MEDAL SILVER
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PARTE: MEDAL SILVER – O RETORNO À ILHA PERDIDA
POR:
GUILHERME PALHARES
Ilustração
João Carlos
Dados Internacionais de
Catalogação (CIP)
Catalagação SP - 2010
Copyright©
Edição Arch
Bibliografia.
ISBN
65-9898-8988
Editor:
Edward Rhozter
Patrocíio:
William Ratsbone
Tradução:
Samir Blast
Revisão:
Dyman Throika
Ilustração: Amanda Kitchener
Introução e seleção
Sylvie&Debs
Patativa Pinheiro
01-564-800
CDD-023
Índices
para catálogo sistemáticos
I Crime – 0350
II Aventura – 0390
Editora® Delartes 1985
Maps
World Diagramation
ÍNDICE
INTRODUÇÃO.................................................................. 5
O MERCADO.................................................................... 6
A ENTREGA.................................................................. 10
ATAQUE SURPRESA.................................................... 16
UM NOVO DESAFIO.................................................... 20
O PLANO....................................................................... 24
A REUNIÃO.................................................................. 34
O RETORNO À ILHA................................................. 46
O POUSO....................................................................... 54
A ROCHA CENTRAL.................................................... 57
A DETONAÇÃO.............................................................. 62
O SALÃO DAS PÉROLAS.......................................... 65
A DUPLA SE SEPARA............................................... 69
A TRIBO....................................................................... 74
UM ATO ERÓICO......................................................... 79
SEM SAÍDA.................................................................. 82
O LAGO SECRETO...................................................... 85
A DISPUTA.................................................................. 91
NO AEROPORTO......................................................... 101
A MEDALHA DE PRATA........................................... 108
INTRODUÇÃO
Um cenário radical foi criado, a moderna
cidade de Nova Delhi surge como o foco principal. A transferência da base
parece fomentar um caminho rumo a modernidade. Algumas cidades importantes da
Índia surgirão como cenários secundários. A ilha continua arriscada e ainda
mais emocionante. Novos desafios resultarão com a inclusão de mais um
helicóptero. As drogas farmacêuticas, porém, não serão suficientes quando o
embuste estiver lançado. Muitos conflitos decorrentes da busca pelas pérolas
serão cruciais, o prazo está determinado, uma mercadoria está detida nas mãos
do recém-rival Sebastian Pig e tudo culminará com uma inesperada separação de Flammer
e Nycolas, um estimado companheiro de aventuras.
O MERCADO
Dia comum
As substâncias exportadas para
fabricação de novos conteúdos foram suspendidas, muitos laboratórios
permaneciam obstruídos e a polícia agia em constante monitoração nas rodovias
de saída ao Himalaia e no oeste da alfândega. O colapso responsável pelo
desaparecimento das drogas contribuiu para que o Clube Barony recorresse à
novos métodos financeiros para garantir a sustentabilidade do tráfico e para a
construção de uma nova matriz. A busca por pedras-preciosas tornou-se o
principal vínculo do grupo.
A primeira alternativa surgiu pelo
comércio de diamantes, que foram captados e transportados de uma mineradora
desativada ao norte de Bangladesh, nas aproximidades da região de Sylhet, um
dos distritos ao norte do país. As adversidades em relação ao comércio dos diamantes
devido a ação da polícia que havia bloqueado a movimentação do tráfico após o
primeiro embuste, compeliram o grupo à uma outra alternativa. O comércio das
pedras-preciosas, claro, continuou ativo, a maior parte da especiaria pode ser
vendida aos comerciantes artesanais do próprio país, alguns estrangeiros eram
atraídos pela compra específica de diamantes quando as negociações ganhavam melhor
acessibilidade no valor, mas por um longo período o grupo manteve as
negociações sob a venda de pérolas.
A interseção da polícia inibiu a
atividade dos traficantes, quando operava novas investidas ao norte. A
atividade policial resultou na apreensão da mercadoria traficada. O grupo, tendo
uma encomenda a ser entregue, teve que encontrar outro método para suprir a última
entrega de diamantes negociada com uma grande joalheria
Alguns meses depois do tempo de captação
de diamantes na mineradora desativada conhecida como bangladiamond, e da captação
de pérolas na ilha perdida, o grupo retorna à produção de drogas farmacêuticas.
Todo dinheiro adquirido pelas vendas das pedras-preciosas, foi transferido para
contas no exterior, após terminarem as suspeitas do crime. Uma grande matriz
foi implantada na Índia e a nova base foi estabelecida
Novas substâncias foram trabalhas para fabricação de pílulas
genéricas, o fundo adquirido pelas vendas das pedras, claro, foi um dos
principais fatores para o sustento do grupo. O Clube Barony adotou uma nova
linha de remédios adulterados quando de modo incrível encontraram a então
milagrosa porção de pérolas, que foram negociadas pela joalheria Radiance em
Bangladesh, cujo principal tratante seria o afamado, Wald Ganiev. O grande
sucesso das vendas levou o sócio de Benayla, à grandes negócios que tornaram
responsáveis pelo aumento constante de suas vendas.
Nycolas, uma antigo sócio do grupo, cooperou nas conquistas
das primeiras porções das pérolas, seus negócios cresciam exponencialmente.
Seus produtos eram similares ao mercantilismo do Clube Barony, a droga
tornou-se competitiva, por muitas vezes suas mercadorias entravam em complexos
acordos nas negociações com os traficantes locais. Nycolas, contudo, mantinha
relações secretas com Flammer, seu mercado estava à baixo do sistema empregado
por seu sócio, geralmente, se sujeitava aos seus impostos, e seu grupo agia em
proporções menores em comparação ao grupo vigente de Nova Delhi.
A ENTREGA
O forro de gesso no teto formava uma
moldura saliente e que seguia até a posição central, moldurando a grande
arandela da luz. A mesma moldura ornamentava as pilastras em forma de capitéis incluindo
o espaço do clube. Um quadro guarnecido de vidro fosco estampava o emblema do
clube em detalhes dourados da superfície exposta na parede de tijolos, duas
poltronas gôndolas realçavam o recinto. Pela parede de frente à porta de
entrada, entre as duas poltronas, uma pequena mesa de madeira redonda, também
revestida de alumínio, sustentava um jarro de acrílico com um arranjo de
holambra.
Lean Van Wilster estava prestes a
assinar um acordo, uma longa conversa havia se decorrido daquele encontro. O
sócio se aproxima da mesa fazendo mover as rodas da cadeira. O papel de contrato
sobre a mesa é analisado, logo em seguida, uma caneta prateada que continha uma
grife do nome do negociador é retirada do bolso.
_Quatrocentos quilos das drogas até a
farmácia em Jairpu e nada mais. - propôs Van Wilster ao acentuar a ponta da
caneta sobre o termo.
_Não se hesite, as drogas estarão em
suas mãos hoje mesmo. Enviarei um dos meus homens para realizar a entrega.
No mesmo instante Flammer toma o
telefone ao lado para ativar o contato com Ryah, seu motorista preferencial, em
um outro setor do clube onde operavam os capangas nas embalagens das drogas.
_Ryah, compareça em meu escritório,
quero que conheça uma rota de encomenda.
Ao desligar o intercomunicador, Flammer
pega o termo assinado. Van Wilster acrescenta:
_Farei o pagamento quando a entrega for
cumprida.
Flammer ainda observava alguns trechos
em cujo texto se identificava algumas das principais drogas genéricas de
biossintética encomendadas.
_Cloridrato de Merformina, Ginkgo,
Maleatos, Mononitrados... - sua voz surgia em nível baixo ao recitar os
contraceptivos.
_Tiboloína! - Exclamou em tom mais alto.
Tiboloína era um remédio genérico
analgésico que produzia efeitos contrários e sedativos sem a recomendação
certa.
_Não se espante, alguns de meus clientes
usam em pequenas dosagens enquanto estão em serviço.
Logo
_Entre. - convidou Flammer.
Ryah entra, ao mesmo tempo
_Esta é a entrega. - Flammer lhe
entregou o termo do acordo feito.
O motorista faz uma breve leitura:
_Epidemia em Jairpu? - se espantou Ryah
franzindo o rosto ao conferir os produtos selecionados.
Van Wilster deixou escapar uma breve
risada.
_Não, não, o preço dos maleatos estão
relativamente baixo, quero abranger um estoque sustentável antes que ocorra
alguma imprecisão.
_Como sempre, precavido, porém pessimista...
Não é de se espantar que nosso sócio Van Wilster faça este tipo de compra.
Quanto aos maleatos, encontramos a cópia do produto recentemente, breve tratarei
de aumentar o valor da mercadoria. Certamente evitarei que a mercadoria seja
percebida pela polícia. – comentou Flammer.
Em seguida ordena ao seu assistente:
_Quero que faça esta entrega ainda hoje,
prepare os produtos e não falhe.
_Bom, este é o endereço. - Van Wilster
entrega à Ryah um pequeno cartão de visitas onde havia escrito o endereço da
farmácia em Jairpu.
Os homens se despedem, uma encomenda
deveria ser entregue. O antigo galpão do grupo possuía uma linha de capangas
agora mais extensa. Muitos operários armazenavam as pílulas no pequeno
laboratório localizado não muito distante do clube. As embalagens das caixas, a
confecção dos rótulos nos frascos e a separação das drogas eram feitas pelo
grupo de traficantes. Algumas máquinas produziam as drogas automaticamente, e
outras eram postas nas pilhagens pela ação dos assistentes. As drogas eram
comerciadas sem legalização, as embalagens copiadas de alguns remédios traziam
informações idênticas. Qualquer deslize poderia ser fatal para o malicioso
Clube Barony.
Por outro lado, a maior parte da sua
conta pôde ser paga, mas ainda manteve um antigo débito milionário com
Sebastian Pig, que por aceitar suas mercadorias em troca, preferiu fazer outros
investimentos externos até que pudesse recompensar o dinheiro. Quase no mesmo
período de mudança do clube, o traficante passou a negar as suas mercadorias,
faltava ainda muito e o saldo se acumulava quando alguns comparsas de Flammer
sempre debitavam as mercadorias de pílulas para laboratórios na Índia. Foi
assim que na rodovia Sepastian Pig confiscaria um de seus transportes
milionários de mercadoria farmacêutica onde também havia muitos narcóticos e
dinheiro.
Sebastian Pig exigia tão-somente, que a
dívida fosse quitada o quanto breve estipulando o prazo do trato a ser corroborado.
Pouca distância separava o galpão, da localização do prédio, cerca de um
quilômetro. Ryah atende o pedido feito pelo cliente, poucos minutos se passam
até a saída do prédio principal. Com seu próprio carro conversível azul
marinho, o motorista acessa o portão automático da garagem, que subia
automático ao se curvar pela dobradiça mediana. A ordem foi dada
antecipadamente aos capangas que nada obstante, iniciaram a postagem da demanda
solicitada em um dos caminhões de carga. O caminhão usado seria um modelo pouco
similar do segundo caminhão apropriado para cargas médias. Possuía
cabine-dupla, sua frente pouco achatada emitia um efeito branco reluzente produzido
pela polidez das laterais em cujas margens superiores passavam-se os adesivos
pretos realçando o aspecto frontal. A carroceria metálica possuía uma saliência,
as portas permitiam acesso pelas aberturas laterais e pela abertura traseira.
Por esta parte de trás os integrantes do grupo estocavam as mercadorias.
Uma rampa automática foi acionada, os
embarcadores de ferro com as pilhagens das drogas foram se movendo por quatro assistentes.
O transportador possuía duas rodas entre o eixo inferior e a base de
ostentação. As maçanetas dos canos superiores permitiam que a mercadoria fosse
embarcada com maiores quantidades.
Os capangas usavam roupas extravagantes,
blusas tropicais de seda, peças valiosas ao longo do corpo e tecidos caros. Breve
as pilhagens foram ocupando boa parte da traseira. O serviço se finaliza, Ryah se
despede dos quatro homens, entre estes, permaneceu Said, um dos principais
chefes do galpão incumbido na administração das cargas internas, possuía
cabelos curtos negros, usava uma blusa de cetim escura e um bracelete de ouro,
era um dos homens de Nycolas.
Uma rápida checagem foi feita, tudo
parecia perfeito para a entrega. As caixas possuíam uma largura maior em
comparação ao conteúdo depositado no interior, de modo que o volume não era
específico à quantidade dos remédios. As colunas formaram linhas de dez pilhas
que foram devidamente estocadas. A quantidade, de fato, era compatível ao
número relacionado ao termo.
Finalmente a última linha foi conferida,
a mercadoria estava pronta para a partida, um espaço considerável permitia a
postagem dos dois embarcadores. Em seguida, um longo aparador metálico em forma
de haste foi posto entre as bases para manter as mercadorias fixas. Ryah
finalmente suspira, realiza a última ligação à Flammer para informar sobre a
partida, toma as chaves do veículo após fechar as portas traseiras iniciando,
por fim, a viajem rumo à Jairpu. Said um dos que manejavam as cargas, o acompanharia
como auxiliar de piloto. Seria útil como ajudante de descarga.
ATAQUE SURPRESA
À poucos quilômetros da chegada, algo
parece surpreender os traficantes. Um bloqueio formado por alguns homens
trajados de roupas escuras impedia que o caminhão passasse pela pista que se
seguia. À princípio Ryah pensou tratar de um acidente, as roupas escuras
esvoaçavam pelo vento, um dos três possuía óculos, o caminhão se aproxima à
duzentos metros, o outro usava um rifle, mas ainda não eram
identificados.
Said toma um binóculo do porta-luvas,
Ryah reduz a velocidade, o veículo se aproxima mais alguns metros e Said
finalmente consegue constatar a presença das armas.
_Pare o veículo... - advertiu Said ao
devolver o binóculo, Ryah se assusta.
_Estão armados. - concluíu.
Imediatamente Said se reclina no banco
para sacar sua pistola no coldre de sua cintura, repõe o pente automático e se
alarma. Ryah ainda dirige o caminhão à alguns metros e engata o ponto-morto da
marcha acerca de cem metros. Seu óculos escuro, que foi posto ao estacionar o
veículo, não permitia o discernimento do bloqueio do carro com os homens
armados, mas sua pistola ao lado foi sacada
Um momento de suspense envolvia ambos,
Ryah com as mãos entre o gatilho e o volante esperava algum sinal. Na pista de
retorno, poucos carros passavam, dois ou três conseguiram contornar o carro do
bloqueio pelo encostamento. O trânsito era quase inexistente. Pela mesma pista
não havia carros, tão-somente o caminhão que dificilmente realizaria a manobra
de contorno pelo encostamento.
Alguns segundos se passam, os três
carros pela pista de retorno que atravessaram o bloqueio, cruzam quase no mesmo
instante em que o caminhão é novamente acionado após a entrada dos homens ao
veículo, a rodovia tornou-se vazia. Apenas um carro se aproximava pela pista de
retorno, após a passagem dos três primeiros veículos. A dupla estava sob a mira
de um grupo armado, de longe o carro desconhecido se aproximava.
O Pólo preto finalmente se move, Ryah tinha
uma mera suspeita de que o grupo pertencesse à polícia, mas sem alternativa,
engata a marcha-ré para fazer o retorno. A posição do carro conversível agora
abria passagem ao se posicionar pela contra-mão. A passagem do último carro que
lentamente se aproximava, era condicionada pela movimentação do primeiro. Ryah
não teve chances, antes que o volante fosse manejado para fazer a conversão, o
último carro o alcança, talvez a fuga fosse possível, mas nada sabiam que
aquele estranho carro, estava diretamente ligado ao outro.
Novamente Ryah estaciona, um Véctra branco
atingiu uma aceleração maior e alcançou a parte dianteira do caminhão. Said se
espanta, não havia saída, os homens, à dez metros de distância, descem do carro
armados, um deles sinaliza com a arma ordenando a descida de ambos, mas Said
tomando a iniciativa dos primeiros disparos, reage. O grupo revida, Ryah o
ajuda com quatro tiros subseqüentes. O próximo carro Pólo se aproxima, tratava
dos mesmos homens de Sebastian Pig, um sócio distante do clube. Os disparos dos
tiros entre as duplas acertaram a lataria em ambos os carros, de sorte, ninguém
ficou ferido.
O conflito logo termina com a chegada do
segundo grupo ao convergir novamente pela pista de retorno. Armados pela
janela, tiraram a concentração de Said, que se rende em seguida pela desvantagem
de cinco homens ao descer do veículo. Três homens ao mesmo tempo descem do
carro, os outros se aproximam, Ryah, em sinal de paz, entrega sua pistola.
Inevitavelmente mobilizados, são ordenados a posicionarem as mãos à cabeça. Um
dos homens explica:
_Somos enviados de Sebastian Pig, este
bilhete deverá ser entregue à Flammer. - colocou no bolso de Ryah que mantinha
as mãos na cabeça após a ordem do líder entre os cinco estranhos.
_Agora quero que andem setenta pés à
frente e não olhem para trás, a mercadoria será devolvida com as devidas
condições estabelecidas no bilhete.
