da mesma madeira negra, exatamente posta no centro do imenso lustre de doze pontas. Era especialmente usada para a leitura de livros.

Dentre os livros, Flammer reuni revistas, atlas e enciclopédias. Todas as informações importantes sobre localizações geográficas e climáticas de regiões longínquas. Apenas o que poderia propiciar na captação de pedras-preciosas. Entre o conteúdo adquirido nas pesquisas alguns meses antes, a mesma pesquisa requerida pelo grupo quando Jhason encontrou informações secretas da mina desativada em Bangladesh, restaram ainda alguns artigos de informações complementares, mas nada que elucidasse a real importância.

Muitos informativos sobre mineradoras estrangeiras foram recolhidos, duas revistas geográficas estavam postas sobre a mesa. A Condé Nast Traveller, Smithsonian e a National Geographic. Uma lista em um catálogo atualizado fazia a relação de mineradoras ativas ou inativas, paralelamente Flammer consultava uma enciclopédia mineralógica que informava sobre a vegetação e a noção ambiental da área. Ao mesmo tempo comparava a lista emitida por Ganiev, dentre as quais, somente algumas pedras, além do diamante, poderiam fazer parte da negociação.

O ouro, por exemplo, seria uma das alternativas mencionadas pelo cliente. Após uma constante foliação de páginas intermitentes à procura pelos melhores índices, algo parecia clarear a preocupação do observador. Incluído na lista de pesquisas, a região do garimpo estaria localizado nas margens da cadeia de Khingan na região de Manchúria, extremo oriente. Com relação a tabela comercial de pedras-preciosas, a substituição pelo ouro seria necessário apenas algumas gramas à menos do que a porção combinada.

Porém, a atuação de garimpeiros seria bastante intensa, nada propício para as buscas. No caso de uma cilada surpresa, seria como enfrentar a própria região monitorada de Bangladesh. Outras notícias traziam informações sobre mineradoras inativas e propicias às explorações, porém, estariam fora do contexto programado pelo cliente. Contudo conseguiram-se, inicialmente, duas alternativas de lugares pouco explorados e que poderiam de fato fornecer o material pretendido.

Muitas gravuras auxiliavam no reconhecimento do relevo. Como fora dito pelos homens, não seria fácil encontrar informações sobre a inativação de alguma dessas mineradoras. Flammer finalmente definiu dois principais lugares para a viajem. Entre estes, seria a tal região de garimpeiros, que por estarem localizadas distantes das áreas urbanas e por pertencerem a empresas privadas, condicionaria paralelamente a ação do grupo.

A outra, localizada ao sul da Austrália, nas proximidades da bacia do lago Eyre, seria uma mineradora do próprio diamante inativa.

 Assentando sobre a cadeira, passava horas intermitentes ocupado com as pesquisas. Aqueles dois lugares ainda não eram suficientes. Em ambos as regiões, o grupo teria que, obrigatoriamente, enfrentar uma longa planície florestal. Quanto a região do garimpo, havia grandes riscos com a povoação local. Flammer pretendia algo fora deste impacto, no primeiro caso, a mineradora australiana continuava ser a principal solução. O mesmo método poderia ser feito como em Bangladesh.

Ele ainda insistia a encontrar algo incomum, realmente distante das piores circunstâncias. Com as mãos apoiadas na fronte permanecia pensativo. Algumas horas de estudos se passam, ao folhear as revistas, ele recolhe alguns artigos importantes. Embora já tivesse encontrado o manual geográfico australiano que também indicava a mineradora de diamante inativa, ainda não tinha definido o lugar mais viável. A busca por mais garimpos de ouro ou algo diferente dos diamantes seria o principal objetivo. Isto correspondia à um peso menor e mais facilidade de exploração. Em todos os casos, enfrentar os agentes de guarnição local e seus respectivos garimpeiros não seria tarefa fácil. Sabia-se que alguma região em breve seria encontrada entre os manuais geográficos.

Era tarde do dia quando Flammer interrompeu seus estudos para entrar em contato com um de seus sócios. Um antropólogo versátil em conhecimentos geológicos e tecno-ambientais, conhecido como Domini Gallas. Pretendia com isto criar conselhos sobre as regiões a serem invadidas. Este sócio poderia lhe revelar ótimas informações sobre a proposta ou talvez participar com o grupo à missão.

De origem ibérica, Domini, também envolvido no tráfico de drogas, era responsável por transportações clandestinas. Possuía uma extensa linha de aeronaves especiais.

Aprofundou-se em cursos de aviação russa, consequentemente, aprendeu sobre geologia tecno-ambiental. Conhecia sobre muitos recursos em várias partes do mundo. Possuía também, hangares secretos. Um destes estava localizado rente a principal represa da cidade. Muitos de suas propriedades também eram mantidas em secreto, seu estoque de drogas adulteradas estava coincidentemente escassa. Apesar de Flammer ter interrompido o comércio alguns meses atrás, ainda havia uma séria relação entre ambos.

Flammer realiza uma breve ligação ao seu sócio e diz a respeito do crime.

_Sr. Domini Gallas?

_Sim, em que posso ser útil?

_Sou Benayla do Clube Barony, preciso de um minuto da sua atenção.

_Ah sim... meu legendário Flammer, estou disponível, prossiga. - se contentou com a ligação.

_Bom, é sobre a operação da polícia, talvez, não tenha sido informado a respeito desta investida?

_Uma péssima operação, claro. Formaram bloqueios no tráfego ao norte em direção as altas planícies e em algumas saídas à oeste. Procuravam especificamente por caminhões de carga média, por este motivo fui forçado a alterar as rotas terrestres. As encomendas ao Afeganistão foram todas transtornadas. Agora devo fazer uma conversão pela saída ao Himalaia. Muito alarmante!

_Isto está acontecendo devido a um conflito com o meu pessoal. A princípio abandonamos as rotas do narcotráfico para abranger novas especiarias. A venda de diamante se tornou o nosso papel principal. Encontramos pedras de cristais exatamente sobre a rota onde a polícia se equipou após uma investida contra meus aliados na segunda viajem. Estes tiveram o insano descuido com a mercadoria, que por sorte, seria a encomenda de um dos maiores joalheiros de Bangladesh. Este cliente, por mera liberalidade, não me acometeu com denúncias...

_Protocolo falso? - adivinhou Domini por vão costume.

_Como os remédios em alguns casos. - os vilões costumavam emitir tais cópias a fim de garantir o acordo sob encomenda - Porém, tenho que entregar este pedido dentro de alguns dias. - disse em tom de voz áspero - Tenho poucas alternativas, preciso da sua ajuda.

_E a economia, afinal?

_Com o passar dos meses, antes da investida policial, adquirimos um grande pacote financeiro. Realizamos investimentos na Índia para sustentabilidade do clube, tal como a construção de uma matriz. Por outro lado, temos uma conta intransitável, não podemos fazer brusca movimentação financeira, podemos ser descobertos!

_Quebre o contrato e pague a multa, certamente descobrirão a cópia. – aconselhou.

_Não posso, segundo o acordo, estou impossibilitado à esta opção, o que delimita ainda mais minha busca.

_Infelizmente não posso lhe ajudar financeiramente.

_Não seria bem este tipo de ajuda. Necessito que compareça ao meu escritório ainda hoje para um breve diálogo.

_Claro, estarei disposto. Mas qual seria o plano?

_Entre outras opções, me resta o direito em substituir o tipo da encomenda para outra espécie de artefato. Ou seja, tenho uma lista de regiões em abundância desses minerais. Entre estas, selecionei algumas compatíveis às pedras exigidas pelo cliente. Se possível for, faremos uma grande invasão para saquear a porção equivalente, e talvez, pelo mesmo tipo de pedras, isto é, o diamante.

_Excitante! Mas no que serei útil?

_Quero que me ajude nesta pesquisa. Como conhecedor da ciência geológica, talvez saiba de reservas mineralógicas favoráveis à esta missão.

Passou-lhe a relação das pedras que poderiam ser conquistadas:

_Em contra partida, necessitarei de um de seus jatos para transportar as armas junto com as peças no percurso de volta.

_Interessante, - concordou – receio que haja uma ótima notícia entre os meus artigos que lhe será bastante útil.

_Esplendido. Estarei à sua espera.

  

UMA SOLUÇÃO

 

Poucas horas mais tarde Domini vai ao encontro a pedido de seu sócio. O interfone toca, Flammer o recebe contente e ansioso para saber a respeito da notícia. O charlatão em estilo próprio entra na extensa sala com uma pasta preta ao lado.

_Seja bem vindo. - o convidou com um aperto de mão - Estava ansioso à sua espera.

Logo em seguida o conduziu para a biblioteca no compartimento aos fundos. Sobre a mesa ainda permaneciam os artigos recolhidos por Flammer. Dois pequenos mapas geográficos postos em cima do forro aveludado faziam a discrição dos locais preteridos ao crime. Domini toma a ponta do mapa em cuja área discriminava a região mineral australiana e recebe as seguintes explicações:

      _Como lhe havia dito, estes são os prováveis locais em que pretendo realizar a missão. Este refere-se à uma antiga mineradora australiana na região centro-sul. Se encontra inativa à alguns anos, tenho recolhido importantes dados mediante à pesquisas, poderá ser como a última mineradora saqueada aqui no país. Porém este outro - catou o segundo mapa - refere-se à uma região garimpeira no oriente asiático. Poderá ser útil na descoberta de ouro, que por sorte, está incluído na lista do cliente. Neste caso terei maior facilidade em aniquilar os prováveis trabalhadores, por conseguinte, uma quantidade menor em relação ao diamante. Porém, precisarei da sua ajuda em relação ao aluguel de um de seus jatos em seu hangar.

_Não acha arriscado de mais? - o perguntou ao saber da pretensão criminal e ao notar a latitude do segundo mapa em relação ao país.

_Não tenho alternativas, o prazo para conseguir o diamante está se esgotando, a sua ajuda será essencial, a não ser que você me faça um empréstimo.

_Definitivamente não tenho condições.

Realmente Domini estava impossibilitado em ajudá-lo financeiramente, mas o aconselhou em seguida:

_Visto que em Bangladesh aderiu-se a monitoração bancária, talvez seria melhor sacar este dinheiro em sua conta na Índia?

_Impossível, todo o meu fundo foi depositado em conta nacional.

_Sinto muito, neste ponto não posso ajudá-lo. Porém tenho algo que poderá lhe abrir uma nova saída. - disse ao colocar sua pasta sobre a mesa.

_Aqui está. - contagiante, retirou de sua maleta uma revista exótica originária da Índia junto com um pequeno mapa expresso - Esta revista traz informações extraordinárias.

_Pouco tempo antes de concluir um curso geológico incluído na grade curricular de Aviação Aerodinâmica Russa, participei de uma palestra governamental na Índia, onde somente os alunos graduados tiveram o privilégio em conhecer sobre os assuntos prescritos neste documentário. - apontou a página após algumas foliações à procura do mapa.

Flammer frisou o cenho aproximando-se da página, ao mesmo tempo, contemplou o artigo surpreso. Após uma breve leitura se animou:

_Incrível Domini, isto é uma ótima ideia!

A revista pouco popular na Índia, uma raridade, quase restrita de muitos pesquisadores. Poderia ser a solução do entrave produzido pela indecisão de Flammer. A revista seria uma ajuda revelada por um antigo companheiro de tráfico, o então versátil, Domini Gallas. O assunto tratava de uma ilha indonésica na Baía de Jakarta, em cuja costa se encontra uma das principais ilhas vulcânicas do distrito, o Krakatoa. Uma ilha legendária, moldada por imensos cipestres. As gravuras pouco visíveis na página exibiam o relevo. Um pequeno mapa fazia uma rápida descrição e um pequeno índice informava sobre os principais minerais encontrados na ilha.

Ele passou a observar a região notando as imagens que mostravam as paisagens. Segundo as informações, se tratava de uma ilha pouco explorada, de uma arquitetura natural exuberante, dotada de cachoeiras, grutas e bosques. Uma ilha longínqua, cujos habitantes em suma, seriam uma tribo desconhecida não catalogada. À poucos anos descoberta, ainda estava em fase de exploração. Não havia muitos agentes, senão, um grupo de arqueólogos e cientistas. Além da delegacia da reserva florestal que construíra a pouco uma base para inspeções. Porém não era este o seu maior interesse em relação ao pedido. Não havia nenhuma informação que poderia dizer à respeito de pedras-preciosas.

_Mas, ainda não consegui identificar a região garimpeira. - disse ao mover o dedo sobre o mapa à procura de algum índice.

_Não, não. - Domini corrige - Trata-se de uma região em abundância de conchas e bivalves.

_Francamente. - pensou ser algo irônico da parte de seu companheiro - Que sentido faz estes minerais com o meu objetivo? - espantou-se contradizendo sua reação inicial.

_Talvez não saiba, mas estas conchas marinhas são os principais produtores de pérolas meu caro! Por sinal, está relacionada na lista que me passou pelo telefone.

_Afinal, quais são as probabilidades em encontrar as pedras nesta região?

_Muitas Flammer. Muitas. – replicou.

Um pequeno detalhe na legenda geral do mapa localizado no rodapé da página o despertou a curiosidade, soube que nesta região encontrava-se grande quantidade de conchas marinhas de fato. Talvez, se ele não tivesse sido informado sobre a origem das pérolas, que poderiam ser derivadas da concha, ele não teria se interessado tanto, mas por aquela certeza dada ao companheiro ele elegeu o mapa para suas pesquisas, porém ainda não era algo definido.

_Segundo a ciência as conchas são capazes de produzir pérolas de valor inestimável.

_Concordo, contudo, não há nada definido.

_Não se hesite companheiro, talvez esta missão, poderá lhe fazer pioneiro na extração das pérolas. Novecentos e quarenta milhas serão percorridas até a ilha. - o aconselhou ao rasgar destacando as páginas do assunto tratado.

Ainda sobre a mesa Flammer pega as folhas sobre as mãos de Domini:

_Mesmo assim penso ser arriscado alçarmos vôo à ilha. O caminho é muito distante da bacia de Jhava.

_Não tenha dúvida. - concordou Domini - um baixo índice de ruído externo do helicóptero para seis ponto seis decibéis será útil para concluirmos o trajeto sem muito incômodo.

_Reunirei meu grupo para um debate. Assim terei maior facilidade em definir o melhor lugar a ser perscrutado. Afinal, isto também é uma ótima sugestão.

O traficante também pensou na hipótese de captação de pérolas. Desde aqueles dias pensava em começar o comércio de um outro tipo de material, o que também poderia suprir a encomenda, como o ouro, por exemplo. Aquele mapa recém formado poderia ser um novo caminho para o tráfico mineral.

