segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Gambit&Morlocks


Episódio I: O nascimento



Instantes depois dos primeiros sinais a gestante é conduzida ao hospital e recebida com cuidados especiais, a atenção naquela hora deveria ser recobrada. A maca passava entre os corredores guiada por outros cinco enfermeiros. A preocupação a respeito de sua sobrevivência era recobrada pela atenção. Chovia muito e a expectativa era intensa, muitos enfermeiros se dispunham à operação de parto. Raios extensos e trovões estrondosos eram constantes e às vezes impossibilitavam a comunicação entre os enfermeiros. Finalmente após muito trabalho os médicos conseguiram concluir a operação com êxito. Da janela apenas ouvia-se os primeiros sinais da criança.

O recém-nascido foi mantido sob o sistema de uma incubadora por um longo tempo. Um outro fator ainda preocupava os médicos, a alta incidência de raios que surgia simultaneamente por aquela região. Era noite, a chuva havia cessado embora ainda houvesse incidências de relâmpagos. Durante todo o período de assistência o tempo ameaçava uma nova chuva. Alguns raios retornaram em locais aproximados, em pouco tempo um primeiro choque atingiu as torres de eletricidades provocando um blecaute em todas as partes da região. O sistema automático dos geradores hospitalares possibilitou a continuidade do parto com luz normal. Aos poucos as luzes circunvizinhas foram voltando, um dos assistentes permanecia apreensivo pela janela.

Ainda por aquela hora ocorre novamente um novo blecaute. Um choque ainda mais potente atinge os geradores do prédio que comprometeria o estado físico da criança caso não fosse o sistema automático da própria incubadora de reativação dos controles de temperatura e sondagem. O fusível do gerador não suportou por muito tempo e foi danificado devido a incidência do blecaute, portanto, apagaram-se as luzes. Os computadores no mesmo instante do raio foram desligados, em frações de segundos, tornaram a funcionar, como no primeiro caso, as luzes ainda permaneciam apagadas embora os computadores estivessem em processo de reativação.

Porém agora, algo intrigava o doutor Stanberg, médico responsável pela conexão dos cabos via computador. A reativação dos demais aparelhos foi instantaneamente automática, a ativação da incubadora por outro lado, deveria ser feita por partes. Elementos tais como a sonda, controle de temperatura e gases puderam ser reativados normalmente, porém a válvula giradora responsável pelo filtro de ar, termômetro, e guarnições não foram ativados devido o reinicio do sistema no primeiro choque. O médico responsável pela operação analisava o monitor que descrevia o histórico do processo de ativação. A primeira descrição informava sobre a sonda, sua ativação estava aprovada. A segunda descrição surgia em letras aleatórias aprovando também o controle de temperatura e os gases de oxigênio internos sucessivamente. A próxima descrição parecia ser algo intrigante, a válvula giratória estava desativada, assim como guarnição e termômetro.

_Ative o botão automático. – ordenou em tom de voz alto ao médico auxiliar – A válvula giratória está desativada. – preocupou-se.

_Não consigo identificá-lo.

Um dos enfermeiros, assustado, notou pequenas eletricidades em movimentos na incubadora em meio a escuridão, preferiu não comentar nada, pensou que fosse cabos eletrizados soltos. O assistente tentava se apoiar em algum objeto a procura do botão automático e mais tarde avisava aos demais a ausência de choro.

_A criança está muda. – assustou o médico responsável.

Assim iniciou-se um pequeno acúmulo de ar na cúpula. Após alguns segundos rápidos, voltaram-se as luzes do hospital dando finalmente visibilidade ao botão automático de abertura da cúpula em casos de emergência. Ao lado da incubadora, dentro do depósito metálico onde se depositava o soro, ocorriam algumas bolhas espumantes. Talvez o depósito estivesse superaquecido, para os médicos, algo fora do comum, mas aquilo parecia se identificar à uma fusão química.

Antes de pressionar o botão automático, muitos acreditaram ser o fim da operação, a criança era quase imperceptível, uma grande nuvem de gás havia se acumulado sobre a cúpula. O botão automático é pressionado, a abertura da capa sobre a cúpula envidraçada se desfez pela saída de uma grande neblina de gás. Aos poucos a criança foi ressurgindo com o gás dissipado, estava imóvel e inconsciente. Os médicos observaram-no atentos para conferir seu batimento cardíaco. Um dos aparelhos é posto sobre seu peito, e por causa do choque elétrico, o recém-nascido teve apenas um distúrbio adormecendo-se.

Stanberg reiniciou a operação com êxito, porém algo muito estranho surgia pelo monitor do sistema. A presença de pequenos vestígios de partículas substituía devagar as substâncias do soro antes adicionadas ao corpo pela sondagem, e isto pode ser notado devido a tecnologia de acompanhamento da sondagem monitorada pelo computador. Distinguiam-se, então, as partículas por cores.

_O que é isto? – estranhou após notar uma nova pigmentação que surgia lentamente pela mão direita do recém-nascido na imagem detalhada do molde corpóreo.

_Uma substância desconhecida não adicionada pelo sistema. – sugeriu o auxiliar.

As partículas desconhecidas vistas pela imagem fictícia exibida no monitor seguiam preenchendo todo o antebraço, desde o dedo onde fora aplicado a sondagem até o cotovelo. Antes que a substância ultrapassasse aquela região, Stanberg cancela a operação ao reiniciar o sistema.

Uma nova operação foi reiniciada, a sondagem era regular, porém estas partículas agora eram atraídas gradativamente para a região óssea. Aos poucos aquela estranha pigmentação se apagava da imagem dificultando ainda mais sua visibilidade. A sondagem era regulamentada pelo sistema, isto possibilitou que a substância fosse substituída pelo soro neutro.

_Talvez tenha sido algum erro na leitura do sistema. – comentou Stanberg.

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