Um outro homem robusto empurra-os para
se moverem, Ryah segue com um rápido passo à frente, o caminhão foi apreendido,
a dupla se move e os carros iniciam o contorno para retornarem à alguma suposta
cidade no interior traficada por Sebastian Pig. A dupla não tinha chances, o
próximo posto estava à quinhentos metros e a carga inevitavelmente foi detida.
UM NOVO DESAFIO
Um ano se passou, as pérolas conquistas finalmente se esgotaram, o Clube Barony retorna ao comércio das drogas. As mercadorias farmacêuticas foram superadas e o grupo estava perto a entrar em um novo desafio lançado pelo responsável da cilada na rodovia oeste. Sebastian Pig, um outro traficante de renome, vendia drogas adulteradas e atuava nas principais estradas da Índia meridional ao Golfo de Bengala. Em algumas ocasiões agia como oponente do grupo.
O grande Sebastian Pig, homem gordo e
vulgar, usava roupas largas, chapéu aveludado, braceletes caros em torno dos
braços, um relógio dourado modelo raro da linha Roadster da marca Russa
Cartier, exibia um esnobe perfil de um dos principais milionários do golfo. Seu
imponente caminhão permanecia secreto na garagem escondida de uma cidade pacata
à trezentos e cinquenta quilômetros de Nova Delhi. Um acordo secreto feito com
um dos sócios de Flammer culminaria com a ação do traficante.
A quantidade do valor oferecido pelo capanga
não foi suficiente para quitar uma parte igual da mercadoria pretendida,
novamente Flammer passaria a devê-lo um dinheiro à mais acrescentado em sua
conta particular. Uma antiga dívida ainda estava pendente, para Sebastian Pig,
somente a apreensão da mercadoria poderia forçar Flammer ao pagamento. Naquela
mesma tarde após as negociações, Flammer permanecia em seu grande escritório
impregnado, o telefone toca, era Sebastian Pig.
_Basta! - queixou em tom de voz grave -
Um de seus assistentes violou uma mercadoria, o débito foi acrescentado na sua conta,
definitivamente não posso aceitar que a conta se acumule.
Sebastian lhe fazia as cobranças
constantemente de uma dívida do Clube Barony.
_Não se hesite companheiro, farei o
pagamento em breve.
_Exijo o pagamento de novas porções de
pérolas como da vez anterior. Tenho alguns negócios em desenvolvimento e não
posso abrir mão da cobrança.
As pérolas conquistas serviram para o
pagamento da primeira parcela da conta, mas ao longo dos tempos novas parcelas
foram se acumulando, uma dívida havia se firmado entre ambos.
_Lamento, as pérolas se esgotaram no
outono passado, não tenho mais porções.
_Somente espero que seu caminhão
cargueiro de cabine dupla possa compensar.
_Do que está falando? - Flammer
questionou espantado percebendo que Sebastian Pig lhe direcionava algum tipo de
indireta.
_Ryah e um dos seus capangas seguem
andando pela segunda rodovia oeste, rumo à Jairpu, seu valioso caminhão de
cabine dupla se encontra detido junto com a carga até que o pagamento total do
débito seja feito. Quero que tudo seja pago, nenhum centavo à menos.
_Como ousa? - se estranhou - esta carga
é uma mercadoria milionária, todo produto ultrapassará o valor da conta.
_Sinto muito companheiro Flammer, mas
concedo apenas quatro dias até que consiga pagar a conta, aceitarei as pérolas
em troca, o dinheiro à vista ou seu valioso caminhão com as cargas como
recompensa do débito.
_Tudo bem, qual é o valor estimado para
pagar a conta em relação à carga incluída do transporte?
_Levando em consideração o preço das
suas mercadorias, receio que duzentas embalagens das drogas em pílulas.
_Isto equivale à dez quilos de pérolas,
talvez eu consiga a proeza!
_No entanto, negocio apenas dinheiro à
vista ou os dez quilos de pérolas, nenhuma grama à mais além disso, embora eu
possua muito dinheiro para comprar grandes quantidades, não conservo gosto
pelas pedras. Minhas negociações estão diretamente ligadas ao tráfico das
drogas. Enviarei meus aliados para negociações aos joalheiros, abrirei exceção
quanto à finalização da conta. Faço o pagamento à vista caso pague a dívida,
dez quilos apenas também, nada além disso, isto se lhe restar porções de pérolas até lá. – zombou
sorrindo de Flammer.
Flammer desliga o telefone enraivecido,
sua cadeira móvel se vira contra a janela, de longe observava os prédios que se
estruturavam ao longo da região de Nova Delhi. Alguns minutos se passam quando
finalmente o telefone torna a tocar. Ryah deposita as últimas fichas numa
ligação pelo posto de combustível da rodovia.
_Tenho péssimas informações... - disse
aborrecido ao lado de Said em uma cabine telefônica de certo posto na estrada.
_Já sei, - interrompeu - a carga foi
detida.
_Lamento, tentamos impedir, mas éramos
dois.
_Foram os capangas de Sebastian Pig, já
tenho planos para reconquistar o caminhão. Faça o retorno, estarei o aguardando
em meu escritório.
O PLANO
Flammer estava em seu aposento quando
ainda os ponteiros do relógio marcavam poucas horas ao anoitecer. A notícia de
que as mercadorias foram apreendidas o deixava cada vez mais complexo. O
telefone em cima de sua mesa do escrínio é acionado, uma ligação direta foi direcionada
à Nycolas, a ansiedade lhe dominava os sentidos, os segundos se passavam
lentamente, após alguns toques finalmente o telefonema é atendido.
_Nycolas Toledo. - uma voz aguda
e receptiva surgiu pelo fone de ouvido.
_O que ocorre após ascender um isqueiro?
Alguns segundos se passaram, mas Nycolas
rápido assimila a charada com o apelido de seu sócio Benayla.
_Flammer? - respondeu ainda em dúvida.
_Acertou meu caro, - um isqueiro de
bronze moldado é ascendido, um charuto parecia ser um meio de se acalentar da
notícia - estou literalmente em chama, em breve serei o acendedor do estopim.
_O que houve?
_Minhas mercadorias foram detidas na
pista rumo à Jairpu. Sebastian Pig deseja que uma antiga conta seja paga. Quatro
dias foram propostos para que o pagamento seja efetuado, porém, não tenho
outros recursos.
_Infelizmente amigo, não tenho como ajudá-lo.
Tenho tido baixas em minhas relações no narcotráfico, os negócios estão
pendentes...
_Não se preocupe, não vou lhe pedir empréstimos,
quero marcar um encontro para melhor conversarmos, trataremos de outros negócios.
_Estou hospedado no hotel Maurya à
poucos quilômetros de seu escritório. – disse Nycolas - Marcarei duas reservas
no restaurante Bukhara, o local é de simples acesso, bastará apenas sua
identificação ao recepcionista.
_À que horas?
_Às nove.
O horário foi breve combinado, dentro de
poucas horas Flammer se encontraria com um de seus principais sócios. O
telefone é desligado, algo estava para acontecer, quatro dias não seriam
suficientes para cumprir com a exigência estabelecida. Diante da janela,
novamente Flammer observava a paisagem formada por edifícios suntuosos, trânsito
rápido e pedestres pacíficos que transitavam pela pavimentação.
O poente do dia logo precederia a noite.
Desde a emboscada das mercadorias até aquele momento, já havia se passado tempo
suficiente para que Ryah ressurgisse com mais detalhes da apreensão de
Sebastian Pig. A noite surge repentinamente. Flammer, após fechar a grande
cortina da janela central, andava em direção ao postiço para pegar seu palitó.
Antes de encerrar o painel de controle, finalmente Ryah surge visto em
preto-e-branco pelo monitor das câmeras externas. Após a emboscada Ryah e Said
haviam encontrado um posto de combustível e uma cabine telefônica para operarem
a ligação. Com algumas fichas, Ryah conectou à um embargador público para
levá-los de volta à cidade.
O novo escritório do clube, como em
Dacka, foi arquitetado com mesmos detalhes do antigo prédio de dezoito andares
Embora muitos detalhes tivessem mudado
de aparência quanto a decoração geral, ainda se mantinham as tradicionais
tochas prateadas similares às pequenas taças achatadas, que sustentadas por um castiçal
moldado de haste longa, produziam um efeito cênico da luz emitida pela chama. O
grande empreendimento desenvolvido pelas vendas das pedras-preciosas, de fato
trouxe muitos benefícios ao clube. O escritório mantinha uma nova linha de
gerenciamento moderno e os galpões do clube
O local foi construído após um
investimento exorbitante. Antes que a empresa responsável pela construção
chegasse à conclusão do projeto, o clube decidiu a compra de todas as
residências no vigésimo primeiro andar, de sorte, o plano de engenharia incluía
uma pista de pouso para helicópteros ao invés de luxuosos terraços e dois
galpões para armazenamento gerais, que certamente facilitaria com a transição
das drogas.
A grande quantia envolvida levou muitas
modificações tais como a arquitetura dos galpões. O engenheiro-técnico era um
antigo conhecido de Flammer e acompanhou na estratégia. A oferta para a
finalização foi demasiada para que o diretor-geral recusasse. Em pouco tempo o
grande escritório foi concluído em uma área nobre de Nova Delhi, com a conexão
de duas áreas distintas do último andar.
No
escritório Ryah lamenta o fato, Flammer, que estava para sair recebe de suas
mãos o bilhete branco entregue por Hector, que mais parecia ser o chefe do
grupo, tratava da mesma chantagem de Sebastian Pig feita pelo telefone. A carta
é posta em uma das gavetas do escrínio. Com seu palitó sobre o braço esquerdo,
Flammer acompanha Ryah até a porta de saída.
Era quase sete da noite, Flammer tinha
um encontro marcado e deveria comparecer ao local às nove horas. Antes da saída
tudo foi sendo organizado em seu apartamento particular. Seu plano estava
pronto, mas ainda havia uma sina pessoal que não o deixava se contentar com a
notícia daquele dia, por sinal, a apreensão da mercadoria.
Era noite, o carro de Flammer se
aproxima do hotel Maurya e o estaciona em local seguro. O restaurante Bukhara,
localizado na área diplomática da região, pertinente ao hotel, oferecia um comedimento
satisfatório aos seus clientes. Uma entrada translúcida, formada por um
alpendre emoldurado, se dissolvia com tintas mistas entre o preto sintético e o
esmalte branco cintilante das paredes. As lâmpadas fluorescentes compactas
emitiam efeitos congruentes.
Flammer passa pelos seguranças que
vestiam uniformes com emblemas, eram apropriados do hotel. Na recepção consegue
a permissão para acessar o restaurante, Nycolas havia planejado
antecipadamente. A área interna se dividia em algumas partes, na área de
cozidos via-se uma chapa feita de tijolos refratários, um balcão de alvenaria e
um aparador de granito. Os caibros formavam uma cobertura por baixo dos pilares
entre os funcionários, o molde cumpria perfeitamente com o estilo rústico do
local.
O piso porcelanato se restringia na área
de serviço, que terminava com uma adega de taças cristalinas, lenços e
talheres. Uma linha de banquetas gôndolas contornava o local, a madeira
realçava o visual. No salão principal, algumas mesas eram ocupadas pelos supostos
hospedes. Algumas áreas possuíam safares únicos feitos de teflon. Por esta
área Flammer se aproxima acompanhado de um garçom.
O sofá desocupado com capacidade para
quatro ocupantes contornava uma pequena mesa de madeira. Um jarro de acrílico
conservava algumas plumas sintéticas em tons variados e sobre a superfície, o
cardápio. O garçom estende o braço indicando a oferta do assento, em seguida,
lhe deseja comodidade. Flammer tentava identificar seu sócio Nycolas que havia
marcado o encontro naquele local, a movimentação era razoável, garçons e
hospedes andavam por algumas partes, o som da conversação se dissolvia, as
luzes ofuscadas eram típicas do ambiente.
Nada obstante Nycolas surge, vestindo
uma roupa escura social de tecido fino, seu convidado se levanta para saudá-lo.
O garçom é acionado com um aceno do companheiro.
_Um champagne por obséquio! -
solicitou.
_Nada como um fino restaurante para
tratarmos do assunto. - Nycolas comenta após ordenar a demanda da bebida.
_Não há dúvidas, esta ocasião será
oportuna para lhe pedir um pequeno favor financeiro. O valor equivale acerca de
duzentos quilos das drogas.
_O valor é muito alto, como lhe disse
meu caro Flammer, não tenho nenhuma possibilidade em fazer empréstimos, estou
com meus juros pendentes, esta causa acarreta na efetuação dos saques. Durante
estes quatro dias ainda estarei com juros, o período será insuficiente até a
liberação do carnê...
_Porém me refiro à sua conta com o
clube. Um valor mais acessível talvez seja viável.
_E quanto equivale o valor? - perguntou.
_Cinco mil, quinhentos e trinta pratas.
_Sinto muito, ainda é insuficiente. -
lamenta - Não há outra alternativa?
_Não tenho opção, o valor a ser pago
deverá ser feito em dinheiro ou...
Flammer faz uma pausa, se lembrou de uma
outra condição que estava em jogo, Sebastian Pig havia proposto cerca de dez
quilos de pérolas em lugar do dinheiro para o acordo.
_Pérolas. - concluíu Flammer.
_Pérolas? - retrucou Nycolas.
_Pérolas? - perguntou o Garçom.
As pérolas comumente eram postas nas
taças de Champagne, conforme a tradição indiana local. O garçom ainda
suspendia a tenaz pronto para por a pedra sobre a bebida.
_Sim, pérolas. – disse Nycolas.
_Sabia que não recusaria.
O garçom obedece. Flammer retoma sua
posição, havia se reclinado fixamente em direção à Nycolas para comentar a proposta,
seu gesto oferecia espaço para as taças. As pérolas formavam algumas espumas
sobre a bebida. Nycolas retorna ao assunto:
_Não sei se devo...
Antes que Nycolas terminasse, um brinde
foi sugerido interrompendo suas palavras.
_À missão impossível!
E após um pequeno gole, Flammer entra em
detalhes.
_Esta alternativa permite apenas a
quantidade exata das pérolas com relação a conta, conversei com Sebastian Pig
antecipadamente. Dez quilos de pérolas foram propostos, serão o suficiente para
pagar a conta, no entanto, as pérolas se esgotaram com os investimentos do
clube, os fundos foram direcionados às parcelas monetárias, somente serão
conquistadas se fizermos um retorno à ilha.
_Não tenho muita certeza. A pérola se desvalorizou
no mercado, embora tenha eu conseguido lucros com as porções anteriores, não
vejo vantagens por conquistarmos mais quantidades. - Nycolas comenta e toma um
pequeno gole de Champagne em seguida - Talvez Sebastian Pig sinta
interesse em comprar as pérolas?
_Sebastian Pig está disposto a pagar
pelos dez quilos de pérolas em dinheiro à vista, porém tenho que quitar o
débito, o valor da conta certamente não será o valor exato das pérolas, talvez
me reste alguma quantia para vendê-las, caso a viajem seja feita.
Flammer continua:
_Estava pensando a finco em realizar a
viajem, mas queria que sua presença fosse primordial em uma segunda missão à
ilha.
Ambos realizaram uma viajem
anteriormente à uma ilha perdida e conquistaram algumas porções de pérolas.
_Ânimo companheiro, tenho uma linha de
clientes joalheiros interessados pela pérola. - incentivou - Não comentei à
princípio, mas sua conta poderá ser debitada à longo prazo.
Dez quilos de pérolas por dinheiro a
vista estavam em jogo, para Flammer seria o valor aproximado para quitar sua
dívida e recuperar sua mercadoria farmacêutica, visto que, o empréstimo não
seria possível. Nycolas por algum momento se interessou pela proposta, mas a
prioridade era o acerto de Flammer, logo decide:
_Posso acompanhá-lo na missão, posso inclusive
pagar pelo seu pacote de viajem à longo prazo, preciso apenas que se certifique.
_Não tenha dúvidas, esta é minha única
opção. Realizarei uma reunião para discutirmos sobre o assunto, com este pacote
terei maior abrangência ao cumprir a missão.
_Quanto ao cheque estagnado farei a liberação.
Nycolas retira de seu bolso uma caneta
para a assinatura do cheque que foi posto sobre a mesa.
_Amanhã este valor estará liberado,
porém, não chega a cumprir com a quantia estabelecida por Sebastian Pig em troca
da sua mercadoria apreendida ou o valor que você tem referido.
Flammer observa a nota, o valor expresso
era exato à uma antiga parcela na conta de Nycolas. O dinheiro seria suficiente
para a compra de equipamentos na missão, porém, nada era suficiente para a
reconquista da mercadoria apreendida.
_Certamente lhe pagarei pelo pacote de viajem
quando o dinheiro entrar
Nycolas ao contrário possuía juros
bancários, era incapaz de efetuar saques naqueles dias, e somente no início do
mês teria a liberação da conta que foi limitada pelo valor do saldo.
_Não se preocupe, as passagens estarão
sob minha conta. - disse Nycolas ao levantar a taça para um brinde à viajem.
_Estarei o esperando às duas horas.