Seu estilo aventureiro permitiria a execução da tarefa. O seu fundo adquirido por seus negócios secretos, sacado em baixa proporção, contribuiria para uma suposta missão. Visto que muitos cristais foram apreendidos nas distantes montanhas onde tentavam saqueá-las em prol de uma encomenda. Outro fato que teria sido responsável pela investigação bancária da polícia, teria sido a causa pela interdição do tráfico dos remédios.

_Realmente estou satisfeito com esta informação, porém meu maior interesse é sobre o aluguel do jato. Quero que participe conosco na reunião, para juntos realizarmos a missão.

_Ah sim, estarei disponível para embarcar com o armamento, e claro, com as pedras na viajem de volta. No entanto, quero lhe aconselhar a perscrutar esta ilha. Esta notícia foi preservada e censurada sob custódia do governo indiano. Os indícios chegaram ao conhecimento de poucos curiosos que obtiveram êxito, estes, posso contar na mão. Devido a extensão dos lagos, creio na real probabilidade em conquistar estas pedras. Isto evitará que alcemos vôo sem o armamento. Certamente não teremos empecilhos quanto a garimpeiros locais. Mas tenho que adverti-lo a respeito do perigo circunstancial e da restrição do local, portanto, tenhamos bastante cuidado!

  _Não se precipite companheiro, ainda não há nada decidido, mas de qualquer forma, quero que embarque com o armamento, todo cuidado com os estrangeiros é pouco.

 

A REUNIÃO

 

 Em uma outra hora, pelo computador, Flammer gerenciava a maior parte dos seus negócios em planilhas. Sua dívida com Van Wilster era extensa e o dinheiro obtido pelo acerto prévio de Ganiev foi enviado ao sócio que absorveu um pouco mais da metade conquistada. Os diamantes captados de suas extrações antecedentes às apreensões tiveram que suprimir as contas bancárias, e todo restante deveria estar mantido intransitáveis. As contas secretas não poderiam de nenhuma forma entrar em vigor.

Flammer passava horas em frente aos mapas que havia encontrado das pesquisas, tentava achar uma saída para aquela situação. Os mapas foram plastificados e ampliados postos em rolos sobre uma moldura de ferro em uma das paredes da sala de reuniões ao lado da janela nos fundos para facilitação das análises. Três principais regiões estavam pré-requeridas, estas, foram elaboradas em um slide-show por um de seus assistentes. Um deles seria da Bacia de Java na Indonésia.

Uma segunda reunião foi marcada e novamente o grupo se encontrava reunido na sala. Antes da reunião, Jhason se antecipa para um diálogo particular com seu chefe. Com os braços cruzados, esperava pelo diálogo assentado após a permissão de entrada. O restante do grupo ainda estava por chegar. Flammer, porém, havia entrado em um dos compartimentos nos fundos. Jhason continuou imóvel a espera. O chefe breve retorna ao salão para atendê-lo. Ele se levanta no mesmo instante e se aproxima alguns passos, porém, um pouco afastado do primeiro degrau do altar.

_O que houve? Porque chegou antes do horário combinado? - perguntou Flammer ao esfregar as mãos para secá-las após um breve enxágue no compartimento nos fundos - Não partiu com os outros?

_Não. Queria comunicar-lhe algo importante.

_É a respeito do presságio novamente? - perguntou enquanto dobrava o colarinho da blusa.

_É... - no mesmo instante Flammer vira o seu rosto de lado - Mas acalme-se - disse Jhason ao estender a mão em sinal de pare. - Flammer retornou a frisá-lo com olhar fixo e o pergunta:

_Como pôde adivinhar aquela emboscada? Já disse que não acredito nas suas superstições, será que está envolvido nas denúncias?

_Não é nada disso. Acredite, esta pedra-jaspe me revelou outro presságio e este lhe será agradável.

No mesmo instante o interfone toca, era Rajid, um comissário vindo da Índia que passava uma temporada na região como assistente.

_Francamente. - ignorando o que Jhason dizia, moveu-se para abrir a porta por uma tecla automática acoplada ao escrínio e assentou-se em seguida.

_Perdi uma encomenda milionária devido a este mau presságio. Tenho agora que suprir este pedido e não quero sofrer outras conseqüências na próxima missão, portanto, acomode-se. - estendeu a mão em direção aos estofados.

Insistindo ainda em lhe dizer o presságio, Jhason continua:

_A previsão mostra que o grupo encontrará, de fato, as pedras-preciosas.

_Jhason, - replicou ao tomar de um pote preto ao lado do computador algumas relíquias de diamante - querendo ou não estarei com estas peças em minhas mãos, entenda. - disse e mostrou-lhe sobre a palma.

_É algo completamente diferente dos diamantes. Não pude notar com clareza o local da visão, porém pude frisar nitidamente a pedra encontrada.

_E qual seria o tipo da pedra?

_Escute, - empolgado a convencê-lo do presságio, assentou-se sobre a cadeira móvel em frente ao escrínio.

_Se sairmos à procura da pérola... Certamente a encontraremos em abundância.

_Como? - se espantou Flammer.

_Acredite...

_Talvez tenha observado as pesquisas que reuni para esta reunião enquanto estava nos fundos. Ou quem sabe, não ouviu de algum dos meus ajudantes – duvidou.

_Garanto que não, fiquei por conta, tão somente, em espionar a polícia. - contestou - Quer dizer então que, - Jhason prosseguiu ao saber que aquilo estava relacionado aos planos do chefe - a possibilidade em conseguirmos as pérolas está incluída em suas pesquisas? - o perguntou.

_Coincidentemente. Mas é um dos motivos que irei discutir nesta reunião. Ainda não tenho certeza se estas pérolas poderão ser encontradas. Um antigo companheiro indicou-me a região. Tenho pouca garantia em encontrá-las, inclusive pelo seu presságio.

No mesmo instante dois componentes apertam a campanhia, Flammer se desviando do assunto, se aproxima do seu monitor e os observa. Apertando a tecla permite a entrada.

_Sejam bem vindos, - os convidou à assentar em seguida.

Logo o grupo estava inteiramente reunido, Flammer retira seu blaizer escuro e o põe sobre a sua cadeira móvel, em seguida desabotoa três botões, desde o colarinho de sua camisa branca até o peito. Como de costume, ele se assenta sobre a mesa de mármore. Antecipadamente ele ordena que todos os telefones fossem desligados para evitar algum incômodo e com um perfil austero finalmente inicia o discurso:

_Estamos passando por uma mudança de planos. Outros recursos serão tomados para cumprirmos com a encomenda do Radiance e mantermos o negócio ativo. Mas isto não invalida o comércio de pedras-preciosas que poderá ser efetivado, possivelmente, pela extração de outras espécies. Estas poderão substituir o diamante em razão do contrato, que tem um preço estipulado referente à pedras-preciosas.

Ryah, um dos que estavam presentes discute:

_Não vejo região favorável em todo lugar do mundo, visto que é raro este tipo de pedra em cujo local não haja exploradores. São muitos os garimpeiros para tal função, teremos muitas dificuldades em saqueá-los. A não ser que haja uma ilha tropical isenta de perscrutadores.

_Acalme-se. - disse o chefe ao ativar o primeiro slide-show.

De repente focalizou-se as primeiras imagens.

_Este é o primeiro local estudado, faz referência a cadeia de Khingan na região de Manchúria, extremo oriente. Área em abundância de ouro. Teremos certa dificuldade com relação ao vôo interior, isto é, o local está relativamente afastado das áreas litorâneas.

Rajid, membro do clube e um dos mais experientes em explorações de pedras-preciosas, interrompendo supõe:

_Ainda prefiro saquear locais como a mineradora desativada.

_Tenho um modelo conveniente ao seu pedido. - ansioso ativou o próximo slide - Estas são as imagens da região sul australiana, uma das poucas mineradoras desativadas. Localizada próximo à bacia dos lagos meridionais. - logo em seguida ativa os últimos slides e prossegue - Esta região trata-se de uma ilha tropical indonésica na bacia de Java. Poderá ser explorada para conseguirmos pérolas, foi indicada por nosso companheiro Domini, que por ser uma ilha pouco explorada teremos menos dificuldade com garimpeiros.

Ryah discute novamente e insiste:

_Ainda penso que os diamantes devem ser a melhor alternativa, primeiro porque temos alguns meses de envolvimento no campo. O mineral foi bastante útil para o progresso do grupo nestes últimos meses, exceto os negócios com Sebastian Pig. Este menospreza o mineral, recusa a permutação e exige a quantia à curto prazo. Conforme a balança comercial, teremos que conquistar mais porções de pérolas em comparação ao diamante.

Um dos homens complementa:

_Isto não deixa de ser uma pedra apreciável pelos nossos então clientes ourives além de Ganiev, que aguarda uma encomenda dos diamantes. Penso que, não deveríamos anteciparmos fazendo muito investimento para pouca probabilidade. E depois, não deveríamos desperdiçar as pólvoras usadas nas mineradoras que foram conquistas. Lembre-se que nos arriscamos com trabalho e seria necessários os nossos equipamentos.

Mas antes que alguém divergisse Flammer termina:

_Não será necessário muito esforço para realizarmos o plano, bastará investir em novos equipamentos. O armamento será transportado por nosso companheiro Gallas. No caso desta mineradora, teremos que levar muita pólvora para as dinamites. Como podem ver selecionei estes dois mapas para analisarmos a melhor alternativa. - disse apontando-os na parede - Um, como Ryah disse, mostra um pouco da ilha. Os problemas a serem enfrentados serão a tribo, a reserva florestal e fora isto temos a alta pressão atmosférica. - disse apontando a legenda - E este outro mapa ao lado, trata-se da bacia australiana, se escolhermos a ilha e não formos bem sucedidos quanto as pérolas, será o método provisório adotado, e consequentemente retornaremos à mesma tarefa dos diamantes como anteriormente. Van Wilster e Sebastian Pig não nos permitem mais encomendas em prol das dívidas. Mas com o crédito adquirido em negociações com outros aliados, os equipamentos breve serão adquiridos.

_Alguma sugestão? – concluiu.

Jhason, um dos espiões na escala, acrescenta:

_É exatamente por Sebastian negligenciar o mineral que concordo com a nova busca por pérolas. Suponho que não devemos nos limitar apenas à encomenda de Ganiev, mas devemos abranger os negócios com quantidades extras. Tenho plena convicção em conquistar esta quantia.  Certamente com o comércio de pérolas, um material valorizado e produzido com maior intensidade, atrairá o interesse não só de Sebastian Pig para novos negócios, mas dos grandes proprietários de joalherias. Teremos maior expectativa e lucro por ser uma pedra procurada por muitos ourives no ramo. Além disso, não devemos invalidar a influência da polícia, que breve anunciará sobre os diamantes, quando Ryah abandonou o carro onde também estavam os equipamentos. Isto não acarreta apenas a transição bancária, como também a aquisição do material.

Flammer explica:

_Quanto a Ganiev não deveremos nos preocupar, além de permitir a prorrogação do prazo de entrega para mais três dias, ele não se importará em receber artefatos de outro tipo. Com as pérolas podemos substituir o diamante, entretanto, deverá ser por quantidades maiores.

Muitos outros aliados que estavam presentes concordaram.

_Providenciarei a cópia detalhada do mapa e também farei um convite à um aliado. Juntos partiremos vôo de Dacka rumo à Jackarta na Indonésia. Providenciarei um helicóptero disponível e quero que toda a linha de equipamentos e os acessórios sejam encomendados ainda nesta semana. O modelo será um Colibri. Nos surpreenderá pelo conforto, pela potência do motor Arrius 2f, pela excelente visibilidade e pelo nível reduzido de vibração. Além disso, desejo que se encerrem todos os negócios com respeito aos diamantes na cidade.

Rajid um dos agentes envolvidos nas pesquisas de localização policial diz a respeito:

_Isto pode ser algo prático, mas os agentes que trabalham em outro âmbito sabem que para os demais traficantes será uma pedra desvalorizada em comparação ao narcotráfico. A intenção é arriscar-se para encontrarmos uma pedra valiosa como o ouro e cumprir o prazo proposto por Ganiev.

Ryah diz:

_Não tenho muita expectativa, a área a ser explorada, de acordo com o mapa à frente, consta alta pressão atmosférica.

_Talvez a região australiana nos traga maior resultado e seja melhor para pouparmos tempo e cumprir o prazo de Ganiev. Quanto aos equipamentos, me refiro aos nossos sócios.

Flammer fez uma pequena pausa, ainda assentado sobre o escrínio, reclinou a cabeça pensativo. Recordou-se por algum momento do presságio dito por Jhason, as opiniões se divergiam e ainda não havia nada definido, a comparação do preço, a localidade, as negociações, tudo parecia estar contra a missão. Mas a captação de pérolas, em poucas probabilidades e conforme o sonho de Jhason, parecia ganhar maior interesse. Poucos segundos se passam e ele encerra:

_Não nos importam os sócios, eles certamente se interessaram por pérolas como qualquer outro ourives. – o grupo inicia um debate unânime entre os bancos, mas concordam com a decisão - Poderemos criar vínculo com novos proprietários de joalherias e agregar outros clientes. Embora os diamantes tenham se tornado raros por causa deste período de ausência quanto a mineradora, não houve tempo ainda suficiente para serem procurados com maior valiosidade. Além disto, temos pouca quantidade a conquistar contra muitos riscos a serem enfrentados na mineradora australiana. Continua sendo um recurso auxiliar até que firmemos o novo comércio. Mas faremos preferencialmente a busca pelas pérolas.

_Para esta missão selecionarei três entre o grupo para acompanharmos um outro sócio de três aliados. E estes serão Rajid como piloto do helicóptero, Jhason e Ryah Uzmiel. O restante estará incumbido nas pesquisas meteorológicas de ambas as regiões. Quero que me tragam, sem embargo, informações sobre o tempo das principais regiões nos arredores. Certamente utilizaremos um helicóptero como transporte e não quero arriscar a respeito do que nos diz o mapa. Como disse farei contatos com certo aliado. A aquisição do transporte será feito ainda esta noite e breve... estarei com as passagens nas mãos.

Um grande estigma estava em jogo, pela segunda vez Jhason relata a respeito de um sonho, que de acordo com os presságios, trata-se dos fenômenos místicos da pedra-jaspe. A pedra novamente o correspondia através do sonho. O primeiro presságio foi evidente, os cristais de fato, foram apreendidos como previsto. Tendo parcialmente considerado a visão referida, Flammer decide uma missão à Indonésia em busca das pérolas que não foram notificadas nas publicações pela imprensa. Mas instigado pelo conselho de Jhason e considerando o prazo para a captação das pedras-preciosas, decididamente ordena o grupo para a missão. Àquela altura do assunto a viajem à Austrália já lhes parecia ser menos vantajosa.