Após algumas horas de diálogo, o garçom
surge com a conta exigida, os traficantes se despedem. Este definitivamente era
um dos últimos negociadores interessado em pérolas e que estava disposto em dar
o dinheiro em tempo breve, garantido e à vista. Ambos tinham uma missão a
cumprir, novamente a dupla se arriscaria em um retorno à ilha perdida. O principal
propósito era manter a mercadoria antes que fosse negociada e isto, em um prazo
de quatro dias. Talvez as pérolas sejam equivalentes à nove quilos e novecentas
gramas, talvez a ilha ainda possua mais porções de pérolas, talvez sejam
suficientes para os exploradores.
A
REUNIÃO
Um dia após o encontro com Nycolas, o
grupo novamente se reúne no salão principal do clube. Um ambiente arejado
mantinha um ventilador embutido, um sistema computadorizado capaz de monitorar
as câmeras nas áreas externas e uma extensa janela moldada de aço maciço nos
fundos. A sala possuía um aparato ideal para reuniões. As paredes similares à
um ângulo elíptico formavam curvas até as extremidades da parede principal. Os
bancos foram sendo ocupados pelos principais membros e finalmente Flammer
recebe a vinda de Nycolas e seus assistentes, entre os acompanhantes, Said.
_Seja bem vindo companheiro. - o
cumprimentou ao entrar pela entrada à direita do pequeno altar, sendo que pela
esquerda do altar, era a entrada ao escritório particular.
Nycolas e seus companheiros se acomodam.
_Estes são os pacotes. - lhe apresentou
as passagens para o vôo à Indonésia, local onde se situava a ilha.
_Estes bilhetes permitirá o seu embarque
e de mais dois acompanhantes.
Flammer recebe agradecido.
_Excelente! - colocou-os sobre o bolso
interno sem destacar o lacre - à que horas será a partida? - perguntou em
seguida.
_Amanhã às oito, será um ótimo horário.
_Por favor acomode-se. - lhe ofereceu
lugar estendendo a mão.
Flammer aproximando-se da mesa, abre a
última gaveta por baixo do escrínio e retira uma pasta com as principais
informações climáticas das regiões adjacentes à ilha.
_Enviei Bernard, um dos meus agentes espiões
para investigar sobre a atual situação climática da ilha. E adquirimos a
previsão atualizada em partes da região oceânica.
Um jornal de notícias meteorológicas
fornecido em uma embaixada indonésica
_Certamente haverá uma alta pressão de ventos
fortes e oscilação do tempo no decorrer dos próximos dias.
Se não fosse a última atualização
informada pelo relatório da embaixada adquirida por aquele agente, talvez o
clube não tivesse a preocupação com o preparo do voô. Mas a notícia alarmou
todo o grupo.
Flammer toma uma última página impressa
da pasta para fazer um paralelo com a imagem exibida e discute:
_Aqui está - disse eufórico com o
anúncio.
_Segundo as últimas notícias previstas
pelo Centro de Meteorologia do país com base ao clima de uma ilha vizinha à
cento e setenta quilômetros e a ilha de Christmas, região inicialmente habitada
por australianos, haverá alta nebulosidade entre o percurso de uma à outra
ilha.
O mapa emitido pela imagem automática exibido
na parede mostrava detalhes das nuvens em tons azuis e partes de intenso calor em
tons vermelhos. Chistmas e outras ilhas, ainda eram possíveis de serem
analisadas devido as informações transmitidas pelo Centro de Meteorologia Indonésio.
A ilha perdida, contudo, seria analisada pela aproximação longitudinal. A meteorologia
constatava condição de clima instável, entre os dias vinte e sete daquele mês,
desde o início da lua cheia, até o dia seguinte, e algumas frentes frias, com
estabilidade no dia primeiro do mês seguinte.
_Esta região esta localizada acerca de
mil cento e setenta quilômetros do litoral da cidade, mas a próxima região após
o reabastecimento é a ilha de Keeling. - o próximo slide é ativado - A ilha
perdida está localizada em torno de setenta e cinco quilômetros ao norte desta
ilha, contudo, o clima permanece instável. Tudo indica que por esta longitude
teremos maior dificuldade com a atmosfera.
_Uma chuva de grande incidência em uma área
à noventa quilômetros no oceano Índico será constante. - Flammer aponta o local
- A chuva coincidentemente iniciará em um período aproximado ao plano de vôo, passando
à deriva da ilha em direção ao sul. Porém, de acordo com os cálculos da
legenda, a latitude de noventa graus, a relação na costa oeste da baía de Java
entre as ilhas e o percurso da chuva, haverá uma diferença de cinco quilômetros
seguindo em direção noroeste até o momento do pouso.
_Como analisado, o dia vinte e sete será
uma data ideal. A notícia revela um clima instável, não teremos a preocupação
com a chuva, pelo menos à cinco quilômetros de distância que será o trajeto mínimo
desempenhado pela frente, no entanto, existe o perigo com a alta pressão que
atingirá parte do vôo percorrido. O trajeto foi manualmente elaborado em
comparação as ilhas adjacentes.
As luzes são ascendidas novamente
_Ótimo plano, - comentou Elijah, um dos
agentes do Clube Barony, usava roupas tradicionais - não tenho dúvidas de que
conseguiremos realizar a viajem, mas devemos tomar todas as medidas necessárias
para evitar acidentes. Um helicóptero auxiliar, por exemplo, é aconselhável. -
sugeriu.
_Sem dúvidas, um helicóptero auxiliar
pode servir como reserva de combustível e transporte. - concordou.
_Acredito que a idéia pode evitar algum
suposto acidente. - Jhason um dos principais conselheiros de Flammer expõe sua
opinião sobre o assunto - E talvez haja quantias inestimáveis tornando-se
necessário a presença de mais espaço para transporte de carga e ajudantes - concluíu.
_Concordo, mas vamos deixar o assunto
para mais tarde.
Flammer, retorna ao escrínio para ativa
o próximo slide-show automático do retro-projetor, em seguida, volta à reduzir
a luz.
_Vamos para o próximo plano. - ativou a
imagem - Na missão anterior na ilha perdida, muitas fotografias foram tiradas,
de modo que obtivemos à real consideração da região em detalhes gráficos. As informações
governamentais não foram definidas e muitos lugares ainda são desconhecidos.
Bernard, um dos técnicos do clube, foi
incumbido no preparo do mapa. O slide transmitia três imagens da região em
ângulos diferentes, as fotos foram transpassadas para um modelo fictício. A
maior incidência da mata era vista por tons verdes. O rio e as rochas
adjacentes foram detalhados nas imagens posteriores do visor na parede.
_Como podem analisar, esta legenda é uma
estimativa do clima.
A próxima imagem é ativada.
_Esta é a localização da gruta por onde
conseguimos acesso às pérolas na missão anterior. A gruta apresenta alguns
pequenos salões ligados a partir de estreitas passagens. Entrando pelo antro
principal teremos um total de seiscentos e cinquenta metros lineares interiores
até alcançarmos o desnível da rota em uma galeria central. Neste local existe
uma extensa fossa que representa cerca de dez metros de desnível.
A gruta é um tipo de rocha formada por
rochas de origem sedimentar do fundo do mar Índico que tem como base o calcário
composto do mineral calcita. A caverna juntamente com
a ilha, provavelmente teria formado suas primeiras parcelas na época em que
grandes regiões da ilha de Keeling, atualmente secas, se achavam cobertas de
grandes lagos ou jaziam ainda no fundo do mar.
Flammer faz uma pausa para dizer alguns
comentários voltando ao assunto do rio:
_Na última vez em que fomos afetados com
a enchente do rio principal, conseguimos detectar o volume crescente das águas.
Ryah e Rajid eram acompanhantes de Flammer
e Nycolas quando se perderam pela mata. O grupo se separou e após permanecerem
acampados na margem do rio durante a noite daquele dia, conseguiram observar a
inundação consubstancial das águas.
_Este é um fator importante a ser
observado, o volume das águas naquele dia cresceu cerca de três metros além do
normal, meus capangas notaram a distância nitidamente. Talvez este fenômeno
ocorra com freqüência nas margens do rio. E se a enchente ocorrer novamente,
sofreremos o mesmo perigo de sermos encurralados pelas águas correntes.
Após cerca de um quilômetro do salão
central o grupo havia encontrado um tipo de lapa, uma caverna com altura
aproximada à dez metros, algumas fossas ocasionavam o desnível interno com a
enchente.
_Bernard operou alguns cálculos de
acordo com algumas fossas que conseguimos identificar na gruta antes do salão-central.
Considerando a altura das águas no joelho, o acréscimo de três metros da água para
cada dia de cheia e a distância percorrida desde a entrada, chegamos a conclusão
de um desnível de dezoito metros durante a próxima caminhada...
_Mas isto pode ser evitado. Se entrarmos
diretamente pela rota principal de acesso ao salão das pérolas sem precisar
entrar pelo antro de acesso... – explicou Flammer - Receio que haja constantes
correntes no interior dos corredores, Bernard nos explica que, a abundância de
substâncias de carbono na água e as fendas nas rochas da caverna, pode
ocasionar a liberação de gás para a atmosfera, o que significa solução mineral
saturado. Além de serem responsáveis pelas estalactites, podem contribuir com a
formação da enchente pela precipitação.
_Em poucas proporções. - acrescentou.
_Enfim, para evitarmos estas adversidades
tenho planejado uma entrada estratégica pelo local aproximado do grande salão
onde foram encontradas as pérolas. Se conseguirmos acessar diretamente por este
salão, evitaremos uma distância de três quilômetros pelo interior da gruta ou
uma eventual enchente pelos corredores.
_Entrementes, é uma ótima idéia. -
concordou Nycolas.
A última fotografia, em fim, é ativada.
_Esta imagem está focada em um ângulo
mais distante do pouso do helicóptero usado na vez anterior. No momento da
partida procurei me recordar da saída do salão das pérolas quando eu e Nycolas
encontramos a saída. Por coincidência, alcançamos um lago à sua margem, mas
numa elevação de cinco metros da ribanceira. De sorte, este local está situado
mais aproximado do campo de pouso do helicóptero do que pelo antro principal,
porém em uma área diferente.
_Da última vez, notamos que a existência
de um campo adequado para o pouso era difícil, visto que, muitas áreas eram
cobertas por matas estreitas e espaçosas. Contudo, fotografei a região, realizei
um parâmetro com a área do lago e a distância resultou na redução do trajeto
pelo qual deveremos andar.
Flammer ativa o zoom para detalhar o
campo.
_Entre o campo aberto onde executamos o
primeiro pouso do helicóptero na ilha, desde à entrada da rocha, tivemos uma
distância aproximada de seis mil metros executado. Porém agora, teremos maior
facilidade ao acessar a gruta. Uma distância de dois mil e oitocentos metros
separa esta nova área de pouso ao salão das pérolas.
_À princípio, ora, conseguimos identificar
o antro aberto da gruta e realizamos o pouso em uma área mais adequada e mais
perto da entrada. A saída, pelo contrário, é difícil de ser percebida no plano
aéreo.
Flammer move o zoom e ativa para uma
outra posição do mapa.
_Desta vez, portanto, faremos o pouso
nesta região, este mapa nos auxiliará. - indicou-lhes a área mais adequada em
relação às margens do salão das pérolas, que era uma das localizações finais da
gruta - Deste ponto até a costa da rocha faremos os dois mil e oitocentos metros.
Nycolas interrompe:
_Recordo-me que da última vez tivemos
que sair pelo teto do salão das pérolas. Se realizarmos o trajeto e
encontrarmos a saída da rocha, suponho que teremos problemas ao acessar o salão.
Talvez teremos que escalar a rocha.
_Aceitável, mas tenho planos para
conseguirmos entrar no salão sem muitas dificuldades.
O zoom é ativado com mais precisão em
direção à borda da rocha.
_O plano será o uso de explosivos. Ao
invés de escalarmos para entramos pela saída interna do salão no topo da rocha,
faremos uma ruptura com as dinamites condicionando um pequeno atalho pelo lado
externo oposto ao monte. Ou seja, no momento em que alcançarmos a rocha,
teremos ainda que fazer uma volta até a outra ponta. A parede do salão neste
local é ideal e menos consistente. - demonstrou a rota pelo mapa simulando o
contorno com o dedo - O solo contorna a rocha apenas em algumas áreas
exclusivas da parede, e a maior parte da parede está circulada por uma crosta
rígida. Esta ponta do outro lado da rocha, apesar de ser formada por paredes
menos consistentes e fáceis de serem rompidas, ao contrário das outras áreas, é
desprovida do contorno do solo, ou seja, existe um penhasco de aproximadamente
treze metros de altura terminando com o rio.
O rio era o mesmo que recebiam as águas
do interior da gruta ao saírem do salão pela saída interna no topo. Porém se
localizava em um outro ponto onde havia um penhasco.
_Sendo a cobertura da rocha de espessura
menor por outro lado, suponho que a vazão do atalho dê de frente à entrada pelo
lado interno. Ao entrarmos, teremos a imagem do buraco de entrada do salão em
primeira vista.
_Certo, o atalho provavelmente se dará
em direção à entrada interna. Por outros lados do salão há o perigo de
atingirmos pontos desnivelados.
_Sinto muito, mas não entendi como as
dinamites conseguirão explodir um lugar definido sem a base do solo, visto que,
existe um penhasco nesta área. - perguntou Elijah.
_Não se preocupe, a parede da rocha por
esta área é formada por cavidades e estufas planas. De sorte, há uma rocha
horizontal entre o rio e o topo do monte que servirá de base para as dinamites.
Nesta base serão implantados os explosivos. O atalho em relação ao plano do
solo no salão, além do mais, servirá como refúgio e como prevenção em caso de
emergência tal como a enchente da vez passada.
Flammer conseguiu provar a existência da
base horizontal com a imagem, mas nada se sabia sobre sua espessura, poucos
detalhes eram nítidos. Por este motivo Nycolas ressalta:
_Talvez a quantidade das dinamites seja
maior do que o espaço da base para formar um buraco adequado.
_Claro, existe esta possibilidade, mas
tratarei em encomendar dinamites adequados com relação à largura da base de
cinco metros. Os utensílios de rapéu serão indispensáveis, o uso de cordas e
ganchos nos auxiliará em uma eventual escalada pelas laterais.
A base era um tipo de rocha achatada
lisa de cinco metros de largura para dois de comprimento, situada entre o topo
do monte até o rio e envolvida pelas demais pilhas de rochas do monte. A rocha
horizontal foi escolhida para servir como base das dinamites, que seriam
encomendadas em breve com o dinheiro adquirido no cheque emitido por Nycolas. O
cheque havia sido liberado naquele mesmo dia. Outros equipamentos para
mergulho, escuba, cordas e ganchos, já eram garantidos pelo clube, tudo estava
pronto para o momento esperado, mas somente dois seriam escolhidos para a
viajem. O pacote de três passagens foi entregue por Nycolas após algumas
negociações com Flammer.
O retro-projetor é desligado, as luzes
retornam a iluminar a sala de reunião, Flammer decide:
_Quero que Ryah esteja preparado para
ser o piloto do helicóptero. - Ryah se posiciona em sinal de acordo - Tenho um
pacote de viajem à Indonésia, apenas com direito à três passageiros. Rajid,
como da outra vez, estará incluído na missão. Jhason tomará a incumbência dos
negócios no clube, estou decidido em fazer o aluguel de dois helicópteros, se
possível, Nycolas estará sob o comando do segundo veículo.
_Sem dúvidas, também sou a favor do
segundo veículo. Talvez a imagem não tenha sido fotografada, mas sabemos que na
ilha existe uma base da reserva florestal. Este fator implica no aluguel de
outro helicóptero.
_A imagem não foi disponível, a reserva
está em outra parte da ilha, parece inabitada e talvez não tenhamos tanto
perigo, mas toda precaução é aceitável. Farei o pedido dos helicópteros ainda
hoje. - decidiu.
_Neste caso, além de Said, o piloto,
posso contar com um outro auxiliar, um dos meus agentes, um ótimo franco-atirador.
- disse Nycolas.
Apresentou-lhe um dos seus homens que
estavam na reunião. Um homem de pele surrada e forte caráter acenou em seguida
confirmando o acordo.
O RETORNO À ILHA
A reunião termina, os grupos se
despedem, o plano ocorria como combinado. O pedido de aluguel dos helicópteros
à uma empresa conveniada, foi feito ainda naquela tarde. Algumas figuras de uma
revista publicitária, mesurada pela empresa, foram úteis na escolha de novos
modelos para o vôo. O Crowne Plazza Jakarta, um hotel popular da capital
indonésica, foi escolhido como local de encontro entre os grupos e principal
ponto de partida à ilha. Os helicópteros encomendados foram, um motor Raven 44,
com capacidade de consumo de doze à dezesseis galões de combustível por hora.
De cor branco-nebuloso, possuía um adesivo preto decalcado entre o rotor
traseiro e a superfície dianteira.
O primeiro veículo permitia o peso
máximo de mil oitocentos quilos, incluindo a carga interna, seria essencial
para que grandes cargas fossem transportadas. Para Flammer, a possibilidade de encontrar
grandes quantidades de pérolas e minerais valiosos era maior. Por outro lado, o
R66 com turbina Arrius
O plano de vôo foi marcado para após a
chegada em Jarkata, e o primeiro pouso de reabastecimento, em aproximadamente
quinhentas milhas no oceano após a partida do vôo.
A noite se aproxima, os traficantes
ainda trabalhavam no galpão separando as mercadorias, embalando os conteúdos e
manejando as máquinas de preenchimento das pílulas. Muitas drogas copiadas eram
geralmente encomendadas pelas farmácias da região setentrional da Índia. As
drogas se acumulavam exponencialmente e a hora do desfecho estava próxima.
Embora ainda houvesse muitas encomendas até o final do mês, Flammer teria seu
dinheiro circulando apenas no princípio do mês posterior.
Muitas parcelas foram investidas na magnificência
estrutural do novo ponto do clube
Nycolas não recusou, aceitou o convite
para uma segunda missão à ilha. Uma sinuca havia entre as negociações, e as
pérolas novamente surgem como objeto principal do cartel. O dia seguinte estava
perto, a ansiedade do grupo era controlada por pequenas doses de narcóticos. Os
traficantes capangas faziam hora-extra, mas todo equilíbrio era exigido por
Flammer, a fim de manter sua economia ativa e balanceada.
Tudo foi feito como planejado e assim
como os helicópteros, cerca de cem quilos de explosivos foram encomendados. O
tempo se reduzia, agora lhes restavam pouco mais de dois dias até o pagamento
da conta e cada dia era contado por Sebastian Pig, que abriu uma exceção, no
tocante às pérolas. Além da última condição estabelecida ao invés da
prorrogação do prazo, Sebastian Pig estaria disposto a fazer o pagamento em
dinheiro no mesmo dia em que propôs o pagamento da dívida.
Após o preparo do plano, finalmente
Flammer se encontra mais aliviado em seu escritório. As teclas do telefone
sobre o escrínio foram acionadas. Depois de todo alvoroço, uma ligação
confidencial estava para acontecer, alguns segundo dos toques se passam, nada
obstante o telefone recebe a chamada:
_Domini
Gallas? - perguntou Flammer ao chiado do telefone.
Domini era um dos sócios das drogas
farmacêuticas fabricadas pelo grupo. Trabalhava geralmente como piloto de
entrega do Clube Barony, que eram transportadas para o exterior por jatos
clandestinos. Domini possuía um bom domínio aéreo, formou em aviação, aprendeu
sobre geografia plana e tecno-ambiental. Seu conhecimento no ramo geográfico e
seu acesso à documentos e informações secretas das regiões mais exóticas do
mundo, foram os responsáveis pela descoberta da ilha inexplorada. Domini possuía
hangares secretos, um deles, localizado em Bangladesh, serviu como piloto
secreto de Flammer na missão anterior à ilha. No embarque do jato, estavam as
armas e as pérolas transportadas pelo grupo. O vôo evitaria qualquer problema com
as mercadorias.
_Em que posso ajudá-lo? - atendeu sem
reconhecê-lo pela vóz.
_Um novo vôo secreto à ilha perdida no oceano
índico. Como da última vez.
_Flammer?
_Sim, tenho novos plano para retornar à
ilha. Preciso que embarque novamente com as armas. Desta vez tenho algumas
dinamites à mais no transporte.
_Pensei que as porções das pérolas da
quantidade conquistada da vez anterior, fossem lamentáveis à sua perspectiva.
_De certa forma, mas naqueles dias de
exploração na ilha, tivemos sérios problemas com a inundação do rio, havia um
prazo decorrente das conquistas das pérolas.
_Então desta vez sua disposição será
mais abrangível na captação das pérolas?
_Não muito, o local será o mesmo, a
perspectiva continua a mesma e talvez as pérolas sejam conquistadas em
proporções menores.
_E porque não explorar a ilha mais
afinco? Deve haver áreas em abundância das pérolas.
_Ainda vou pensar nisto, desejo até
apropriar esta ilha, não tenho dúvidas de que novamente conquistarei abundantes
pérolas, mas o problema é que, novamente tenho um prazo a conquistá-las.
_Incrível, posso ajudá-lo. Qual será o
plano?
_Partiremos à Jarkata logo pela manhã, e
o ponto de encontro será o hotel Crowne Plazza Jarkata. Neste local, nos encontraremos.
O plano particular incluía um vôo secreto
de Domini, partindo de Nova Delhi à Jakarta, com o armamento e as dinamites e
retornando de Jakarta à cidade, com o armamento e as porções de pérolas.
Ainda naquela noite, após o acordo com
os jatos, Flammer recebe uma ligação de Nycolas:
_Tenho uma nova notícia. Um dos meus
assistentes não fará o embarque pela manhã. Houve um imprevisto no setor de
entregas, um dos meus clientes encomendou uma mercadoria a ser enviada ao sul da
Índia. Este assistente, por sinal, estará incumbido nessa missão. Desta forma,
tenho uma passagem restante e penso que um de seus capangas poderá ocupar esta
vaga.
_Sem problemas, Jhason, um dos lideres
principais na área interna será escalado. Foi ordenado a permanecer com o gerenciamento
ativo, mas posso selecionar outro para ocupar esta função.
_Esteja pronto. Amanhã, às oito horas
nos encontraremos no aeroporto.
Ambos se despedem, o esquema estava
pronto, o dia seguinte surge, era manhã e os grupos se reencontram no aeroporto
de Nova Delhi para o embarque ao Aeroporto Internacional de Seychelles em
Jarkata, capital da Indonésia. O grupo somava cinco integrantes, em contra
partida, haveria dois helicópteros disponíveis em um dos hotéis da cidade.
O segundo grupo de Nycolas surgia ainda
distante pelo hall do aeroporto. Ambos os grupos se encontram no setor de embarque:
_Vamos nos antecipar, a hora da partida
será em breve.
_Este
é Jhason, lhe fará companhia no segundo helicóptero.
_Ótimo,
esta é a passagem. – lhe entregou o bilhete.
A chegada no hotel Crowne Plazza foi
bem-sucedida. O grupo acessa o último andar na base especial para helicópteros.
Dois modelos sofisticados estavam estacionados na base como previsto por
Flammer. A cabine interna possuía modens
de supervisão latitudinal e GPS embutido na antena direcional. Ambos incluíam
antenas de microondas com tecnologia RF2.5 direcionada. Todo recurso foi
analisado pelo grupo a fim de evitava qualquer perca.
Da baía de Java, finalmente, o grupo
parte em direção à ilha. Diferente da vez anterior, a viajem seria menos
demorada, o desempenho dos helicópteros atingiu uma velocidade de duzentos e
oitenta quilômetros por hora. Como previsto pela pesquisa do clima regional,
uma grande incidência de instabilidade atmosférica obrigou movimentos bruscos.
Em poucas horas o grupo alcança as primeiras partes do litoral da ilha de
Christmas.
O helicóptero reduz acerca de dois mil
pés do solo se aproximando da base de reabastecimento da ilha. Em um
restaurante não muito distante foi acessado pelos aventureiros.
Assentados em uma mesa separada do
restante do grupo, os dois lideres dialogavam sobre o assunto:
_Talvez Sebastian Pig sinta interesse em
negociar o excedente dos dez quilos de perolas propostos? – disse Nycolas ao
tomar sua xícara.
Pela parte de trás da vidraça, um dos
operários realizava o abastecimento dos veículos.
_Segundo o acordo, os dez quilos estão
limitados para as negociações. Sebastian Pig não se interessa pela venda de
pedras-preciosas. Esta condição foi aceita apenas para quitar a dívida, caso
contrário, esta mesma porção poderá ser comprada sem nenhuma grama à mais.
Antes, porém, devo acertar a conta.
O grupo parte embarque, a próxima ilha
seria a região de Kelling à oeste. Um longo trajeto foi desempenhado, mas algo
parece interromper a tranqüilidade dos viajantes. Uma alta nebulosidade acomete
ambos os pilotos. A visão tornou-se completamente nula. Ryah ativa o
intercomunicador para avisar Nycolas:
_Estamos entrando em uma zona de perigo,
perdemos seu helicóptero de vista. Uma pressão atmosférica insiste em mudar o
sentido do vôo. – disse Ryah enquanto manejava o volante um pouco constrangido
pela instabilidade do ar.
_Estamos
sofrendo o mesmo problema. – sua voz saia bastante remota pela transmissão,
a instabilidade também interferia na comunicação.
Por outro lado, Said também tentava se
controlar da nebulosidade.
_Parece ser o contraste da chuva
informada por Flammer passando à cinco quilômetros pela zona noroeste?
_Sem dúvida, vou realizar o...
No mesmo instante algo muda
drasticamente a direção do veículo. Ryah se desequilibra do volante, o helicóptero
se reclina à quinze graus. Era o R44 dirigido pelo assistente de Nycolas. O
grupo saia da nebulosidade quase por colidir com a parte traseira do segundo
veículo.
_Magnífico, alcançamos a ilha!
Logo à frente via-se a parte florestal
que unida ao litoral formava um emaranhado de pedras até a planície. A região
pouco explorada surgia após a nebulosidade. Extensas planícies verdes e
volumosos montes de árvores silvestres ornamentavam a cadeia central da ilha,
se misturavam pela mesma planície. Uma região paradisíaca forrada pelo verde
natural, causava muitas admirações aos aventureiros.
_Estamos ricos. – urrava Nycolas em
comemoração.
O POUSO
A reserva florestal estava em um outro
ponto da ilha. Não havia registro de pessoas na região. A notícia de que uma
pequena tribo habitava a região era uma preocupação maior, mas nenhum registro
foi identificado. O grupo agia com todo cuidado, o novo visor GPS auxiliava na
identificação direcional, o campo de pouso seria próximo ao salão das pérolas
da gruta que dava início em outra localidade. Este seria um ponto diferente do
pouso anterior.
Em algumas partes, a mata seguia
estendida por altos arvoredos, encostados sobre as primeiras copas que se
separavam das margens do rio. Em poucos segundos o helicóptero opera o pouso. O
campo era uma área plana coberta por uma longa pastagem formando um prado
separado das demais áreas florestais. Aquela posição, contudo, ainda permitia
que fossem vistos por veículos aéreos.
_Ótimo, conseguimos realizar a viajem
seguros. – disse Flammer após o pouso.
_Podemos explorar muitas áreas ao redor
dos montes. Pode haver quantidades imensuráveis de pérolas. - comentou Nycolas.
Flammer por um lado estava disposto a
explorar a ilha, mas seguia um certo receio íntimo quanto ao prazo da entrega.
_Sem dúvidas, a pretensão chega acerca
de cem quilos de pérolas nesta região, mas vamos dar prioridade ao salão das
pérolas, a presença das pedras neste local é certo.
_Quanto as dinamites, ocupei-me em
descobrir algum modo para transportá-las diretamente até a base da rocha pelo
helicóptero, como foi estudado na reunião.
_A mata ao redor da rocha não nos
condiciona pouso, causando ainda, certa distância até o alvo. A carga de
dinamite, ao contrário, é bastante pesada. Porém consegui um material
embargador que permitirá que a carga seja transportada com segurança.
Nycolas ordena ao piloto para retirar o
grande inventário.
_Consegui trazer em minha própria mala.
No aeroporto tive problemas na identificação do material, os agentes
questionaram sobre o aparelho, mas fui liberado ao dizer que seria parte de um
eventual alpinismo que pretendia me aventurar.
O aparelho bastante resistente estava
posto em uma mala específica de um metro e quarenta de largura. Poderia ser acoplado
na parte inferior do helicóptero, de modo que, uma extensa corda fixa fizesse a
descida pela alavanca, conduzindo a carga sustentada por uma grande lona negra.
_Esta lona é feita de fibras resistentes,
serão seguras ao sustentar as cargas de dinamites enquanto o helicóptero permanece
imóvel no ar. - Nycolas ordena para que a lona fosse estendida - As cordas nas
pontas descerão lentas até a base da rocha e o mesmo processo será feito até a
última carga.
_Grande idéia, precisamos de um piloto.
- Flammer aprova.
_Ryan nos auxiliará enquanto Jhason
prepara o equipamento das cordas com a carga.
Enquanto isso, as dinamites eram postas
sobre a lona negra, pela parte de baixo do helicóptero, Jhason instalava o
aparelho que sustentaria a corta com as dinamites.
_Quero que o restante do grupo permaneça
na área sob vigia. – ordenou Flammer aos demais que permaneceriam na área - Jhason
nos acompanhará enquanto o grupo explore algumas partes nos arredores do campo.
A possibilidade de encontrarmos grandes porções de pérolas nesta área é muita.
Porém, quero que não alcance áreas distantes, o único mapa estará em minhas
mãos. Estejam armados, exploraremos juntos se tudo ocorrer bem.
O grupo concorda, outros três
permaneceriam no local. As armas mais eficientes estavam disponíveis no
helicóptero e, sob qualquer suspeita de estranhos, estariam incumbidos ao
ataque.
_O piloto e Jhason retornarão com o
helicóptero. - ordenou Nycolas - O material vem acompanhado de um kit para
desembarque aéreo. Os coletes serão vestidos enquanto descemos pela corda, em seguida,
ambos retornaram.
A ROCHA CENTRAL
_Este ponto é de difícil acesso,
comentou Flammer, a mata volumosa e os arvoredos ao redor, impede maior parte
da visibilidade da rocha.
Poucos minutos se passam, o local é
identificado pelo mapa. Embora visto de cima, ainda não era bastante perceptível
para discernir a entrada. A saída da rocha formava um tipo de teto encurvado e
a cavidade formava um refúgio lateral impedindo a visão da superfície pelo
ângulo reto.
_Ali está. - apontou Flammer reconhecendo
a rocha pelas fotografias - basta depositarmos as dinamites com as cordas.
Nada obstante, as cargas são ajustadas
sobre as cordas, as lonas iam cobrindo os primeiros quilos de dinamites, em
seguida as cordas desciam com o uso da alavanca manual. O objeto foi colocado
ao lado do banco traseiro por onde os conectores faziam a ligação direta ao
aparelho.
O helicóptero permanecia imóvel, as
hélices principais mediam dez metros de comprimento. Potenciavam um perfeito
plano de vôo fixo. As hélices de dois metros e sessenta centímetros nos rotores
traseiros mantinham o veículo pairado.
_Esplendido. - Flammer vibra ao ver as
cordas descerem até a base onde no princípio foram calculadas as explosões.
A rocha horizontal estava no centro do
picadeiro da rocha, possuía apenas cinco metros. Todo cuidado deveria ser tomado
para que as cargas não fossem posicionadas fora do ângulo. As cordas desciam, a
primeira carga é posta, um botão automático desativa as cordas fazendo retornar
a lona negra intacta e desprovida de restritos. As outras cargas foram sendo
ajustadas para a próxima emissão. Em pouco tempo foram postas ao redor da base,
empilhadas e seguras. Tudo ocorria como previsto. Após alguns minutos, uma
última carga de cinco quilos restou sobre o helicóptero, mas Flammer comenta ao
estender o braço obstruindo a lavanca prestes a ser manejada por Jhason:
_Mantenha uma carga reserva em caso de emergência.
– alertou.
_Conduzam-me pelo lado leste, - retirou
o abafador de som do ouvido – quero pousar ao limiar da rocha, farei uma rápida
observação da área para conseguirmos ativar as dinamites sobre a rocha. – dizia
em tom de voz grave para que o pedido fosse compreendido.
O perímetro da área por onde se ajuntou
as dinamites, embora condicionasse espaço, não seria o ponto ideal de espera. A
borda da rocha em cujo solo fixo havia o espaço terrestre, se separava da base
central acerca de nove metros e cinquenta centímetros de distância. A
observação, de fato, deveria ser feita para que a ativação das explosões fosse
segura. Se as rochas pelas laterais da parede condicionassem uma escalada, ou
se pela descida até a margem do rio, condicionasse o rapéu, não seria
necessário a presença do helicóptero para se efetuar a explosão.
O helicóptero se move um pouco mais para
a esquerda do motorista, Nycolas queria a prova da segurança ao se despedirem
do helicóptero. Flammer é direcionado pelo comunicador, um rápido cálculo foi
feito pela primeira observação, após alcançar a parte terrestre. O rádio-transmissor
é ativado:
_Tudo
pronto, a rocha permite que a escalada seja feita. – informou aliviado.
Embora a simetria pudesse ser vista
ainda pelo uso do binóculo, a observação natural, ao contrário, seria
primordial para a segurança da equipe.
_Há
muitos espaços pela parte próxima ao rio e pela encosta da rocha. Ambos os
lados serão seguros para realizarmos as explosões. – concluíu.
_Estou a caminho. – avisou Flammer
enquanto esperava pelo sinal.
Os mosquetões são conferidos, o piloto é
ordenado:
_Faça o retorno com Jhason, faremos a
primeira vistoria do salão rompendo a rocha com os explosivos. – sua voz saia
gritante e sufocada pelo grande ruído das hélices - Após descobrirmos as
pérolas, captaremos as porções colocando-as nas bolsas, em seguida, ativarei o
rádio-comunicador para que façam o retorno para nos auxiliar no caminho de
volta.
_Entendido.