O CONVITE

 

Flammer pensava ser necessário alguém mais incluído na missão além dos seus próprios escolhidos, e ninguém poderia ser, senão Nycolas Tolledo. Um outro traficante, de renome, e que também fazia parte dos negócios secretos. Um bom aliado, que por muitas vezes comprava suas drogas adulteradas para venda ilegal. Envolvido no narcotráfico internacional, já havia participado algumas vezes nas negociações de diamantes com Flammer. Mas por pertencer à um outro tipo de negócio e pela sua pouca resistência na busca, preferiu não entreter-se nos assuntos mais particulares.

No mesmo dia, o quarto após o contrato, Flammer faz uma ligação ao seu aliado. Com um diálogo convincente e motivador o diz sobre a missão:

_Então fale Nycolas, como estão as suas economias atualmente?

_Nada agradável, ainda não consegui acertar as contas com um antigo sócio traficante da Índia setentrional.

_Não se preocupe, não vou lhe cobrar aquela dívida criada no semestre passado. Tenho novidades, um novo esquema como a extração do diamante para melhorar nossos negócios.

_Esquece os esquemas, alguns dos meus comparsas estão foragidos devido um bloqueio na saída ao norte. A equipe de polícia age cada vez mais eficaz na cidade.

_Não é bem isso que estou falando, é algo mais seguro e prático. O local, além do mais, será no exterior.

_O que poderia ser?

_Uma ilha tropical inabitada, que poderá nos fornecer grandes quantidades de pérolas.

_Pérolas! - disse Nycolas interessado devido a valiosidade da pedra e ao mesmo tempo incerto quanto ao local a ser explorado.

_Não posso me assegurar. Como nos envolveríamos no meio de uma floresta perdida?

_Simples meu caro, tenho uma ordem de encomenda dos equipamentos necessários, além do modelo do mapa geográfico das principais regiões desta ilha. Encontrei isto em um artigo de uma revista indiana fornecida por Domini Gallas. Teria sido descoberta poucos anos atrás. Segundo as informações sobre minerais na ilha, tenho recebido a notícia de que há quantidades consideráveis de conchas e ostras nos arredores. Isto pode significar um bom lugar para exploração de pérolas, visto que em todas as outras áreas propícias onde encontrei alguns registros de minerais e pedras-preciosas, estão ocupadas por garimpeiros ou mineradoras.

_Quais são as probabilidades?

_Biologicamente, o vestígio da substância encontrada em conchas resulta-se na origem da pérola. Uma reação química à um simples resíduo de areia no interior da concha pode originar a preciosa pedra. Por este motivo estas áreas de incidência calcária são muito habitadas. De acordo com as informações sobre exploração da ilha, não teremos muita dificuldade com indivíduos no local. Existe um grupo de cientistas arqueológicos, uma base militar ocupada por agentes da reserva florestal, uma tribo desconhecida em pequenos povoados nos arredores, de origem aparentemente indígena, e algumas outras informações previstas para pescadores na captação de ostras na parte litorânea o que não será empecilho para nossas perspectivas.

_Então me diga quando? - disse interessado a respeito.

_Em breve, quando as passagens chegarem. Ordenei a compra de cinco ingressos. Temos que aproveitar o clima que estará em baixa pressão atmosférica, assim facilitará a locomoção do helicóptero que será alugado na ilha de Jhava. O comunicarei quando for o momento.

_Estarei esperando sua ligação.

_Mas antes, espero que você me ajude nas investigações. O encontro será em meu apartamento hoje à noite.

O convite foi aceito e Nycolas no mesmo dia à noite o encontraria em seu escritório para acompanhá-lo nos estudos geográficos para identificarem as melhores rotas e localidades de áreas onde supostamente se encontrariam as pérolas. Cinco passagens foram disponibilizadas e o grupo estava totalmente definido. Antes que o interfone externo fosse tocado, Flammer, já a sua espera, abre a aporta ao vê-lo pelo visor do monitor. Ele entra e ambos se cumprimentam. Após as saudações Flammer o convida para um gole de cappucino, ele aceita a xícara agradecido, após o seu gole experimental Nycolas pergunta:

_Então mostra-me, como é a ilha?

Flammer fazendo-o se aproximar do rolo, ergue a mão em direção ao painel de ferro e em seguida estende o mapa.

_Este é o local. - disse apontando-o.

No escritório em frente ao mapa ambos analisam o território asiático, primeiramente seriam feitos estudos sobre o clima. Mas a controvérsia seria a respeito do pacote de viajem. O grupo havia discuto o melhor plano e criaram alguns contatos. A viajem seria feita pela linha Airlines até o Aeroporto Internacional de Seychelles em Jakarta capital da Indonésia e de lá partiriam à ilha pelo helicóptero que naquela mesma noite pôde ser alugado por meio de um contrato prestativo. Uma agência na Indonésia serviria na locação de um carro e um helicóptero da linha EC120, um helicóptero monomotor leve e polivalente com capacidade para quatro passageiros e um piloto. Foi projetado de forma a oferecer uma grande flexibilidade de utilização aos seus usuários. A base de pouso e a partida estariam sobre o último andar de um prédio comercial popular, o Imperial Arch Rosert, situado próximo do Aeroporto Internacional. O local facilitaria a transição do grupo, evitando qualquer retardamento do plano e possível suspeitas.

Tudo estava praticamente incluído, um helicóptero fora encomendado naquela mesma noite. Embora houvesse uma modificação do fuso horário em relação à hora apropriada na Indonésia, ainda assim foi possível realizar uma ligação conveniente. A encomenda pode ser perfeitamente paga pelo cartão de crédito, e por uma folha de fax emitiu-se a nota fiscal confirmando o aluguel efetuado. Entre os equipamentos de escaladas que seriam investido na missão estariam inclusos isolantes matrazes para proteção do corpo do solo áspero e das irregularidades do terreno, sacos de dormir que poderiam ser ajustados à uma porchete, pistolas semi-automáticas, estacas para fixação das cabanas, longas cordas de nylon, arnês, mosquetões descensores e ascensores, grampos, nuts, costuras diagonais, cantis, microfones, walk-talking transmissores com tecnologia infra-vermelho e todo tipo de peça que fora fornecida através do pacote de encomenda.

Sem informações dos recursos usados pelo Clube no transporte das pedras, Nycolas acrescenta:

_Mas temos um problema quanto ao embarque das pérolas, caso elas sejam encontradas na bagagem. Não teremos como justificar o transporte da mercadoria e ainda que seja em pouca quantidade, certamente seremos interceptados por agentes federais.

_Quanto a isto não devemos nos preocupar. Conheço um aviador que trabalha com vôos clandestinos, seu nome é Domini, possui um galpão no limiar da represa aqui na cidade. Ele levará as bagagens de um hangar em Jackarta pertinente à uma organização secreta. Alguns espiões da Al-quaeda irão acompanhá-lo no pouso, irei contratá-lo para trazer as pérolas em um pequeno jato.

_Sinceramente este tem sido um ótimo plano, nunca antes em minhas aventuras pude esperar por esta surpresa. Com certeza a missão será infalível em busca das pérolas. - disse Nycolas motivando-o.

_Mas diga-me, qual o motivo do transtorno e a mudança repentina? - perguntou-o após um gole de cappucino.

_Trata-se de uma encomenda feita por um de meus clientes, na verdade fechei o acordo de diamantes com o pagamento antecipado. Acreditava que na mina em Bangladesh iria encontrar a quantidade requerida, no entanto tivemos o problema com a operação policial. Um bloqueio inesperado confiscou o caminhão dos cristais em que dois dos meus homens foram perseguidos, de sorte, fugiram a tempo. Era de se suspeitar, esta patrulha já havia confiscado uma pequena porção das pedras no mês passado.

_Realmente, você havia me dito a respeito do incidente.

_Mas não pude deixar de aceitar o cheque. No mesmo dia recebi uma cobrança de Van Wister um rico sócio urbano, e deveria negociar o dinheiro à tempo. O pagamento foi feito sem direito a devolução. Aceitei, mesmo sabendo da operação policial. De acordo com o contrato feito, eu teria um período prévio da entrega de uma mercadoria referente à pedras-preciosas no prazo de cinco dias.

_De sorte não foi mencionado na nota o tipo do artefato, assim, após sermos surpreendidos pela segunda vez com a encomenda pela polícia nas colinas ao norte e antes de qualquer acordo com questão a uma substituição casual do produto, já fora insinuado a exigência clara de pedras-preciosas de qualquer espécie. Agora vejo a pérola como único meio para substituir a porção perdida.

 Bastava agora dois dias para a partida do vôo e o grupo em breve estaria se arriscando em uma ilha paradisíaca e inexplorada à procura de pérolas em meio ao prometido emaranhado de conchas que segundo informações é o material mais comum por aquelas regiões.

Um dia posterior, o quinto dia, em seu escritório, Flammer se reunira com sua equipe para falar sobre os planos.

Aos dois escolhidos, exibe o contrato da locação do helicóptero e recebe devidamente os equipamentos exigidos em algumas embalagens específicas.

_Vamos, ajude-me com estas embalagens. - ordenou aos dois quando as peças foram postas do lado de fora por correspondentes de venda.

Rapidamente Rajid e Ryah ajudaram-no com as caixas, enquanto isto Flammer dialogava com Domini na sala de estar. Os uniformes e as peças foram sendo conferidos e tudo estava sob perfeito plano. O investimento poderia ser muito, mas ele não hesitou em arriscar-se na busca do material. Somente três dos que estavam reunidos foram escalados, e necessariamente estariam bem armados para qualquer investida contra os agentes da reserva florestal, ou supostamente uma tribo que os surpreendesse. Isto já era costume de ambos, que por algumas vezes utilizavam armas para se protegerem de mercadorias e bens. Mas agora, na situação de risco em que o grupo se encontrava, em que todos os diamantes praticamente se encontravam dissolvidos, não bastava mais o armamento senão para uma missão como esta.

A bagagem seria transportada com Domini, o aviador, para isto Flammer havia instruído as ordens. O plano seria encontrá-lo no Imperial Arch Rosert, mesmo prédio aonde o grupo sairia com o helicóptero. Domini ficaria hospedado até o término da busca, e o jato estaria estacionado em um hangar similar. Além do armamento que não seria mais do que seis pistolas para cada respectivo integrante, haveria também, no caso da descoberta, o perigo com a porção das pérolas na viajem de retorno. Mas isto não seria problema para Domini que tem como experiência tal meio de transportação. Teria adquirido acordos para o pouso no envolvimento com uma rede terrorista popular de Jackarta, a maioria, pertinentes à Al-quaeda.

A compra das passagens foi feita para o embarque do dia posterior. Não seria adequado o horário entardecido, mas as passagens indisponíveis para aquela mesma manhã do quinto dia, transtornaram a expectativa da equipe. Estes pretendiam realizar o embarque o mais rápido que pudessem. Sem alternativas, a viajem foi circunstancialmente prorrogada. Talvez o grupo não encontrasse tempo suficiente para cumprir a missão em uma viajem na tarde do dia. Se isto fosse possível, mesmo assim, seria preciso a extensão do prazo. Este primeiro incidente estava juntamente relacionado à precaução de Flammer, e agora o grupo teria apenas mais três dias de buscas.

Na sala de visitas, Flammer tentava mostra-lhe o local do Imperial Arch Rosert.

_Esta é a rua onde deverá nos encontrar por volta de oito horas da manhã. - indicou o hotel em um pequeno mapa - Este é o horário previsto para a chegada à Indonésia. Sua hospedagem estará por minha conta. Quero que fique em alerta, qualquer problema o acionarei para o resgate.

_Não haverá problema, conheço grande parte desta região, apesar de nunca ter ouvido a respeito da ilha antes.

_A formação de arquipélagos é constante em regiões vulcânicas. Muitas tendem a se reproduzir e em poucos séculos desaparecessem.

Interrompendo o assunto Flammer se levanta para catar uma pequena caixa prateada em uma gaveta de uma das estantes de um móvel rústico embutido na parede central da sala. Ele a coloca sobre a mesa e abre em seguida:

_Estas são as armas que deverão ser levadas.

_Magníficas. Com certeza, não deixarão rastros de garimpeiros ou agentes.

Neste mesmo instante, os dois ajudantes surgem na sala.

_Tudo pronto, colocamos os equipamentos nas malas.

_Perfeito, partiremos em breve. - ainda de pé, Flammer trava as fechaduras da mala.

Enquanto o grupo seguia para o hangar de Domini para examinarem o local e os jatos, Jhason dialogava com sua namorada em uma das mesas do shopping em frente à um enorme chafariz de água no setor principal. O assunto seria a respeito de uma eventual festa de um familiar de Rachel, sua atual companheira. Querendo convencê-la de que sua presença não seria viável, criava argumentos para não dizer sobre o real motivo e o que poderia acarretar o relacionamento. Apoiando suas mãos sobre as dela, ele decidi:

_Definitivamente não posso ir.

_Então diga a razão para que eu não sinta remorso?

Querendo se prevenir do conhecimento sobre sua atuação no Clube Barony e da preeminente viajem do grupo à Indonésia, Jhason decide revelar o fato instigado por aquela situação:

_Tenho uma missão a cumprir à mando do chefe e não posso falhar.

_Incrível, porque não havia me comunicado antes?

_Esta tarefa foi uma ordem inesperada. Não tive escolhas. Tenho que cumpri-la em tempo indeterminado, não sei se me restará tempo para comparecer ao local.

_Compreendo, irei sozinha assim mesmo. - disse enternecida.

_Não, - estendeu as mãos sobre o ante-braço de um modo bastante estranho - Aquela pedra-jaspe que lhe mostrei. Constantemente me revela visões e estou ficando sobrecarregado com isto. Não quero que vá à festa.

Sem saber o motivo daquele estranho pedido, Raquel questiona:

_Por qual razão? - perguntou espantada.

_Bom, na verdade é que, desde a primeira visão dita ao meu chefe tenho sido desprezado. A emboscada trouxe grandes transtornos. Novamente tive outra visão, porém, em benefício do grupo. Fui selecionado à próxima missão, talvez por este motivo. Infelizmente não posso entrar em mais detalhes.

_O que há com as visões que lhe sobrecarrega, Jhason? - perguntou chateada, percebendo que ele a escondera algo além destas visões - Não poderei ir à festa? - se aborreceu intimamente.

Esta não seria necessariamente a cisma de Jhason. Uma nova visão havia se passado na manhã seguinte após a reunião e isto o obrigava convencê-la a se ausentar da festa.