A ordem é dada, as cordas descem Flammer
descia lentamente em direção a borda da rocha. O veículo permanecia pairado, o
estacionamento pela mata era impedido pelas grandes copas de arvores. Ambos
alcançam o solo, finalmente o helicóptero segue destino ao campo de pouso. O
solo pelo lado leste, por onde se encontrava a dupla, era mais plano e
acessível, havia espaços vazios, desprovidos de árvores. Enquanto pelo lado
oposto, o solo mais áspero impossibilitava espaços. Tudo foi perfeitamente
calculado. Muitas árvores cobriam o declive que se formava por pequenas rochas
emaranhadas aos arbustos de plantas. Acerca de treze metros à baixo da base
onde foram posicionadas as dinamites, havia uma corrente que se debruçava nas
paredes da rocha.
A mesma base estava logo à frente no
declive da grande rocha à sete metros à baixo do topo por onde havia uma saída
em forma de círculo. O nível do solo externo em proporção ao piso interior da
rocha, parecia idêntico. Sendo a distância de oito metros do piso no interior
do salão até a saída do topo da rocha, e pelo lado de fora, a distância de sete
metros do piso da base exterior até a saída do topo da rocha, concluía-se que
um metro de distância havia de diferença entre o nível de um e outro solo. Um
pequeno degrau se formaria após as explosões. Apesar de haver outras bases de
pedras similares espalhadas pelo declive da rocha, a base no centro, ao
contrário, foi um molde extraordinário e ideal para sustentar as dinamites.
Alguns metros de distância haviam entre as
dinamites até a posição da dupla no solo pelo lado direito. O espaço possuía
cavidades e pequenas pedras achatadas que possibilitavam uma escala sem muitos
perigos. A dupla se prepara com as cordas e os ganchos. Dois fincos metálicos
serviam para cravar as cavidades mais fáceis. Os dois iniciam a aventura, uma
lenta escalada foi sendo feita pela esquerda até o centro. A base, apesar de
sustentar as dinamites sobre sua superfície, ainda permitia alguns espaços na
posição de pé ao lado das pilhas de explosivos.
Flammer cavava os fincos com cuidado em
alpinismo, duas cordas eram sustentadas por uma estaca e reforçadas ao
contornar os troncos de duas árvores à beira do barranco pelo lado direito. A
estaca impregnada ao solo servia como auxílio de emergência. As rochas mais convexas
eram mais fáceis de serem alcançadas pelos braços. Nycolas segurava com as mãos
fixas, enquanto os pés se ajustavam as pontas íngremes. Qualquer erro poderia
ser fatal, de modo que, antes das águas do rio, havia muitas pedras emaranhadas
aumentando a gravidade do acidente.
A DETONAÇÃO
_Conseguimos!
Nycolas surge em seguida e apoiado pelas
mãos de Flammer, atinge a base com segurança. Por cima da rocha, as dinamites
predominavam no chão e o pouco espaço minimizava os passos.
O penhasco observado por cima, formava
uma inclinação pela cavidade interior. De modo que, se alguma coisa caísse de
cima, as águas do manancial seria o primeiro impacto. A coluna horizontal era
como uma pedra lisa, cerca de dois metros de largura para cinco metros de
comprimento que, por isto, possibilitava poucos passos.
_Vamos preparar as dinamites, ativaremos
quando estivermos alguns metros à baixo.
Flammer de vagar retira uma extensa
corda de nailon que estava circulada
sobre sua cintura. Nycolas retorna a observar o lado de baixo:
_Receio que a distância não seja ideal
para esperarmos pelas explosões. Podemos sofrer riscos com os estilhaços das
rochas vindo de cima.
A distância entre a pedra e o rio talvez
pudesse ser arriscada, mas Flammer estava seguro da qualidade das dinamites.
_Sem problemas, as dinamites
encomendadas foram tecnologicamente criadas para causar menos pressão
terrestre, o nível da magnitude foi reduzido para cerca de quinze por cento. Isto
impedirá que as pedras inferiores sejam abaladas pelo distúrbio. Basta apenas
implantar os estopins eletrônicos na parede.
Um outro acessório peculiar é retirado
de sua cintura. Tratava-se de uma pistola-eletrônica movido à bateria que
funcionava como um tipo de furadeira ou parafusadeira eletrônica. Os fios dos
estopins eram envolvidos pelos pinos metálicos, Flammer inicia a perfuração.
_Os pinos atingirão vinte centímetros, -
disse ao clicar o botão automático para dispensar o pino após cravá-lo na rocha.
O mesmo procedimento foi feito com o restante
da dinamite. O estopim possuía uma tenaz de três pontas metálicas. Quando
desativadas, tendiam a se esticar formando uma trava resistente. O tempo passa,
as dinamites são bem implantadas na parede da rocha, os pinos são embutidos em
pequenas cavidades, alguns ganchos são fixados na parede e um pequeno ativador sensorial
das dinamites é retirado. Um clique apenas, faria com que a explosão fosse
executada.
Duas cordas foram amarradas nas bases da
parede. Do lado esquerdo estava Nycolas, do outro, á três metros de distância
Flammer, que se preparava com as cordas para fixá-las ao cinturão. O modo mais
prático seria a descida em rapéu, ambos concordam e a espera das explosões
seria feita quase próximo ao rio. A base em sua posição formava uma espécie de
côncavo e a lapa da parede, tendia à uma inclinação pelo lado interior.
Isto ofereceria uma cobertura auxiliar
após as explosões das dinamites e uma distância relativa do apoio dos pés à
parede.
Flammer se certifica da segurança das
cordas dando fortes puxões, em seguida, crava fixo dois mosquetões auxiliares.
A dupla inicia a descida, Nycolas recebe o sinal e opera o mesmo procedimento,
os pés atingiam a parede em passos, nada obstante a correnteza é quase alcançada.
Menos de três metros de distância separava a correnteza do ponto de espera da
dupla. Duas estacas metálicas são cravadas na parede, a inclinação interior de
trinta graus garantiria maior segurança partindo do ponto onde se posicionavam
os aventureiros, ou seja, as pedras tenderiam a cair no rio antes de atingi-los.
Bastou apenas alguns impulsos para que
as estacas alcançassem a fenda da rocha. Olhando para baixo percebia-se que a
correnteza aumentava lentamente após algumas horas. Flammer estranha:
_Devemos ser ágeis. – disse tomando o
controle de detonação do bolso ao lado esquerdo.
_Coincidentemente as águas estão aumentando
como da última vez - concluiu.
Flammer havia reservado mais um pequeno
conteúdo na equipagem, para que se caso não fosse suficiente para romper um
buraco adequado, pudesse reincidir o detonador.
Olhando ao lado em direção ao seu companheiro, faz um sinal de positivo,
Nycolas retruca acenando com a cabeça estando pronto para a explosão.
O SALÃO DAS PÉROLAS
O controle é direcionado à base, Flammer
se reclina, o detonador finalmente é ativado. As primeiras bombas foram
denotadas, as pedras foram estilhaçadas em frações de segundos, um grande ímpeto
turbilhou na redondeza, lentamente a poeira caia por todas as partes, uma
grande neblina cinzenta se formou pelos ares. Como prometido por Flammer, uma
leve pressão se sentia das pedras em magnitude baixa, mas nada que ameaçasse a
dupla. Do lado esquerdo, onde estava Nycolas, escorriam pequenos cascalhos
sobre seu ombro, contudo, nada havia lhes prejudicado. Flammer se posiciona
após a desconstituição da poeira:
_Farei uma vistoria do impacto, talvez
seja preciso mais uma dinamite. Reservei um conteúdo auxiliar em minha bolsa.
Espere aqui até que a ruptura seja certificada, darei o sinal quando for o
momento.
O companheiro concorda, Flammer se
antecipa descravando as estacas, subindo devagar, chegou até a base. Pequenos
destroços do impacto se notavam ao redor, vários fragmentos de rocha estavam
espalhados na base, porém a explosão não foi suficiente para abrir um buraco
largo à medida de sua altura. Uma pequena entrada menor que um metro de altura
para cerca de quarenta centímetros de largura não propiciava sua entrada, nada
pôde ser identificado. Com uma das ferramentas que trazia na bolsa Flammer
inicia a quebra pelas beiradas da entrada para facilitar o acesso. Nycolas
preocupado o chamava perguntado o que havia ocorrido, mas ansioso em saber qual
seria a quantidade de pérolas encontrada interiormente, Flammer continuava com
sua escavação.
Uma pequena ferramenta de ponta, semelhante
à uma picadeira, possibilitou a largura. Finalmente o salão pôde ser visto, o
aventureiro olha em direção ao altar interior com as mãos apoiadas nas beiradas.
A galeria era vislumbrante, os espeleotemas moldados pela ação substancial da
água decoravam o grande altar localizado ao lado esquerdo. A matéria-prima era
um artifício produzido pela tribo habitante da região. Alguns cristais,
provenientes de substâncias minerais, produziam brilhos nas rochas. Nas câmaras
dos fundos, muitas estalagmites de forma arredondada cresciam a partir do
plano. Flammer permanecia impressionado ao estar novamente no salão das
pérolas. Os conjuntos de escorrimentos cobriam as paredes e formavam cascatas
de pedras cinzentas de calcário.
Uma estátua feita de calcário permanecia
intacta sobre o altar. As vertigens de lodo confirmavam a tese de que as águas
ainda inundavam aquele local, algumas marcas na parede eram prova disto. A
estátua era um modelo indiano, representava um elefante utópico, de forma homogênea,
olhos fechados, tromba ereta que passava pelo abdome humano. A forma corporal
se assemelhava à um homem gordo com os joelhos dobrados e mãos estendidas aos
lados. As pérolas geralmente ficavam espalhadas em sua borda ou sobre suas
mãos.
Entrando por completo, havia uma
inundação rasa, cerca de quarenta centímetros do degrau de um metro entre a
entrada e o plano do salão. Uma pequena corrente de água surgia da entrada interior
feita por um túnel maior e oposto ao buraco do atalho. Já no centro do salão,
uma inesperada surpresa o ataca, seus nervos pareciam neutralizados, sua
pulsação aumentava a cada passo que se aproximava do altar. Nycolas queixava a
demora, Flammer realiza o último passo e alcança a distância mais próxima do
artifício, por fim, seus olhos se dilatam. O imprevisto estava lançado, a estátua
possuía as mãos vazias e a quantidade das pérolas vistas de relance, não
passaria dos dez quilos pretendidos. Eram insuficientes para a dupla.
Flammer se apavora, agora ele tem à sua
frente a saída da chantagem estabelecida por Sebastian Pig, a quantia era quase
exata do valor necessário para quitar sua dívida, pouco mais de vinte e quatro
horas faltava para o pagamento de uma antiga mercadoria e a última solução para
que uma de suas mercadorias não fosse saqueada estava à sua frente. As
lembranças do acordo com seu negociante o tonteavam e se misturavam com a ajuda
empregada por Nycolas. Os artifícios produzidos pela tribo, eram vistos de
todos os lados, uma das pérolas é pega, uma breve observação é feita.
_Flammer! - um eco de voz surgiu pela
saída.
Em certo momento a possibilidade de
captação de pérolas em outras áreas foi descartada em comparação ao tempo de
entrega.
Flammer pretendia encontrar grandes
quantidades de pérolas, mas foi contrariado quando a porção se reduziu à uma
quantidade medíocre.
_Não é possível! - indagou olhando para
o relógio.
Nycolas torna a chamar, a pérola é
dispensada, Flammer reanima e se apressa pelo lado de fora, mas estava
inquieto, um mau pressentimento o acometia. Por outro lado, havia a parte
prometida à seu companheiro Nycolas, um sócio, presente em suas negociações e
nas missões secretas do clube. Sua escolha, segundo a sua dívida, não poderia
ser outra, Flammer sai da lapa com ar ofegante, aproxima-se da beirada e com
cuidado observa o lado de baixo por onde Nycolas já se destravava das estacas
na parede se preparando para a subida.
Cansado de tanto esperar e por causa das águas que transbordavam aos
poucos, Nycolas atingia os primeiros passos. Distraído ao subir, ainda não
tinha percebido Flammer que o observava de cima indeciso.
A DUPLA SE SEPARA
Ao olhar novamente para cima Nycolas se
assusta ao ver Flammer, sua expressão era estranha, sua face franzida, seu temperamento
mudou de uma hora para outra. Segurava em suas mãos a pequena ferramenta
semelhante à uma picadeira. Os braços se erguem, Flammer parecia exausto,
estava irreconhecível e prestes a acertar a corda que sustentava Nycolas.
_Não é o bastante para nós dois. - disse
Flammer determinado e constrangido ao mesmo tempo.
_O que? – Nycolas parecia não entender.
_Atravesse o rio nadando e durma com os
peixes. – prosseguiu em tom pejorativo antes de abandonar seu companheiro.
Um eco de vóz grave foi emitido, Nycolas
arregalou seus olhos, Flammer parecia possesso. Um rápido impacto da lâmina no
apoio das cordas fez lançá-lo na correnteza, sua voz surge antecipada, nada
pôde impedi-lo. Em frações de segundos Nycolas foi lançado sobre a correnteza,
não pôde se safar e inevitavelmente foi conduzido pelas águas.
A idéia de que seria possível encontrar
mais pérolas no mesmo lugar, estava certa, mas seu receio quanto as pérolas era
razoável. Talvez a quantidade no interior da gruta ainda fosse insuficiente
para a conclusão de suas negociações.
Uma pequena porção de pérolas e algumas
conchas se espalhavam pela superfície da água. A correnteza vinda pela entrada
interna já estava sendo jorrada pelo corredor, as águas eram mais intensas. Desde
a explosão até agora não paravam de encher, cada vez mais o salão era inundado.
Agora, havia uma medida de noventa
centímetros do degrau, ou seja, dez centímetros faltavam para que a água
começasse a escorre pelo lado exterior. O aventureiro entra, as pedras espalhadas
na superfície foram sendo colhidas à medida que Flammer se aproximava do altar,
local onde havia maior quantidade de pérolas. As águas atingiam a metade de sua
perna, o altar é alcançado e as pérolas do chão são colhidas aos poucos. Muitas
peças nos fundos eram quase invisíveis por causa das águas e enquanto procurava
pelos cantos, o volume da inundação aumentava. Ainda pela parte de baixo do
altar, Flammer tentava colher as peças do chão, as águas atingiam sua cintura,
uma pequena parte já estava sendo despejada para fora com as pequenas ondas que
se formavam no local do atalho, mas ainda o total das pérolas não era bastante.
A bolsa sobre o altar estava seca, suas
mãos preenchidas depositavam as pérolas. Após captar uma boa quantia, os vestígios
nos fundos terminam e as pérolas se esgotam. Flammer se apóia para subir ao altar
e faz uma estimativa suspendendo a bolsa. O total ainda lhe parecia
insuficiente, porém, não havia outra quantidade de pérolas no salão, senão,
encaixadas na parede do altar.
O enfeite das pérolas na parede dos fundos,
fazia uma linha fundida de ponta à ponta, no centro entre o solo do altar até a
ponta cabeça.
Não havia alternativa, aquelas pérolas
seriam ideais para preencher o restante da bolsa. As águas jorravam mais
intensas pela saída quase impedindo a passagem. Se optando pelo trabalho de conseguir
as pérolas escavando-as, o tempo da inundação seria maior impedindo a saída
pelo atalho, mas lembrando de como escapou da última vez pelo teto, Flammer
decide permanecer e captá-las. Sua intenção seria sair pelo topo com a
inundação que seria formada em breve no salão. As águas tornavam mais
agressivas, muitas ondas se agitavam e em pouco tempo criava-se uma poça em
cima do altar, cobrindo o buraco do atalho e fazendo jorrar um grande ímpeto de
água pelo lado de fora.
Com agilidade Flammer foi escavando as
pérolas, as águas já atingiam os pés, o tempo passa e as pérolas foram logo
preenchendo a bolsa. Enquanto colhia, pouco próximo do centro da linha, Flammer
repara no peito da grande estátua uma concha diferente de todas as demais que
estavam dentro da galeria. Aquela concha era uma espécie de bivalve, aparentava
ser de alta valiosidade.
Para a tribo a concha era considerado o
bivalve mestre, seu tamanho era de cinco ponto três centímetros por três de
largura, uma concha simetricamente arquitetada pela natureza, formada por duas
peças acopladas e seguida de uma capa intermediária de calcita.
Flammer permanecia imóvel, por algum
momento parou com a atividade, como tivesse hipnotizado, admirava a pequena
peça. A concha estava fixa na estátua, mas não por completo, bastava um pequeno
impulso com as mãos para se soltar. Então Flammer, fascinado com a peça, sem
muita dificuldade consegue arrancá-la. Em seguida, a coloca no bolso e retorna
às pérolas na linha fundida. Em certo momento, quase próximo de terminar a
linha, com as águas correndo em maior nível, a inundação alcança seu abdome, mas
não suficiente para impedi-lo de manejar a picadeira.
Aquele objeto era de grande importância
para a tribo. O bivalve mestre no peito da estátua era uma analogia a colheita.