_Estarei ausente, por isto também quero que não vá. Por favor, me entenda!

_Não posso deixar de ir, - soltou-se das mãos de Jhason - é uma festa importante. Nunca reagiu assim antes, o que houve?

      Jhason no mesmo instante se reclina para se apoiar na cadeira. Pensativo tentava frisá-la com os olhos tampados por um óculos escuro.

_Tive outra visão.

_Mas o que isto significa?

_Isto significa que se for à festa, certamente me trairá.

_Como? - se estranhou Rachel - Confiaria mais nesta visão do que em mim?

_Escute Raquel, talvez se lembre quando lhe disse que me titubeei ao encontrar a pedra-jaspe e como de fato a encontrei. E agora sobre como o grupo entrou em uma emboscada. Tudo devido aos presságios. Acredite.

_Eu tenho plena segurança Jhason. Sinceramente não posso deixar de ir. - disse ao ignorar a visão.

_Tudo bem, mas quero que vá sob uma condição.

_Pois então diga?

_Quero que aceite a companhia de um amigo. Seu nome é Elijah.

_Concordo, mas dê-lhe o convite e o encontrarei na festa.

Jhason toma os convites sobre a mesa e ambos continuam o diálogo. Embora isto tivesse marcado em sua mente, para Rachel parecia ser uma mera invencionice em razão do ciúme, mas Jhason sabia que as premunições estavam sendo constantes e cada vez mais provável do seu efeito.

 

A VIAJEM

  

Um dia depois o dia surgiria propício para o início de uma viaje emocionante e também perigosa pela razão de encontrar-se no mesmo local um povo nativo e desconhecido, além das demais adversidades. Antes da saída havia sido feitos estudos a respeito da melhor rota adequada. O impresso do mapa principal ainda era incompleto. Havia partes inexploradas, o clima vegetativo e extenso não permitia perfeita visibilidade dos povoados e das áreas planas. Não se sabia exatamente a origem da tribo, mas era uma preocupação menor. Sua extensão seria pouco similar à ilha de Christmas, uma ilha na Indonésia localizada entre a baía de Jarkata e o mar de Java, dotada de uma mesma planície vulcânica. Localizado à cerca de três mil cento e cinqüenta quilômetros da costa.

Eles aguardavam a chegada de Nycolas que operava em outro departamento localizado próximo do prédio. Os grupos se reencontram, Jhason, Rajid e Ryah estariam com Flammer enquanto Nycolas viria com seu parceiro Said, também possuía a habilidade como piloto de helicóptero. Todavia a condução do veículo estaria sob a responsabilidade de Rajid. Ambos cumprimentam-se e Flammer comenta tocando-lhe nos ombros:

_Nada melhor como a lua cheia para preceder esta manhã de clima agradável Nycolas... Isto será bom para operarmos o plano com segurança.

_Espero que não falhemos.

_Posso assegurá-lo. A previsão do tempo não falhará. Certamente haverá estabilidade em toda a Ásia meridional.

_Mas me refiro em não encontrarmos algum vestígio de pérolas.

_Razoável seu receio, mas não podemos hesitar, se não conseguirmos encontrar as pérolas, estarei endividado em dobro e ameaçado pelos fiscais que serão acionados a minha procura.

 Um vôo normal ocorreu na parte da manhã. A intenção seria permanecer na ilha em menos de setenta e duas horas. Por isto estavam incluídos no equipamento, além de mantimento, barracas para acampamentos, cordas e ganchos para fazerem subidas em morros íngremes.

Após uma viajem exaustiva, eles chegam ao Aeroporto Internacional de Seychelles de Jakarta localizada na costa noroeste da ilha de Java na Indonésia. O avião pousa lentamente sobre a pista de chegada, como previsto, cerca de oito horas da manhã. Após o desembarque, o grupo acessa o prédio Imperial Arch Rosert onde estava localizado a base onde se encontraria com o proprietário do helicóptero. O hotel possuía uma entrada excêntrica. Uma ornamentação em detalhes saddlebrown, um tipo de cor marrom-rústico. O conjunto cumpria com a fachada central revestida de granito fosco cinza. Algumas pilastras externas concluíam o modelo modernista implantado com as molduras internas foliadas de prata. Toda decoração simpatizava-se com a plantação de entrada. 

O helicóptero alugado se encontrava no mesmo hotel em algumas ruas paralelas ao local da chegada. Domini, que havia feito a viajem antecipadamente, assentado em uma das poltronas do hall, aesperava pela chegada do grupo. Ao encontrá-los, cumprimenta-os e, de modo bastante discreto para não levantar suspeitas, discutia sobre a missão. O objetivo seria permanecer hospedado até o retorno.

Antes da partida do vôo Flammer se encontra com um outro grupo local no saguão do prédio. Eles estariam usando disfarces, e foram avisados por Domini que notificou a vinda de Flammer. Estes formavam um conjunto de três homens, usavam roupas sociais largas e burcas em torno da cabeça, típico de árabes.

Por pouco tempo estiveram juntos discutindo sobre assuntos secretos em um dos sofares do hall. Seriam integrantes da Al-quaeda, tinham envolvimentos nos negócios em Bangladesh. Este grupo disporia o hangar secreto para o embarque do jato quando as pedras estivessem em mãos. As armas e algumas outras negociações poderiam ser feitas se caso obtivessem as pérolas desejadas. Um pequeno álbum de capa preta de oito centímetros mostrava os modelos mais sofisticados de armas. No entanto, o grupo de Flammer já havia adquirido o armamento transportado com Domini.

_Nosso armamento está definido. - recusou Flammer ao receber a oferta de uma Scoult e uma HK44.

_Mas devo adverti-lo sobre a incidência de fuzileiros nas ilhas do Oceano Indico e prováveis animais selvagens. - insistiu o líder entre os três membros da Al-quaeda ao fechar o pequeno álbum que estava posto à vista de Flammer.

_Temos a segurança de que a ilha se encontra pouco explorada, as armas serão suficientes.  Quanto as pérolas, somente se a quantia ultrapassar o valor a ser pago ao joalheiro. Temos uma encomenda a ser feita e não podemos entrar em negociações antecipadas.

_Bom, as chaves se encontram com Gallas, estarei disponível a qualquer missão. - o entregou um cartão de visita que mostrava seu registro de contato.

Até agora tudo estava sendo negociado através de créditos e somente a sorte de encontrar as pérolas poderia fortalecer a economia do grupo. A conversa entre os traficantes não foi demorada, rapidamente eles se despedem. Os cinco integrantes tomam o elevador rumo ao terraço, Jhason permaneceria no hotel com Gallas. O helicóptero cromado fosco com linhas paralelas vermelhas e brancas até a traseira, não possuía símbolos ou descrição de marcas.

Ao redor da área de pouso havia um círculo amarelo delimitando o veículo. Do lado da entrada por aonde o grupo chegou havia três compartimentos. Um banheiro, uma dispensa para armazenar os utensílios pertinentes ao helicóptero e um depósito vazio.

A viajem até a ilha seria prolongada. O sistema de alta tecnologia instalado no helicóptero não os permitiria algum erro. As coordenadas geográficas foram apuradas com precisão. Ventava muito e as roupas eram fortemente sopradas pelo vento. Said, companheiro de Nycolas, se aproximava do veículo para vistoriá-lo. Pela porta de passageiros ele acessa o interior. O embarque era facilitado pela abertura das portas da cabine e pelos amplos degraus de acesso. Tudo parecia pronto para a partida. No painel de controle, de acordo com a medida do gasômetro, o helicóptero estaria pronto à percorre quinhentas milhas. O reabastecimento seria feito em uma ilha antes de Kelling. Bastante moderno, o Colibri possuía um sistema de alimentação de combustível secundário e assentos macios e resistentes.

Ryah se aproxima de Flammer para comentar à respeito da viajem.

_Pelo que vejo o helicóptero será bastante eficiente. Observei os tanques do combustível e realmente estão preenchidos. Afinal, qual será a distância percorrida da capital à ilha?

_Ânimo companheiro. Quatrocentos e cinqüenta milhas serão percorridas até uma ilha anterior. Nesta área encontraremos um posto para reabasteceremos e continuarmos com o restante do trajeto. Como pode ver, no painel do helicóptero existe um sistema automático que nos conduz à latitude ideal ao local da primeira ilha. No entanto, após o primeiro pouso teremos que assimilar as coordenadas ao paradeiro do local pretendido, baseando-se na longitude da última ilha do Oceano Índico. Esta área é totalmente desconhecida nos mapas, e a localização da ilha de Kelling será ideal.

 Em seguida os cinco integrantes acessam o depósito. Um tipo de vestuário em cujo interior haviam apenas algumas estantes cimentadas e cadeiras fixas no solo. O embarque das bagagens também seria rápido, duas portas de acesso ao bagageiro, acomodariam cinco malas grandes.

Das malas eles tomam os acessórios e se vestem com o uniforme adquirido. As vestimentas seriam um conjunto de roupas pretas, blusas de mangas cumpridas do tipo tactel, se ajustavam ao longo do corpo a fim de proteger a irregularidade hídrica e atmosférica, calças com bolsos auxiliares para depósito de munição e ferramentas, além dos coletes balísticos à proteção de balas. Os cintos com suspensórios para coldres de neoprene, cantis polietileno e objetos para alpinismo, foram devidamente ajustados ao corpo. Havia também óculos escuros com saída para microfone para a transmissão do rádio. Entre os equipamentos de escaladas havia todo tipo de peça que poderia ser necessária à progressão através de paredes rochosas ou cachoeiras.

As botinas negras eram amarradas naquele momento, dois componentes apenas, que seriam o piloto e o co-piloto, ajustavam os óculos escuros e as luvas às mãos. Enquanto o restante estaria incumbido na observação aérea. Uma luneta Red-D30 titan, seria umas das ferramentas usadas entre os tais. Rajid estaria sob o comando e Flammer ao seu lado estaria como auxiliar.

  

A ILHA

 

      Eles sobrevoam o mar de Java ao leste da ilha. A princípio, após muitos quilômetros percorridos, o grupo acessa a primeira ilha. No intervalo, após descansarem, o grupo parte para o próximo destino. Houve algumas falhas na localização da ilha, seria um ponto de difícil acesso. Dois retornos em forma de círculo foram feitos à procura da rota exposta no mapa. Depois do transtorno, a ilha desconhecida pôde ser finalmente identificada pelas coordenadas geográficas do visor eletrônico. Nada obstante, eles conseguiram sobrevoar áreas exclusivas, lugares que ainda não foram informados pelas redes de notícias. Flammer e seus comparsas tentavam fotografar as principais partes da região, as imagens eram inéditas. Provavelmente restritas pelo governo Indonésico. Rajid, na ponta esquerda do banco de passageiros, tentava avistar pelo binóculo os locais de maior abundância de conchas marinhas.

Uma pequena ilha realmente ocultava-se de suas características físicas. Um retorno pela costa não demorou trinta minutos, mas foi Nycolas que surpreendentemente avistou uma gruta cercada por rios e imensas rochas que por este motivo não poderia ser facilmente alcançada senão por alpinismo ou à nado. Ele solicita a cópia do mapa que estava impressa em um dos papéis com Ryah ao seu lado. Após ativar um dos botões vermelhos de comando no painel eletrônico da segunda cabine o sinal é enviado ao receptor selecionado:

_Cheque! - o som da voz saía sufocado pelo barulho externo. Um pequeno bip indicava o fim da mensagem.

_Consegui localizar a saída de uma gruta na margem do rio. - disse exultante apontando o local.

Ryah move o microfone acoplado ao abafador-de-som posto nas orelhas perto da boca. O aparelho também servia como comunicação dos usuários. O botão de comando no painel eletrônico agora foi enviado ao piloto:

_Pare o helicóptero. Encontramos algo. - o pequeno chiado do bip termina a mensagem, Rajid entende.

Ao mesmo tempo em que Nycolas observava pelo binóculo ao lado, o desenho do trajeto improvisado era marcado no mapa que estava apoiado por uma pasta por baixo de seu antebraço. Simultaneamente ele suspendia o binóculo e desenhava o trajeto das partes baixas ao limiar da grande rocha. O binóculo novamente é usado, um pequeno disco preto entre as duas lupas foi movido. O sistema fazia com que as lentes captassem os ângulos mais nítidos. A área foi demarcada, porém, da rota de entrada à gruta avistada, até uma área aberta, que condicionava o pouso do helicóptero, seria uma jornada extremamente difícil. O grupo teria que enfrentar longos desvios e superar grandes árvores, isto custaria uma caminhada de muitos desafios.

O helicóptero permanecia imóvel no ar por alguns minutos até Nycolas terminar o esboço.  Logo em seguida Ryah dirige ao campo aberto que havia sido identificado à alguns quilômetros do local. Finalmente o grupo pousa seguro em uma área plana, pois havia muitas florestas fechadas e pouca probabilidade de pouso. O veículo desce lentamente, os matos rasos no gramado esvoaçavam e um enorme círculo em proporção à hélice se desintegrava no meio.

O pouso foi bem sucedido, o dia estava ensolarado, a floresta tropical realmente parecia preservar muitos desafios. O grupo uniformizado desce do veículo, Nycolas se aproxima dos outros com o papel nas mãos o qual desenhou um simples mapa que indicava a localidade da gruta:

_Vejam! - ele os informa sobre a gruta.

Mas apenas no litoral e nas margens dos rios conseguiu-se observar alguns rastros de ostras e a presença de conchas marinhas. As florestas eram muito volumosas e nas areias havia muitos minerais tais como cascalhos e pequenas rochas marinhas. O grupo se dividiu, quatro iria à procura dos vestígios, enquanto Said permaneceria na tarefa de vigilância do helicóptero no campo. Estaria empenhado na monitoração contra indivíduos estranhos e principalmente dos guardas da reserva florestal, duas pistolas estariam em sua posse.

Roupas apropriadas para a caminhada na floresta foram vestidas, iniciou-se a rota, era tarde de muita claridade. Muitos lugares pareciam muito arriscados. A área desconhecida não foi motivo para impedi-los de perscrutarem, mas logo, concluíram com um quilômetro da rota. A incerteza e o cansaço se fundiam em uma única esperança, talvez aquele dia não fosse suficiente para concluírem a missão. Dentro das bolsas havia barracas para acampamento. Embora tudo estivesse bem organizado, as pérolas, contudo, deveriam ser encontradas em breve. O grupo tinha apenas dois dias conforme o prazo e este seria o sexto dia.

O grupo reinicia a rota após o primeiro caminho entre o campo e os coqueiros. A partir deste ponto a mata se avolumava, a tendência era o surgimento de mais arbustos. As sombras ocultavam o calor do dia, à frente, Rajid e Ryah usavam duas facas afiadas para eliminar os obstáculos. Após uma longa caminhada distanciando-se do ponto de partida, o grupo passou a enfrentar muitos obstáculos. O relevo pouco propiciava a caminhada, isto causava fadiga e por muitas vezes deveriam parar para descansarem.

Após uma hora de caminhada o grupo se encontra com um pequeno arbusto cercado por algumas rochas redondas. Estas variavam de um metro à trinta centímetros. Havia ao redor muitas conchas. O grupo encerra a caminhada naquele ponto. Os minerais espalhados no chão era um bom indício de que o local forneceria pedras-preciosas. Flammer passa a averiguar as conchas.

_Bivalves. - disse ao se agachar para pegar uma pequena concha - Veja o detalhe da parte interna. - se levantou em seguida e apontou à Nycolas - É exatamente deste centro que as pérolas se originam.

As conchas foram sendo espalhadas do chão, o grupo se separou em cada canto do bosque. A procura foi rápida e não conseguiram encontrar algum rastro das pérolas. Novamente eles prosseguem com a caminhada. Em um outro ponto mais adequado, todos decidem parar para um breve intervalo. Em seguida eles analisam os gráficos e os mapas reservas, procurando a melhor rota. A trilha não era diferente do esboço de Nycolas, a direção estava certa.

Entre os equipamentos também havia dois rádios transmissores para intercomunicação do helicóptero. Flammer ativa um deles para saber informações sobre o local onde Said estava posicionado. O piloto informa estar tudo bem e emite o câmbio final. Terminado as observações eles se aprontam para continuarem a caminhada. Eram três horas quando partiram daquele ponto e ainda deveriam andar mais alguns quilômetros até chegarem à gruta. 

Andavam sempre em mesma direção, cortavam galhos e arbustos que obstruíam o caminho. Mas a rota estava prestes a ser mudada quando em certo ponto se depararam com uma grande rocha. Aquilo os obrigaria definitivamente desviar-se do trajeto planejado. A rocha formava um grande paredão vertical. Rajid observa espantado, com suas mãos apoiadas na cintura tentava identificar o método mais fácil para atingir o cume.

_Não temos alternativa. - comentou Nycolas - Teremos que escalar.

Certo de que aquela seria a melhor opção para continuarem a trilha, Nycolas, no mesmo instante retira sua mochila das costas para iniciar o ajuste do equipamento de rapel.

Enquanto o grupo se preparava com os acessórios, Rajid que ainda permanecia imóvel, apenas observava. Alguns segundos se passam e ele finalmente decide:

_Não irei escalar, prefiro fazer o contorno até a planície.

_Este caminho será demorado, além disso, existe muito declive acentuado e os matos por estas partes são bastante extensos.

_Não se preocupe, a rota será útil para desenvolvermos outros caminhos e as chances em encontrarmos as pérolas aumentarão.

_Deste modo, lhe farei companhia. - Ryah se levanta ao fechar a mochila.

Concordando com as chances de encontrarem as pérolas e para que outros caminhos fossem descobertos, o grupo decide se separar. Enquanto dois se ocupavam com a escalada na rocha, outros dois contornariam a margem do declive rochoso diminuindo também as chances de um eventual acidente. Para fazer o contorno bastaria acompanhar a direção da rocha à leste até o ponto em que se alinhava com a planície alta, mas isto não poderia ser notado devido a grande quantidade de árvores.

A distância foi calculada pelos integrantes que deduziram pelo mapa uma rota viável. A trilha rente a rocha realizada ida e volta os custaria cerca de três quilômetro percorrido conforme o modelo do mapa. O problema seria encontrar trilhas adequadas para cumprirem o trajeto.


A SEPARAÇÃO

  

Eles se dividiram, Nycolas e Flammer subiriam escalando pelos ganchos e cordas, enquanto Ryah e Rajid tentariam a volta pela mata. A dupla segue a trilha de contorno, e Nycolas logo toma a iniciativa armando as cordas e os mosquetões dos utensílios nas bases do cinturão. Para enfrentarem a escalada na rocha deveriam estar bem equipados. Uma altura de aproximadamente dez metros poderia causar algum grave acidente. Algumas cavidades sobre a rocha permitiam escalar-se sem muitos riscos. Eles lançam os ganchos se prendendo na rocha para auxiliar a subida, as cordas foram fixadas aos mosquetões e ambos vestem os cintos iniciando o rapéu. Enquanto isso, os outros se afastavam entretendo-se na mata.

A aventura se iniciava, o perigo parecia próximo e inevitavelmente as duplas se perderam. O rapel foi facilmente cumprido e quando ambos alcançaram o topo tentaram encontrar os outros pelo uso do binóculo. Mas a mata opaca não os permitia avistá-los com facilidade. Eles andavam agora por outras trilhas, sempre atentos para encontrarem alguma pista das conchas. Sem perceberem, se perdem do trajeto feito no mapa cujo caminho rumo ao monte era incompatível com o qual agora estavam naquele momento localizados. Sem saberem a localidade certa da planície alta, eles andavam perdidos redundando por vários sentidos.

Em um determinado bosque no interior da mata semelhante ao que havia sido encontrado no caminho de ida, eles estacionam para um breve intervalo. Havia algumas pedras em torno do solo que lhes condicionavam o assento, mas a incidência das conchas era menor. Ryah toma a bolsa das costas e o cantil com água. Ambos tentam encontrar o caminho analisando novamente o mapa que agora estava um pouco rasurado devido o uso excessivo.

Enquanto discutiam eles ouvem um barulho estranho, a dupla se alarma. Espantados, observavam em torno do bosque em ângulos repartidos, mas nenhum sinal foi registrado. Novamente o barulho torna a se repetir e algo identificado por Ryah parecia amedrontá-lo. Um ser em movimento que passou rapidamente entre alguns arbustos não pôde ser visto inteiramente. Contudo, sua pele o distinguia das folhagens secas. Era um animal de pelo crespo-pardo com três ou quatro manchas negras aferindo o lado esquerdo da cabeça até a região peitoral, as orelhas e os dentes pontudos concediam-lhe um caráter asqueroso.

Assustados eles se levantam tomando os equipamentos e se preparando para uma eventual fuga. O animal foge do ângulo inicial, mas antes que ambos pudessem sacar suas armas na cintura, subitamente o animal feroz aparece frente à frente na direção da fuga à trinta metros de distância. O animal era similar à um porco silvestre, mas não se sabia sua espécie, talvez seria um típico mestiço das florestas tropicais da Indonésia. Instintivamente avançou contra aqueles homens que iniciaram uma corrida atribulada se infiltrando pela selva.

A fera estava distante quanto tudo começou, permitindo que eles antecipadamente formassem trilhas variadas a fim de confundi-la. Mas pela percepção do som das pegadas eles foram sendo perseguidos. Olhando para trás não conseguiam localizá-lo. O animal se sumia entre as folhagens e definitivamente havia obrigado a fuga pelo interior da mata.

Desde o momento em que se puseram a correr até aquele ponto, Ryah tentava sacar sua arma que parecia estar presa em sua cintura ao lado do coldre e em cujo bolso estava o rádio transmissor. Sem muita flexibilidade ele erra a mão para sacar a arma e deixa cair o walk-talking, de sorte, haviam alcançado à margem do principal rio ao saírem da mata.

A área na borda do rio condicionava mais espaço para a fuga e possivelmente pelas águas ao lado com um imediato salto da ribanceira. De uma outra localidade da qual eles tinham partido, o mapa fornecia a direção do mesmo caminho de volta, porém, nada se sabia sobre o local. O caminho à frente seguia uma descida em direção à margem. Provavelmente seria o caminho da gruta, mas seria essencial o uso daquele rádio que ficou na beirada da ribanceira do rio, por pouco não caindo tragicamente na correnteza.

_RAJID! - Ryah pede para que seu companheiro que corria mais adiante da margem parasse.   

Rajid interrompe a corrida no meio do percurso e o observa afobado. Ryah imediatamente corre em direção do rádio que ainda poderia ser recuperado. Um toque apenas no objeto e ele cairia na ribanceira sendo levado pelo riacho.

Ryah decide volta para trás. De longe Rajid permanecia imóvel sem saber a razão pelo qual Ryah voltava em direção contrária. “Evidentemente ele está se arriscando por algum utensílio”, pensou Rajid ao identificar um objeto preto a beira do rio. Todavia a fera vinha perseguindo a dupla, Rajid com suas mãos trêmulas tentava recuperar o fôlego. Mantinha sua arma engatilhada mirando simultaneamente por vários lados a espera do animal. O barulho das folhas podia ser ainda ouvido de longe, mas não se sabia de qual parte o animal poderia surgir.

Agora o único meio de comunicação entre eles estaria perdido. Ryah se esforça, faltava pouco, talvez ele tivesse tempo para recuperá-lo, mas um ataque surpreendente do animal o impediu. A fera surgiu de súbito saltando através das plantas ao lado. Ryah consegue tempo para se defender com os braços, por pouco não foi empurrado para a ribanceira. Não teve a mínima chance de pegar o rádio, que por um golpe durante a luta caiu na correnteza.

Rajid tomando tempo consegue mirar sua arma perfeitamente em direção ao animal e dispara tiros contra a fera, salvando assim o seu companheiro que ficou gravemente ferido com arranhões nos braços ao se proteger.

Infelizmente o rádio não pode ser recuperado, ambos permanecem no mesmo local à beira do rio. Rajid procura entre os equipamentos onde havia um kit para pequenos acidentes, um remédio ácido. O remédio foi exalado e com o uso de uma faixa a ferida foi sendo estancada. Quando Ryah esteve melhor, ambos iniciam uma caminhada pela margem sem identificarem exatamente o ponto elaborado pelo mapa. A vítima, após algum tempo ficou impossibilitada até recuperar-se. Ambos deveriam esperar até o amanhecer. Sem embargo montam as barracas, era quase pôr-do-sol.

Os outros dois que finalizaram a subida ouviram os barulhos efetuados pelos disparos. As aves voavam pelos céus. Permaneceram durante muito tempo no cume do monte a espera dos outros que estavam na mata. Porém adiante, o uso do binóculo seria ineficaz. A dupla estava situada no interior de uma longa copa de arvores em uma área plana rodeada de longos arbustos que dificultava a visibilidade. Infelizmente o único aparelho de comunicação foi perdido impossibilitando a comunicação entre a dupla e a cabine do helicóptero.

Por este mesmo motivo, Flammer não conseguia encontrar sinal pelo rádio. Em seguida a dupla realiza uma ligação com a base. Said, que estava em vigia, afirma não ter recebido sinal algum. Flammer e Nycolas tentavam encontrá-los, alguns metros foram percorridos, mas não poderiam perder a direção rumo a gruta. A mata cada vez mais se acentuava e confundia o percurso. Receosos tornaram pela mesma trilha de volta ao cume da rocha. Aquela noite, portanto, passariam separados.

A noite chega, Flammer se prepara com as barracas na área do alto da montanha escalada. As trilhas à noite poderiam trazer riscos maiores ao iniciarem uma nova partida.

De um lado ao outro da mata o grupo se dividia em duplas. A beira do rio, Ryah se recuperava do ataque. Aquele ponto ainda era desconhecido, provavelmente o caminho da fuga havia lhes conduzido para além da planície. Enquanto Rajid preparava uma pequena fogueira com tempero e sal para assar o porco silvestre do bosque, Ryah comentava sobre a trilha:

_Não consigo encontrar a rota ideal, vamos permanecer até o amanhecer. As lanternas não serão suficientes para discernir o caminho de volta.

_Deveremos voltar ao amanhecer. – entregou-lhe um pedaço de carne assada pela pequena fogueira – Este caminho de fato não é nada similar ao mapa.

  O dia amanhece, seria o sétimo dia, as horas ameaçavam a dupla à cada ponteiro marcado. Durante a manhã Flammer e Nycolas andaram mais alguns quilômetros à procura dos outros comparsas, sem perderem a direção que dava acesso a borda do principal rio que passava pela entrada da gruta desejada. De acordo com o mapa, as margens não estariam distantes, após um longo trajeto eles alcançaram o rio. Havia muita quantidade de conchas na margem. Ambos fazem alguns mergulhos para identificar registros de pedras-preciosas, mas sem resultados prosseguiram andando pela margem.

Este rio seria o mesmo, o qual a outra dupla teria acampado quando se confrontaram com o animal. Fizeram o retorno ao helicóptero devido o acidente e a perca do sinal. A dupla não pôde ser ouvida pelo rádio ativado por Flammer. O mapa quase imperceptível já não exibia a região da gruta, portanto, restou apenas o caminho de volta.

Mais adiante Flammer e Nycolas conseguiram identificar na areia as pegadas dos outros comparsas. Aquele seria o mesmo local onde o restante do grupo esteve acampado. Ambos não tiveram escolhas, a mata era ainda mais estreita e as árvores ao redor eram grandes e seguiam retas formando uma copa separada de um lado ao outro pelo grande rio.

A preocupação sobre os outros dois ajudantes não poderia forçá-los a desviar do caminho. A gruta estava cada vez mais próxima e, segundo cálculos, antes do pôr-do-sol eles alcançariam o local. Os outros dois já estavam bem, mas desistiram ao amanhecer recuperados do transtorno causado pelo acidente.

 Depois de uma breve caminhada Nycolas e Flammer recebem finalmente o sinal dos outros que se perderam. A transmissão foi possível quando o restante conseguiu retornar seguro ao helicóptero onde havia outro rádio transmissor com Said para realizar a comunicação de retorno. Um deles responde pelo rádio:

_Estamos a salvo! Um animal selvagem nos atacou na floresta e perdemos o rádio transmissor. Ryah ficou gravemente ferido, mas já está se recuperando normalmente com alguns de nossos medicamentos.

_Identificamos as suas pegadas nas areias, é exatamente o local onde estamos. Iremos caminhar sobre a margem até encontrar a entrada da gruta. Houve alguma descoberta de caminhos importantes ou vestígios de conchas? - Flammer pergunta ansioso.

_Negativo! Estivemos acampados a beira do rio e neste intervalo de um dia as águas aumentaram três metros aproximadamente em relação à margem.

 Eles os informaram do acidente ocorrido e que naquele local onde encontraram as pegadas a beira do rio estiveram acampados durante a tarde do dia anterior e que neste período, entre a tarde e o dia seguinte, as águas subiram três metro além do normal. Isto significava que a cada dia o rio estaria apto a transbordar três metros, isto significava mais um empecilho para a dupla que poderia fazer a qualquer momento alguma alteração irremissível. Eles se surpreendem com o comunicado, mas não notaram a diferença. Além do mais, o local havia sido explorado pela dupla naquela mesma manhã.