Para muitos, um amuleto maldito. Enquanto estivesse fixo sobre a estátua seria
um bom sinal, indicava que uma grande seiva produziria fartura, mas quando
solta pelo impacto das águas, a cada período de cheia, indicava que a força da
tribo se tornou fraca e todos seriam assombrados e a seiva seria escassa, até
que a mesma concha fosse encontrada para ser aniquilada. Dependendo do grau de
fraqueza da tribo o bivalve mestre poderia demorar ou não a ser encontrado, e
por fim destruído. Assim se cessaria a influência do bivalve fazendo com que a
seiva tornasse a produzir fartura ou para que o violador fosse curado. E
nenhuma outra espécie poderia substituí-lo, senão outro bivalve mestre.
Devagar
a inundação encobria a moldura e rapidamente evoluía, impedindo Flammer de
cavar além daquilo. A ferramenta naquele nível não seria mais prestativa, as
águas amorteciam o impacto e faltava pouco para finalizar-se a linha. Havia uma
única fileira de pérolas ao redor da pintura. Para retirá-las seria quase impossível.
De sorte, algumas batidas com uma outra ferramenta pontiaguda foram dadas
abrindo pequenos espaçamentos ao redor delas. Introduzindo a picadeira na
cintura e com as próprias mãos, Flammer tentava tirá-las, algumas estavam quase
soltas. A água chega ao pescoço, isto o obrigaria a fazer mergulhos, breve a
inundação o cobriu por completo.
Agora cada mergulho seria fundamental ao
tirar as pérolas. Após muita insistência, algumas foram sendo liberadas. As
águas atingiam cinco metros, cobrindo o altar e a estátua, ficando cada vez mais
tensas. O último mergulho é feito. Finalmente as pérolas acabam e a quantidade
conquistada parecia ser o bastante. Quando à seis metros, quase saindo pelo
topo, as águas formavam um pequeno redemoinho, Flammer sofria mais dificuldade.
Se apoiando em alguma cavidade, permanecia à espera da inundação até
transbordar ao topo, faltavam menos que dois metros.
Àquela altura as águas corriam mais
lentas, uma transformação inesperada das águas fez acalentá-las para um nível
menos tenso. A espera até o topo passa a ser mais demorada em comparação ao
início. Isto aconteceu devido a força impetuosa das águas que ao saírem
abundantes e contínuas pelo atalho, conseguiu romper uma grande parte da borda
do buraco.
Do lado de fora as águas caiam como uma
cascata, a largura do buraco foi duplicada. Algumas pedras que se soltaram da
explosão e do impacto aumentaram o nível das águas que formavam uma correnteza
em direção ao interior da mata. O caminho criou um grande riacho sem rumo.
A
TRIBO
Por outro lado Nycolas consegue se
salvar da correnteza à nado, chegando as margens do rio. Sem muita resistência
desmaia ao sair. Por ali permaneceu algumas horas se recuperando do cansaço,
não sabia por que traiçoeiramente Flammer o lançou no rio. De sorte, o mapa
estava em suas mãos. Para retornar ao local, teria que andar alguns quilômetros.
A correnteza era forte e o conduziu para longe. Antes de se recuperar
totalmente, a temível tribo aparece, falavam um dialeto diferente e usavam
armas, anularam todas as chances de fuga para Nycolas. Sem muita força e com os
olhos acanhados, Nycolas observava aqueles nativos armados. Não conseguia
entendê-los e foi impedido de se explicar sobre a comunicação com o
rádio-transmissor. Nycolas se rende cercado pela mira dos arpões e de algumas
espingardas. Alguns deles o detêm para
aprisioná-lo amarrando as cordas de cipó sobre as mãos. Em seguida, o aparelho
é desativado e o seu equipamento que restou após a queda na correnteza é apreendido.
Nycolas foi levado ao povoado cativo
para servir como escravo. O povoado era longe em um local escondido pela
floresta. Ao redor havia imensos flamboyants, cedros, coqueiros e ciprestes. Existia
um grande espaço onde havia uma fogueira para ser acesa à noite e alguns membros
tribais com objetos instrumentais para rituais da tribo. Do outro lado algumas
mulheres que faziam serviços caseiros como comida e limpeza permaneciam atentas
ao seus afazeres.
Tinham também homens artesões, crianças
e alguns anciões. As casas eram feitas de madeira amarradas pelo cipó, cobertas
de folhas longas e palhas.
Existia uma grande copa de arbustos
entre as casas, e no meio, um espaço em círculo onde estava a fogueira, exatamente
no centro. As cabanas, porém, eram bem alojadas ao redor de grandes troncos de
árvores. Algumas no limiar de uma grande rocha, geralmente serviam para se
protegerem da chuva, mas o principal objetivo das plantas artesanais era
camuflar a tribo, impedindo de serem avistados facilmente do alto.
Ao chegar à tribo, muitos se espantaram
ao ver o estrangeiro, o líder ordena para que ninguém o tocasse. Ele foi levado
à uma cabana cúbica com teto angular feita de madeira natural amarradas por
cipós. O cubículo era um local onde ficavam alguns servos, muitos aparentavam
traços semelhantes, segundo o costume da tribo. Outros se caracterizavam com roupas
diferentes, talvez estivessem ali para cumprir algum tipo de pena ou serviços
voluntários. Entre estes havia alguns de pele clara e traços orientais, uns
quatro ou cinco, também usavam roupas diferentes. Não havia diferença no modo
de tratamento, todos eram restritos dos demais como Nycolas que também foi
aprisionado no local.
Na aldeia, todos executam diferentes
tarefas, já era quase noite e muitos preparavam para conduzir a safra aos
depósitos. O primeiro dia de trabalho para os servos aprisionados era como
sempre muito forçado e incompreensível.
Algumas roupas fajutas foram dadas à
Nycolas para servir com os demais servos na colheita de um pequeno pasto próximo
ao acampamento, que logo ao chegar, começou com sua tarefa naquele campo
repleto de plantações. Por coincidência o serviço iniciava por aquelas horas em
que Nycolas chegara, era um serviço forçado aos prisioneiros com duração de uma
hora. Os trabalhadores eram vigiados por outras pessoas que também protegiam a
área de animais ou estranhos. Uma pessoa entre os que trabalhavam, conseguia
compreender a língua inglesa de Nycolas e era um dos poucos que podia
interpretá-lo.
_Qual é o seu nome? – perguntou o homem
com um sotaque diferente e uma voz grosseira. Nycolas surpreso se anima ao
saber que ele falava inglês e diz:
_Então você entende minha língua? – sentiu-se
aliviado ao ouvir aquela pergunta.
_Perguntei qual é o seu nome? – repetiu
novamente com o rosto frio e conduzindo a ferramenta para alinhar a colheita.
_Nycolas Tolledo, sou estrangeiro, atuo
em Bangladesh como traficante, fui feito escravo pela tribo ao me perder da
grande rocha pelo interior da ilha, estava acompanhado de grupo e me separei
acidentalmente.
_Eu sou Kihuri, a pouco tempo estou
trabalhando para a tribo em troca de moradia. Sou indiano e era o comandante do
barco que naufragou com estas quatro pessoas que te interpelam. Não os entenderão
porque são de Kuala Lumpur da Malásia, foram os sobreviventes da embarcação de
quarenta e seis pessoas do grande tsunâme no bósforo de Bengala, o mesmo que
desterrou parte das ilhas na costa asiática. Íamos até o país, partindo com uma
embarcação de mercadorias têxteis, mas ocorreu o acidente e fomos salvos por
esta pequena ilha. – ele se cala por um momento ressentido e depois o pergunta:
_E como veio parar aqui?
_Eu vim a procura de minerais valiosos,
encontramos pérolas, mas sofri um pequeno acidente no rio e fiquei perdido sem
meus equipamentos de comunicação que foram tomados pela tribo.
_Por esta região de fato existe muitas pérolas,
mas para a tribo é um material muito sagrado, do qual não podemos tocar.
Nycolas interrompe o assunto interessado
em saber sobre as outras pessoas do grupo e pergunta:
_Além dos servos, quem são estes outros?
_Estes são os servos que cumprem as
penas, outros que fazem trabalho espontâneo, mas também existe outro velho
homem que habita a ilha desde sua juventude. Chegou aqui quando navegava seu
pequeno barco em busca de aventuras, se adaptou a tribo e também interpreta a
língua.
_E os prisioneiros, já tentaram fugir?
_Já houve tentativas, mas fomos
perseguidos e capturados. A ilha além do mais é muito extensa e aparentemente inexplorada.
Não podemos sair sem a permissão do chefe. Podemos atrair a atenção dos
agentes. Escutamos algumas vezes barulhos de helicópteros do outro lado, mas as
árvores inibem a visibilidade da plantação onde trabalhamos.
_Embora a tribo tenha pegado os meus
equipamentos, contudo me restou este simples mapa que poderá ser útil para
nossa fuga.
Nycolas retira do bolso um pequeno mapa
pouco rasurado por causa das águas da correnteza, porém, perceptível.
Ele ressalta:
_Enquanto andava da margem do rio até
chegar aqui acompanhado da tribo, pude decorar o caminho. Se fugirmos
alcançando o rio certamente chegaremos a salvo até o campo. - mostrou-lhe a
rota que exibia a trilha até o campo de pouso - Nesta área encontraremos dois
helicópteros, dos quais eu vim à ilha...
Um dos que vigiavam, homem alto, pele
parda, usava uma espingarda sobre o peito, observando a conversa dos servos
interrompe e chama a atenção de Kihuri. Em particular, bravejando pela língua
nativa e dando fortes empurrões ao servo, que voltou à vigilância. O comandante
se adaptou ao dialeto que era mais semelhante a fala indiana. O servo
retornando, explica:
_Não podemos nos acomodar durante o
serviço, os vigias são severos. Agora vá, e colha alguns cipós para amarramos a
safra.
UM ATO ERÓICO
Era pôr-do-sol, horário em que os servos
se preparavam para carregar as safras enroladas nos cipós aos depósitos do
acampamento. Nycolas, que havia sido forçado ao trabalho, presencia um pequeno
acidente enquanto todos trabalhavam. Uma pequena criança que andava por aquela
parte foi pega por uma forte correnteza formada à alguns metros distantes do
local do trabalho.
A correnteza havia se formado a partir
de outros desvios das águas que saíam da explosão. A mesma rocha corrompida pela
cascata originou um percurso pelo interior da mata, conduzindo as águas para
perto da seiva. Nycolas trabalhava um pouco abaixo do local do acidente. Estando
mais próximo da beira da correnteza e sendo um dos mais fortes dos
trabalhadores, se dispôs a salvá-la. A criança foi resgata por um ardiloso mergulho
de Nycolas, que não teve muita dificuldade em se sustentar das águas que,
apesar da correnteza, eram ainda rasas e atingiam os seus joelhos.
A criança é tomada no colo e entregue
aos seus pais, sendo assim, muito honrado pela tribo que se felicitava com o
salvamento. Em troca do gesto heróico, a tribo ofereceu a liberdade em troca,
mas Nycolas preferiu ficar até o outro dia. Faltava muito pouco para a noite, a
mata apresentava riscos e alguns dos companheiros insistiam para que o estrangeiro
permanecesse até quando a cheia acabasse.
O chefe, em fim, permitiu e Nycolas
permaneceria durante o festejo da tribo. A noite logo chega, haveria um ritual
em comemorações à passagem da lua-cheia, era um costume típico da tribo. Tal interprete
sempre o ajudava nas comunicações, facilitando sua conversação com os nativos.
Como causa do ocorrido o chefe permitiu que aquela noite todos fossem liberados
para tomarem uma bebida forte feita, do sumo da cana. A alimentação seria da caça
de peixes. Geralmente os servos não comiam dos peixes e comiam do porco
silvestre.
Antes de se arrumarem, Nycolas lembrando do
seu parceiro que ficou na gruta perguntou ao outro estrangeiro:
_Existe, então, muitas pérolas nesta
região? - o pergunta como quem desejava saber mais sobre o assunto.
Ele o diz:
_Supostamente! Sempre nesta época a tribo
costuma também colher as pérolas e as conchas no fundo de um lago escondido
para oferecer aos deuses, mas isto sempre ocorre quando acaba a cheia do rio, porque
as águas deste lago diminuem e por isto a visibilidade das pérolas no fundo do
lago se torna melhor, a maior parte ficam na sua profundeza, e o lago se
decanta por completo.
De fato Kihuri não sabia de como sempre
eles encontravam abundantes pérolas no fundo do lago, até que soube o mistério
através do outro velho estrangeiro que vivia ali desde sua juventude:
_Existe um mistério da tribo. – disse o ancião
- Estas pérolas são muito sagradas, na verdade são oferecidas aos deuses no
interior de uma rocha onde no alto tem uma saída.
_Assim quando chega o período de cheia,
as águas submergem até o topo da gruta e devolvem as pérolas que foram lá
deixadas tornando para o mesmo destino no lago secreto. O local é um lago distante
de onde são captadas as pérolas, é um dos pontos finais formado pelo rio.
_A correnteza leva as pérolas exatamente
à este lago. – acrescentou Kihuri
Nycolas se interessou pelo que soube, a
rocha se tratava do mesmo lugar onde estava anteriormente. De fato aquelas
pérolas na gruta pertenciam a tribo e desejava saber sobre onde era o local do
lago. Kihuri continua:
_Segundo o costume, estas pérolas são
infectadas pelos males da tribo e depois oferecidas aos deuses. Quando a correnteza
devolve é sinal de limpeza e purificação.
_O lago secreto não deve estar muito
distante daqui. – revelou.
SEM SAÍDA
Enquanto isso, no interior da gruta,
Flammer já permanecia seco no altar, sobre uma longa poça de água e sob a
iluminação da lua.
Momentos antes, ainda pela tarde,
Flammer esperava pela submersão das águas até o teto. Do lado exterior as águas
saiam com uma força brutal. Algumas pedras na borda do atalho já haviam sido arrancadas
pela força da cascata e uma coluna em baixo não resistiu, foi desalojada,
ampliando assim, o buraco feito por onde as águas vazavam. De repente as águas
pararam, quase perto do buraco de saída no topo, à uma certa altura, Flammer se
estranhou e esperava por algum sinal. A inundação permanecia estagnada.
Após alguns minutos, o nível começava a
baixar, Flammer assustado entendeu que houve alguma falha no buraco externo.
Aliviado, esperou até que as águas descessem para poder sair pelo próprio
atalho. Porém quando o nível chegou à três metros, novamente elas andaram
devagar, isto acontecia por que as águas que viam pelos corredores ainda não
haviam cessado e o rompimento talvez ainda não teria sido bastante para liquidar
toda água interna. A estrutura da estátua reaparecia e em pouco tempo os seus
pés atingiram o altar.
Naquele momento as águas se acalmaram,
novamente pararam e retardaram a diminuir. Não sabendo até quando elas
permaneceriam naquele nível, Flammer somente desejava que elas diminuíssem,
para que o altar fosse livre das águas que o submergia a trinta centímetros
cobrindo-lhe os pés.
Por outro lado, o restante do grupo esperava
preocupado, o rádio-comunicador várias vezes acionado não conseguia sinal com a
dupla. Flammer havia perdido o aparelho com a inundação e Nycolas perdeu o
sinal após ser desativado antes da apreensão dos tribais. O grupo não possuía o
mapa, a ordem era permanecer no local até a chegada da dupla. Era quase noite e
Ryah tenta os últimos contatos na cabine de um dos helicópteros. Não havendo
retorno, comenta:
_A transmissão definitivamente não
consegue sinal de retorno. - disse apreensivo ao sair da cabine - Vamos, ligue
o motor, - pediu à Elijah - faremos um contorno em busca dos dois, devem estar
perdidos.
_Não temos o mapa! - comentou Rajid – A ordem
seria permanecer até voltarem.
Enquanto isso, Jhason e o restante se
preparavam com as armações para finalizarem a barraca. As lonas eram movidas em
longa distância.
_Já está noite e nenhum sinal. – andou
sozinho para ligar o motor – Temos riscos, não devemos nos acomodar. – o
observou de modo crítico.
_O que é desta vez. – disse Jhason que
erguia a grande lona ao sustentar seu cigarro sobre a boca e observando a
discussão a deixa de lado.
_Elijah deve reconhecer o caminho. A
rocha não está mais do que dois mil metros. – disse Ryah ao acessar o
helicóptero dando partida no motor.
_Vamos chamar atenção, aguarde Ryah!
_Não se preocupem.
A procura foi feita, mas a ausência do
mapa dificultou a localização da rocha. A mata congruente e forrada pelas
árvores, às vezes confundia o reconhecimento do piloto. Por algum momento estiveram
pairados próximo ao local com a lanterna do helicóptero ligada, mas o monte
certo não foi reconhecido, Elijah envia o sinal:
_Não consigo reconhecer o local. -
informou ao segundo rádio.
Muitos contornos foram feitos em torno
da área, nenhum registro foi identificado. A busca se tornou perigosa e a
presença do mapa era primordial. Em pouco tempo o grupo retorna ao campo de pouso
sem notícias da dupla.
Ao ouvir o barulho do helicóptero no
interior da gruta, Flammer chamava por socorro, mas era impossibilitado de ser
ouvido. Durante aquele período da tarde as águas permaneceram no mesmo nível. A
correnteza fluía contínua, mas já estavam secas sobre o altar. Com a chegada da
noite, as águas finalmente diminuíram por menos trinta centímetros. Aliviado,
Flammer conseguiu espaço seco sobre o altar para poder descansar até que tudo
terminasse.