O comando seria para que o restante do grupo permanecesse no local vigiando e mantendo o contato ativo a fim de evitar mais transtornos. Said que permaneceu no local informa-os ter ouvido algum som de helicóptero em outro lado da ilha e que poderia ser alguma suspeita da atuação dos agentes policiais da reserva florestal ou algum grupo de cientistas, mas não obtiveram nenhum registro ocular, mesmo ainda com a utilização do binóculo.

Além destes ruídos concluiu-se que nada além do normal houvera. A notícia de que o rio estava a submergir sobre a margem da areia alarmou Flammer que presumia uma longa caminhada pela margem do rio e definitivamente, antes de saírem da borda no caminho de volta, a região já estaria completamente submersa.

_Se durante este dia, em que os dois ficaram acampados neste local, o rio subiu três metros, teremos à noite uma provável inundação, as águas provavelmente submergiram pelas areias. - comentou Flammer -

Nycolas observa o mapa:

_Muitos quilômetros ainda deverão ser percorridos, de acordo com minha previsão, antes de alcançarmos a entrada da gruta seremos impedidos pela cheia do rio. Isto se a margem continuar a mesma, talvez encontremos uma largura maior entre o rio e a mata. – explicou.

_Vamos continuar. - Flammer inicia uma nova caminhada.

 A largura das areias da margem do rio até a entrada da mata naquele local, era de dois exatos metros. Três metros à mais e o rio atingiria o interior da mata. Àquela altura não daria mais para retornar ao local, seria desperdício e pessimismo. E mesmo sabendo que em poucas horas as água transbordaria além dos dois metros da margem da área formando uma espécie de pântano, ambos decidem prosseguir.

A gruta estava próxima e o destino mais fácil, bastaria seguir toda a margem durante alguns quilômetros à frente até encontrarem a entrada da rocha. A rota parecia exigir uma caminhada durante todo o dia. Se o caminho da gruta fosse extenso, estreito inclinado ou não, a dupla estava obrigatoriamente ameaçada por uma suposta enchente. Ou talvez, não encontrariam alguma área propícia para acamparem no interior da rocha.

 

 

A TRILHA

 

 Os aventureiros continuaram andando pelo mesmo caminho. O cansaço era controlado pela umidade da mata que inibia o suor e a fadiga. Os insetos eram constantes e alguns molestavam a dupla. Houve uma pequena pausa quando era aproximadamente duas horas da tarde. Neste horário eles refrescaram-se com água umedecendo as roupas do corpo e enxaguando o rosto, em seguida discutiam sobre o trajeto. Em algumas partes rasas do rio, onde havia muita incidência de conchas, costumavam fazer mergulhos, mas até aquele momento não havia resultados.

No entanto, o objetivo maior da dupla seria alcançar o limiar da gruta, onde possivelmente poderiam encontrar algum sinal das pedras-preciosas. Um deles pega o mapa que invariavelmente era visto para evitar as percas. O mapa mostrava informações precisas. Já se percebia a rocha pela a utilização do binóculo. Ainda havia muitos caminhos difíceis a serem percorridos.

O rio, em toda sua extensão, era formado por pequenas cascatas que se entretinham nas rochas. Repercutiam um caminho sinuoso e às vezes perigoso impossibilitando a passagem pela margem e obrigando o percurso pelas imensas pedras horizontais no centro do rio, neste caso, quando o caminho a beira terminava com algum emaranhado de plantas e árvores. Por esta razão, às vezes a dupla tinha que se arriscar no rio, a fim de evitar a margem já inibida pelas árvores ou alguma rocha vertical que impossibilitava o uso de equipamentos para alpinismo, como usado anteriormente em um caso similar.

Durante o caminho houve uma destas obstruções, em que uma terrível rocha lisa e vertical os obrigou caminhos variados pelo centro do rio. Deste modo bastava apenas atenção para que a força da correnteza não os levasse ao longo das águas.

As rochas achatadas de dez à vinte metros, faziam uma espécie de arquipélago em torno da rocha pela margem do rio. Algumas cavidades no decurso do rio eram inevitáveis e em algumas delas, tiveram quase afogados. Mas não domados pelo trajeto da correnteza, porém congestionados em meio à uma bifurcação de águas.

Em uma das rochas horizontais, Nycolas teve que se apoiar durante algum tempo para não ser tragado pela correnteza. Enquanto seu companheiro tentava se levantar da queda em meio à uma surra de água para se sustentar por cima da rocha. Quando a correnteza foi vencida por aquela resistência então Flammer toma seu parceiro que se agarrava em uma das rochas. Agora para tornar o caminho de volta à margem eles deveriam enfrentar caminhos similares àqueles ao longo da ribanceira. Seria inútil atravessar o rio rumo ao lado contrário, ainda que as rochas centrais propiciassem o trajeto. A margem do outro lado era, ao contrário, perfeita e não havia muitas obstruções ao longo da sua extensão como à que estavam a enfrentar.

Talvez, pelo caminho da outra margem, fosse mais arriscado, tendo a insegurança de futuramente não encontrarem outras pedras achatada de resgate no centro para tornarem ao lado leste em que se localizava a entrada da gruta. A incidência das pedras era grande e que por muitas vezes possibilitavam a travessia. O lodo também era um problema a ser enfrentado quando se andava pelas rochas. Um deslize apenas e o sujeito seria lançado às águas impetuosas.

Às vezes, nas partes rasas, a dupla aproveitava a passividade da água para analisarem a profundeza do rio, a fim de encontrarem algum rastro de conchas e consequentemente pérolas originadas de ostras. Não era de se estranhar, a procura pela espécie de concha àquela altura, o litoral em cujo mar havia a junção dos rios não estava longe, trazendo assim a hipótese de pérolas em partes internas da região.

 O problema agora seria saber se dentro da rocha, encontrariam ou não porções de conchas e, além disso, as pretendidas pérolas. Para Nycolas a essa altura de grandes perigos poderia ser um grande risco e talvez uma perca de tempo sendo possível terminar sem êxito, mas nada como uma breve aventura para passar o tempo. Já Flammer tinha sua certeza, alguns estudos em sua particular pesquisa revelavam indícios de que era possível encontrar pedras-preciosas nestas condições. Na mineradora onde esteve a extrair diamantes também se notava com maior frequência pedras-preciosas em lápides. As probabilidades poderiam ser ainda mais remotas se o caminho no interior da gruta fosse constante e reclinado, isto dificultaria mais. Provavelmente as águas atingiriam a entrada da gruta invadindo os principais corredores subterrâneos.

No decorrer do dia percebiam-se as águas aumentando e quando no pôr-do-sol elas já atingiam os pés dos andarilhos que retornaram para a mesma margem à direita após uma longa aventura no centro do rio. A trilha pela areia agora permitia a caminhada até a chegada na entrada. O visor do binóculo confirmava o caminho livre a ser percorrido. No entanto, o limite da mata não se alterava, em pouco tempo as águas ocupariam toda a margem. Isto não os atemorizava, eles continuavam andando. A rocha já poderia ser vista naturalmente de longe. As aves já se manifestavam nos ares precedendo a noite. Não seria problema para dupla que possuía lanternas próprias para estas condições.

O sol já estava quase posto, a mata mais silenciosa, as águas já atingiam as pernas e finalmente eles alcançam a entrada da gruta. Como presumiam, a entrada estaria localizada a beira do rio. Faltava menos que trinta centímetros na base do antro para as águas começarem a invadir a entrada da gruta. Eles poderiam entrar e averiguar o local, mas com a enchente das águas eles teriam o risco de serem encurralados, caso fosse preciso andar ao menos três quilômetros.

O problema maior seria se os corredores fossem muito reclinados. Uma correnteza seria formada impedindo-os de permanecerem por muito tempo. Não foi possível notar a inclinação desde a entrada. Com toda a luz restante do crepúsculo clareando a imagem da primeira impressão do caminho, podia-se notar uma longa trilha reta, se estreitando adiante e findando em uma total escuridão. Desencadeando-se em dúvidas eles tomaram a decisão de prosseguir, as lanternas foram ativadas e logo iniciaram um novo caminho pelo interior da gruta.

 

A GRUTA

 

 Depois de alguns metros de distância da entrada a claridade da noite sucumbiu-se obrigando-os a utilizar as lanternas, a escuridão tornou-se completa. Ao longo se depararam com um corredor que se declinava continuamente e cuja saída imperceptível não permitia previsão de retorno. Nas alturas uma luz mostrava as estalactites formadas pelo gotejamento através de fendas no teto. Em outro lado, os anéis cristalizados juntos com as rochas. Poucos milímetros de diâmetro se uniam uns aos outros formando tubos cilíndricos que cresciam rumo ao solo.

As estalagmites formadas pelo acúmulo de gotas, apareciam verticalmente em direção ao teto. Muitas sequências faziam diversos formatos naturais e atingiam grandes larguras, outras, em formato cônico, se variavam entre as espirais cristalinas. Pelo o uso da lanterna era possível clarear todo o caminho que se envolvia em pedras e crateras, mas não impossibilitava a caminhada.

Uma longa jornada foi feita, cerca de um quilômetro. As águas eram rasas quando ainda desciam em uma pequena correnteza pelo caminho. Àquela altura atingiam as palmas dos pés sem muita intensidade. Porém nenhum rastro do material desejado ainda pôde ser identificado depois de tantas léguas percorridas.

Já distante da entrada e ainda sem conhecerem alguma galeria, cabia a decisão de retornar ou prosseguir. As águas não paravam e cada vez mais parecia aumentar, a entrada poderia ser bloqueada com o volume da enchente. Além da reclinação desde a entrada, também foram feitos caminhos altos de subidas. Por este motivo, talvez, não se sabia o estado das águas que penetravam pela entrada da rocha.

Provavelmente estariam formando lagos ou fossos em crateras verticais em desníveis inferiores nas bacias de maior profundidade. As águas já eram mais tensas, mas não ultrapassavam a canela da perna.

_Não temos muito tempo, as águas estão aumentando de modo muito fugaz. - comentou Nycolas.

_Tem razão, mas prefiro continuar ainda por este corredor e identificarmos o que será este barulho logo à frente. - um som de cascata se operava à alguns metrôs adiante e parecia ser alguma saída.

A ansiedade foi além, e ambos prosseguiram o caminho em direção à um dos corredores que havia entre três que se dividiam em um ponto de bifurcação onde aparentemente não levaria senão ao mesmo ambiente. O encontro das estalactites e estalagmites na junção de uma eventual erosão formada pelo impacto das águas, formavam algumas colunas que faziam a divisa das três entradas.

 As águas desciam vagarosamente pelos degraus de cada antro do corredor fazendo o barulho da queda d'água. O solo tendia à uma pequena descida. Aquele local era um sistema complexo de corredores múltiplos. Uma destas três saídas deveria ser tomada. A bússola utilizada sempre os informava a posição que estavam, e invariavelmente andavam pelo mesmo rumo à leste.

_Temos três opções. - disse Flammer ao andar com dificuldade sobre a fossa d'água criada naquela galeria para iluminar cada opção - Não vejo nenhuma indicação. - concluiu ao iluminar a lanterna sobre o rosto de Nycolas.

_Talvez não seja viável avançarmos mais além deste ponto. Estamos quase impossibilitados de voltar. Conforme a tendência das águas, se continuarmos, cálculo que não façamos mais do que quinhentos metros.

_Isto é suficiente para conseguirmos visualizar alguma saída.

_Mas em todos os corredores existe a incidência de longas curvas, o que de fato dificulta a visualização de algo.

_Mas nenhuma destas curvas parece levar em tempo menor, senão, pelo lado leste. Suponho que passemos por este caminho primeiro.

Quando cumpriram três quilômetros com uma inclinação parcial do caminho, eles chegaram ao ponto onde calcularam no início e nada ainda havia sido identificado. Se retornando naquele momento eles teriam de enfrentar uma grave correnteza contrária, e talvez fosse possível saírem a nado. Por outro lado se eles prosseguissem e andassem mais um quilômetro seria impossível o retorno à saída, as águas já estariam mais fortes e as pedras escorregadias.

Então quinhentos metros foram propostos pela dupla, se encontrassem algum vestígio, teriam tempo para definir um novo trajeto. Caso contrário eles teriam maior dificuldade ao retornar. Arriscando os quinhentos metros ultrapassariam uma grande curva que, naquele ponto, impedia a visibilidade de alguma galeria adiante pelo uso das lanternas. Nenhum vestígio podia se identificar facilmente. Se o percurso fosse feito após a curva, algum sinal provavelmente poderia ser descoberto. Caso não houvesse outra curva como aquela, talvez a dupla encontrasse alguma galeria ao longo do corredor. Eles deveriam se arriscar, o tempo estava se esgotando e o dia posterior seria decisivo para a dupla.

A entrada pelo lado leste foi decidida. O caminho para se notar alguma saída era menor do que o corredor central. Ambos iniciam a caminhada, as águas pesavam sobre as pernas, as lanternas à prova d'água não corriam perigo de estrago. O caminho foi feito, poucos metros foram passados e uma grande reta não levaria senão à um lugar sem saída. No entanto, aquele bloqueio lhes assegurava de que a correnteza seria mais lenta até aumentarem as águas pelo corredor central.

_Não tem saída, vamos retornar.

O corredor central foi acessado. O último aparentava ser uma espécie de erosão vertical. As águas iam e tornavam formando um redemoinho. Andando por todo caminho da reta após a curva chegaram ao ponto pretendido. Realmente não havia outra curva para impedir a visibilidade da trilha, que ao longo, em um local muito distante, avistava-se uma pequena claridade parcial da luz lunar, algo próximo à duzentos metros.

_Veja, - Flammer vibrou de motivação apontando a luz à frente - uma luz de saída.

Nycolas deixou escapar um fanhoso sorriso da boca, após saborear certo tempo de agonia.

_Estou certo de que se trata do reflexo da luz lunar.

_Não tenha dúvidas companheiro. Pela intensidade da reflexão lunática pode ser um buraco suficiente para escaparmos.

Ambos andavam com dificuldades, se acompanhassem a luz as probabilidades de volta seriam totalmente anuladas. Esta seria a última tentativa, uma decisão deveria ser tomada, ou ir rumo a luz lunar ou retornarem pelo mesmo caminho. Para Nycolas aquela luz indicava obviamente uma saída de resgate e só um buraco muito pequeno o impediria de sair, devido o seu aspecto magro.

Flammer concordou, e para ele o buraco não seria assim tão estreito devido a claridade ser vista ainda de muita distância. Ambos então decidem prosseguir o caminho, anulando todas as alternativas para voltarem, as águas eram mais fortes e permaneciam entre os joelhos e os pés. Se durante um dia as águas tendiam à aumentar cerca de três metros, então provavelmente um metro da entrada da gruta que tinha por volta de dois metros e meio já estaria sendo ocupada na margem do rio.

Isto aconteceu porque a entrada era mais rente ao rio em comparação a toda margem que separava a floresta. Sua inclinação de noventa graus perpendicular ao perímetro do chão permitia o avanço das águas com maior facilidade.

Talvez as águas cessassem e eles tivessem que acampar naquela galeria mesmo, isto não seria incômodo. O problema maior seria se as águas que, com uma velocidade constante, muitas vezes derrubava-os no caminho e atingiam parte das pernas, não os condicionasse repouso. Naquele momento, evidentemente aquela galeria já estaria provavelmente inundada.

Eles continuaram andando, a correnteza formava curvas sinuosas. Do lado da parede havia um meandro, um tipo de caminho antes do córrego que poderia ser andado sem sofrer com a velocidade das águas. No percurso das águas muitas pedras variadas em tamanhos e formas provocavam pequenas ondas agitadas, mas nada que fosse perigoso ainda para tragar uma pessoa. A dupla, em fim, reforçou a atenção e iniciaram o caminho pela encosta da parede.

 

A GALERIA

  

Pelo restante do percurso a dupla sentiu um momentâneo alívio ao se desproverem da correnteza. O som das águas era o único barulho que se podia escutar. A expectativa era muita, a lanterna ainda não conseguia captar o ângulo perfeito para descobrirem o local. Quase menos de cinquenta metros e a claridade produzia maior tonalidade. As lanternas já poderiam ser desligadas, a luz da lua emitia claridade suficiente àquela altura e uma parede apenas, poderia ser vista nos fundos.

Aquele espaço aparentemente seria uma galeria fechada, as águas não se escoavam, poderia haver outros caminhos por outros ângulos. O chão não poderia ainda ser notado, talvez houvesse uma profundidade à mais em relação ao caminho do corredor. Foi preciso aproximarem somente mais cinco metros para confirmarem a observação, era um grande espaço, nada obstante, começarem a vislumbrarem com uma espetacular surpresa.

Atônitos admiravam o interior da galeria. Em torno da imensa sala, muitas cortinas cinzentas de calcário, formavam tetos inclinados e, em outros ângulos, discos ondulados. Ambos se surpreendem ao verem uma quantidade incontável de conchas e pérolas de tipos diferentes.

Algumas pérolas negras e outras cristalinas, em suma, pequenas pedras redondas que não excediam o peso máximo de vinte gramas. Flammer vibrava triunfante ao descobrirem o tesouro.

_Isto é o que eu chamo de aposta. - disse Nycolas com um olhar admirável e sentimento de alívio após a viajem.

_Esplendido. - Ergueu o braço com a lanterna para o alto observando os cantos em sinal de triunfo.

Mas algo havia de incomum, sinais e rastros de homens que já haviam explorado a gruta antes. Do lado esquerdo, uma estátua de modelo indiano similar à um elefante utópico, de cor cinzenta esculpido na rocha, com algumas molduras desde a tromba até a face. Tinha suas mãos iguais as de um homem. Por cima das mãos estavam algumas pérolas soltas e outras já ornamentadas em condões.

Seu tamanho era de quase um metro e meio de altura, permanecia sustentado por um emaranhado de pedras que formava um altar de três metros. O altar seguia de ponta a ponta acompanhando o côncavo interno da gruta. Uma pequena escada para subir ao altar, também feito das mesmas pedras que se diferiam das lápides verticais, se encontrava em um dos lados da parede. Em toda a base do altar havia especiarias, oferendas de pérolas e conchas.

Uma pintura bem trabalhada nas bordas, na parede em torno do altar e em todo o modelo do altar indicavam que a tribo era, em termos culturais, evoluída. Os sinais indicavam que a tribo praticava ritos naquele mesmo local e o altar sobre qual estava o tesouro, indicava que a tribo era desapegada quanto aos valores materiais, não se preocupando com riquezas. Em suma, todos estes tributos eram provas de que a tribo não estava muito distante daquela região.

A água já havia ocupado toda a galeria que não era muito larga, de fato havia uma profundidade entre o chão da galeria e o corredor, uma altura de um metro e meio. Enquanto andavam pela galeria em direção ao altar, as águas atingiam a cintura, faltava pouco para que as águas começassem a bloquear a passagem, perto de cinquenta centímetros. Isto aconteceria em breve, devido o espaço que seria um pouco maior quanto a uma sala de estar de uma casa atualmente moderna, esta seria sua dimensão.

Um buraco de saída havia de fato, mas o problema é que estava à uma altura de aproximadamente oito metros ao teto. Eles estavam sem saída dentro de uma cova similar ao interior de um vulcão e realmente acertaram na escolha do beco de acesso quando se depararam com três outras diferentes entradas no salão em determinado ponto do caminho.

Uma imensa quantidade de conchas e pérolas já boiavam nas águas dentro da cova, mas a inundação não tinha alcançado o altar onde havia maior quantidade de pedras-preciosas, conchas e pérolas. A entrada logo foi sendo ocupada pelas águas, impossibilitando definitivamente o caminho de volta. Isto não mais os preocupava, que viam agora por cima uma saída, nada obstante, a dupla retira as bolsas das costas para apanhar o material.

Em cima do altar ainda estava seco e no chão havia muito tesouro espalhado. As águas corriam para submergi-los. Entre estas preciosidades também havia muitas conchas de diversos tipos de bivalve, gastrópodes e cefalópodes, grandes convexos e muitos outros pequenos achatados.

Flammer colhia as peças mais raras, por um instante, enquanto colhia as conchas, parecia hipnotizado com o que via. Nycolas sem saber o motivo da sua contemplação o pergunta:

_O que foi Flammer, algum molusco dentre as conchas?

_Veja! – o disse movendo o braço lentamente em direção a peça, e em seguida prossegue:

_Conchas raras, que deverá possuir um valor inestimável.

Nycolas assustando imediatamente impede o revolvendo pelo braço.

_Não deve ter muito valor. - mas ele insistiu dizendo:

_Levarei algumas conchas para guardar como relíquia, outras devem ter alto valor.

Para saírem agora bastava escalar rumo ao teto, provavelmente as águas auxiliariam na chegada ao topo. Enquanto eles se ocupavam na tarefa de pegar as pérolas em cima do altar, as águas subiam gradativamente correndo pelo beco das pedras ocupando toda galeria, não havia outra saída.

Depois de tudo teriam de torcer apenas para que as águas pudessem levá-los à altura certa. Se não fosse aquela luz lunar avistada depois da decisão irremissivelmente calculada, talvez não tivessem arriscado. As bolsas foram preenchidas rapidamente, cerca de seis quilos de pérolas e algumas conchas para cada bolsa e ainda restaram muitas que flutuavam na superfície da água e em cima do altar, as águas já obstruía a saída, e estava perto de inundar a galeria.

 

UMA SAÍDA

  

Aos poucos as águas foram enchendo até engolir a estátua, formando um mar de tesouros. A tristeza agora seria ver o restante das pérolas se desperdiçarem naquele emaranhado de pedras. A saída das águas com as pérolas talvez não permitiria encontrar a mesma quantidade, caso fosse realizado um retorno a fim de arrecadarem mais porções. A presença do restante do grupo poderia ser fundamental para a captação de mais pérolas, porém, a quantidade conquistada era de inestimável valor. Ambos permaneciam agonizados, não se sabia quando as águas se cessariam e a única alternativa seria ser conduzidos ao topo.

Se não fossem as pedras estufadas e pontiagudas fixas nas lápides, talvez não seria possível sair sem serem tragados. Os riscos seriam maiores e a dificuldade poderia causar a prisão da dupla. Contudo, com ajuda das águas e escalando com as mãos entre os ganchos dos equipamentos, a dupla consegue subir. Faltava pouco até atingirem o orifício do teto. As águas mais fortes rodavam formando um redemoinho devido a cavidade inferior da galeria.

Nycolas perde a sustentabilidade e é tragado pelas águas, Flammer segurando em outro lado com mais firmeza, o agarra pelo braço ao estender sua a mão. Com a ajuda do volume das águas, Flammer consegue sustentá-lo até pô-lo de volta à uma pedra. Assim faltava pouco para chegarem à saída, mas a base circular da gruta era formada como uma elipse reclinada, de modo que um lado fosse maior que o outro, e mesmo que eles tentassem sair pelo lado maior, ambos não conseguiriam. Havia uma espécie de côncavo que não permitia altura e impedia algum tipo de apoio com as mãos. As águas, além disso, os impulsionariam para fora.

Aquela impressão das águas enchendo e seguindo aquele trajeto de saída lhes parecia um fenômeno que acontecia com frequência naquele local. As bases eram perfeitamente adequadas para o caminho das águas, formando um formato de tubo.

Agora apenas restava serem conduzidos pelas mesmas águas, como em uma erupção vulcânica. As águas lentamente começam a descer pelo tubo, de modo que, os pés deveriam estar retos para evitar acidentes devido o ângulo do côncavo que se reclinava e formava um pequeno teto. O primeiro a descer esperou até que as águas aumentassem a pressão, para que se em caso de não haver algum modo de escapar por outra parte, ele pudesse ser levado pelas águas mais intensas.

Nycolas então se aproximou da saída, mas não teve tempo de escapar por outro caminho pela mata. Apoiando com as mãos na rocha resistia contra as águas que batia contra seu corpo, novamente se repetia a mesma cena como na correnteza do rio. Flammer nada pôde fazer, ele esperava do outro lado da saída em baixo do pequeno teto, segurando em duas rochas, tão-somente esperando que seu parceiro fizesse sua descida. Porém não havia galhos por perto e as águas não condicionavam tempo para agir, logo, Nycolas é tragado sendo conduzido à ribanceira.

Flammer, vendo que ele havia descido junto com aquela correnteza veloz, também desceu da mesma forma, e foi mais ágil para alcançá-lo devido o crescimento constante das águas. Ambos foram levados pelas águas que os conduziria ao rio novamente, mas em um outro lado desconhecido da mata, numa espécie de toboágua. A decida foi emocionante, porém alguns arranhões de algumas pedras no caminho foram inevitáveis. Como supunham, aquele trajeto já era comumente frequentado pelas águas, talvez, mais obstruções haveria no caminho para feri-los, além disso, havia muito lodo e lama que facilitava a descida por algumas pedras lisas, confirmando assim aquela observação de que o fenômeno era natural e frequente por aquela parte da região.

Não tardou muito para que o trajeto formado pela correnteza terminasse e logo eles foram lançados ao rio em um tipo de cascata. Tudo parecia bem, as bolsas foram bem equipadas ao corpo e não puderam ser desprendidas. A noite estava bastante clara, era lua cheia, mas ainda havia outro empecilho, o rio terminava logo em seguida ao som de uma outra cascata aparentemente maior em comparação a queda das águas anteriores. Isto aumentava mais a preocupação, não se sabia a altura ou a gravidade de sobrevivência.

As águas desciam em uma velocidade cada vez rápida, e não lhes permitia alcançar a borda tão facilmente. Entrando em um momento de grande tensão, ambos teriam que nadar contra a correnteza que lentamente ia levando-os em direção àquele barulho da queda d’água. Nycolas e Flammer se esforçavam com os braços o quanto máximo podiam, faltava muito para chegar a borda, as tentativas de se apoiarem em rochas no centro do rio foram fracassadas, não havia mais alternativas, logo foram arremessados do alto, de sorte que a altura não era tão longa para causar um impacto fatal ou pedras no caminho que pudesse feri-los. 

No campo onde se encontrava o helicóptero o grupo conversava sobre a atividade dos outros dois aventureiros em torno de uma pequena fogueira. O walk-talking era ativado constantemente em comunicações com Flammer.

No lago a baixo, Flammer e Nycolas tentam escapar da grande cascata, embora estivesse um pouco escuro, eles se reencontram e conseguem alcançar uma outra parte da ilha. Ao saírem do lago sentiram-se então aliviados, deitados na areia tentavam suspirar recuperando o fôlego. Nycolas tira a bolsa para conferir se tudo estava ainda intacto, e nada havia se perdido. O caminho do córrego foi breve e a cascata de uma altura de aproximadamente cinco metros não lhes causou muito dano, senão, uma pequena tontura.

Após descansarem eles se infiltram em algum bosque na mata, tentando encontrar o melhor espaço para armarem as barcas, eles se sentem bastante empolgados, as pérolas de fato existiam, mas evidentemente era um patrimônio pertinente a tribo.

_Nada como um bom lugar onde há conchas marinhas como indício de pérolas meu chapa! – disse Flammer com um tom contagiante.

_Não se hesite, talvez não sejam somente estas, o mar não está muito distante e este mesmo rio se cruzará com o oceano mais adiante na pororoca. Pode ser que haja lagos subterrâneos ou secretos onde provavelmente encontraremos mais porções destas pérolas. - disse empolgado.

_Depois desta cheia é provável que se retornarmos não mais encontremos a mesma porção.

No decurso da noite houve uma conversa sobre como seria possível fazerem o retorno à ilha para extraírem mais quantidade de pérolas. A dúvida agora era se depois da enchente encontrariam novamente alguma quantidade. No entanto, para Flammer, aquela conquista já seria o suficiente quanto a encomenda de Ganiev, certamente as pérolas seriam ótimas substitutas do diamante, e provavelmente lhe restaria mais alguma quantia.

O prazo estava terminando, aquele seria o último dia antes da data marcada. A adrenalina era muita, Flammer inacreditavelmente havia conquistado boa parte do que pretendia. Um bom farejador de pedras-preciosas, esta poderia ser agora uma das características usadas para atribuir Benayla Yriodict, que instintivamente encontrou um lugar fantástico como aquela ilha. O diálogo não foi tardio e por causa do cansaço rapidamente eles adormecem. 

Ao amanhecer, o oitavo dia, havia orvalho e uma grande neblina que se dissipava por toda mata, tudo parecia bem, o sol logo surge e breve iluminava toda região. Eles tomam as barracas e os equipamentos, mas antes que terminassem as coisas, algo estranho estava acontecendo.

Por perto, um som de vozes e pegadas indicava que não só uma pessoa se aproximava, mas várias. Aquilo se ouvia e cada vez mais se aumentava. A dupla se prepara com as pistolas para que pudessem se defender ao verem uma tribo numerosa de selvagens de longe, talvez as armas não seriam eficazes. Os tribais eram numerosos e mestiços, com traços faciais similares à um típico asiático das ilhas tropicais. Alguns de pele brunida, mas em suma, eram brancos e pardos e usavam roupagens simples como os indianos. As pinturas sobre os rostos pareciam caracterizar os forasteiros e traziam consigo armas feitas de madeira aguçada e algumas espingardas.