O LAGO SECRETO
Na noite enquanto estavam dentro da
cabana aguardavam até que fossem chamados para a refeição, alguns dos náufragos
tentavam conversar com ele sem muito compreendê-lo. Nycolas pergunta ao
interprete o motivo da cheia do rio, o comandante explica que periodicamente
acontece a cheia sempre quando
_Esta cheia atualmente iniciou ontem. –
explicava o estrangeiro.
_Isto significava que no próximo dia
pela manhã as águas tornarão ao normal.
Neste momento certo tribal com pinturas no
rosto e trajes típico da ocasião, fala a língua nativa e avisa os servos
chamando-los para a refeição da noite. Do lado de fora eles eram muito
vigiados, pouco próximo da fogueira tinham mesas de madeira e bancos rústicos.
A mesa dos servos era separada dos
outros demais. Talvez aquele momento não seria oportuno para dialogarem sobre a
fuga e Nycolas somente aguardava o próximo dia para poderem planejar. Muitos
aguardavam pelo ritual, aquela noite se inicia em grande festejo. Havia comidas
e sons de tambores e outros instrumentos musicais, a maioria se envolviam
_Talvez seja esta a ocasião para
podermos fugir?
_Não tão depressa! Tenho outro plano. Como
fui liberto pela gratificação da tribo, pedi permissão para permanecer até
amanhã. Os náufragos fogem enquanto as pessoas estiverem distraídas, eu lhes
darei o mapa, além disso, elaborei uma trilha até o rio onde fui pego. Criei um
atalho enquanto preparávamos para o ritual. Por este caminho chegarão à salvo
no campo onde há dois helicópteros com alguns de meus ajudantes. Se escondem
por lá e eu chegarei ao amanhecer. Porei alguns disfarces na cama aproveitando
a embriagues dos tribais para confundi-los. Certamente sairão a sua procura, mas
não poderão me culpar e o seu grupo estará seguro. - Kihuri concorda e logo
reúne seu grupo para fugir.
Os cinco estrangeiros tomam o mapa,
esperavam até o momento oportuno. Ficaram observando até quando todos estivessem
dispersos com a celebração do rito. Tomaram como pretexto do clima frio alguns
mantos compridos para se aquecerem, mas isto para quando estivessem escondidos
na mata durante a vigília da noite. Rapidamente eles fogem e seguem em direção
ao campo de pouso acompanhando a trilha do mapa.
No final do festejo, muitos tornam aos
seus aposentos. Na cabana dos servos um dos vigias que fazia a conferência dos
servos da tribo foi acompanhar os prisioneiros, porém a ausência dos fugitivos
não foi percebida, tampouco os que iam chegando conseguiram percebê-los, apenas
Nycolas, que fingia dormir, restou dos estrangeiros.
Na manhã seguinte eles são chamados para
o trabalho. Nycolas já do lado de fora aguardava por algum momento até
aquecer-se do tempo. Estava frio e ainda havia muita neblina. Um dos vigias se
estranha ao conferir os servos no interior da cabana. Após chamá-los sem ser
correspondido, o vigia se aproxima das camas. Era a segunda vez que o vigia
insistia, mas ninguém o respondia, devagar descobriu a primeira coberta e se
espantou ao notar os sacos de terras, seus olhos se dilatam, ainda faltavam
alguns dos servos.
Ao sair da cabana, o vigia comunica o
chefe, a notícia se espalha, a ordem foi dada e os caçadores se reúnem para que
a busca pelos fugitivos fosse feita. O grupo rapidamente se prepara para
encontrá-los. As espingardas e os arpões eram manejados. Outro velho
estrangeiro que permaneceu no acampamento durante a fuga, fazia a tradução das
palavras do chefe. Nycolas era interpelado e dizia que não havia os vistos
durante a manhã e que fugiram provavelmente durante a noite.
Sua localidade é avisada pelo rádio. O
grupo responde e questionam sobre a demora. Ryah informa que já havia sido feito
as buscas para encontrá-los. As primeiras informações foram bloqueadas pela
desativação dos raios. O motorista não poderia insistir com as buscas devido a
atenção de supostos agentes. Para não levantarem suspeitas, cessaram as buscas de
acordo com o pedido de Elijah.
A comunicação é feita, Nycolas
permaneceria no local, se fosse preciso. Retornaria mais cedo, talvez, fugindo
com os outros quando a tribo se distraía durante a noite. “Eventualmente
esta manhã será o dia da colheita, o terceiro dia após a cheia”, supôs
Nycolas. A intenção era segui-los de longe para saber onde seria o local exato do
lago que Kiuri havia comentado.
A tribo se preparava para fazer a
colheita das pérolas no lago seco. Os equipamentos eram separados. De longe
Nycolas tinha melhor facilidade para espiá-los. Aquele dia era o terceiro após
a cheia do rio. As águas das margens tendiam a diminuir e pela manhã já estavam
secas. O grupo se preparava como se estivessem para sair à um novo ritual, de
fato, aquele seria o momento oportuno para espiá-los.
As pérolas era o principal motivo de
toda aquela euforia, Nycolas não tinha dúvidas de que estavam se preparando
para irem ao lago seco. Sem causar suspeitas à tribo pelo barulho das pegadas
na mata, Nycolas usava seu binóculo recuperado de seus equipamentos e
acompanhava cada movimento do grupo rumo ao interior de uma pequena mata ao
longe.
Eles seguiam em bandos com objetos apropriados
da colheita tais como peneiras, cestas e redes para a captação das pérolas. O
caminho era longo e muito afastado do alojamento da tribo. Muitas árvores
cercavam a tribo durante o trajeto, do alto da colina Nycolas os acompanhavam
atento. Chegando na região ele se admira com a imensa quantidade de pérolas e
conchas na profundeza do lago que misteriosamente havia diminuído por completo
após a enchente.
Como previsto, aquela manhã realmente era
o momento em que o rio diminuía, e aquela região era o local certo para a
captação das pérolas. O bastante para encher sua única bolsa, o bastante para
recompensar sua viajem à ilha após a separação com Flammer, era necessário
apenas esperá-los sair.
Muitos traziam sacos para a colheita das
pérolas, com certeza tudo não seria suficiente para encher todos os sacos. Algumas
provavelmente restariam sobre algumas partes, Nycolas não se preocupou quanto
ao tempo, esperou até que tudo terminasse. Quando todos os tribais vão embora com
os sacos de pérolas, Nycolas desce rapidamente chegando à margem do lago,
realmente ainda havia algumas pérolas entre as conchas na beira do lago.
Nada obstante, Nycolas começa a captar
as pérolas conseguindo encher a sua bolsa de aproximadamente dez quilos,
satisfeito ele toma seu caminho de volta. Com seu aparelho de comunicação,
ativa sinal até o rádio-transmissor onde estavam acampados os ajudantes do
Clube Barony na vigia dos helicópteros com os fugitivos que realizaram a fuga
na noite passada.
O prazo previsto por Sebastian Big foi
limitado à quatro dias, porém àquela altura já se passara quase três dias.
Nycolas dizia tudo o que ocorrera a respeito de sua aventura na tribo e que
agora precisava ativar o radar para reencontrá-los. Além disso, Ryah o informa
sobre a perca de sinal com Flammer, que havia perdido o aparelho de comunicação
na gruta durante a enchente, impossibilitando os sinais de contatos. Dependia
apenas que a cheia acabasse para poder sair da gruta.
_Consegui encontrar novas porções de
pérolas. Preciso de orientação para alcançar os helicópteros.
_E Flammer?
_Quanto a Flammer... não façam as buscas
do resgate até o nosso encontro.
Durante todo o dia anterior permaneceu
em cima do altar no interior da rocha com as águas correntes, que diminuíram
alguns centímetros à baixo da borda do altar possibilitando seus pés e oferecendo
condição de espaço para deitar-se durante a noite.
A DISPUTA
A quantidade das pérolas conquistadas
pela dupla era semelhante no tocante ao peso. Os dez quilos que preenchiam as
bolsas de ambos tornaram-se o principal desafio da aventura. Por um lado,
Flammer necessitava pagar sua conta à Sebastian Pig com aquela porção. Dez
quilos de pérolas foi a quantia exigida pelo sócio, nenhum quilo além do peso
poderia ser aceito e os mesmos dez quilos poderiam ser comprados por Sebastian
Pig em dinheiro à vista, caso Flammer preferisse não comprar. A exceção da
compra quanto as pérolas, abria uma oportunidade à Nycolas, que com dez quilos de
pérolas poderia vendê-las ao negociador.
Por outro lado, Flammer necessitava liquidar
seu débito, o tempo estava se esgotando e Flammer andava apressadamente pela
mata. Uma disputa, portanto, estava lançada, dez quilos de pérolas, ora, estava
em jogo, e o mérito da negociação pertenceria ao primeiro que chegasse à tempo
no escritório de Sebastian Pig, que pagaria o dinheiro à vista, caso Nycolas
chegasse primeiro ou quitaria o débitos, caso Flammer fosse mais ágil.
Sabendo que a quantia conquistada
poderia ser vendida com facilidade à Sebastian Pig, Nycolas descartou a
hipótese de que Flammer tivesse a prioridade ao quitar sua dívida e recuperar sua
mercadoria apreendida. O ato desleal criou uma divergência entre a dupla, e a
fúria de Nycolas se agravava em cada passo dado em direção ao campo de pouso.
As plantas que interditavam o caminho eram atingidas com agressividade. O sinal
do radar indicava a posição do helicóptero.
Por outro lado da mata, Flammer seguia a
trilha acerca de mil e oitocentos metros, ao sair pelo atalho da rocha. Encontrou
maiores obstruções no caminho e tornou a ser superado por Nycolas que chegava
aos mil e seiscentos metros. Cada passo era importante na chegada ao campo de
pouso, desde aquele momento o impacto das pérolas havia impressionado a dupla.
A fria passagem da noite na gruta e os grandes riscos enfrentados na tribo
inibiram os aventureiros quase em mesmo período. As adversidades se dissolviam
com a ambição da fortuna despertada na separação da dupla e com o prazo
estabelecido para o pagamento da conta. A corrida parecia a mesma.
Após algumas horas os dois chegam até o
local onde estavam os helicópteros. Quase ao mesmo tempo eles alcançam o campo,
porém um vinha de um lado e outro ao contrário. Nycolas à uma longa distância
apressava-se para alcançar o seu primeiro piloto que o aguardava dentro do veículo
após ser avisado pelo rádio. De longe Nycolas avistava os cinco fugitivos da
tribo que acenavam com as mãos no acampamento onde estava Ryah, o piloto. Estes
haviam encontrado o caminho da trilha de acordo com o mapa, enquanto Flammer corria
mais rápido a fim de alcançar o segundo helicóptero R66 cor vermelho-sintético primeiro
que Nycolas que também se esforçava para partir evitando qualquer acidente.
Antes que ambos chegassem aos
helicópteros surge da mata alguns guardas armados da reserva florestal. Os agentes
foram informados sobre a invasão do grupo. De longe e mirando com as armas,
ordenavam para que parassem. A dupla insistia em correr, os cinco fugitivos da
tribo, Ryah e os demais se rendem aos guardas, não tiveram chances de correrem
do pequeno acampamento onde estavam em direção aos helicópteros, mesmo porque,
estavam distantes dos dois helicópteros. Alguns disparos de tiros à uma longa
distância foram feitos contra a dupla, atingindo o braço de Flammer. Como
Nycolas já havia adquirido boa parte das pérolas não se preocupava em impedi-lo,
apenas planejava seu vôo antecipado comunicando pelo rádio enquanto corria pela
mata. O pedido era para que Said, seu piloto, o aguardasse na cabine do helicóptero
em secreto sem comunicar aos outros. Isto talvez facilitasse o vôo para sua
chegada ao embarque.
Todavia poderia ter sido sem muita pressa,
se não fosse Flammer que teria o abandonado na cobiça de possuir todas as
pérolas. A cabana com uma extensa lona de couro verde-musgo, lugar onde os
fugitivos da tribo e o grupo de vigias dos helicópteros haviam se alojado,
tornou-se o cenário do conflito. O grupo estava mais próximo do local onde
surgiram os guardas armados. A posição dos traficantes no local do acampamento,
embora impedisse que o grupo reagisse ao ataque dos agentes, havia
possibilitado tempo e permitido que os outros que corriam vindo da mata,
alcançasse os helicópteros sem serem atingidos fatalmente. Entre os
exploradores estava Elijah, totalmente mobilizado, não teve chances, se rendeu
logo em seguida ao lado de seu companheiro Rajid. Jhason, permaneceu no acampamento
e não havia sido informado sobre a vinda da dupla pela mata.
Eles conseguem entrar na cabine, alguns
tiros disparados pelos guardas não puderam detê-los, Flammer sai primeiro
partindo vôo sem seu piloto, os guardas insistem em atirar, a lateral do
helicóptero é atingida, Flammer saca sua arma no interior da cabina e retruca
os primeiros disparos. Nycolas em seguida parte com o seu helicóptero R44 branco-fosco,
seu piloto Said estava no comando e teve melhor flexibilidade ao mirar sua arma
contra os guardas. Alguns disparos contra os agentes atingiram a perna de um
dos quais corria para impedi-lo.
Os helicópteros iniciam a partida. Em
pouco tempo os pilotos tomam distância se livrando dos agentes. A dupla já
estava fora de alcance. A disputa agora seria a chegada do primeiro negociador
e aquele que tivesse melhor agilidade teria a sua parte negociada. De um lado
Nycolas com seu piloto, do outro Flammer que foi ferido por uma bala de raspão
no antebraço.
Durante o vôo muitas tentativas foram
feitas, a fim de que um impedisse ao outro. Da cabine de onde partia Flammer
mais adiante, surge um inesperado sinal pelo rádio direcionado do veículo à
frente:
_Porque tanta pressa Nycolas Tolledo,
as pérolas que estão comigo são insuficientes para nós dois. - um bip
finalizava a comunicação emitindo um tom de voz chiado.
_Não hesite Flammer, talvez sua decisão
em abandonar-me na missão, por encontrar menos que os dez quilos de pérolas
para o pagamento da dívida, tenha lhe dado maior confiança. Saiba que consegui a
mesma porção da sua parte, certamente me encontrarei com Sebastian Pig em
primeiro lugar e não o darei chances de você negociar. - a voz chiada do
rádio comunicador agora atravessava para os fones de Flammer.
_Não me deixe te encontrar no
aeroporto, senão, te liquidarei.
_Para que tão longe companheiro,
basta olhar para trás, estou bem próximo. – Flammer olha para o lado e
Nycolas dispara alguns tiros na lateral.
A porta dianteira, completamente aberta,
deixava o piloto frágil contra os disparos, que o atingiria com facilidade.
Nycolas teria menor vantagem ao enfrentar Flammer e, estando à frente, permitiu
que seu oponente o ultrapassasse. Aguardaria pela chegada ao aeroporto para
poder retomar a posição. Flammer acena com o dedo do meio, vituperando o seu
companheiro. A disputa até o momento parecia acirrada, o piloto como vítima,
tentava se recuperar e Flammer ganhava distância sabendo que mais cedo ou mais
tarde ambos se reencontrariam no aeroporto.
Em bases de pouso diferentes, os concorrentes
chegam até a cidade de Jakarta. Flammer aterrissou primeiro em um prédio comum
da região, o hotel Ibis Kemayoran Jakarta, em cujo andar havia uma base para
helicópteros, o pouso na verdade era ilegal, a propriedade pertencia a outros
donos.
Tendo enfrentando alguns problemas com os
proprietários, não poderia ir em direção ao mesmo prédio do ponto inicial, o
Crowne Plazza, onde fizeram o acordo de aluguel com alguns locatários. O ponto,
embora fosse o ponto concordado para a partida, ainda seria arriscado ao se
deparar com Nycolas, que por consequência do reencontro, poderia ser impedido.
Antes que a polícia fosse acionada Flammer oferece pérolas para satisfazê-los
do pouso. Além de conseguir acessar o hotel Ibis Kemayoran Jakarta, Flammer tem
a oportunidade de tomar um rápido banho para curar-se da ferida no conflito com
os agentes da ilha e se aprontar para a compra da passagem no aeroporto.
O segundo helicóptero pousa em seguida
no prédio em cuja base estavam os proprietários locatários, eles comentam sobre
o outro helicóptero. Nycolas disfarça e dizia estar tudo bem e que em breve o
outro veículo retornaria. Tendo quantidades superiores de pérolas, ofereceu ao
locatário pelo estrago da porta além da hospedagem do piloto Said, que após a
assistência médica se recuperaria da ferida no abdome.
Nycolas segue rumo em direção ao
Aeroporto Internacional de Seychelles, chegando primeiro que Flammer. Negocia
sua passagem em uma das agências aviárias. Não havendo outro ingresso em todas as
agências, senão, para às três horas. Esperaria até a partida do vôo. Sua
chegada tornou-se inútil, o tempo do embarque daria oportunidades ao seu recém
rival, que a qualquer momento o reencontraria.