Aquilo talvez seria um dia de caça, em coro gritavam uma língua desconhecida, a tribo surgiu sem precedentes e por vários lados. A dupla rapidamente pega suas coisas e as fixam nas costas preparando para a fuga, mas ao redor do bosque onde estavam, surgem três homens da tribo com aspecto pasmos e prontos para atacarem. Interditando a saída pela margem do lago, forçaram os dois à entrarem novamente pela selva inexplorada.

Arpões foram atirados contra eles sem os atingirem, em contra partida eles sacam as armas para também revidar. Enquanto corriam foram disparados alguns tiros que não atingiram os nativos, mas bastou para que pudesse espantá-los. Ainda não era motivo para alívio, a qualquer momento poderia aparecer mais.

Assim, perdidos, sem saberem onde estavam, ativaram o radar entre os equipamentos que detectava o rádio transmissor do outro helicóptero, de sorte não estavam distantes. O barulho da tribo surgia de várias partes distintas causando preocupação e espanto. Após um longo percurso eles criaram uma distância de diferença razoável que permitia ouvir pouco do que se ouvia antes.

Deitados atrás de uma rocha eles recuperam o fôlego, mas breve o barulho terminou por completo, realmente conseguiram então dispersar os selvagens sem sofrerem danos. Novamente iniciam a caminhada acompanhando o sinal pelo radar, do ponto onde o helicóptero estaria estacionado, em relação a sua posição, conduziria-os pela caminhada de quinhentos metros. Após uma longa trilha eles avistam o restante do grupo em um pasto aberto onde o helicóptero estava estacionado, um dos poucos locais abertos que havia naquela região.

O grupo se reúne comemorando o material encontrado. Com uma balança para medidas eles pesam as bolsas, cerca de dez quilos para cada porção. O peso total foi avaliado em milhares de dólares e finalmente a missão havia se encerrado. Algumas feridas tais como da fera que atacou Ryah, outras marcas no corpo e picadas de insetos foram os prejuízos finais.

O helicóptero alça vôo rumo ao Imperial Arch Roset na capital. Após o reconhecimento do trajeto desempenhado no caminho de ida, eles tiveram maior facilidade no caminho de volta e depois de algumas horas de viajem, finalmente alcançam o centro metropolitano. Na base de pouso do edifício eles acenam para alguns homens responsáveis pelo apartamento, estavam a espera no terraço. Entre estes, estava Domini, que também foi avisado por telefone sobre a chegada do grupo.

Do helicóptero, Nycolas e Flammer descem amarrotados e sujos quanto as águas. Ryah com uma tipóia sobre o pescoço permanecia com o braço enfaixado devido o acidente, Jhason, tomando charme, manteve seus óculos escuros e carregava ao lado uma mala com os equipamentos auxiliando o grupo.

No vestuário o grupo troca as roupas para a partida do vôo, cujas passagens ainda teriam de ser compradas. Flammer envia com urgência Jhason ao aeroporto para adquirir as passagens em tempo bastante curto. O grupo deveria chegar ainda naquela tarde antes do fim do dia. Enquanto isso, Flammer, por telefone, assegurava Ganiev do seu comparecimento ainda naquela data. Sem conhecerem exatamente a previsão de volta, as passagens foram adquiridas apenas para o plano de ida.

No compartimento, secretamente Flammer entrega as bagagens com as pérolas adquiridas para Domini Gallas, que deveria realizar o vôo clandestino no jato. Além disto, uma outra pasta com o armamento do grupo, que seriam seis pistolas ajustadas perfeitamente à uma espuma moldurada. Gallas trava as duas fechaduras da pasta de polietileno, em seguida cumprimenta-os e ajusta seu óculos saindo antecipadamente para não levantar suspeitas.

Nycolas se encontra com seu parceiro Flammer, após ter tido uma conversa com os responsáveis pela área para distraí-los durante a entrega das bagagens. Ambos saem descendo as escadas que dava acesso ao corredor do último andar do edifício. O restante havia descido anteriormente rumo ao saguão principal. Após os acertos com os responsáveis locatários, o grupo se reencontra novamente. No saguão, os três traficantes da Al-quaeda permaneciam assentados no sofá, foram notificados por Flammer em uma ligação precedente.

Imediatamente eles se levantam para as devidas saudações:

_A missão foi bem-sucedida. - disse-lhe

Flammer intuitivo, guardou consigo algumas peças de diamantes no bolso.

_Tenho uma gratificação pelo hangar.

Em um estojo de caneta improvisado ele havia alinhado as onze esferas de pérolas negras. Estendendo o estojo, e exibindo-o aos rapazes, abriu com a outra mão. Os terroristas fitaram as pedras atônitos, e interessados, firmam o primeiro acordo com o grupo.

_Todas estas pérolas unidas ultrapassarão o valor requerido.

Na pequena mesa de vidro em frente ao sofá onde os negociadores estavam assentados o responsável pelo acordo assina o cheque e em seguida emiti-o à Flammer. Nada obstante eles saem após as despedidas, aqueles homens foram uma indicação de Gallas, que tinha alguns envolvimentos com o grupo. Alguns minutos se passam até que Jhason chega com as passagens adquiridas. O vôo estava previsto para as quatro horas da tarde, o grupo permaneceria no hotel até o horário e finalmente os seis componentes do grupo partiriam rumo ao Aeroporto Internacional.

 

O COMÉRCIO

 

       De volta à Dacka, após uma longa jornada de grandes aventuras, o grupo parte ao encontro de Gallas em um galpão secreto onde foi combinado a entrega das bagagens que continha as pérolas junto com as armas.  O aviador estaria a espera com as bolsas preenchidas. Os traficantes conferem as bolsas, tudo estava como antes. Nycolas se despede com gratificação ao convite do seu aliado, lhe entrega o cheque e ambos seguem para seus respectivos planos. Para Flammer faltava pouco tempo até a hora da entrega das pedras preciosas, era noite, o relógio apontava 8:15, e aquele dia seria, de sorte, o último determinado pelo proprietário do Radiance.

Novamente em seu escritório Flammer prepara a mala para o encontro. Algumas ligações anteriores informavam a sua ida em breve, o escritório de Ganiev encerrava às nove horas. Desta forma lhe restava ainda alguns minutos até a retirada do joalheiro do seu recinto funcional.

      Os ponteiros andavam de pressa, Flammer ajustava os botões da blusa, o prazo acrescentado seria apenas setenta e duas horas, faltava pouco para que Ganiev encerrasse o seu serviço. Após um rápido banho Flammer se reorganiza com as pérolas, que foram separadas das conchas e postas em um cubo de vidro de trinta centímetros quadrados, o que equivalia o peso de dois quilos e trezentas gramas. Os ponteiros marcavam 8:50, rapidamente Flammer as coloca separadas em uma pequena pasta em cujo interior havia um bolso plastificado. No fundo da pasta ele separa as promissórias onde também levaria uma balança de precisão.

Ao travar as duas fechaduras ele toma apressadamente seu palitó sobre a mesa e o põe no braço, com pressa, avança ao gabinete de Ganiev. No carro Flammer acompanhava o relógio posto sobre o painel-eletrônico. Cada minuto era significativo, seus pensamentos pesavam, sua pulsação aumentava a cada segundo. Oito e cinquenta e nove da noite, Flammer estaciona em frente ao prédio, seu relógio prateado sobre o punho esquerdo é observado, os ponteiros passavam em proporção a pulsação do seu corpo, uma gota de suor lhe corria pelo rosto. A permissão é dada por Ganiev. No escritório Flammer denota menos aflito, tudo até aquele dia estava pendente, desde o dia da emboscada da polícia na mina localizada na divisa com o distrito de Chittacong, o terceiro após o contrato, ele não teria descansado.

Obrigado a entregar uma mercadoria em lugar dos diamantes, teve a sorte de ter sido aceita por outra especialidade, tal como as pérolas, que por sorte, puderam ser encontradas. Um palpite fatídico de Domini durante suas pesquisas particulares, onde encontrou as informações detalhadas sobre a ilha, foi responsável pela solução.

      Naquele momento a porta é aberta, Flammer observa o relógio de parede posto sobre o centro do painel entre a mesa de escrínio e a janela dos fundos. A mercadoria é apresentada intacta, o relógio marcava nove horas em ponto. Ganiev estava para sair, mas se surpreendeu com a chegada do negociante, em seguida inquire o material, a quantidade em relação a proporção do diamante, claro, era bastante inferior, mas uma balança confirmava o valor compatível à peça. Flammer pondo a maleta sobre a mesa abre o zíper da pequena bolsa de plástico:

      _Confira! - disse-o ao abrir a bolsa. Tomando-as pela mão, põe sobre a balança. Ganiev se surpreende, a quantia exata quanto ao valor ordenado foi suprimida naquele momento.

      _Certo! - disse exultante com as peças - Estarei levando à analise de originalidade e em seguida aos meus ourives que polirão as peças, certamente no próximo dia quinze estarei com o estoque perfeitamente exposto - alertou.

      Em seguida assina uma nota fiscal confirmando a entrega efetuada. Eles se despedem e aqueles dias nunca seriam os mesmo para o clube Barony que por pouco não teve suas atividades arruinadas pela polícia.

      O grupo, claro, conseguiu dinheiro suficiente para reativarem os negócios secretos. Jhason continuou como assistente de Flammer. Seu trabalho gerou muita renda no exterior, tornou-se um dos principais na Índia. Seu relacionamento com Rachel foi fragmentado exatamente como previsto no presságio antes de sair para a missão na ilha. Elijah que havia sido aconselhado à acompanhar Rachel aceitou o convite. Durante o baile da festa Elijah conseguiu flagrar o tal envolvimento de Rachel com certo indivíduo.

Jhason ainda permanecia imóvel sobre sua cama, um funesto sentimento lhe corria sobre o corpo, um sentimento ruim, um outro presságio realizado, um estigma indescritível que realmente havia sido absorvido pela pedra-Jaspe encontrada na primeira sabotagem da mineradora desativada na região ao norte. Aquilo lhe parecia estranho, a foto não podia contestar sua culpa.

      Jhason move a foto do beijo de Rachel que Elijah havia flagrado em direção à mesa ao lado de sua cama. Lentamente ele se levanta, suas roupas amarrotadas demonstravam a irritação que passou ao terminar sua relação com Rachel em uma ligação anterior. Sobre a parede ele apoia as mãos vendo a paisagem da rua pela janela, Jhason segue em direção à uma prateleira em seu próprio quarto.

Em cima da estante de vidro a pedra-Jaspe lhe encarava como um inimigo existente. As luzes traziam a iluminação do brilho emitido pelo cristal, Jhason não se conteve, alçou a mão sobre a pedra de modo bastante rápido. Sua força não era nada agradável, a pedra é lançada contra a parede, em frações de segundos o cristal verde é fragmentado. Alguns pedaços se espalharam sobre o chão, mas Jhason já se sentia aliviado ao dispensar-se da pedra.

Alguns dias depois Flammer realiza uma ligação à Jhason, o telefone do seu quarto toca, ele atende. Sua expressão já não era mais abatida. Flammer comenta após saudá-lo:

      _Então, como está se empenhado economicamente após a conquista das pérolas meu caro?

      _Tudo bem regulamentado, adquiri bastante crédito financeiro conquistei novas rendas e o tráfico prossegue ativo.

      _A propósito, não tem mais algum presságio surpreendente a ser revelado para conquistarmos novos tesouros? Talvez uma gruta repleta de ouro? - Flammer deixou sair um rápido riso de voz baixa demonstrando a intenção satírica do pedido.

      Jhason entendeu com um sorriso abafado de lábios semicerrados.

      _Não duvide, a pedra-Jaspe realmente pode revelar misteriosos acontecimentos. Porém agora não tenho mais o cristal para conseguir novos presságios.

      Flammer se estranha e pergunta:

      _O que aconteceu?

      _Vendi à uma vidente. Recebi uma péssima revelação, uma visão que se cumpriu ao me certificar do fato que sobreveio antecipadamente pelo presságio.

      _Lamentável. - disse Flammer.

      _ESPERE! - o som da voz de Jhason saiu mais grave pelo telefone, Flammer se sentiu curioso com o que poderia ser.

_Parece que tenho uma última previsão!

      Jhason arranja certo suspense e logo prossegue:

      _Tenho uma nova revelação.

      _Como assim? E o cristal?

      _Consigo ver um inesquecível passeio do Clube Barony em férias à um luxuoso hotel cinco estrelas...

      _Oh, meu Deus!

_É o magnificente Oberoi Udaivilas em Udaipur. Parece que vejo quiosques, bebidas, coquetéis, comodidade e mulheres...

      Ambos sorriem contentes e tudo termina com mais uma conquista do malicioso Clube Barony. Tempos mais tarde o grupo passa a negociar o material em toda a Ásia setentrional. Com a venda da especiaria Flammer conseguiu ampliar sua mercadoria de drogas raras e pílulas narcóticas. Manteve seus negócios com Van Wilster e principalmente se acertou com Ganiev no prazo determinado. O grupo ainda continuou longos dias com as pesquisas para conseguirem mais quantidades de pérolas na região.

Para Flammer foi mais fácil fazer suas negociações de pérolas. Flammer já tinha seus clientes selecionados quando extraia diamantes anteriormente. A maioria das pérolas poderiam ser pegas em débitos. Muitos sócios forneciam contatos de outros compradores que poderiam se interessar pelo mesmo material. Isto o levou a vender toda sua parte em melhor tempo em comparação à Nycolas que continuou sendo seu aliado nas negociações, mas teve mais dificuldade ao vender sua parte.

Alguns comerciantes já haviam feito negócios com outros artesões que de Flammer havia comprado. O que muitos vendedores chamavam de comércio terceirizado. As vendas prosseguiam se expandindo assim por vários pontos do país e algumas cidades do exterior dando poucas alternativas de trocas para outros vendedores como Ryah e Rajid que foram mais impotentes e gastaram a maior parte do que adquiriu com negócios menos garantidos e tiveram menos lucro.

Além disso, Jhason não encontrava mais compradores, permanecendo durante alguns meses com ainda trezentos gramas de pérolas. A polícia monitorava após a grande venda de Flammer, todas as lojas e comércios de pedras-preciosas por suspeitas de estelionato, que o levaria mais tarde à trocar o restante da parte com as drogas no tráfico rodoviário. Dentre o bando de Sebastian Pig haviam outros caminhoneiros disfarçados que também comerciavam drogas.

 

 

FIM