No aeroporto Nycolas aproveita as horas
restantes para poder tomar um banho em um hotel interno exclusivo do aeroporto.
Havia poupado tempo enquanto recomendava ajuda médica ao seu piloto. Apesar do
uso de sua roupa social modificada ainda no hotel Crowne Plazza, seu corpo ainda
guardava vestígios da ilha. A tentativa de embarcar em primeira instância pela
linha Airlines, foi fracassada pela ausência de ingressos. O tempo passa, a
dupla se prepara para a partida. Após se aprontar, mudando seu traje precário para
um estilo mais elegante, Nycolas decide esperar pelo embarque no restaurante do
piso superior. Do primeiro plano, andou até a portaria central de acesso ao
segundo andar do moderno pátio do aeroporto, sentia-se inseguro. Subindo pelo elevador, olhava para os lados
tentando identificar sinais do seu adversário. No corredor superior, um pequeno
binóculo é retirado da mala, Nycolas faz uma breve visualização sobre a
transação dos viajantes, de súbito, algo o surpreende.
O visor seguia lento em direção às
cabines de ingressos quando Nycolas consegue localizar seu adversário andando
passivo rumo à uma determinada agência aviária. Flammer se posiciona em frente
à uma cabine para efetuar a compra. Nycolas o acompanha despreocupado, a
agência, pelo contrário, era diferente da sua. Assim só lhe preocupava o
horário, que certamente não seria diferente do seu embarque. Está pegando
outra linha, indagou Nycolas ao guardar o binóculo. Contudo não havia
ingressos naquele local de vendas de embarque senão para as três horas,
portanto, somente a agilidade ao conseguir sua bolsa antecipada em Dacka, o
faria negociador das pérolas. Nycolas termina de espioná-lo e segue andando
pelo interior do pátio.
Flammer não comprou a passagem naquele
local como imaginou Nycolas, e andando mais à frente algo parecia mudar o
destino de Flammer, pois as frotas se esgotaram obrigando-o a mudar de agência,
mas nada sabia que agência disponível era da mesma linha de Nycolas.
Após Nycolas virar em direção à portaria
do restaurante, Flammer por coincidência, segue em direção à mesma agência
aviária por onde o ingresso de Nycolas foi comprado. Um novo desafio estava
lançado, pontualmente a dupla se reencontraria, mas desta vez, no interior do
mesmo avião. Sem perceber o transtorno, Nycolas acessa o restaurante, mal sabia
que em breve estaria se reencontrando com Flammer. Esteve preocupado, pensou em
retornar para identificá-lo, mas se conteve, não desperdiçaria tempo ao
espiá-lo.
Permanecendo algum tempo no restaurante
interno aguardaria até a hora da partida. Do mesmo modo procedia seu adversário
em um restaurante no pátio principal no primeiro piso. Sempre inflexível, lia
um jornal mesurado, não sabia a localização de Nycolas.
NO AEROPORTO
A hora finalmente foi dada, o avião em
breve estaria alçando vôo pelos ares, ambos se direcionam para o mesmo coletor
de passagem. Sem que um percebesse o outro, ambos acessam o avião. Primeiro Nycolas,
que de costas do corredor de passagem, ajustava uma pequena pasta com alguns documentos
no maleiro. Flammer entra, e passa ao seu lado rumo aos últimos bancos, os dois
se suspeitavam e permaneciam ansiosos. Durante a viagem Nycolas entra em
contato com seu rival para saber sobre seu paradeiro, mas nada sabia que ambos
estavam a bordo no mesmo avião:
O telefone toca, Flammer atende:
_Conseguiu passagens para às três?
_Não encontrei outro horário disponível.
– respondeu Flammer.
_Sorte sua, se não fosse por isto,
talvez eu teria embarcado primeiro. – disse Nycolas.
_Parece que chegaremos ao aeroporto
juntos? – perguntou Flammer.
_Estou sobrevoando parte do litoral
indiano.
Flammer olha de relance pela janela:
_Não estou longe.
_Ainda não consigo compreender porque
abandonou o plano por causa de dez fajutos quilos de limão?
_O quê? – estranhou o termo – Disse limão?
Nycolas confunde as palavras quando uma
agente de bordo passava para oferecer refresco de limão.
_Não confundam as coisas, estamos
negociando pérolas e você desaparece da ilha por limão?
_Não seja insolente. – disse ao tomar o
copo sobre a bandeja da agente de bordo - Sei que Sebastian Pig se interessa
pela compra da mesma quantidade de pérolas oferecida pelo pagamento de sua
conta. Talvez se isto tivesse sido evitado, eu faria negócios à outros comerciantes.
Mas em tempo imediato conquistarei o dinheiro proposto.
_Mas que tolice de outras pérolas é
esta, está ameaçando em vão, não me impedirá, ainda que haja...
Logo a frente a agente passa ao lado de
Flammer e o pergunta:
_Refresco de limão?
_Limão? – se espantou.
_Sem ofensas Flammer, não sai em busca de limão, sabe muito
bem que a ilha possui grande indicio de pérolas pelas áreas internas...
A voz de Nycolas saia sozinha pelo fone
de ouvido. Os olhos de Flammer paralisam, movendo a mão em sinal de recusa
dispensa a oferta. Tudo era prova de que seu rival estava a bordo. O telefone é
desligado, seu rosto se move lento em direção à janela. Flammer se levanta para
ir ao banheiro dos fundos. Na volta Nycolas é identificado ainda de longe pelos
bancos à frente.
_Não pode ser. – indagou – Posso perder
um grande negócio.
Em seguida uma ligação é feita ao seu
pessoal, ordenando ao grupo para que no horário aproximado de sua chegada,
todos o aguardassem no desembarque.
A ordem era para que estivessem atentos
e armados para enfrentar um eventual ataque de seu adversário que obviamente
tomaria a mesma decisão por precaução.
Nycolas por outro lado, coincidentemente
realiza uma ligação. Um de seus motoristas é selecionado para aguardá-lo com um
jipe particular na rua central pela saída do aeroporto. Sebastian Pig estava à
espera dos negociadores em seu píer em Bangladesh na cidade de Dacka. Faltavam
poucas horas, os ponteiros andavam devagar, e a dupla estava à caminho do pouso.
Com a ideia do jipe, Nycolas teria mais flexibilidade durante o trânsito
chegando em melhor tempo ao grande píer na represa do milionário Sebastian Pig,
que os aguardava como combinado.
No Aeroporto de Dhaka em Bangladesh o
avião pousa, os passageiros realizam o desembarque. Flammer, como previsto,
também havia ordenado à um de seus assistentes para recebê-lo no desembarque. Bernard,
um de seus assistentes, recebe a ordem e seria o piloto do carro levando outros
três membros do grupo que atuava em Bangladesh.
Os grupos se preparam, um novo impacto
entre os traficantes estava para acontecer. Ao desembarcar, Flammer segue em
direção ao estacionamento após identificar seu grupo. Seus assistentes
esperavam armados ao lado de um dos carros do clube. As pistolas não
identificadas no acesso ao estacionamento se ajustavam aos coldres de cada cintura
e pelo peito escondido das vestes.
Flammer ao perceber Nycolas distraído saca
uma das armas portadas por Bernard tomando-a pelo coldre e ao vê-lo desembarcar
pela escada com os outros passageiros, e sem perdê-lo de vista, ergue
lentamente a arma e mira sobre seu peito.
Ainda sem perceber Nycolas reencontra
seu motorista posicionado próximo à saída seguindo em direção aos seus
auxiliares, de sorte que de suas costas conseguiram ver Flammer prestes a
disparar os primeiro tiros. O chefe do grupo é surpreendido ao ser empurrado
inesperadamente por seu motorista. Dois tiros foram disparados, o ocorrido
salva Nycolas de um atentado devasso de seu adversário acerca de vinte metros
de distância. Os outros dois se protegem tendo a lateral do carro como defesa.
Os disparos foram revidados dando cobertura a Nycolas, que entra no carro
_Siga ao hangar de Domini. - ordena a
ida ao galpão secreto de seu sócio Domini, onde os aguardava com o jato.
As pérolas estavam em um dos jatos
estacionados naquele hangar, Domini Gallas aguardava pela dupla após ser
avisado por telefone. Flammer não perde tempo, já tinha seus planos pré-definido,
com seu grupo também segue rumo ao mesmo hangar onde estariam as bolsas com as
pérolas.
No galpão a dupla parece chegar em
tempos iguais, ambos corriam passos decrescentes vindo de lados contrários. Os
passos se reduziam à medida que as pistolas eram sacadas dos coldres, e à
medida que se aproximavam de Domini. As bolsas foram postas separadas, Nycolas
do lado esquerdo se aproxima com sua arma engatilhada, do lado direito Flammer,
também andava às pressas e o ameaçava erguendo sua arma. Ambos andam até se
aproximarem um do outro frente à frente em um metro de distância. O jato estava
com suas portas abertas, as bolsas foram postas separadas, Domini estava ao
lado da porta e em frente ao encontro das armas. Permanecia neutro com o choque entre os adversários.
_Vamos com calma meus amigos! – arredou os
pés à um passo atrás, Domini estava entre as duas armas engatilhadas, uma
voltada ao outro.
Antes de pegar a bolsa, Nycolas debate:
_Porque a trapaça meu caro? – perguntou
indignado com a arma apontada.
_Eu não tive escolhas, a quantidade era
insuficiente para nós dois, deverá me compreender! – o respondeu também com a arma
apontada em contra-posição.
_Mas quase me tornei escravo da tribo
por sua culpa, por sorte, consegui escapar à tempo e encontrei outro lugar onde
havia mais quantidades de pérolas, por isso agora tenho essa bolsa ao meu lado.
_Espero apenas que tenha bons negócios
Nycolas Tolledo – o parabenizou com o olhar um pouco irônico.
_Claro que terei, quando breve encontrar
com Sebastian Pig, um dos poucos negociantes em toda redondeza que dispõe
dinheiro à vista em troca de todo este peso de dez quilos. Além do mais, o
comércio de pérolas tornou-se escasso?
_Nem se atreva.
_É impressão minha ou Sebastian Pig
determinou um limite de dez quilos para a troca das pérolas? – o perguntou se
estranhando como quem acabava de se lembrar do acordo. - Ou talvez, pelo
pagamento à vista? – acrescentou.
_É o que aproximadamente trouxe nesta
bagagem.
_Sinto muito, mas não lhe darei
prioridade de venda! – disse Nycolas tomando a sua bolsa com as pérolas.
Nycolas reage, rapidamente corre em
direção ao portão por onde entrou. Flammer se antecipa e também pega sua bolsa
seguindo ao estacionamento de seu carro. O plano seria ir à um estacionamento
de lanchas em um dos quiosques rente a represa principal da cidade pelo lado
oeste, onde uma lancha particular e moderna seria usada para a disputa da
chegada ao píer de Sebastian Pig. O quiosque estava localizado à poucos metros antes
do caminho de ida. Por outro lado Nycolas se reencontra com o motorista do jipe
que o esperava próximo a saída do galpão. A pequena bolsa vinha ao seu lado, o
jipe acelera em estilo audacioso causando ruídos na pista e Nycolas ganha distância.
A MEDALHA DE PRATA
Na costa da represa uma avenida larga,
em cujo trânsito havia pouco movimento de carros, facilitou o aumento da
velocidade de Nycolas que rapidamente alcançou Flammer fazendo menor
quilometragem. Mesmo sabendo que podia ultrapassá-lo naquela condição, Nycolas
reduz a velocidade para se comunicar com Flammer. Com seu celular ele o
provoca:
_Deseje que seja tempo de cheia também
aqui em Bangladesh meu caro! Porque se for seca, não terá a mínima chance de
estacionar a sua lancha.
_Também o aconselho a desejar para que
eles tenham feito algum tipo de viaduto a seguir, porque daqui a cinco
quilômetros você se deparará com uma grande rotatória e o obrigará a desviar
alguns quarteirões! – sorriu de modo sarcástico.
Como previsto Nycolas teve que desviar
seu caminho virando à direita, e tomando caminho interno. Ele derrapa na curva
para não perder a velocidade. Sobre dois ou três carros na pista posterior
ocorrem algumas colisões, mas nada que o impedisse. Flammer à essa altura já o
teria alcançado. Nycolas aumenta a velocidade e toma um atalho. Ao chegar na portaria
do clube é autorizado a entrar com seu jipe, rapidamente invade as areias até
chegar ao galpão principal. Haviam muitas lanchas no estacionamento do píer e
algumas outras pessoas das quais não poderiam ser identificadas. Flammer,
provavelmente já teria chegado, Nycolas cria uma mera suposição por não haver nenhuma
outra lancha vindo em sua direção ou outra similar ao modelo usado na costa.
No seu escritório em um dos galpões do
píer, Sebanstian Pig, com seu estilo asqueroso, usava um grande palitó cinza,
uma blusa clara, grandes correntes de ouro sobre o pescoço e pulseiras
cintilantes, além de um relógio gold.
Aguardava os negociadores enquanto fumava um raro charuto chinês. Havia
recebido algumas ligações antecipadamente sobre a chegada do material negociado.
Só não sabia que ocorria uma disputa entre os dois desde a Indonésia para saber
qual chegaria primeiro para concluir a negociação.
O negociante estava prestes a evacuar o
local combinado, restringindo completamente a entrada, a saída de veículos e
pessoas comerciantes. Já era quase pôr-do-sol e os traficantes não tinham
chagado. De repente um dos seus assistentes o comunica sobre a chegada de um
dos negociantes. Sebastian Pig permite sua entrada e à um outro dos seus ajudantes
pede que interdite imediatamente toda a entrada e toda a saída para iniciar o
tráfico relâmpago, que também seria realizado com outros negociantes vindos de
muitos distritos de Bangladesh naquela mesma noite.
Da porta, ele surgia com seus óculos e terno
escuros. Blusa clara bege, um colete de seda fina preto e uma pequena pasta
onde colocara as pérolas para efetuar a troca. O negociador se assenta após
cumprimentar. O comprador com olhar sombrio e afano inquire o material e logo a
pasta é aberta seguido pelo destrave dos botões. Os olhos de Sebastian Pig
reluziram-se ao ver toda aquela preciosidade, mas pede para que um de seus
analistas encomendados averiguasse a qualidade do material.
Com uma lupa cinco por quatro de sete
ponto três graus o examinador começa a analisar os primeiros detalhes. Uma
pequena maquina para testes conclui a afirmação de originalidade dada pelo
negociador e uma balança de precisão calcula nove ponto oitocentos e quarenta
quilos. Então Sebastian Pig toma o dinheiro correspondente, um alto valor em
dinheiro vivo. O entrega também em uma pasta, e ninguém poderia ser o vencedor
da disputa senão... Nycolas Tolledo, que satisfatoriamente se retira da sala o
despedindo com um aperto de mão.
Do lado de fora Flammer tentou entrar,
mas foi impedido pelos auxiliares de Sebastian Pig, que o segurava pelos braços.
Ao vê-lo sair pelas portas do escritório, deduziu então que Nycolas já teria
chegado antes, esperou até encontrar-se com ele na saída. Ao avistá-lo, se
sentia derrotado, mas se aproxima e diz:
_Muito bem Nycolas, acabo de perder uma
mercadoria milionária penhorada. – disse um pouco arrependido após a derrota.
_Parece que isto não foi suficiente para
Sebastian Pig – assustado olhou Flammer que tentou correr alguns passos, mas
era tarde de mais, os capangas tinham levado a lancha sob a ordem do chefe à um
outro estacionamento, até o termino das negociações.
Na represa havia uma longa ponte que
cortava o rio para o cruzamento de carros para o lado oeste onde seguiria
Flammer após a negociação. De tal modo que se localizava pouco antes do píer
onde estavam as lanchas. Por esta razão Flammer o pergunta:
_Agora, após a negociação, qual será seu
caminho de carro?
_Bom, eu farei o contorno ao lado oeste,
para comemorar com Clarice, alguns ajudantes e amigos. Esta noite estarei em um
bom restaurante da cidade.
_Espero conseguir uma carona para o
outro lado. Sebastian Pig deve ter ordenado o fechamento do clube, não
conseguirei minha lancha...
Ele olha para o carro e direciona com a
mão ao seu companheiro que o ajudou na disputa pela chegada, ele responde com o
som da busina.
_Como você pode ver não há lugares neste
jipe de cabine única. – ainda chateado com o que ocorrera na ilha ele continua:
_Não é o bastante para nós dois - se
referindo ao espaço do jipe.
_Atravesse o rio nadando e durma com os
peixes. – retrucou lembrando das palavras que Flammer o dissera antes de
abandoná-lo.
Com
o jipe Nycolas sai pelas areias levantando poeira à procura da saída prioritária
para carros, deixando Flammer sem a mínima chance de sair do clube até
Sebastian Pig fechar seus negócios.
Flammer
perde sua carga apreendida, sem mais outra opção, segue destino de volta pra
casa, onde esteve pensando por todo aquele final de noite. Após uma longa
observação da cidade pela visão no escritórios, Flammer pega o celular e liga
pra Bernard.
_Flammer!
– atendeu Bernard.
_Mudanças
de plano meu caro...
_E
qual seria o plano desta vez?
_Desafio
em Dacka!
FIM
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